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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O recado do funk ao bolsonarismo: “A massa funkeira não vai deixar de ir ao baile”


Pelas periferias do país, milhares de jovens frequentam os bailes de funk - Foto: Mídia Ninja

Perseguidos pelo deputado que quebrou a placa de Marielle Franco, Mcs foram intimados a depor por “apologia ao crime"

Às vésperas de completar um ano do massacre de Paraisópolis, quando 9 jovens morreram no Baile da DZ7, o funk voltou a ser notícia nas páginas policiais, graças ao deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que denunciou os Mcs Cabelinho e Maneirinho por apologia ao crime, por conta da música “Migué”, lançada em parceria pelos dois músicos.

Em 2018, Amorim, bolsonarista declarado, quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco, ao lado do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), todos eram candidatos na época.

Cabelinho e Maneirinho, que já prestaram depoimento à polícia, se manifestaram pelas redes sociais. “É uma denúncia política, feita por um deputado do PSL. É impressionante como preto favelado quando faz sucesso, pra essa gente só pode ser bandido”, afirmou o primeiro. “Eu não li e nem assisti a nossa realidade. Mas playboy interpretando o que acontece na favela, concorre ao Oscar”, lamentou o segundo.

Thiago de Souza, dono do Canal do Thiagson no Youtube, e doutorando na Escola de Música da Universidade de São Paulo (USP), onde pesquisa a musicologia do funk, saiu em defesa dos Mcs em suas redes sociais e afirmou que “quem acusa o funk não deve saber o significado da palavra ‘estética’, não sabe, ou não quer saber, que certas letras são consequência e não a causa de problemas sociais.”

Thiago Souza: “Um baile grande é uma organização 

política" / Foto: Arquivo Pessoal


Em entrevista ao Brasil de Fato, Souza lembrou que a capoeira, o samba e o rap sofreram a mesma perseguição. “O funk nem é visto como arte. Pelo fato dele tratar dos assuntos de uma forma mais direta, ele sofre preconceito. O funk é arte, tem poesia, tem metáfora, enfim", aponta.

Souza considera que a origem desse preconceito contra o gênero musical está “na origem preta e periférica” dos músicos.

"O funk não está preocupado em idealizar uma realidade, ele fala diretamente sobre o que vive. Aí você cria um conflito, entre um país como Machado de Assis falava, um país oficial, dos políticos, dos brancos e da classe média, e o Brasil real”, defende.

Histórico

Para Renata Prado, diretora da Frente Nacional de Mulheres do Funk e integrante da Frente de Dançarinas de Funk, a perseguição ao estilo musical tem se intensificado e pode acabar em mais tragédias.

“Se nos próximos anos não pensarmos políticas públicas que deem conta do funk na cidade, a chance de termos massacres como o de Paraisópolis acontecendo constantemente, é muito grande", afirma.

Idealizador do Baile da Gaiola, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, o DJ Rennan da Penha ficou preso preventivamente por oito meses em 2019, entre março e novembro.

O músico, que foi inocentado da acusação de associação ao tráfico de drogas em primeira instância, teve a sentença revertida na segunda instância e foi condenado a seis anos e oito meses de prisão. Um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu a soltura do músico.

A prisão do DJ motivou a campanha “DJ Não é Bandido”, que foi encampada por diversos artistas no país. Rennan é acusado de ser olheiro do tráfico na região da Penha e ter feito músicas para os criminosos. Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou a sentença e afirmou que se tratava de “criminalização da arte popular.”

Prado afirma que o “momento político do país deve aumentar a violência do Estado contra a população pobre e preta que vive nas periferias”. A dançarina esteve à frente de protestos em dezembro de 2019, após 9 jovens morrerem durante o Baile da DZ7, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, após ação da Polícia Militar para dispersar o evento.

Renata prado: "Temos o direito de ocupar a cidade 

de forma democrática" / Foto: Arquivo Pessoal


Nós sabemos que foram policiais militares que mataram esses jovens, todos com menos de 21 anos. Existe uma cultura de massacre do movimento funk e isso precisa acabar. Infelizmente, o funk é tratado como caso de Segurança Pública”, lamenta Prado.

A versão da PM era de que os jovens morreram asfixiados, após milhares de pessoas correrem quando as viaturas chegaram ao local. Segundo os moradores, as mortes ocorreram após os policiais agredirem os funkeiros. Na época, 31 agentes que participaram da ação foram afastados pelo governo de São Paulo. O caso segue em investigação e os culpados ainda não foram apontados.   

Entre abril de 2010 e junho de 2013, quatro Mcs e um DJ foram assassinados na Baixada Santista: Careca, Duda do Marapé, Primo, Felipe Boladão e DJ Felipe. Na época, familiares das vítimas e moradores da região acusaram policiais militares pelos crimes. Os assassinos nunca foram identificados.

"Quando mataram o Duda, eu estava indo fazer uma atividade cultural com os meninos da Fundação Casa. O Duda pra mim foi extermínio, quem fez está na rua", lembra o poeta Tubarão Dulixo, criado na Baixada Santista e amigo de Duda do Marapé.

“Hoje, o funk toca na televisão e virou uma indústria. Mas naquela época, era cada um por si, era submundo, marginalizado. Eu já fui mais revoltado com isso, hoje eu consigo ter mais calma. Um estilo de música não é um problema social”, conclui.

Assista ao VÍDEO

Duda do Marapé canta com amigos em Santos (Vídeo cedido por Tubarão Dulixo)

Na lista de músicos do funk presos, está na o MC Poze, detido em setembro de 2019 por tráfico de drogas, associação ao tráfico, incitação ao crime, apologia ao crime, corrupção de menores e por fornecer bebida alcoólica a menores.

A operação policial ocorreu após uma denúncia de que o baile em que o músico se apresentava, em Sorriso, no Mato Grosso, seria um ponto de venda de drogas.

“Temos o direito de ocupar a cidade”

“Apesar de ser reprimido pela polícia, a massa funkeira não vai deixar de ir ao baile, pois sabemos que temos o direito de ocupar a cidade de forma democrática", afirma Prado. Apesar do histórico, ele acredita que os bailes seguirão como uma das principais alternativas de lazer nas periferias.

"O funk ocupa a cidade, mas não tem consciência de que tem esse direito. Então, quando tem operação policial, a molecada corre. Isso acaba se tornando algo cultural, você vai no baile funk sabendo que a qualquer momento vai correr da polícia", relata.

Souza concorda com Renata Prado. “Tem ambivalência. Tem o medo, mas tem outra coisa: quem que quer sair à noite pra curtir e aparece a polícia enchendo o saco, jogando bomba, atirando bala de borracha, tomar esculacho, enfim, ninguém quer isso. Agora, tem a vontade de resistir também. A galera que sai, já sabe que pode tomar um enquadro no caminho. Ser funkeiro é ser resistência.”

Por fim, Souza exalta a mobilização para que as festas existam, apesar da repressão. “Um baile grande é uma organização política, a quebrada se prepara para um baile, muita gente tem que se comprometer, muitas responsabilidades precisam ser divididas e os próprios Mcs falam isso, que o baile é esse espaço de resistência. Eles sabem disso.”

Fonte: Brasil de Fato


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Atual desafeto, Pastor Everaldo batizou Bolsonaro no rio Jordão e o abrigou no PSC


Bolsonaro batizado pelo Pastor Everaldo no Rio Jordão, sob olhares de Carlos e Flávio Bolsonaro (Reprodução)

Presidente filiou-se ao PSC em março de 2016, dois meses antes do batismo em Israel, e chegou a ser apresentado como pré-candidato à Presidência pelo partido cristão


Preso na manhã desta sexta-feira (28) após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o pastor Everaldo Dias Pereira, presidente do Partido Social Cristão (PSC), foi o mesmo que batizou o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) nas águas do rio Jordão, no nordeste de Israel. A cerimônia aconteceu em 2016, enquanto o Senado votava o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Bolsonaro filiou-se ao PSC em março de 2016, dois meses antes de ser batizado em Israel. O partido, inclusive, foi o responsável por apresentar o ex-capitão como pré-candidato à Presidência da República para 2018. “Recebo a indicação como pré-candidato à Presidência da República pelo PSC como missão. Vamos afinar o discurso, mas pode ter certeza que o direcionamento será para a direita”, disse Bolsonaro, na época.

Ex-deputado, Everaldo é pastor na Igreja Assembleia de Deus e tem um longo histórico de relação com o clã Bolsonaro, mas virou desafeto após o rompimento de relações entre o presidente e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

Em junho deste ano, o pastor chegou a afirmar ter “fé plena” que o governador se livraria do processo de impeachment. Witzel, no entanto, acabou afastado do cargo nesta sexta por decisão do STJ. O Tribunal também deu ordens de busca e apreensão na sede do governo do Rio e em estabelecimentos ligados à primeira-dama do Estado, Helena Witzel.

No governo Witzel, como prova de aliança entre ambos, Everaldo recebeu a Cedae, estatal de águas e esgotos do Estado, como um “presente” do governador. Com isso, pode nomear e administrar a estatal como quisesse. A estatal, no entanto, está na fila para ser privatizada.

Everaldo também já foi citado em delações da Odebrechet por recebimento de propina. Ele teria recebido R$ 6 milhões da empreiteira para que, em 2016, quando foi candidato a presidente da República, jogasse sua candidatura a favor de Aécio Neves (PSDB) e o ajudasse nos debates.

Confira trecho do batizado de Jair Bolsonaro:


Fonte: Revista Fórum





 Revista Fórum

Esta edição do Fórum Onze e Meia comenta a prisão de pastor Everaldo, o afastamento de Witzel, governador do Rio, entre outras notícias do dia. Com Carla Vilhena, Nilce Aravecchia, Dennis de Oliveira e Renato Rovai. Apresentação de Dri Delorenzo.


quinta-feira, 6 de junho de 2019

'Amigo do Bozo' vira assessor da chefia da Petrobras com salário de R$ 55 mil



Funcionário de carreira da estatal, Carlos Victor Nagem trabalhava na área de segurança da empresa em Curitiba

Reprovado em fevereiro na avaliação para assumir uma gerência executiva da Petrobras, o "amigo particular" do presidente Jair Bolsonaro, Carlos Victor Guerra Nagem foi nomeado no início do mês assessor da presidência da estatal.

O cargo tem salário em torno de R$ 55 mil. Ao contrário da gerência executiva, não tem como pré-requisito a experiência em cargos de chefia.

Funcionário de carreira da Petrobras, Nagem trabalhava na área de segurança da empresa em Curitiba e nunca assumiu função comissionada na empresa.

Sua indicação para a gerência em janeiro foi defendida publicamente por Bolsonaro, mas barrada pelo comitê interno que analisa as nomeações por não cumprimento dos pré-requisitos mínimos para a função.

Gerências executivas são o segundo cargo na hierarquia da estatal, abaixo apenas da diretoria executiva. A nomeação causou polêmica e chegou a ser questionada por sindicatos, que alertaram sobre descumprimento do plano de cargos da companhia.

Na época, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco negou motivação política e disse que o escolhido tinha currículo adequado para o cargo.

Nesta terça (4), a empresa disse em nota que ele atuará em projetos especiais da área de Inteligência e Segurança Corporativa, entre os quais programa de proteção de dutos.

No texto, a estatal afirma que Nagem é mestre em administração pela Coppead/UFRJ e leciona há dez anos no ensino superior. Ele é capitão tenente reserva da Marinha.

Nagem já se candidatou pelo PSC duas vezes sob a alcunha Capitão Victor, mas não conseguiu votos suficientes para se eleger. Em 2002, disputou vaga de deputado federal pelo Paraná e, em 2016, se candidatou a vereador em Curitiba.

Nessa última campanha, recebeu o apoio do atual presidente da República, que aparece em vídeo pedindo votos para aquele que chamou de "amigo particular".

"É um homem, um cidadão que conheço há quase 30 anos. Um homem de respeito, que vai estar à disposição de vocês na Câmara lutando pelos valores familiares. E quem sabe no futuro tendo mais uma opção para nos acompanhar até Brasília", disse Bolsonaro no vídeo, à época.

Em meio à polêmica por sua indicação, em janeiro, Bolsonaro foi ao Twitter defender o amigo. "A era do indicado sem capacitação técnica acabou, mesmo que muitos não gostem. Estamos no caminho certo!", escreveu o presidente em um primeiro momento.

Depois, ele apagou o tuíte e publicou apenas o currículo do amigo: "A seguir o currículo do novo gerente-executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, mesmo que muitos não gostem, estamos no caminho certo".

Essa gerência foi um dos primeiros alvos de Castello Branco que, ainda durante a transição, determinou a demissão da gerente anterior, Regina de Luca, que é ligada ao PT e havia sido nomeada por Pedro Parente no governo Michel Temer.

O cargo é hoje ocupado pelo coronel Ricardo Silva Marques, que era responsável pela área de segurança da empresa que administra o bondinho do Pão de Açúcar.


Fonte: Folha de S. Paulo  
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