Testemunhas denunciam o envolvimento das empresas de Ana
Cristina Vale também em fraudes do seguro obrigatório de veículos, o DPVAT,
como mostrou o Jornal Nacional.
Documentos obtidos pelo Jornal Nacional mostram novos
indícios de da participação da ex-mulher de Jair Bolsonaro Ana
Cristina Valle na lavagem de dinheiro de rachadinha no gabinete de Carlos
Bolsonaro. Testemunhas denunciam o envolvimento das empresas de Ana
Cristina também em fraudes do DPVAT, com o não pagamento dos valores para
vítimas.
O Jornal Nacional encontrou dezenas de processos em que Ana,
que também é ex-madastra de Carlos Bolsonaro trabalhou
como advogada em indenizações de acidente de trânsito - o seguro DPVAT. O
Ministério Público estadual suspeita que o negócio tem relação com a
rachadinha que teria ocorrido no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro
Uma consulta ao site do Tribunal de Justiça do RJ mostra que
Ana Cristina atuou em 56 processos cíveis de 2007 a 2010. Desses, 54 envolvem o
DPVAT, o seguro obrigatório de veículos. Apesar do escritório dela ficar no
Rio, 37 casos eram de moradores do Rio Grande do Sul.
Ana Cristina Valle era casada com Jair Bolsonaro quando foi
trabalhar com o enteado, o vereador Carlos Bolsonaro.
Ela foi a primeira chefe de gabinete de Carlos, em 2001, no
primeiro mandato, e ficou até abril de 2008, meses depois de se separar do
presidente da República.
Os registros no Tribunal de Justiça do Rio mostram que, nos
últimos três anos, em que esteve no gabinete, Ana Cristina também atuava como
advogada.
Ela teve um escritório de advocacia e duas empresas de
seguro. As empresas funcionavam em um prédio, no Centro do Rio, a poucos metros
da Câmara de Vereadores.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou
que as contas bancárias de quatro empresas vinculadas a Ana Cristina realizaram
movimentações financeiras suspeitas.
O Ministério Público do Rio de Janeiro acredita que a
escolha do endereço tão próximo não foi uma coincidência e quer saber se as
duas atividades desemprenhadas por Ana Cristina Valle estavam ligadas.
Os investigadores dizem que a elevada movimentação
de dinheiro vivo ( recursos em espécie) por Ana Cristina sugere que
ela era a real destinatária dos recursos públicos desembolsados em nome
dos parentes.
Os promotores suspeitam que esses funcionários continuaram
a pagar a rachadinha mesmo depois que ela deixou o gabinete e que Ana
Cristina usava as próprias empresas pra lavar o dinheiro.
A rachadinha é o esquema em que o político se apropria
ilegalmente de parte do salário dos funcionários. Muitos servidores do gabinete
de Carlos foram indicados por Ana Cristina e eram parentes dela.
De acordo com os registros da Câmara dos Vereadores, as
pessoas ligadas a Ana ganharam, ao todo, R$ 7,5 milhões só no período em
que Ana Crisitna não era mais chefe de gabinete de Carlos.
O cerco vai se fechando aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso ao sair do Planalto - Ueslei Marcelino
Brasil de Fato
Olá! Às vésperas do 7 de setembro e da hora de colocarem as
cartas e algemas na mesa, a história de amor entre o capitão e o mercado vive
um momento de turbulências.
.Filhos da contravenção. O cerco vai se fechando
aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e
a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso assim que
deixar o Planalto. Especialmente porque ele segue produzindo provas
contra si mesmo. A PGR investiga reuniões preparatórias para o dia 7 de
setembro em que participaram membros do governo e lideranças que
reivindicaram o fechamento do STF em atos anteriores. Mas se a hipótese de
Bolsonaro ir fazer companhia para Roberto Jefferson ainda parece distante, o
mesmo não vale para seus filhos. Carluxo está na mira do Ministério Público do
Rio de Janeiro por seus rolos na Câmara de Vereadores e teve o sigilo bancário quebrado, juntamente com o de sete
empresas ligadas a ele e da ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira
Valle, que na época tinha seis parentes empregados no gabinete do enteado. Além
disso, nesta quinta (02), um ex-empregado de Ana Cristina denunciou que
entregou para a família 80% de tudo o que recebeu como assessor de Flávio na
Assembleia do Rio por quase quatro anos, cerca de R$ 340 mil. Já o mais novo dos metralhas,
Jair Renan, aparece envolvido com Marconny Faria, o lobista foragido ligado à Precisa Medicamentos
e que está sendo investigado pela CPI da Covid. Na mesma rede de contatos encontra-se a advogada da família Bolsonaro, Karina Kufa,
que teria organizado um jantar para apresentar Marconny a Ricardo Santana, uma
espécie de consultor informal do Ministério da Saúde. Ou seja, a Comissão
começou a desenrolar um fio que pode implicar diretamente a família Bolsonaro
no esquema de superfaturamento e compra ilegal de vacinas da Precisa
Medicamentos. E os gordos rendimentos do deputado governista Ricardo Barros também
levantaram suspeitas do Coaf e foram parar na CPI. Com tudo isso e mais a incrível história de um motoboy vinculado à VTCLog,
que fazia saques milionários no banco e visitava com frequência o Ministério da
Saúde, a CPI, que já se encaminhava para o fim, ganhou sobrevida e deve durar
até meados de outubro.
.Sofrência. Em 2018, não foi uma escolha difícil
para o mercado embarcar, ainda no primeiro turno, na candidatura Bolsonaro. E,
ano passado, enquanto Jair passeava a cavalo na frente do Planalto ou tratava a
pandemia como gripezinha, não se ouvia nada na Faria Lima. Ao contrário. Abílio
Diniz, os donos do Madeiro, SmartFit e outros se somaram à ideia de derrubar
logo as restrições sanitárias. Nunca foi a democracia, nem a pandemia. Mas algo
se quebrou em 2021 entre Bolsonaro e o topo do PIB. Como resume Vinicius Torres Freire, o descontentamento
que gerou o polêmico manifesto empresarial tem a ver com a administração
incompetente, o risco do “fura teto” e a incapacidade de entregar as reformas
liberais. E, acrescenta Thomas Traumann, há um fastio do setor
empresarial com a instabilidade política provocada por Bolsonaro e a impressão
de que este governo “não tem mais nada a entregar” e só se concentra na própria
reeleição. A operação capitaneada por Arthur Lira para fazer água no manifesto foi bem sucedida,
entre outras coisas, porque não há unidade entre os empresários, nem desejo
real de desembarcar do governo, como alerta o economista Guilherme Mello. É o que se
vê no caso do agronegócio, em que uma associação lançou seu manifesto solo, enquanto
as outras financiam os atos bolsonaristas de 7 de setembro.
Mas há fissuras e descontentamento, em especial nos setores mais financeirizados e internacionalizados que veem
o investimento externo fugindo de Bolsonaro e do Brasil. O movimento anima João
Dória, já que o manifesto é sinal de que o mercado prefere uma “terceira via”
ao capitão, mas o recuo também significa que se a alternativa não for
competitiva, o mercado prefere ficar onde está do que apostar
em Lula.
.Terra Brasilis. O acampamento dos povos
indígenas em Brasília já dura mais de uma semana e não tem data para acabar.
Mais uma vez a decisão do STF sobre o marco temporal foi adiada e deve ser
retomada na próxima quarta-feira (8). O cenário aumenta os riscos de um embate no dia 7 de setembro, quando
grupos bolsonaristas farão manifestação em Brasília. Bolsonaro tem utilizado o tema para inflar seus seguidores,
inclusive os militares, a exemplo do general Augusto Heleno, para quem as
reservas indígenas ameaçam a integridade do território nacional. A atitude dos
militares justifica o desabafo de Valdelice Veron, liderança Guarani Kaiowá que
está acampada em frente ao STF: “Somos vistos como estrangeiros no nosso próprio país”.
Mas mais do que preocupação com a integridade territorial, os militares agem
como força de sustentação dos interesses da mineração e do agronegócio. De 1985
até 2020, a área de exploração de minérios no Brasil cresceu seis vezes e a
atividade ilegal ganhou maior impulso depois da crise mundial de 2008, quando
se intensificou a busca por recursos estratégicos nos países periféricos.
Assim, na última década, o garimpo em terras indígenas aumentou
quase cinco vezes. O agronegócio é outro interessado no tema. Mesmo que
o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) diga em tv aberta
que o setor “não precisa invadir terra indígena para crescer”,
os representantes Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Associação Brasileira
dos Produtores de Soja (Aprosoja) desmentem seu colega ao posicionaram-se contra a revisão do marco temporal.
A discussão é fundamental para a sobrevivência dos povos indígenas, mas os
interesses e pressões são enormes. Bolsonaro já escolheu seu lado. Aguardemos
para ver qual será o lado do STF.
.Ponto Final: nossas recomendações.
.Faltam só 66. A Piauí foi até
Manaus, um dos cenários da tragédia da pandemia, para acompanhar a volta às
aulas presenciais na Escola Paulo Freire.
.A nova década perdida. O PIB brasileiro hoje é menor
do que era em 2014. Na Jacobin, Edemilson Paraná explica porque
tivemos mais uma década sem crescimento econômico no país.
Obrigado por nos acompanhar. O Ponto é uma das iniciativas
do Brasil de Fato para compreendermos melhor a conjuntura.
Acompanhe também os debates políticos no Tempero da Notícia, no podcast 3 x 4 e diariamente na Central do Brasil. Você pode assinar o Ponto e os
outros boletins do Brasil de Fatoneste link aqui.
Ponto é editado por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.
El portal @metropoles revela audio de un exempleado de la familia Bolsonaro que confiesa haber sido obligado a devolver 80% de su salario en el gabinete legislativo de uno de los hijos del presidente. La exesposa de Bolsonaro comandaba el esquema. pic.twitter.com/Dxe2pdlzfI
Os Detonautas Roque
Clube lançaram na sexta-feira (4) mais uma música com um
tom crítico sobre o momento atual que vivemos. A música “Micheque” faz uma
contundente sátira sobre os R$ 89 mil em cheques depositados pelo ex-assessor
de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama Michelle
Bolsonaro.
“Todos temos o benefício da dúvida. Somos inocentes até que
se prove o contrário. A música é um questionamento a respeito de uma questão
importante. Como foi que esse dinheiro entrou na conta de uma pessoa tão
próxima ao Presidente. Basta que ele responda e acabam as especulações.“,
reflete Tico Santa Cruz
Passando pra mais uma Rodada de compartilhamentos de #Micheque a Pergunta que Não quer calar e esses 89 mil aí? Clica no LINK - se inscreve no nosso canal! Vamos bater 500 mil inscritos!!! https://t.co/DzSCeZKkO9pic.twitter.com/CnzUF5t28Q
Flávio, Jair, Eduardo e Carlos: os Bolsonaro | Divulgação
Comprar imóveis em dinheiro vivo é um ‘hábito’ da família
Bolsonaro, apontou reportagem do Jornal Nacional nesta quinta-feira (24).
Levantamento de informações registradas em cartório revelou que Eduardo,
Carlos, Flávio e Rogéria Bolsonaro, primeira esposa de Jair Bolsonaro,
adquiriram apartamentos com ‘moeda corrente, contada e achada certa’.
Essa expressão, segundo tabeliães ouvidos pelo Jornal
Nacional, significa pagamento em dinheiro vivo.
Conforme apontou reportagem do Globo, Eduardo Bolsonaro
pagou R$ 1 milhão por apartamento em Botafogo no RJ – consta nas escrituras que
ele já havia dado um sinal de R$ 81 mil reais pelo imóvel e pagaria mais R$ 100
mil no ato em moeda corrente do país, contada e achada certa. O registro
mostra ainda que ele pagaria mais R$ 18 mil nos próximos dias. A maior
parte do valor foi pago com financiamento da Caixa Econômica.
Esse não foi o primeiro imóvel comprado por Eduardo em
dinheiro vivo, ele também adquiriu um apartamento em Copacabana por R$ 160 mil
reais – sendo que R$ 110 mil foi pago com cheque administrativo e o restante em
dinheiro vivo. No caso deste imóvel, ele pagou cerca de 30% a menos do que o
valor de referência da prefeitura.
Carlos Bolsonaro também comprou um imóvel em dinheiro
vivo em 2003, conforme foi revelado pelo jornal Estado de São Paulo. Ele pagou
R$ 150 mil reais em dinheiro vivo. O apartamento fica na Tijuca.
Esse ‘hábito’ percorre gerações, pois Rogéria comprou um
apartamento no valor de R$ 95 mil em 1996 com dinheiro vivo. Esse valor
atualizado pela inflação corresponde a R$ 621 mil. Na época, ela era casada com
Bolsonaro em regime de comunhão parcial de bens e eles se separaram dois anos
depois.
Flávio Bolsonaro também já usou dinheiro vivo em
transações imobiliárias, mas, por decisão de Justiça, a Globo está impedida de
divulgar informações sobre o inquérito das ‘rachadinhas’.
Um levantamento de informações registradas em cartórios do Rio de Janeiro revelou que filhos do presidente Jair Bolsonaro têm o hábito de comprar imóveis com dinheiro vivo: https://t.co/zD4rqJIgs1#JN
Clã Bolsonaro: Flávio, Jair, Eduardo e Carlos Foto:
Reprodução
Investigações indicam pagamentos em gabinetes para
servidores que não exerciam suas funções; entre 1991 e 2019, R$ 1 em cada R$ 4
da remuneração contabilizada foi destinado a pessoas sob suspeita
A intrincada organização dos gabinetes da família Bolsonaro
sugere um hábito longevo de preencher cargos comissionados com funcionários que
nem sempre davam expediente em seus locais de trabalho. Um levantamento feito
por ÉPOCA joga luz sobre essas movimentações e seus números, que hoje estão nas mesas dos investigadores. Do total pago
aos 286 funcionários que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos mais
velhos contrataram em seus gabinetes entre 1991 e 2019, 28% foi depositado na
conta de servidores com indícios de que efetivamente não trabalharam.
É como se de cada R$ 4 reais pagos, mais de R$ 1 fosse para
as mãos de pessoas que hoje, em grande maioria, são investigadas por devolver
parte dos vencimentos aos chefes. Ao menos 39 possuem indícios de que não trabalharam de fato nos cargos -
13% do total.
Enquanto recebiam como funcionários, esses profissionais tinham
outras profissões como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como
é o caso de Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, apontado pelo MP
como operador do esquema da rachadinha no gabinete de
Flávio. Juntos, os 39 receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos (o
equivalente a R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período)
durante o período em que trabalharam com a família.
No grupo de pessoas que constaram como assessores, mas
possuem indícios de que não atuavam nos cargos, 17 foram lotadas exclusivamente
no gabinete de Flávio Bolsonaro, outros dez no de Carlos, ambos alvos de investigação do Ministério Público. No gabinete do
então deputado federal Jair Bolsonaro, três funcionários constam na lista. Há,
ainda, outros nove que passaram por vários gabinetes do clã, parte do modus
operandi hoje apurado pelo MP.
Marcia Aguiar, mulher do Queiroz, e Nathália Queiroz,
são dois casos emblemáticos desde o início das investigações.
Márcia se declarava cabeleireira em documentos do Judiciário em 2008 e Nathalia
é conhecida entre atores e personalidades públicas por seu trabalho como
personal trainer. Cada uma das duas recebeu ao longo de uma década um total de
R$ 1,3 milhão atualizados pela inflação, mas nunca tiveram crachá na Alerj.
Mas a maior parte dos casos está na família de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair
Bolsonaro. A maioria é investigada pelo Ministério Público nos casos de Flávio
ou no de Carlos. No caso dos 10 assessores de Flávio que são parentes de Ana
Cristina, o MP descobriu que eles sacaram até 90% dos salários no período em que
constaram como servidores, num total de R$ 4 milhões.
A história de Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina e
ex-cunhada de Bolsonaro, é o ponto mais extremo da curva. Desse grupo, ela é
quem mais recebeu.
Entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio, Andrea somou 20
anos de cargos comissionados e recebeu em salário bruto R$ 1,2 milhão (R$ 2,25
milhões, corrigido pela inflação). Fisiculturista, ela mantinha uma rotina de
malhação de duas a três vezes por dia na academia Physical Form. Nos
intervalos, atuava como faxineira em residências e vivia em uma casa construída
no fundo do terreno onde moram seus pais. Mas seguia trabalhando como faxineira
e com grandes dificuldades financeiras.
“Ela também me ajudou com faxina na academia. Ela faz
esse tipo de serviço aqui na academia”, contou Renata Mendes, dona da nova
academia que Andrea frequentava em Guarapari, no Espírito Santo. Procurada,
disse que não tinha nada a declarar.
Em seguida, surge, o veterinário Francisco Siqueira
Guimarães Diniz, de 36 anos, primo de Ana Cristina. Ele tinha apenas 21 anos quando foi
nomeado em 2003 e ficou lotado no gabinete de Flávio por 14 anos. Recebeu um
total de R$ 1,2 milhão - R$ 1,95 milhão, corrigido pela inflação. Em 2005, ele
começou a cursar a faculdade de Medicina Veterinária no Centro Universitário de
Barra Mansa, cidade a 140 quilômetros do Rio e próxima a Resende.
O curso era integral e ele se formou em 2008. Em 2016, ele
trabalhou para a H.G.VET Comércio de Produtos Agropecuários e Veterinários.
Apesar de ter ficado mais de uma década nomeado, só teve crachá nos últimos dois meses em que esteve lotado, em 2017.
Procurado, Diniz disse que trabalhou para Flávio, mas não recordava por quanto
tempo.
A dona de casa Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana
Cristina, aparece em seguida. Foi nomeada no gabinete de Flávio em 2005 e ficou
lotada até meados de 2018. Ela obteve um total de R$1,22 milhão (R$ 1,85
milhão, corrigido pela inflação). Nesse período, ele sempre viveu em Resende e,
por um período, cuidou de uma loja de decoração da família. Ela é mãe de
Guilherme de Siqueira Hudson, que constou como chefe de gabinete de Carlos por
10 anos quando também vivia em Resende e sequer teve crachá da Câmara de
Vereadores. Ambos são investigados pelo MP.
Na lista dos 10, consta ainda Marta Vale, cunhada de Ana
Cristina. Ela sempre morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e constou como
assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio entre 2001 e 2009.
Nunca teve crachá funcional e, procurada por ÉPOCA, no ano passado, disse que nunca trabalhou para Carlos. Ela recebeu R$
550 mil em salários (R$ 1,2 milhão, corrigido pela inflação). Hoje é
investigada no procedimento do MP sobre o "02".
No local, uma casa simples e com uma pintura antiga em tom
rosado, mora Diva da Cruz Martins, mãe de Andrea e outra ex-assessora de Carlos
entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005. Foto: Gabriel Monteiro / Agência O
Globo
Outro caso que chama atenção no gabinete de Carlos é o de
Andrea da Cruz Martins. Ela esteve lotada 2005 até fevereiro de 2019. Em
novembro de 2013, no entanto, quando Andrea deu entrada nos papéis de seu
casamento no cartório de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela identificou-se
como “babá”. Ela recebeu um total de R$ 1,26 milhão (R$ 1,83 milhão atualizado
pela inflação). Procurada na casa da família, os parentes disseram que não
sabem onde ela vive. Andrea é investigada pelo MP no caso de Carlos.
Em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, vive outra
família que lidera o ranking de parentes nomeados e de valores recebidos no
gabinete da família Bolsonaro. Lá moram Edir e Neula Góes. Ela constou como
assessora de Carlos de 2001 até fevereiro deste ano. Ele está nomeado desde
2008. Ele já obteve vencimentos brutos da Câmara num total de R$ 1,3 milhão (R$
1,7 milhão, atualizado) — Neula, de R$ 956 mil (R$ 1,5 milhão, corrigido)
Marcia Salgado Oliveira, tia do ministro Jorge Oliveira, da
Secretaria-Geral da Presidência, apareceu nos registros da Alerj como
funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro de 2019. Em 2014, porém, num
processo que tramitou no Juizado Especial da Comarca de Mesquita, na Baixada
Fluminense, quando acionou uma empresa de telefonia, Márcia apresentou uma
procuração escrita de próprio punho, na qual informou que sua ocupação era “do
lar”. Além disso, em 16 anos, ela jamais teve crachá emitido pela Alerj. Ela
recebeu um total de R$ 1 milhão (R$ 1,6 milhão, corrigido). Procurada, não se
pronunciou.
Dilma Rousseff, Fabrício Queiroz, Jair e Michelle Bolsonaro
(Foto: Ederson Casartelli | Divulgação | Alan Santos/PR)
247 - A ex-presidente Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de
2016 mesmo sem crime de responsabilidade, cobrou investigações do Poder
Judiciário sobre o R$ 89 mil repassados à primeira-dama Michelle Bolsonaro por
Fabrício Queiroz e a esposa dele, Marcia Aguiar. "Eu também quero saber
sobre os R$ 89 mil que o Queiroz depositou na conta da Michelle. É uma pergunta
que todos nós queremos (fazer)", disse durante entrevista exclusiva no Bom
Dia 247 desta quarta-feira (26).
Flávio Bolsonaro com Queiroz e Evelyn Queiroz na loja da
Kopenhagen (Reprodução)
Por: Revista Fórum O ex-assessor de Flávio Bolsonaro estaria disposto a fazer
delação no processo das rachadinhas em troca de proteção à família dele
O policial aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do
senador Flávio Bolsonaro no período em que o filho do presidente Jair Bolsonaro
era deputado estadual, estaria negociando uma delação premiada com o Ministério
Público.
Segundo informações da rede
CNN Brasil, as negociações do MP com Queiroz teriam avançado e o
ex-assesor, apontado como coordenador do esquema de corrupção das rachadinhas no
gabinete de Flávio na Alerj, pediu proteção a familiares e garantia de prisão
domiciliar.
Os investigadores querem a garantia de que o ex-assessor vai
trazer informações novas.
Queiroz foi preso no último dia 18. Ele estava em uma
chácara em Atibaia pertencente ao ex-advogado de Flávio no caso, Frederick
Wassef.
Na quinta-feira, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro decidiu, por dois votos a um, a favor de um habeas
corpus apresentado pela defesa de Flávio que pedia que as
investigações do caso das rachadinhas passassem para Órgão Especial do TJ.
Apesar do processo sair das mãos de Flávio Itabaiana, a
prisão de Queiroz foi mantida porque as decisões tomadas pelo magistrado não
foram anuladas.
247 - O Ministério Público do Rio de Janeiro
prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro,
Fabrício Queiroz. Além dele, o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara
Criminal do TJ do Rio, expediu mandado de prisão contra a mulher de
Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. A informação é do jornal O Globo.
O casal e o senador são investigados pelo esquema da
rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Queiroz foi preso em Atibaia, no
interior de São Paulo e deve vir para o Rio, onde é investigado. A operação
denominada "Anjo" teve o apoio da Polícia Civil. O mandado de prisão
contra Márcia está sendo cumprido com auxílio da Polícia Federal.
Márcia esteve no gabinete de Flávio na Assembleia
Legislativa do Rio entre 2007 e 2017. Ela foi um dos sete parentes que Queiroz
emplacou na estrutura do mandato de Flávio. Também foram lotados outros sete
parentes dele no gabinete de Flávio desde 2007. Entre os parentes de Queiroz
investigados junto com o casal estão ainda a enteada e duas filhas, uma delas é
a Nahtalia Queiroz, conhecida por ser personal trainer.
Saiba mais
O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro Fabrício
Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira (18) em Atibaia (SP), no interior
de São Paulo. Ele estava no imóvel de Frederick Wassef, advogado de Flávio
Bolsonaro. Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua
conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo
Conselho de Atividades Financeiras (Coaf).
O MP do Rio também cumpre mandados de busca e apreensão em
diversos endereços da capital paulista e no Rio. No Rio, a Polícia Civil faz
buscas em um imóvel que consta da relação de bens do presidente Jair Bolsonaro,
em Bento Ribeiro.
Queiroz foi preso, esposa foragida, ele vai delatar!
247 - O Ministério Público Federal afirma que há
fortes indícios do crime de lavagem de dinheiro pelo senador Flávio Bolsonaro
no período em que era deputado estadual no Rio de Janeiro. A investigação do
Ministério Público Federal apurou vários negócios envolvendo Flávio Bolsonaro
em operações de compra e venda de imóveis entre junho de 2005 e maio de 2018 e
analisou 37 transações imobiliárias. Em pelo menos três dessas operações, o
procurador Sérgio Pinel percebeu indícios de irregularidades.
Reportagem doJornal Nacional da Rede Globo da noite da
terça-feira aponta que a compra de um imóvel no bairro de Laranjeiras, na Zona
Sul do Rio, teve uma das parcelas pagas pelo sargento da Polícia Militar Diego
Sodré de Castro Ambrósio, suspeito de participar do esquema de rachadinha no
gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
O procurador observa que o policial teria realizado outras
transações suspeitas, movimentando quantias em espécie, em suas contas
correntes, incompatíveis com o cargo que ocupa. Outros dois imóveis comprados
por Flávio Bolsonaro e a esposa dele no bairro de Copacabana também chamaram a
atenção dos investigadores. Em ambos, os imóveis foram vendidos em pouco mais
de um ano com valorização acima de 200%.
É a primeira vez que o Ministério Público Federal se
manifesta claramente sobre as suspeitas de que Flávio Bolsonaro cometeu crimes
em operações imobiliárias.
No Twitter:
O Ministério Público Federal afirma que há fortes indícios do crime de lavagem de dinheiro cometido pelo senador Flávio Bolsonaro. A investigação apurou vários negócios suspeitos do filho do presidente de compra e venda de imóveis. pic.twitter.com/2Zrziwq1hx
Quando uma CPI contra milícias serve de chantagem contra um presidente da República, fica claro qual o consenso entre a classe política sobre quem é Bolsonaro e quais suas relações.https://t.co/DLeeD6rYOs
EL PAÍS - Levantamento da Pública mostra que outros cinco assessores prestaram serviços de campanha enquanto estavam contratados pelo atual presidente ou seus três filhos
A “rachadinha” – apropriação de salários de assessores nomeados por parlamentares – voltou à baila no final de 2018, quando o Conselhode Controle de Atividades Financeiras (COAF) identificou movimentações financeiras suspeitas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro(ALERJ), envolvendo inclusive o atual senador Flávio Bolsonaro. Porém, quando se trata de doações eleitorais, os assessores responsáveis pelos maiores repasses à família do presidente foram aqueles ligados diretamente a Jair Bolsonaro. É o que revela um levantamento da Pública, que identificou transferências de recursos totalizando mais de 109 mil reais em repasses financeiros e outros 5 mil reais em serviços, em valores atualizados.
O COAF, órgão que investiga lavagem de dinheiro, considerou os depósitos feitos na conta de Flávio Bolsonaro suspeitos WILSON DIAS AGÊNCIA BRASIL
Ao todo, foram 13 doações de sete assessores da família entre 2004 e 2018. Mas as únicas transferências de recursos financeiros vieram de apenas duas pessoas, homens de confiança de Jair Bolsonaro, por meio de cheques, depósitos e transferências eletrônicas. O capitão do exército Jorge Francisco e Telmo Broetto, ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), fizeram juntos repasses de mais de 109 mil reais ao longo de 14 anos. Outros cinco assessores fizeram doações menores, através de prestação de serviços às candidaturas da família Bolsonaro – esse tipo de trabalho também possui um valor que a Justiça Eleitoral considera como “doação estimada”.
“Não existe nada na lei eleitoral com restrições de doações de pessoas físicas, nem assessores. Ou seja, não há impeditivo legal, mas isso revela um vício do sistema político”, comenta Bruno Carazza, autor do livro ‘Dinheiro, eleições e poder: as engrenagens do sistema político brasileiro’. Segundo ele, esta prática é chamada de patronagem. “Cria-se um incentivo para contratar alguém que é próximo, correligionário ou não, e aquela pessoa tem o compromisso de compartilhar o que ganhou, retornando para o partido ou para o político que o nomeou”, explica Carazza.
A Pública tentou contato com Jair Bolsonaro, por meio da Secretaria Geral da Presidência da República. Também buscamos os mandatos de Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro para esclarecimentos sobre as doações. Por email, o Palácio do Planalto afirmou que não se pronunciaria.
O maior doador foi Jorge Francisco, que trabalhou quase duas décadas como assessor parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e faleceu com 69 anos por conta de um infarto em 2018. Na ocasião, Bolsonaro o descreveu como um “leal amigo de 20 anos”.
Ele foi um dos principais financiadores das candidaturas da família. Sozinho, em quatro eleições entre 2004 e 2016, o ex-assessor Jorge Francisco repassou ao todo 81 mil reais para Jair e sua prole, os filhos-candidatos Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral. Para totalizar as doações, os valores de cada ano foram atualizados de acordo com a inflação no período.
Em valores nominais, a maior doação identificada foi feita por Jorge Francisco, em agosto de 2012. Enquanto seguia atuando como secretário parlamentar de Jair Bolsonaro, ele fez uma transferência eletrônica de 15 mil reais beneficiando o filho do chefe, Carlos, que se reelegeu vereador. Naquele mês, a folha de pagamento de Jorge na Câmara registra 6,7 mil reais de remuneração líquida. Ou seja, sua doação equivale a mais de dois meses de salário.
O segundo principal assessor-doador foi Telmo Broetto, que trabalhou como secretário parlamentar de Jair Bolsonaro entre 2005 e 2018 e atualmente exerce o mesmo cargo no gabinete de Eduardo Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Em 2006, por meio de cheque e depósito em espécie, Telmo apoiou a candidatura do filho do patrão, Flávio Bolsonaro, na corrida para a Assembleia Legislativa do Rio, pelo PP. O valor foi de 9 mil reais – o equivalente a mais de 17 mil reais em valores atualizados.
Em 2014, Telmo Broetto e Jorge Francisco também apoiaram a candidatura de Eduardo Bolsonaro à Câmara dos Deputados pelo PSC. O primeiro repassou 11 mil reais, enquanto Telmo aportou 7 mil reais, em valores nominais. Ambos trabalhavam como assessores de Bolsonaro.
À época, Telmo recebia 10 mil rais de salário na Câmara dos Deputados, já descontados os abatimentos obrigatórios. Jorge Francisco ganhava pouco mais de 5 mil reais.
Irmã de milicianos presos
Na terceira posição, entre os assessores que mais fizeram doações de campanha para a família Bolsonaro, está Valdenice de Oliveira Meliga, irmã de dois milicianos presos em 2018. De maio de 2018 até fevereiro deste ano, ela exercia um cargo de confiança no gabinente da liderança do PSL na ALERJ, sob comando de Flávio Bolsonaro. A IstoÉ mostrou que, durante a campanha, Valdenice chegou a assinar cheques em nome de Flávio.
De acordo com as declarações de Flávio Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Valdenice prestou serviços de administração financeira para sua candidatura ao Senado em 2018. O valor foi estimado em 5 mil reais.
A doação de Valdenice foi registrada no dia 15 de setembro de 2018. Um dia depois constam doações de outros três assessores de Flávio Bolsonaro para sua campanha, por meio de prestações de serviços envolvendo carreatas, todas com valor estimado de 200 reais.
Os três assessores foram Miguel Ângelo Braga Grillo, coronel da Aeronáutica e advogado, nomeado por Flávio na ALERJ em 2007, que hoje é seuchefe de gabinete no Senado Federal; Fernando Nascimento Pessoa, que foi inicialmente contratado por Jair na Câmara em 2009 e migrou para o gabinete de Flávio na ALERJ em 2014, assessorando-o hoje no Senado, com remuneração bruta de 22,9 mil reais; e Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira, que foi funcionária de Flávio na ALERJ entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019, exercendo ainda funções de tesoureira do PSL no Rio de Janeiro e prestadora de serviço a outras campanhas do partido.
Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro com Valdenice de Oliveira e os irmãos gêmeos milicianos, presos na Operação Quarto Elemento. INSTAGRAM/FLÁVIO BOLSONARO
Há proximidade de datas nos registros dos repasses de assessores também em 2016, quando foram feitas prestações de serviços de assessores, registradas em setembro. Nos dias 7 e 8, existem registros de serviços prestados por Alessandra Ramos Cunha (assessora de Jair Bolsonaro na Câmara entre 2014 e 2018) e o falecido homem de confiança do presidente, Jorge Francisco, em prol da candidatura do vereador Carlos Bolsonaro pelo PSC, totalizando 4 mil reais, em valores nominais.
Troca-troca de assessores
O levantamento feito pela Pública com dezenas de nomes de assessores revela que é comum assessores passarem de um mandato para outro da família Bolsonaro. Pelo menos, 15 pessoas passaram pelo gabinete de mais de um membro da família. Outros acompanharam os Bolsonaro entre diferentes casas legislativas.
O levantamento se baseou na prestação de contas eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2002, dados obtidos via Lei deAcesso à Informação e em pesquisas no Diário Oficial. Foram considerados 53 assessores dos mandatos de Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro na Câmara dos Deputados em Brasília, além de 34 empregados de Flávio Bolsonaro na ALERJ.
A listagem de assessores na Câmara dos Deputados em Brasília foi obtida pela Pública via Lei de Acesso à Informação (LAI). A ALERJ negou a solicitação feita via LAI a respeito dos assessores de Flávio Bolsonaro. Neste caso, os assessores foram identificados através de buscas no Diário Oficial. Já a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro ignorou o pedido via LAI sobre assessores de Carlos Bolsonaro – o que viola a lei – passado mais de um mês do prazo estipulado para respostas.
Outras doações
No caso dos assessores Helen Cristina Gomes Vieira e Jorge Antônio de Oliveira Francisco foram encontradas doações, mas elas foram registradas em anos sem evidências de vínculo empregatício com a família Bolsonaro. Portanto, os repasses não foram levados em conta no levantamento geral.
No dia 16 de setembro de 2016, há um apoio de Helen Cristina por meio de “distribuição de panfletos” para Carlos, com valor estimado à época em 600 reais. Helen foi assessora de seu pai, Jair Bolsonaro, na Câmara entre 2013 e 2014, assumindo novamente um posto no ano seguinte à doação, entre 2017 e 2018. Hoje, ela trabalha como oficial de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Em 2004, há um cheque para Carlos Bolsonaro de 1 mil reais, em nome de Jorge Antonio de Oliveira Francisco, que era assessor parlamentar da Polícia Militar do Distrito Federal e depois passou pelos gabinetes de Jair Bolsonaro (2013-2015) e seu filho Eduardo (2015-2018). Em 2006, ele fez outra transferência, com valor nominal de 4 mil reais, desta vez para Flávio. Agora, comanda a subchefia jurídica da Casa Civil da Presidência da República.
O mesmo caso se deu com uma doação de 2002 feita por Jorge Francisco para Flávio Bolsonaro de quase 6 mil reais. O valor atualizado seria 16.903 reais. Jorge foi nomeado em março de 2003 como assessor de Jair. Até a publicação da reportagem, a Câmara não informou se o assessor já trabalhava lá antes disso.
Assessor de Flávio Bolsonaro sob investigação
Suspeitas sobre a apropriação do salário de assessores por parte de parlamentares ganharam destaque com a Operação Furna da Onça, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2018 para investigar casos de corrupção na Assembleia Estadual do Rio de Janeiro (ALERJ). A Operação atingiu a família do presidente quando um relatório financeiro identificou movimentações bancárias atípicas de assessores de Flávio Bolsonaro, em especial Fabrício Queiroz.
Ao Ministério Público, Queiroz afirmou que gerenciava salários dos assessores para expandir a atuação parlamentar de FlávioBolsonaro, por meio da subcontratação de outros funcionários com o soldo de seus colegas, sem o conhecimento do patrão. A prática não é autorizada pela ALERJ.
“Nos gabinetes, o deputado é o gestor de sua equipe, sendo responsável por determinar horários de trabalho, fiscalizar a frequência e atestar as folhas de ponto. Não é permitido aos servidores ou aos gestores fazer qualquer tipo de negociação sobre sua carga horária envolvendo pagamentos em dinheiro. Também não é permitida a contratação de qualquer funcionário sem sua nomeação, que é publicada no Diário Oficial do Legislativo, e a apresentação de documentos para formalização do vínculo”, informou a Assembleia, em nota.
Segundo COAF, Queiroz movimentou aproximadamente 7 milhões de reais ao longo de três anos. Ao contrário daqueles identificados no levantamento da Pública, estes repasses investigados pelas autoridades não foram registrados oficialmente como doações em campanhas eleitorais. Os repasses ainda estão sendo investigados.
Apesar de serem comuns nos parlamentos, a “rachadinha” raramente é punida por juízes e sua tipificação não é consenso entre especialistas. Em janeiro, a revista Época identificou que, entre 12 recentes casos que ganharam repercussão, só 2 parlamentares foram condenados, podendo ainda recorrer em instâncias superiores. Já o site Consultor Jurídico consultou 10 pesquisadores sobre o tema. Enquanto alguns afirmam que a prática configura crime de peculato e desvio, outros a consideram corrupção passiva ou improbidade administrativa e há quem diga que o ato sequer é passível de punições.
Poucos doadores até 2018
Durante muito tempo, a família Bolsonaro teve poucos doadores registrados no TSE. Em 2018, foi a primeira vez que uma candidatura do grupo conseguiu superar a marca de 10 apoiadores. Até então, o dinheiro vinha principalmente do partido, autofinanciamento e de recursos injetados por assessores.
Jair Bolsonaro também foi apoiado por caciques da velha política fluminense, como o ex-vice-governador Francisco Dornelles (PP) e o Jorge Picciani (MDB), que encontra-se em prisão domiciliar por crimes de corrupção investigados em um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Em valores nominais, Dornelles apoiou o atual presidente com uma “doação estimada” de mais de 6 mil reais, em 2002, enquanto Picciani possui doações assim para Flávio Bolsonaro em 2010, quando o apoiou por meio da prestação de serviços de materiais de campanha e impressão de santinhos.