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domingo, 13 de setembro de 2020

FUNCIONÁRIOS FANTASMAS DOS BOLSONAROS RECEBERAM R$ 29,5 MILHÕES EM SALÁRIOS


Clã Bolsonaro: Flávio, Jair, Eduardo e Carlos Foto: Reprodução

Investigações indicam pagamentos em gabinetes para servidores que não exerciam suas funções; entre 1991 e 2019, R$ 1 em cada R$ 4 da remuneração contabilizada foi destinado a pessoas sob suspeita


A intrincada organização dos gabinetes da família Bolsonaro sugere um hábito longevo de preencher cargos comissionados com funcionários que nem sempre davam expediente em seus locais de trabalho. Um levantamento feito por ÉPOCA joga luz sobre essas movimentações e seus números, que hoje estão nas mesas dos investigadores. Do total pago aos 286 funcionários que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos mais velhos contrataram em seus gabinetes entre 1991 e 2019, 28% foi depositado na conta de servidores com indícios de que efetivamente não trabalharam.

É como se de cada R$ 4 reais pagos, mais de R$ 1 fosse para as mãos de pessoas que hoje, em grande maioria, são investigadas por devolver parte dos vencimentos aos chefes. Ao menos 39 possuem indícios de que não trabalharam de fato nos cargos - 13% do total.

Enquanto recebiam como funcionários, esses profissionais tinham outras profissões como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como é o caso de Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, apontado pelo MP como operador do esquema da rachadinha no gabinete de Flávio. Juntos, os 39 receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos (o equivalente a R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período) durante o período em que trabalharam com a família.

No grupo de pessoas que constaram como assessores, mas possuem indícios de que não atuavam nos cargos, 17 foram lotadas exclusivamente no gabinete de Flávio Bolsonaro, outros dez no de Carlos, ambos alvos de investigação do Ministério Público. No gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, três funcionários constam na lista. Há, ainda, outros nove que passaram por vários gabinetes do clã, parte do modus operandi hoje apurado pelo MP.

Marcia Aguiar, mulher do Queiroz, e Nathália Queiroz, são dois casos emblemáticos desde o início das investigações. Márcia se declarava cabeleireira em documentos do Judiciário em 2008 e Nathalia é conhecida entre atores e personalidades públicas por seu trabalho como personal trainer. Cada uma das duas recebeu ao longo de uma década um total de R$ 1,3 milhão atualizados pela inflação, mas nunca tiveram crachá na Alerj.


Mas a maior parte dos casos está na família de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro. A maioria é investigada pelo Ministério Público nos casos de Flávio ou no de Carlos. No caso dos 10 assessores de Flávio que são parentes de Ana Cristina, o MP descobriu que eles sacaram até 90% dos salários no período em que constaram como servidores, num total de R$ 4 milhões.

A história de Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina e ex-cunhada de Bolsonaro, é o ponto mais extremo da curva. Desse grupo, ela é quem mais recebeu.

Entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio, Andrea somou 20 anos de cargos comissionados e recebeu em salário bruto R$ 1,2 milhão (R$ 2,25 milhões, corrigido pela inflação). Fisiculturista, ela mantinha uma rotina de malhação de duas a três vezes por dia na academia Physical Form. Nos intervalos, atuava como faxineira em residências e vivia em uma casa construída no fundo do terreno onde moram seus pais. Mas seguia trabalhando como faxineira e com grandes dificuldades financeiras.

 “Ela também me ajudou com faxina na academia. Ela faz esse tipo de serviço aqui na academia”, contou Renata Mendes, dona da nova academia que Andrea frequentava em Guarapari, no Espírito Santo. Procurada, disse que não tinha nada a declarar.

Em seguida, surge, o veterinário Francisco Siqueira Guimarães Diniz, de 36 anos, primo de Ana Cristina. Ele tinha apenas 21 anos quando foi nomeado em 2003 e ficou lotado no gabinete de Flávio por 14 anos. Recebeu um total de R$ 1,2 milhão - R$ 1,95 milhão, corrigido pela inflação. Em 2005, ele começou a cursar a faculdade de Medicina Veterinária no Centro Universitário de Barra Mansa, cidade a 140 quilômetros do Rio e próxima a Resende.

O curso era integral e ele se formou em 2008. Em 2016, ele trabalhou para a H.G.VET Comércio de Produtos Agropecuários e Veterinários. Apesar de ter ficado mais de uma década nomeado, só teve crachá nos últimos dois meses em que esteve lotado, em 2017. Procurado, Diniz disse que trabalhou para Flávio, mas não recordava por quanto tempo.


A dona de casa Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina, aparece em seguida. Foi nomeada no gabinete de Flávio em 2005 e ficou lotada até meados de 2018. Ela obteve um total de R$1,22 milhão (R$ 1,85 milhão, corrigido pela inflação). Nesse período, ele sempre viveu em Resende e, por um período, cuidou de uma loja de decoração da família. Ela é mãe de Guilherme de Siqueira Hudson, que constou como chefe de gabinete de Carlos por 10 anos quando também vivia em Resende e sequer teve crachá da Câmara de Vereadores. Ambos são investigados pelo MP.

Na lista dos 10, consta ainda Marta Vale, cunhada de Ana Cristina. Ela sempre morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e constou como assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio entre 2001 e 2009. Nunca teve crachá funcional e, procurada por ÉPOCA, no ano passado, disse que nunca trabalhou para Carlos. Ela recebeu R$ 550 mil em salários (R$ 1,2 milhão, corrigido pela inflação). Hoje é investigada no procedimento do MP sobre o "02".

No local, uma casa simples e com uma pintura antiga em tom rosado, mora Diva da Cruz Martins, mãe de Andrea e outra ex-assessora de Carlos entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005. Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

Outro caso que chama atenção no gabinete de Carlos é o de Andrea da Cruz Martins. Ela esteve lotada 2005 até fevereiro de 2019. Em novembro de 2013, no entanto, quando Andrea deu entrada nos papéis de seu casamento no cartório de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela identificou-se como “babá”. Ela recebeu um total de R$ 1,26 milhão (R$ 1,83 milhão atualizado pela inflação). Procurada na casa da família, os parentes disseram que não sabem onde ela vive. Andrea é investigada pelo MP no caso de Carlos.

Em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, vive outra família que lidera o ranking de parentes nomeados e de valores recebidos no gabinete da família Bolsonaro. Lá moram Edir e Neula Góes. Ela constou como assessora de Carlos de 2001 até fevereiro deste ano. Ele está nomeado desde 2008. Ele já obteve vencimentos brutos da Câmara num total de R$ 1,3 milhão (R$ 1,7 milhão, atualizado) — Neula, de R$ 956 mil (R$ 1,5 milhão, corrigido)

Marcia Salgado Oliveira, tia do ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, apareceu nos registros da Alerj como funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro de 2019. Em 2014, porém, num processo que tramitou no Juizado Especial da Comarca de Mesquita, na Baixada Fluminense, quando acionou uma empresa de telefonia, Márcia apresentou uma procuração escrita de próprio punho, na qual informou que sua ocupação era “do lar”. Além disso, em 16 anos, ela jamais teve crachá emitido pela Alerj. Ela recebeu um total de R$ 1 milhão (R$ 1,6 milhão, corrigido). Procurada, não se pronunciou.

Fonte: Época



FUNCIONÁRIOS FANTASMAS DOS BOLSONAROS RECEBERAM R$ 29,5 MILHÕES EM SALÁRIOS


segunda-feira, 22 de junho de 2020

Queiroz: Fantástico detalha rotina de festas e revela rede de “amigos” que faziam proteção





Por: Revista Fórum

  • TV Globo dedicou quase meia hora do programa para explicar de forma didática a relação de Queiroz com o clã Bolsonaro e milicianos



O programa Fantástico, da TV Globo, apresentou três reportagens na edição deste domingo (21), totalizando 27 minutos, que revelaram didaticamente a relação de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, com os demais membros do clã presidencial e sua ligação com milicianos.

O programa também revelou a rotina “animada” de festas e churrascos que o ex-assessor levava na casa de Atibaia (SP) de Frederick Wasseff, advogado do presidente Jair Bolsonaro, onde foi preso na semana passada.

“Ano Novo teve festa mesmo. Barulhenta, madrugada, foguetório”, disse um morador à reportagem, que preferiu não se identificar.

De acordo com o programa, Queiroz também esteve por duas vezes em um hospital de Atibaia para consultas e exames. Uma delas aconteceu no dia 17 de janeiro, o que mostra que o ex-assessor estava em Atibaia há meses.

A reportagem também citou que investigações em curso no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apontam para uma rede de amigos e milicianos que davam apoio a Queiroz enquanto ele se escondia em Atibaia. De acordo com a matéria, agentes estavam a postos para ajudar o ex-assessor caso ele fosse preso.


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domingo, 31 de maio de 2020

Movimento #Somos70porcento reforça mobilização contra Bolsonaro





O movimento #Somos70porcento ganha cada vez mais adesão nas redes sociais. Neste sábado (30) parlamentares da Bancada do PT reforçaram a hashtag criada pelo economista Eduardo Moreira para mostrar que os apoiadores de Bolsonaro são minoria e que 70% da população brasileira rejeitam ou simplesmente não apoiam o presidente. “Não precisamos ter medo. Eles, sim”, afirmou o economista depois de analisar a última pesquisa Datafolha, divulgada na noite de sexta-feira (29). O levantamento aponta, entre outros dados, que os mesmos 70% rejeitam o “toma lá, da cá” de Bolsonaro com os parlamentares do chamado Centrão.

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder da Minoria na Câmara, aderiu ao movimento e afirmou em sua conta no Twitter que o País começa a se mobilizar pelo impeachment de Bolsonaro. “Estamos ao lado daqueles que querem um Brasil de todos! #Somos70porcento, #TodosPeloImpeachment, conclamou.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) reforçou que 70% rejeitam aproximação ao Centrão, 70% acham Bolsonaro Péssimo/Ruim/Regular, 70% apoiam medidas de isolamento, Mais de 70% sabem que a terra é redonda. “#Somos70porcento”, completou.

Na avaliação do deputado Assis Carvalho (PT-PI), boa parte dos que votaram 17 – número do PSL, partido que elegeu Bolsonaro –  já se arrependeram. “70% dos brasileiros consideram governo Bolsonaro ruim/péssimo/ regular e rejeitam a aproximação dele com o centrão para se safar do impeachment”, enfatizou.


 E a deputada Erika Kokay (PT-DF) foi contundente: “O genocida está derretendo. #Somos70porcento. Aqui não é maioria de máquina, não tem bots e milícia de fake news. É gente de carne e osso disposta a lutar pelo Brasil”, assegurou.

Também enfatizando que os contrários a Bolsonaro não são robôs, o deputado Helder Salomão (PT-ES) reforçou: “Somos #70porcento do Brasil de verdade. Do Brasil que não suporta mais um governo genocida que não pensa no povo. Não somos robôs!”.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também aderiu ao movimento e afirmou em sua rede social que faz parte dos “70% em defesa da democracia, do respeito e da vida!”.

Para a deputada Luizianne Lins (PT-CE) o governo Bolsonaro é uma bomba. “#Somos70porcento que achamos Bolsonaro péssimo; que o desgoverno é uma bomba; que pensamos em salvar vidas ao invés da economia; que apoiamos o isolamento social; que achamos que a Terra é redonda; e que exigimos #ForaBolsonaroGenocida !”, completou.



Clã Bolsonaro 


Em sua conta no Twitter, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) ao divulgar a hashtag #Somos70porcento, enfatizou que o cerco vai se fechando contra o clã Bolsonaro. “Inquérito das fake news pode abrir caminho para cassação de Bolsonaro no TSE. Para isso, precisa haver o compartilhamento das provas do STF com a Justiça Eleitoral. Já nos mobilizando contra o fascismo e pela cassação da chapa Bolsonaro/Mourão do TSE”, afirmou.

A mesma opinião tem o deputado Odair Cunha (PT-MG), que também avalia que o cerco contra a família Bolsonaro está se fechando. “Somos 70porcento e defendo a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão”.

Velha política
O deputado Bohn Gass (PT-RS) lembrou que Jair Bolsonaro vendeu a ilusão de que faria uma nova política. “E agora 67% da população brasileira já entendeu que Bolsonaro está praticando a velha política do toma lá, dá cá – troca de apoio por cargos – e que não tem limites, nem morais, nem legais, quando se trata de encobrir os erros dos filhos”, criticou.



 E os deputados Airton Faleiro (PT-PA) e Alencar Santana Braga (PT-SP) também usaram a #Somos 70porcento em suas publicações no Twitter. “70% quer um governo sério e medidas responsáveis para sair da crise”, frisou Faleiro. “A população que não apoia o presidente e não compactua com seu governo genocida se levantou nas redes para expressar sua rejeição a Bolsonaro”, enfatizou Alencar.



Vânia Rodrigues

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