Enquanto esteve na orla, foi tietado por apoiadores
do governo federal que pediram por fotos e registros do encontro com o Fabrício
- apontado pelo Ministério Público como operador de um esquema de desvio de
dinheiro público na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Junto ao bolsonarista estava o deputado federal Otoni de
Paula (PSL-RJ) - que recentemente foi alvo de buscas expedido pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), investigado por incitar atos violentos e
antidemocráticos.
Bandido de estimação Fabrício Queiroz, apontado pelo MP como operador do esquema de "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro, hoje foi tietado por bolsonaristas no Rio de Janeiro.#ForaBolsonaropic.twitter.com/Auz2pD9V8w
Patriotas abraçam e festejam Queiroz, o homem no centro do escândalo do peculato da Família Bolsonaro. Do esconderijo em Atibaia para os braços dos homens de bem. pic.twitter.com/OFuLZejKHd
O cerco vai se fechando aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso ao sair do Planalto - Ueslei Marcelino
Brasil de Fato
Olá! Às vésperas do 7 de setembro e da hora de colocarem as
cartas e algemas na mesa, a história de amor entre o capitão e o mercado vive
um momento de turbulências.
.Filhos da contravenção. O cerco vai se fechando
aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e
a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso assim que
deixar o Planalto. Especialmente porque ele segue produzindo provas
contra si mesmo. A PGR investiga reuniões preparatórias para o dia 7 de
setembro em que participaram membros do governo e lideranças que
reivindicaram o fechamento do STF em atos anteriores. Mas se a hipótese de
Bolsonaro ir fazer companhia para Roberto Jefferson ainda parece distante, o
mesmo não vale para seus filhos. Carluxo está na mira do Ministério Público do
Rio de Janeiro por seus rolos na Câmara de Vereadores e teve o sigilo bancário quebrado, juntamente com o de sete
empresas ligadas a ele e da ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira
Valle, que na época tinha seis parentes empregados no gabinete do enteado. Além
disso, nesta quinta (02), um ex-empregado de Ana Cristina denunciou que
entregou para a família 80% de tudo o que recebeu como assessor de Flávio na
Assembleia do Rio por quase quatro anos, cerca de R$ 340 mil. Já o mais novo dos metralhas,
Jair Renan, aparece envolvido com Marconny Faria, o lobista foragido ligado à Precisa Medicamentos
e que está sendo investigado pela CPI da Covid. Na mesma rede de contatos encontra-se a advogada da família Bolsonaro, Karina Kufa,
que teria organizado um jantar para apresentar Marconny a Ricardo Santana, uma
espécie de consultor informal do Ministério da Saúde. Ou seja, a Comissão
começou a desenrolar um fio que pode implicar diretamente a família Bolsonaro
no esquema de superfaturamento e compra ilegal de vacinas da Precisa
Medicamentos. E os gordos rendimentos do deputado governista Ricardo Barros também
levantaram suspeitas do Coaf e foram parar na CPI. Com tudo isso e mais a incrível história de um motoboy vinculado à VTCLog,
que fazia saques milionários no banco e visitava com frequência o Ministério da
Saúde, a CPI, que já se encaminhava para o fim, ganhou sobrevida e deve durar
até meados de outubro.
.Sofrência. Em 2018, não foi uma escolha difícil
para o mercado embarcar, ainda no primeiro turno, na candidatura Bolsonaro. E,
ano passado, enquanto Jair passeava a cavalo na frente do Planalto ou tratava a
pandemia como gripezinha, não se ouvia nada na Faria Lima. Ao contrário. Abílio
Diniz, os donos do Madeiro, SmartFit e outros se somaram à ideia de derrubar
logo as restrições sanitárias. Nunca foi a democracia, nem a pandemia. Mas algo
se quebrou em 2021 entre Bolsonaro e o topo do PIB. Como resume Vinicius Torres Freire, o descontentamento
que gerou o polêmico manifesto empresarial tem a ver com a administração
incompetente, o risco do “fura teto” e a incapacidade de entregar as reformas
liberais. E, acrescenta Thomas Traumann, há um fastio do setor
empresarial com a instabilidade política provocada por Bolsonaro e a impressão
de que este governo “não tem mais nada a entregar” e só se concentra na própria
reeleição. A operação capitaneada por Arthur Lira para fazer água no manifesto foi bem sucedida,
entre outras coisas, porque não há unidade entre os empresários, nem desejo
real de desembarcar do governo, como alerta o economista Guilherme Mello. É o que se
vê no caso do agronegócio, em que uma associação lançou seu manifesto solo, enquanto
as outras financiam os atos bolsonaristas de 7 de setembro.
Mas há fissuras e descontentamento, em especial nos setores mais financeirizados e internacionalizados que veem
o investimento externo fugindo de Bolsonaro e do Brasil. O movimento anima João
Dória, já que o manifesto é sinal de que o mercado prefere uma “terceira via”
ao capitão, mas o recuo também significa que se a alternativa não for
competitiva, o mercado prefere ficar onde está do que apostar
em Lula.
.Terra Brasilis. O acampamento dos povos
indígenas em Brasília já dura mais de uma semana e não tem data para acabar.
Mais uma vez a decisão do STF sobre o marco temporal foi adiada e deve ser
retomada na próxima quarta-feira (8). O cenário aumenta os riscos de um embate no dia 7 de setembro, quando
grupos bolsonaristas farão manifestação em Brasília. Bolsonaro tem utilizado o tema para inflar seus seguidores,
inclusive os militares, a exemplo do general Augusto Heleno, para quem as
reservas indígenas ameaçam a integridade do território nacional. A atitude dos
militares justifica o desabafo de Valdelice Veron, liderança Guarani Kaiowá que
está acampada em frente ao STF: “Somos vistos como estrangeiros no nosso próprio país”.
Mas mais do que preocupação com a integridade territorial, os militares agem
como força de sustentação dos interesses da mineração e do agronegócio. De 1985
até 2020, a área de exploração de minérios no Brasil cresceu seis vezes e a
atividade ilegal ganhou maior impulso depois da crise mundial de 2008, quando
se intensificou a busca por recursos estratégicos nos países periféricos.
Assim, na última década, o garimpo em terras indígenas aumentou
quase cinco vezes. O agronegócio é outro interessado no tema. Mesmo que
o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) diga em tv aberta
que o setor “não precisa invadir terra indígena para crescer”,
os representantes Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Associação Brasileira
dos Produtores de Soja (Aprosoja) desmentem seu colega ao posicionaram-se contra a revisão do marco temporal.
A discussão é fundamental para a sobrevivência dos povos indígenas, mas os
interesses e pressões são enormes. Bolsonaro já escolheu seu lado. Aguardemos
para ver qual será o lado do STF.
.Ponto Final: nossas recomendações.
.Faltam só 66. A Piauí foi até
Manaus, um dos cenários da tragédia da pandemia, para acompanhar a volta às
aulas presenciais na Escola Paulo Freire.
.A nova década perdida. O PIB brasileiro hoje é menor
do que era em 2014. Na Jacobin, Edemilson Paraná explica porque
tivemos mais uma década sem crescimento econômico no país.
Obrigado por nos acompanhar. O Ponto é uma das iniciativas
do Brasil de Fato para compreendermos melhor a conjuntura.
Acompanhe também os debates políticos no Tempero da Notícia, no podcast 3 x 4 e diariamente na Central do Brasil. Você pode assinar o Ponto e os
outros boletins do Brasil de Fatoneste link aqui.
Ponto é editado por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.
El portal @metropoles revela audio de un exempleado de la familia Bolsonaro que confiesa haber sido obligado a devolver 80% de su salario en el gabinete legislativo de uno de los hijos del presidente. La exesposa de Bolsonaro comandaba el esquema. pic.twitter.com/Dxe2pdlzfI
Clã Bolsonaro: Flávio, Jair, Eduardo e Carlos Foto:
Reprodução
Investigações indicam pagamentos em gabinetes para
servidores que não exerciam suas funções; entre 1991 e 2019, R$ 1 em cada R$ 4
da remuneração contabilizada foi destinado a pessoas sob suspeita
A intrincada organização dos gabinetes da família Bolsonaro
sugere um hábito longevo de preencher cargos comissionados com funcionários que
nem sempre davam expediente em seus locais de trabalho. Um levantamento feito
por ÉPOCA joga luz sobre essas movimentações e seus números, que hoje estão nas mesas dos investigadores. Do total pago
aos 286 funcionários que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos mais
velhos contrataram em seus gabinetes entre 1991 e 2019, 28% foi depositado na
conta de servidores com indícios de que efetivamente não trabalharam.
É como se de cada R$ 4 reais pagos, mais de R$ 1 fosse para
as mãos de pessoas que hoje, em grande maioria, são investigadas por devolver
parte dos vencimentos aos chefes. Ao menos 39 possuem indícios de que não trabalharam de fato nos cargos -
13% do total.
Enquanto recebiam como funcionários, esses profissionais tinham
outras profissões como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como
é o caso de Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, apontado pelo MP
como operador do esquema da rachadinha no gabinete de
Flávio. Juntos, os 39 receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos (o
equivalente a R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período)
durante o período em que trabalharam com a família.
No grupo de pessoas que constaram como assessores, mas
possuem indícios de que não atuavam nos cargos, 17 foram lotadas exclusivamente
no gabinete de Flávio Bolsonaro, outros dez no de Carlos, ambos alvos de investigação do Ministério Público. No gabinete do
então deputado federal Jair Bolsonaro, três funcionários constam na lista. Há,
ainda, outros nove que passaram por vários gabinetes do clã, parte do modus
operandi hoje apurado pelo MP.
Marcia Aguiar, mulher do Queiroz, e Nathália Queiroz,
são dois casos emblemáticos desde o início das investigações.
Márcia se declarava cabeleireira em documentos do Judiciário em 2008 e Nathalia
é conhecida entre atores e personalidades públicas por seu trabalho como
personal trainer. Cada uma das duas recebeu ao longo de uma década um total de
R$ 1,3 milhão atualizados pela inflação, mas nunca tiveram crachá na Alerj.
Mas a maior parte dos casos está na família de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair
Bolsonaro. A maioria é investigada pelo Ministério Público nos casos de Flávio
ou no de Carlos. No caso dos 10 assessores de Flávio que são parentes de Ana
Cristina, o MP descobriu que eles sacaram até 90% dos salários no período em que
constaram como servidores, num total de R$ 4 milhões.
A história de Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina e
ex-cunhada de Bolsonaro, é o ponto mais extremo da curva. Desse grupo, ela é
quem mais recebeu.
Entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio, Andrea somou 20
anos de cargos comissionados e recebeu em salário bruto R$ 1,2 milhão (R$ 2,25
milhões, corrigido pela inflação). Fisiculturista, ela mantinha uma rotina de
malhação de duas a três vezes por dia na academia Physical Form. Nos
intervalos, atuava como faxineira em residências e vivia em uma casa construída
no fundo do terreno onde moram seus pais. Mas seguia trabalhando como faxineira
e com grandes dificuldades financeiras.
“Ela também me ajudou com faxina na academia. Ela faz
esse tipo de serviço aqui na academia”, contou Renata Mendes, dona da nova
academia que Andrea frequentava em Guarapari, no Espírito Santo. Procurada,
disse que não tinha nada a declarar.
Em seguida, surge, o veterinário Francisco Siqueira
Guimarães Diniz, de 36 anos, primo de Ana Cristina. Ele tinha apenas 21 anos quando foi
nomeado em 2003 e ficou lotado no gabinete de Flávio por 14 anos. Recebeu um
total de R$ 1,2 milhão - R$ 1,95 milhão, corrigido pela inflação. Em 2005, ele
começou a cursar a faculdade de Medicina Veterinária no Centro Universitário de
Barra Mansa, cidade a 140 quilômetros do Rio e próxima a Resende.
O curso era integral e ele se formou em 2008. Em 2016, ele
trabalhou para a H.G.VET Comércio de Produtos Agropecuários e Veterinários.
Apesar de ter ficado mais de uma década nomeado, só teve crachá nos últimos dois meses em que esteve lotado, em 2017.
Procurado, Diniz disse que trabalhou para Flávio, mas não recordava por quanto
tempo.
A dona de casa Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana
Cristina, aparece em seguida. Foi nomeada no gabinete de Flávio em 2005 e ficou
lotada até meados de 2018. Ela obteve um total de R$1,22 milhão (R$ 1,85
milhão, corrigido pela inflação). Nesse período, ele sempre viveu em Resende e,
por um período, cuidou de uma loja de decoração da família. Ela é mãe de
Guilherme de Siqueira Hudson, que constou como chefe de gabinete de Carlos por
10 anos quando também vivia em Resende e sequer teve crachá da Câmara de
Vereadores. Ambos são investigados pelo MP.
Na lista dos 10, consta ainda Marta Vale, cunhada de Ana
Cristina. Ela sempre morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e constou como
assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio entre 2001 e 2009.
Nunca teve crachá funcional e, procurada por ÉPOCA, no ano passado, disse que nunca trabalhou para Carlos. Ela recebeu R$
550 mil em salários (R$ 1,2 milhão, corrigido pela inflação). Hoje é
investigada no procedimento do MP sobre o "02".
No local, uma casa simples e com uma pintura antiga em tom
rosado, mora Diva da Cruz Martins, mãe de Andrea e outra ex-assessora de Carlos
entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005. Foto: Gabriel Monteiro / Agência O
Globo
Outro caso que chama atenção no gabinete de Carlos é o de
Andrea da Cruz Martins. Ela esteve lotada 2005 até fevereiro de 2019. Em
novembro de 2013, no entanto, quando Andrea deu entrada nos papéis de seu
casamento no cartório de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela identificou-se
como “babá”. Ela recebeu um total de R$ 1,26 milhão (R$ 1,83 milhão atualizado
pela inflação). Procurada na casa da família, os parentes disseram que não
sabem onde ela vive. Andrea é investigada pelo MP no caso de Carlos.
Em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, vive outra
família que lidera o ranking de parentes nomeados e de valores recebidos no
gabinete da família Bolsonaro. Lá moram Edir e Neula Góes. Ela constou como
assessora de Carlos de 2001 até fevereiro deste ano. Ele está nomeado desde
2008. Ele já obteve vencimentos brutos da Câmara num total de R$ 1,3 milhão (R$
1,7 milhão, atualizado) — Neula, de R$ 956 mil (R$ 1,5 milhão, corrigido)
Marcia Salgado Oliveira, tia do ministro Jorge Oliveira, da
Secretaria-Geral da Presidência, apareceu nos registros da Alerj como
funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro de 2019. Em 2014, porém, num
processo que tramitou no Juizado Especial da Comarca de Mesquita, na Baixada
Fluminense, quando acionou uma empresa de telefonia, Márcia apresentou uma
procuração escrita de próprio punho, na qual informou que sua ocupação era “do
lar”. Além disso, em 16 anos, ela jamais teve crachá emitido pela Alerj. Ela
recebeu um total de R$ 1 milhão (R$ 1,6 milhão, corrigido). Procurada, não se
pronunciou.
O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, revogou nesta quinta-feira (13) a prisão domiciliar de Fabrício Queiroz e da mulher dele, Márcia de Aguiar.
O ministro determinou que o Tribunal de Justiça do Rio analise, com urgência, a situação dos dois. Enquanto isso, fica restabelecida a ordem de prisão de Queiroz e Márcia em regime fechado.
Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e amigo da família do presidente Jair Bolsonaro, Queiroz estava em prisão domiciliar desde 9 de julho.
Na data, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, concedeu o benefício a ele e a Márcia, que estava foragida desde 18 de junho quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Anjo. Noronha atuou no caso porque respondeu pelo casos urgentes que chegaram ao tribunal durante o recesso do Judiciário.
Fabrício Queiroz chegou a ser encaminhado ao complexo penitenciário de Bangu, no Rio, após ter sido encontrado na casa do advogado Frederick Wassef, amigo e advogado da família de Jair Bolsonaro em causas privadas.
A mulher, Márcia, ficou foragida durante esse período e só se apresentou à Polícia do Rio para colocar tornozeleira eletrônica, já após a ordem de prisão domiciliar.
Na decisão desta quinta, Fischer atendeu a um pedido do subprocurador-geral da República Roberto Luís Oppermann Thomé para que a decisão de Noronha fosse derrubada.
(…)
O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, avalia que a
revelação da revista Crusoé sobre depósitos de Fabrício Queiroz para Michelle
Bolsonaro tem como "pano de fundo" a pretensão de Sérgio Moro em
destruir o clã presidencial. "O ex-juiz de Curitiba manobra para destruir
Bolsonaro", disse
Por Fernando Brito, do Tijolaço -
Sérgio Moro, acuado, partiu para o ataque.
Ou alguém acredita que o “vazamento” dos pelo menos 21 cheques
de Fabrício Queiroz para a conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro,
direto para a capa do site que era conhecido antes como O Bolsonarista e,
agora, é Omorista, último bastião de defesa do ex-santo da Lava Jato.
Os cheques representam um total de R$ 72 mil entre 2011 e
2018. Não é quantia e frequência que se possa chamar de “eventualidade”, mas
que revela um grau de intimidade com o casal que vai além do simples
“conhecido”.
O caso, porém, mostra que o ex-juiz de Curitiba manobra para
destruir Bolsonaro, sem o que suas chances eleitorais são praticamente nulas.
Portanto, é hora de tocar reunir para o que lhes resta de
tropas: na polícia, no Ministério Público e na mídia.
Esta edição do Fórum Onze e Meia fala sobre os 21 cheques depositados
na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro por Fabricio Queiroz, ex-assessor
de Flavio Bolsonaro, além de quatro cheques da esposa de Queiroz. Fala ainda de
casod e intolerância religiosa no interior de São Paulo; caso de racismo contra
um entregador de aplicativo; pesquisa do Poder 360 e denúncia de que a explosão
no Líbano foi causada por ataque de Israel. Comentários de Carla Vilhena, Nilce
Aravecchia e Renato Rovai. Apresentação de Dri Delorenzo.
No Twitter
Foragida da Justiça, Márcia Aguiar foi beneficiada por habeas corpus para cuidar de Queiroz, que está em prisão domiciliar. Ex-assessor de Flávio Bolsonaro também depositou R$ 72 mil em cheques na conta de Michelle Bolsonarohttps://t.co/hPPVUhf5j5
"Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana
Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma
significativa evolução patrimonial. Quem a vê agora andando pela Câmara
Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado,
cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino,
se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990,
quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e
conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era
casada com um coronel da reserva do Exército", diz reportagem publicada na
edição desta semana da revista Época.
Segundo a matéria, assinada por Juliana Dal Piva e Chico
Otavio, Ana Cristina se transformou em grande negociadora imobiliária ao se
relacionar com Bolsonaro. Do final de 1997, quando se envolveu com o então
deputado federal, até 2008, ano do rompimento, ela comprou, com Jair, 14
apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado
em cerca de R$ 3 milhões - o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos
pela inflação.
Diz o texto: "nas escrituras guardadas há quase 20
anos, há informações que despertam a atenção: na compra de cinco desses 14
imóveis, o pagamento ocorreu 'em moeda corrente', ou seja, em dinheiro vivo.
Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações
separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em dinheiro da
época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo
IPCA de acordo com a data de cada compra".
247 - O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro Fabrício
Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira (18) em Atibaia (SP), no interior
de São Paulo. Ele estava no imóvel de Frederick Wassef, advogado de Flávio
Bolsonaro. Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua
conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo
Conselho de Atividades Financeiras (Coaf).
O MP do Rio também cumpre mandados de busca e apreensão em
diversos endereços da capital paulista e no Rio. No Rio, a Polícia Civil faz
buscas em um imóvel que consta da relação de bens do presidente Jair Bolsonaro,
em Bento Ribeiro.
A Justiça do Rio de Janeiro expediu o mandado de prisão no
âmbito das investigações sobre um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) - o filho de Jair Bolsonaro
era deputado estadual. A prisão foi feita numa operação da Polícia Civil e o
Ministério Público de São Paulo.
Ainda segundo o Coaf, Queiroz movimentou R$ 7 milhões de 2014 a 2017.
O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) ingressou nesta segunda-feira (22) com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) por crime contra a Segurança Nacional, requerendo sua prisão imediata. Neste domingo (21), Bolsonaro afirmou, em vídeo, que caso eleito iria perseguir os opositores políticos de esquerda. "A faxina agora será muito mais ampla (... ) Ou vão pra fora ou vão pra cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", disse.
"Defender a prisão ou a expulsão do país de opositores políticos está fora do ordenamento jurídico brasileiro, é uma clara manifestação pública que tenta legitimar através do voto, por exposto em campanha eleitoral, ações que confrontam com a Constituição Brasileira e que possuem caráter arbitrário e persecutório só possíveis em regimes ditatoriais", disse o parlamentar, no texto enviado à PGR.
O deputado pediu a investigação e punição de Bolsonaro nas linhas dos artigos 1º, II e III, 22, I, 26, parágrafo único, 28 e 31, II, todos da Lei nº 7.170/83, que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social.
Número da manifestação: 20180117363
Chave de Consulta: 93b407b127cb8f5da87c2aaf8186d33a
Data da manifestação: 22/10/2018
AMEAÇA TAMBÉM É DENUNCIADA
Em outra representação à PGR, Solla também pede investigação de um eleitor de Bolsonaro, Marcos Filho, que em sua conta no Facebook ameaçou de dar uma facada no petista, em comentário numa postagem que parabenizava os médicos pela passagem do seu dia. "Vms dar uma facada na sua barriga e ver ser você se recupera em 1 mês boraaaa? Vms vai ser legal kkk".
"Não é só por mim, é por toda a militância de esquerda, por todas as minorias políticas, por todos os brasileiros que estão sendo intimidados pelos fascistas que agem legitimados no discurso de ódio de Bolsonaro. Eles precisam saber que vamos reagir, que não vamos aceitar calados. Quem comete crime precisa pagar, precisa responder. Não abrimos mão da democracia, e na democracia a resposta ao crime é a lei", disse. O pedido à PGR cita o Art. 147 do Código Penal, que trata dos crimes de ameaça.
Número da manifestação: 20180116711
Chave de Consulta: eeb03543d235fe075fd807226d084d73
Data da manifestação: 19/10/2018
Se ninguém percebeu que este "senhor" de 67 anos não era um doente mental é porque queriam mesmo a desgraça do país. pic.twitter.com/cJAnIaRT7f
Segundo o colunista Lauro Jardim, ministro não joga toda a culpa de sua demissão na conta de Carlos Bolsonaro, vereador e filho do presidente
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, deve ser demitido nesta segunda-feira (18). Na última sexta-feira (16), ao deixar o hotel onde mora, em Brasília, Bebianno afirmou que está com a consciência tranquila e que ainda tem “carinho” pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas essa opinião parece ter mudado, de acordo com o colunista Lauro Jardim, dojornal O Globo.
Segundo Jardim, o ministro afirmou a um interlocutor que “o problema não é o pimpolho”, em referência a Carlos Bolsonaro, filho do presidente e vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. “O Jair [Bolsonaro] é o problema. Ele usa o Carlos como instrumento. É assustador.”
A decepção de Bebianno não parou por aí. De acordo com o colunista, Bebianno teria afirmado ao mesmo interlocutor que “perdeu a confiança” no presidente. “Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil.”
Resposta
Ao jornal Folha de São Paulo, Bebianno negou “veementemente” ter dito tais frases. “Nunca falei nada parecido sobre o presidente”, escreve a coluna de Mônica Bergamo. “Estou triste com a situação, mas não chamei ele de louco nem nada. Agora é o momento de esfriar a cabeça, buscar o equilíbrio e olhar para o futuro, olhar para o país”, teria afirmado o ministro.
O filho do presidente chamou Bebianno de “mentiroso” logo após o ministro ter concedido entrevista ao jornal O Globo, na terça-feira, dizendo que não estava isolado no Palácio do Planalto depois da denúncia, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, de que teria patrocinado candidaturas laranjas do PSL em 2018, para desviar recursos do Fundo Eleitoral. À época, Bebianno presidia o PSL.
Na tentativa de mostrar que não havia crise, o ministro afirmou a O Globo que, no dia anterior, falara três vezes com o presidente, então internado no Hospital Albert Einstein, recuperando-se de cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal. Carlos Bolsonaro desmentiu essas conversas no Twitter e o presidente endossou a atitude do filho, horas depois, em entrevista à TV Record.
Mais tarde, no entanto, Bolsonaro também mandou Bebianno cancelar viagem para o Pará, com outros ministros, porque não gostou de saber que ele havia convidado um veículo de comunicação para acompanhar a comitiva. A partir daí, o ministro da Secretaria Geral da Presidência teria mostrado a amigos arquivos de áudio com a voz de Bolsonaro ordenando que ele suspendesse a viagem, além de outras conversas. O ministro nega o vazamento.
O ministro desabafou que considerou uma covardia o fato de Jair Bolsonaro não ter tido coragem para demiti-lo. Bolsonaro sinalizou que quer exonerar o ministro e ofereceu a ele um cargo na diretoria de Itaipu Binacional, embora a possibilidade seja vedada pela Lei das Estatais. A oferta foi prontamente recusada por Bebianno. Ele considerou inaceitável assumir um cargo em Itaipu, apesar do salário três vezes maior – pouco mais de R$ 1 milhão por ano. A amigos, disse que não veio para o governo para ganhar dinheiro e que será leal até o último minuto em que permanecer ministro.
Nos últimos dias, políticos e militares tentaram intercedera favor de Bebianno. Preocupados com a alta temperatura da crise, auxiliares do presidente observam, por sua vez, que Bebianno ainda pode criar muitos problemas para o governo, se a demissão não for revertida, porque seria o que se chama no jargão político de “homem bomba”.
Nas conversas, Bebianno tem avisado que não cai sozinho, pois tanto a ala política, quanto a ala militar do governo, estão decididas a afastar Carlos Bolsonaro da Presidência. Nos últimos dias, o vereador tem sido mais comedidos nas redes sociais, compartilhando mensagens institucionais do governo e assuntos do Rio, como a venda da bebida em blocos de carnaval.
Bolsonaro “é uma pessoa louca, um perigo para o Brasil” a revista| EXAME credita a frase a Bebianno.
Ñ é demais dizer q nós avisamos. Só discordo que seja louco. #EleNão tem escrúpulos. Busca compensar certo retardo mental com atos e palavras violentas. https://t.co/03xOcitnB6
Filhos do presidente articulam deixar PSL e ingressar em sigla em formação que pretende reeditar antiga União Democrática Nacional, símbolo da centro-direita no País
Segundo três fontes ouvidas pela reportagem em caráter reservado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu na semana passada em Brasília com dirigentes da sigla para tratar do assunto. Ele tem urgência em levar adiante o projeto. Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família Bolsonaro buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido.
Enquanto ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jair Bolsonaro acionou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para que determinasse investigações sobre o caso.
As suspeitas atingiram o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e foram pano de fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, GustavoBebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias de crise, Bebianno deve serexonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por Bolsonaro.
Além de afastar a família dos problemas do PSL, a nova sigla realizaria o projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com o liberalismo econômico e com a pauta nacionalista e conservadora, defendida pelo clã Bolsonaro.
O projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. Em 2018, a UDN foi um dos partidos – embora ainda em formação e sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – sondados por interlocutores do presidente para que ele disputasse a eleição, mas a articulação não avançou. Depois de anunciar a adesão ao Patriota, Jair Bolsonaro acabou escolhendo oPSL.
Assinaturas. A nova UDN é um dos 75 partidos em fase de criação, conforme o TSE. Segundo seu dirigente, o capixaba Marcus Alves de Souza, apoiadores já reuniram 380 mil assinaturas – são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido já tem CNPJ e diretórios em nove Estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação. Ela tem em Brasília um de seus principais articuladores, o advogado Marco Vicenzo, que lidera o Movimento Direita Unida e coordena contatos com parlamentares interessados em aderir ao novo partido. A articulação envolveria ainda o senador Major Olímpio (PSL-SP), que nega.
Souza prefere não comentar as tratativas do partido que estão em curso. Ele, porém, admitiu que a intenção é criar o maior partido de direita do País. Como se trata de uma sigla nova, a legislação permite a migração de políticos sem que eles corram o risco de perder seus mandatos. “O único partido que tem o DNA da direita é a UDN. A gente não pode ter medo de crescer, mas com responsabilidade”, afirmou.
Souza deixou o Espírito Santo, onde atuou na Secretaria da Casa Civil do ex-governador Paulo Hartung, e mudou-se para São Paulo para concluir a criação da nova UDN, que adotou o mesmo mote de sua versão antiga: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. “Nosso sonho é que a UDN renasça grande e se torne o maior partido do Congresso”, afirmou seu presidente. Ele disse ainda que a legenda pretende apoiar o governo Bolsonaro e está aberta “para receber pessoas sérias do PSL e de qualquer partido”.
Palácio. Procurada pelo Estado, a assessoria do Palácio do Planalto informou que não ia se manifestar sobre o assunto. A reportagem procurou ainda as assessorias do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), do deputado Eduardo Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro, mas nenhuma delas se manifestou.
Bivar, presidente da legenda, também foi procurado, mas não respondeu ao Estado.
‘Sigla tem forte apelo popular’, diz historiador
Em processo de homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a UDN, sigla que pode abrigar o clã Bolsonaro, foi inspirada no partido que nasceu em 1945 para aglutinar as forças que se opunham à ditadura de Getúlio Vargas.
Com o discurso de moralização da política e contra corrupção, a frente unia originalmente desde a Esquerda Democrática – que romperia um ano depois com a sigla e fundaria o Partido Socialista Brasileiro – a antigos aliados de Vargas, como o general Juarez Távora e o ex-governador gaúcho Flores da Cunha, rompidos com o ditador.
Em 1960, o partido apoiou a eleição de Jânio Quadros, eleito presidente, e, em 1964 , a deposição do governo de João Goulart. “O PSL é um partido de aluguel, já a UDN tem um apelo histórico e popular. Os Bolsonaros podem usar isso”, disse o historiado Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Líderes. Ele lembra que a antiga UDN, embora “muito ideologizada”, tinha um perfil heterogêneo. O mesmo pode acontecer com a nova versão do partido. Enquanto a versão original da UDN tinha líderes como o brigadeiro Eduardo Gomes, o jurista Afonso Arinos e os ex-governadores Carlos Lacerda (Guanabara), Juracy Magalhães (Bahia) e Magalhães Pinto (Minas), a nova legenda tem potencial para atrair lideranças do DEM ao PSDB, passando pelo MBL.
Entre os políticos que são vistos como “sonho de consumo” da UDN em 2019 está o governador de São Paulo, João Doria, que descarta a ideia de deixar o PSDB.
Queiroz: Em virtude da descoberta do laranjal do PSL, clã Bolsonaro negocia abandonar partido e migrar para nova UDN. Tudo leva a crer que a família, em seguida, abandonará o próprio sobrenome e adotará outro, ainda desconhecido. Queiroz? https://t.co/rCChXGlop1