Flávio, Jair, Eduardo e Carlos: os Bolsonaro | Divulgação
Comprar imóveis em dinheiro vivo é um ‘hábito’ da família
Bolsonaro, apontou reportagem do Jornal Nacional nesta quinta-feira (24).
Levantamento de informações registradas em cartório revelou que Eduardo,
Carlos, Flávio e Rogéria Bolsonaro, primeira esposa de Jair Bolsonaro,
adquiriram apartamentos com ‘moeda corrente, contada e achada certa’.
Essa expressão, segundo tabeliães ouvidos pelo Jornal
Nacional, significa pagamento em dinheiro vivo.
Conforme apontou reportagem do Globo, Eduardo Bolsonaro
pagou R$ 1 milhão por apartamento em Botafogo no RJ – consta nas escrituras que
ele já havia dado um sinal de R$ 81 mil reais pelo imóvel e pagaria mais R$ 100
mil no ato em moeda corrente do país, contada e achada certa. O registro
mostra ainda que ele pagaria mais R$ 18 mil nos próximos dias. A maior
parte do valor foi pago com financiamento da Caixa Econômica.
Esse não foi o primeiro imóvel comprado por Eduardo em
dinheiro vivo, ele também adquiriu um apartamento em Copacabana por R$ 160 mil
reais – sendo que R$ 110 mil foi pago com cheque administrativo e o restante em
dinheiro vivo. No caso deste imóvel, ele pagou cerca de 30% a menos do que o
valor de referência da prefeitura.
Carlos Bolsonaro também comprou um imóvel em dinheiro
vivo em 2003, conforme foi revelado pelo jornal Estado de São Paulo. Ele pagou
R$ 150 mil reais em dinheiro vivo. O apartamento fica na Tijuca.
Esse ‘hábito’ percorre gerações, pois Rogéria comprou um
apartamento no valor de R$ 95 mil em 1996 com dinheiro vivo. Esse valor
atualizado pela inflação corresponde a R$ 621 mil. Na época, ela era casada com
Bolsonaro em regime de comunhão parcial de bens e eles se separaram dois anos
depois.
Flávio Bolsonaro também já usou dinheiro vivo em
transações imobiliárias, mas, por decisão de Justiça, a Globo está impedida de
divulgar informações sobre o inquérito das ‘rachadinhas’.
Um levantamento de informações registradas em cartórios do Rio de Janeiro revelou que filhos do presidente Jair Bolsonaro têm o hábito de comprar imóveis com dinheiro vivo: https://t.co/zD4rqJIgs1#JN
"Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana
Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma
significativa evolução patrimonial. Quem a vê agora andando pela Câmara
Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado,
cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino,
se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990,
quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e
conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era
casada com um coronel da reserva do Exército", diz reportagem publicada na
edição desta semana da revista Época.
Segundo a matéria, assinada por Juliana Dal Piva e Chico
Otavio, Ana Cristina se transformou em grande negociadora imobiliária ao se
relacionar com Bolsonaro. Do final de 1997, quando se envolveu com o então
deputado federal, até 2008, ano do rompimento, ela comprou, com Jair, 14
apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado
em cerca de R$ 3 milhões - o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos
pela inflação.
Diz o texto: "nas escrituras guardadas há quase 20
anos, há informações que despertam a atenção: na compra de cinco desses 14
imóveis, o pagamento ocorreu 'em moeda corrente', ou seja, em dinheiro vivo.
Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações
separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em dinheiro da
época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo
IPCA de acordo com a data de cada compra".
Veja - na solicitação, procuradores apontaram que as operações
contêm indícios de lavagem de dinheiro; lucro dos bens foi maior que
rendimentos como deputado
Ao pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário e fiscal de
95 pessoas e empresas relacionadas ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), no dia
15 de abril, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou indícios de que o
parlamentar tenha utilizado a compra e venda de imóveis no Rio de Janeiro para
lavar dinheiro.
Segundo os promotores, entre 2010 e 2017, o então deputado
estadual lucrou 3,089 milhões de reais em transações imobiliárias em que há
“suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”. No
período, ele investiu 9,425 milhões de reais na compra de dezenove imóveis,
entre salas e apartamentos. Faturou mais no mercado imobiliário do que como
deputado.
VEJA teve acesso às 87 páginas do documento que embasou o
pedido de quebra de sigilo autorizado pelo juiz da 27ª Vara Criminal do Rio.
Ali, o MP afirma que a suposta fraude pode ter ocorrido para “simular ganhos de
capital fictícios” que encobririam “o enriquecimento ilícito decorrente dos
desvios de recursos” da Assembleia Legislativa fluminense.
Os promotores citam casos em que teria havido uma
valorização excessiva de imóveis comprados pelo filho Zero Um do presidente
Jair Bolsonaro. Em 27 de novembro de 2012, por exemplo, ele adquiriu, por 140
000 reais, um apartamento na Avenida Prado Junior, em Copacabana, Zona Sul
carioca. Quinze meses depois, em fevereiro de 2014, vendeu o imóvel por 550 000
reais. Lucro: 292%.
Segundo o MP, de acordo com o índice Fipezap, utilizado no
mercado imobiliário, a valorização de imóveis no bairro ficou em 11% neste
período. Também em novembro de 2012, Flávio arrematou outro imóvel em
Copacabana, na Rua Barata Ribeiro, desta vez por 170 000 reais. Um ano mais
tarde, vendeu por 573 000 reais. Lucro: 237% – nesses doze meses que separam
compra e venda, o índice de valorização na área não passou de 9%.
Na medida cautelar, os promotores apontam que os valores
declarados para a compra foram inferiores aos do mercado; e, os da venda,
superiores. De acordo com os promotores, os dois imóveis de Copacabana foram
vendidos com a intermediação do americano Glenn Howard Dillard. Uma das
transações deu confusão. O proprietário do apartamento na Prado Junior, o
também americano Charles Eldering, acusou Dillard de não lhe ter repassado o
dinheiro obtido com a venda.
O MP ainda levantou dúvidas sobre a transação envolvendo um
apartamento em Laranjeiras, na Zona Sul da cidade. O relatório aponta uma
supervalorização do imóvel em apenas oito meses e questiona a história contada
por Flávio de que teria recebido em dinheiro vivo 100 000 reais da venda do
imóvel, que disse ter passado adiante por um total de 2,4 milhões de reais.
A versão de Flávio é de que, como recebeu este dinheiro em
espécie, fez assim o depósito no banco. O MP frisa que, entre dezembro de 2008
e setembro de 2010, Flávio adquiriu dez salas comerciais na Barra da Tijuca,
Zona Oeste do Rio, por 2,662 milhões de reais. Em outubro de 2010, todos os
imóveis foram vendidos para a empresa MCA Exportação e Participações por 3,167
milhões de reais.
Os promotores ressaltam que o comprador tem, entre os
sócios, a Listel S.A., sediada no Panamá, conhecido paraíso fiscal. Os autores
do documento citam que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
considera como “sérios indícios” de lavagem de dinheiro “a realização de
operações imobiliárias envolvendo pessoas jurídicas cujos sócios mantenham
domicílio em países com tributação favorecida”.
Na ação, o MP afirma ter encontrado elementos que indicam a
prática, no gabinete do então deputado, dos crimes de peculato (apropriação, por funcionário
público, de bens alheios), lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Procurado por VEJA, o senador reenviou, às 19h45, por meio de sua assessoria, a
nota que divulgara quando houve a notícia de quebra de seu sigilo bancário, de
segunda-feira 13. Ele acusou o MP de ter quebrado seu sigilo antes mesmo da
autorização judicial. “Somente agora, em maio de 2019 – quase um ano e meio
depois – tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem
há vários meses”, disse.
NOTA OFICIAL
Não são verdadeiras as informações vazadas na revista VEJA
acerca de meu patrimônio. Continuo sendo vítima de seguidos e constantes
vazamentos de informações contidas em processo que está em segredo de justiça.
Os valores informados são absolutamente falsos e não chegam nem perto dos
valores reais. Sempre declarei todo meu patrimônio à Receita Federal e tudo é
compatível com a minha renda. Tenho meu passado limpo e jamais cometi qualquer
irregularidade em minha vida. Tudo será provado em momento oportuno dentro do
processo legal. Apenas lamento que algumas autoridades do Rio continuem a vazar
ilegalmente à imprensa informações
sigilosas querendo conduzir o tema
publicamente pela imprensa e não dentro
dos autos.
Uma nova investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) foi aberta, desta vez no Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF). Neste procedimento, o órgão vai analisar a evolução patrimonial do senador. A investigação foi aberta depois de um advogado ter enviado uma denúncia contra o parlamentar.
O denunciante anexou ao MPF reportagens que analisavam as transações imobiliárias do então deputado estadual do Rio. O procedimento foi revelado pela Rede Globo na noite da quinta-feira, 7.
A procuradora da República Maria Helena de Paula, então coordenadora criminal, determinou que o caso fosse analisado pelo Núcleo Criminal de Combate à Corrupção. A assessoria do senador Flávio Bolsonaro afirmou, em nota, que ele " é vítima de perseguição política e que ele repudia a tentativa de imputar irregularidades e crimes onde não há".
Esta é a segunda investigação contra o senador na Procuradoria Regional no Rio de Janeiro abordando os imóveis do parlamentar. A primeira foi aberta pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), para analisar se houve crime eleitoral nas declarações de bens apresentadas pelo senador à Justiça Eleitoral.
O caso tramitava desde março de 2018 na Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (PRE-RJ) e apurava possível crime eleitoral praticado por Flávio Bolsonaro ao declarar imóveis comprados por meio de “negociações relâmpago” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com valores supostamente abaixo do real. No inquérito, há ainda a citação de que as negociações teriam resultado em aumento do patrimônio do atual senador. Há no inquérito citação a possível lavagem de dinheiro.
(...)
Entreguei ao Ministro Moro indicação oficial da Camara Federal para apurar ligação de Flávio Bolsonaro e seu assessor Queiroz com milícias que executaram Marielle. Vou fazer outra indicação para apurar enriquecimento ilícito do Senador. Chega de mamata! Basta de Aécios Neves. pic.twitter.com/OqLgjPRf1Z