Mulher de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar afirmou que
"o 01, o Jair, não vai deixar", ao comentar sobre um possível retorno
do marido para um cargo de assessor de Flávio Bolsonaro. Filha do ex-assessor,
Nathália Queiroz disse que o "01" iria cobrá-lo por continuar fazendo
supostas articulações políticas mesmo escondido em Atibaia (SP)
247- A mulher e a filha de Fabrício Queiroz,
Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, fizeram referência a Jair Bolsonaro como
"01", durante uma troca de mensagens. Márcia afirmou que "o 01,
o Jair, não vai deixar", ao comentar sobre um possível retorno de Queiroz
para seu antigo cargo de assessor de Flávio Bolsonaro, conforme apontaram
áudios de outubro de 2019, período em que o policial militar reformado ficou
escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em
Atibaia (SP).
Essa é uma das revelações de uma sequência de reportagens da
jornalista Juliana Dal Piva, do Uol, que obteve vários áudios: na primeira,
aparece a gravação da ex-cunhada; na segunda, mostra-se que
um coronel do Exército, Guilherme dos Santos Hudson, ao lado do ex-PM Fabrício
Queiroz, recolhia os salários dos servidores; na terceira, a mulher
de Queiroz, Márcia Aguiar, chama Jair Bolsonaro de "01", indicando-o como
chefe do esquema de roubo do dinheiros dos funcionários dos gabinetes do clã.
A conversa entre Márcia Aguiar e Nathália Queiroz aconteceu
após uma reportagem do jornal O Globo apontar que Queiroz seguia fazendo
articulações políticas apesar das investigações no Ministério Público do Rio
(MP-RJ), que denunciou tanto ele como Flávio Bolsonaro no ano
passado. Em áudio para a madrasta, Nathália reclamou de Queiroz e o chamou de
"burro" por continuar fazendo as articulações. Márcia desabafou sobre
a situação e citou Jair Bolsonaro.
"É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha
dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece.
Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá
entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu
tenho que estar do lado dele", afirmou Márcia, em trecho exclusivo.
A mulher de Queiroz comparou a situação do ex-assessor de Flávio, escondido em
Atibaia, com a de um preso. "Essa vida, a gente não tem que confiar em
ninguém. Se bobear, nem na própria família. Ainda mais num caso desse daí. Ele
[Queiroz] fala da política como se tivesse lá dentro trabalhando e resolvendo.
Um exemplo que eu tenho, que parece. Parece aquele bandido que tá preso dando
ordens aqui fora. Resolvendo tudo."
Ao ouvir a mensagem, Nathália Queiroz disse ainda que o
"01" iria cobrar Queiroz pela situação. "Ai Márcia, é foda. é
foda. Quando tá tudo quietinho para piorar as coisas, vem a bomba vindo do meu
pai. O advogado, o 01, todo mundo vai comer o cu dele. E ele ainda vai achar
normal. Você conhece meu pai. Vai falar: 'não falei nada demais'. Sempre acha
que não é nada demais".
Ouça o áudio:
Gravações inéditas, reveladas pela jornalista Juliana Dal Piva, apontam envolvimento direto de Jair Bolsonaro no esquema de entrega de salários de assessores. Jair é o verdadeiro 01. Ouça: pic.twitter.com/GWWdGx9ZK8
Documentos de quebra de sigilo obtidos pelo UOL mostram 12
anos de movimentações suspeitas e indícios de devolução ilegal de salários nos
gabinetes de Jair Bolsonaro (enquanto deputado federal), Flávio Bolsonaro e
Carlos Bolsonaro. Ex-funcionários - como Natália Queiroz, Jaci dos Santos e
Mariana Mota - que tiveram sigilo quebrado sacaram a maior parte do salário das
contas. As investigações sobre Flávio e Carlos continuam. O presidente não pode
ser investigado enquanto estiver no cargo
O maior lobista pró-armas de Bolsonaro só não está preso
graças ao pacote que Sergio Moro chamava de anticrime.
Loester Trutis foi eleito na onda conservadora de 2018.
Antes da posse, vendia “Trump Burguer” em uma lanchonete em Mato
Grosso do Sul. Foto: Assessoria Loester Trutis
O DEPUTADO BOLSONARISTA Loester Trutis relata
ter sofrido uma emboscada em fevereiro do ano passado. Ele e seu assessor
estariam na rodovia BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande, em Mato Grosso do
Sul, quando o motorista de uma caminhonete emparelhou com o seu carro e disparou
uma rajada de tiros de carabina. Por milagre, nenhum dos tiros teria atingido o
deputado e seu assessor, que dirigia o carro. O deputado, que estaria
descansando no banco de trás, disse que reagiu valentemente com tiros,
colocando os criminosos para correr. Orgulhoso do seu heroísmo, escreveu no
Facebook ao lado de uma foto do seu carro alvejado: “Graças a Deus pude revidar
e aguardar a chegada da polícia. Quem achou que eu ia parar ou me calar, digo
que estamos apenas começando e sigo trabalhando”.
Trutis contou para a Polícia Federal que suspeitava que os
criminosos fossem traficantes de drogas e cigarros insatisfeitos com sua
atuação parlamentar implacável contra a bandidagem. Realmente seria um ato
heroico, digno de Hollywood, se não fosse só mais uma mentira escabrosa dita
por um político bolsonarista. Sim, Loester Trutis forjou o atentado. Pelo menos
foi isso o que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal concluíram após
meses de investigação.
Nenhuma das informações fornecidas pelo deputado batiam com
o que foi apurado pela PF, o que fez com que os policiais desconfiassem da
história. O GPS do carro indicava localizações completamente diferentes das
relatadas por Trutis. Ele também informou o modelo e o final da placa da
caminhonete, mas as câmeras de segurança da rodovia não registraram a passagem
do veículo. Com os dados fornecidos, a polícia encontrou a única caminhonete
que batia com a descrição: era de propriedade de um fazendeiro de 71 anos,
velha, com problemas mecânicos que a tornavam inútil para uma perseguição em
alta velocidade numa rodovia. Com aquela inteligência própria dos reacionários,
Trutis deu detalhes
das armas dos atiradores: “CTT, calibre .40, […] não se tratava de um
fuzil, pois o carregador era retilíneo e não curvo”. Mas a perícia indicou que
os tiros partiram de uma Glock 9mm de um atirador que estava em pé e parado. O
modelo da arma é o mesmo de uma que o deputado gostava de exibir nas redes
sociais. O exibicionismo bélico, esse fetiche do bolsonarismo, fez os
investigadores ficarem ainda mais desconfiados.
Mas qual seria a motivação de Trutis em simular um atentado?
A PF e o MPF concluíram que ele queria faturar politicamente em cima do caso. O
MPF apontou que o deputado seguiu fazendo
postagens sobre o atentado durante muito tempo, “sempre associando os fatos a
uma disputa política no Mato Grosso do Sul e exaltando o fato de que estava
armado”. A conclusão das autoridades faz todo sentido, já que a principal pauta
de Trutis na política é justamente a flexibilização do Estatuto do
Desarmamento.
Em sua casa, foram encontradas um arsenal de armas: a
pistola Glock que ele adorava exibir na internet, um fuzil, um revólver calibre
357 e muita munição. Além de estarem em nome de laranjas, todas essas armas são
ilegais, pois são de uso restrito. Outro agravante: o deputado estava impedido
de ter armas em seu nome porque a lei exige uma ficha criminal limpa, o que
definitivamente não é o seu caso. Trutis tem antecedentes
criminais, que vão de violência doméstica a tentativa de estupro.
O machão foi preso em flagrante, mas ficou apenas um dia na
cadeia. A ministra Rosa Weber determinou a soltura imediata do parlamentar com base numa mudança
feita pelo pacote anticrime de Sergio Moro: a Lei 13.965, aprovada no Congresso
com o voto favorável de Trutis, mudou a pena para o flagrante de posse de arma
de uso restrito, que deixou de ser um crime inafiançável. Um sujeito como
Trutis pode agora desfrutar da liberdade graças às medidas de Moro e Bolsonaro.
É irônico que o pacote seja chamado de anticrime.
Uma lei do pacote anticrime de Moro livrou Trutis da prisão
por porte ilegal de armas. Foto: Reprodução/Facebook
Loester Trutis é um legítimo representante do jeito novo de
fazer política consagrado pelo bolsonarismo. Até pouco tempo antes de se
candidatar pela primeira vez em 2018 e ser eleito na onda reacionária que tomou
conta do país, Trutis era um cidadão comum, proprietário de lanchonete e
militante reacionário na internet. Atacava comunistas e xingava jornalistas, a
quem costuma
chamar de “maconheiros”. Ficou famoso nas redes sociais por vender em sua
lanchonete o Bolso
Burger, The Trump Burger e o Geisel Burger, uma homenagem aos extremistas
de direita.
Durante a eleição, apresentou-se como um cidadão de bem que
luta em defesa da família e pelo direito de andar armado. O seu jingle de campanha
era uma paródia da música tema do filme Tropa de Elite: “chegou o Tio Trutis,
osso duro de roer. Malandro e maconheiro ele vai mandar prender”. A letra da
música também exaltava a Polícia Federal, a mesma que hoje ele acusa de
manipular as investigações do seu atentado falso.
Apesar de neófito na política, o deputado é da linha de
frente da bancada da bala. “Tio Trutis”, como é conhecido, é o idealizador da
segunda bancada da bala, criada para defender a facilitação da compra, posse e
porte de armas de fogo. Inclusive, ele usou o fato de presidir a bancada
para justificar
seu arsenal de armas ilegais: “Sim, foram encontradas várias armas na minha
casa, pois sou o presidente da Frente Parlamentar Armamentista, presidente do
Instituto Brasileiro da Cultura Armamentista. Porra, vocês queriam que achassem
o que na minha casa?”.
A Frente
Parlamentar Armamentista nasceu da iniciativa de Trutis, que logo no
começo do mandato recolheu assinaturas para a sua criação. O lobby para a
indústria de armas é descarado. Trutis e outros quatro deputados do PSL,
integrantes da nova frente, foram até o Rio Grande do Sul para visitar a fábrica da Taurus, líder do mercado
nacional. A Taurus fabrica mais de 1 milhão de pistolas, fuzis,
submetralhadoras e revólveres por ano. A viagem dos deputados foi bancada pela
Associação Nacional de Indústria de Armas e Munições (Aniam), da qual a Taurus
é filiada.
Graças ao desfiguramento do Estatuto do Desarmamento,
resultado desse lobby bolsonarista, nunca circularam tantas armas no país.
Durante o governo Bolsonaro, a
importação de revólveres e pistolas é maior que nos governos Lula,
Dilma e Temer somados. Em dois anos, foram importadas mais armas do que nos 16
anos anteriores. Em 2020, houve uma alta de importação de 94% em relação ao ano
anterior, e a expectativa para 2021 é ainda maior. A explosão de registro de
novas armas no último ano aconteceu em
meio à alta no número de homicídios.
Negar a relação do aumento de homicídios com o aumento de
pessoas armadas é negar a ciência. Estudos do Mapa da Violência calculam que
o Estatuto do Desarmamento foi responsável por salvar mais de 160 mil vidas
entre 2003 e 2015. A relação direta entre o aumento do número de armas e o de
homicídios não está em debate entre os especialistas. Trata-se de um consenso
científico. O esquartejamento do estatuto, sustentado pela falsa ideia de
que cidadãos armados estão mais protegidos, favoreceu a criminalidade.
Estudos mostram que
entre 30% e 40% das armas apreendidas pela polícia com criminosos foram
compradas legalmente por pessoas não envolvidas em crimes. As milícias
agradecem. Afirmar que há mais segurança com cidadãos mais armados é mais um
negacionismo assassino — algo que a pandemia mostrou ser um traço fundamental
do bolsonarismo.
Durante a campanha para a presidência da Câmara, Arthur Lira
foi a Campo Grande para costurar apoios com a bancada sul mato-grossense. Entre
os deputados presentes estava Trutis que, apesar de parte do seu partido ter
orientado o voto em Baleia Rossi, se rebelou para
atender um “pedido do Planalto”. Na verdade, ter aderido ao bloco vencedor
pode ajudá-lo a garantir a manutenção do mandato em um provável processo no
Conselho de Ética por conta do falso atentado.
Loester Trutis personifica o bolsonarismo na sua mais pura
essência. É um negacionista sem freio, capaz de simular um atentado apenas para
conquistar dividendos políticos e eleitorais. As mamadeiras de piroca
fabricadas durante a campanha são brincadeira de criança perto do que o fetiche
bélico bolsonarista pode fabricar. A bancada da bala nunca esteve tão poderosa
e vem crescendo com base em falácias rejeitadas por todos os especialistas em
segurança pública. As mentiras do bolsonarismo seguem matando.
Durante operação que investiga suposto atentado contra o
Deputado Federal Tio Trutis, o parlamentar foi detido hoje (12) pela manhã por
posse ilegal de arma de fogo. Ele continua na Superintendência da Polícia
Federal de Campo Grande.
FLÁVIO BOLSONARO FINANCIOU e lucrou com a
construção ilegal de prédios erguidos pela milícia usando dinheiro público. É o
que mostram documentos sigilosos e dados levantados pelo Ministério Público do
Rio de Janeiro aos quais o Intercept teve acesso. A
investigação preocupa a família Bolsonaro – os advogados do senador já pediram
por nove vezes que o procedimento seja suspenso.
O investimento para as edificações levantadas por três
construtoras foi feito com dinheiro de “rachadinha”, coletado no antigo
gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, como
afirmam promotores e investigadores sob a condição de anonimato. O
andamento das investigações que fecham o cerco contra o filho de Jair Bolsonaro
é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio
Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o
caso, e em Brasília.
O inquérito do Ministério Público do Rio, que
apura fatos de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato
(desvio de dinheiro público) pelo filho de Bolsonaro segue em sigilo. O
Intercept teve acesso à íntegra da investigação. Os investigadores dizem que
chegaram à conclusão com o cruzamento de informações bancárias de 86 pessoas
suspeitas de envolvimento no esquema ilegal, que serviu para irrigar o ramo
imobiliário da milícia. Os dados mostrariam que o hoje senador receberia o
lucro do investimento dos prédios, de acordo com os investigadores, através de
repasses feitos pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega – executado em
fevereiro – e pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.
Trecho da denúncia do Ministério Público que tornou o
capitão Adriano Magalhães da Nóbrega foragido da justiça. Essa denúncia serviu
de base para o inquérito das rachadinhas
O esquema funcionaria assim:
• Flávio pagava os salários de seus funcionários com a
verba do seu gabinete na Alerj.
• A partir daí, Queiroz – apontado no inquérito como
articulador do esquema de rachadinhas – confiscava em média 40% dos vencimentos
dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão do Bope, Adriano da
Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, uma milícia especializada
em assassinatos por encomenda.
• A organização criminosa também atua nas cobranças de
“taxas de segurança”, ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água,
exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terras e na construção civil
em Rio das Pedras e Muzema.
• As duas favelas, onde vivem mais de 80 mil pessoas, ficam
em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e assistiram a um boom
de construções de prédios irregulares nos últimos anos. Em abril do
ano passado, dois desses prédios ligados a outras milícias desabaram,
deixando 24 mortos e dez feridos.
• O lucro com a construção e venda dos prédios seria
dividido, também, com Flávio Bolsonaro, segundo as investigações, por ser o
financiador do esquema usando dinheiro público.
Condecorado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes,
principal honraria do Rio, o ex-caveira Adriano da Nóbrega foi morto
a tiros em fevereiro em um controverso cerco policial no interior da
Bahia com indícios de queima de arquivo. Foragido da justiça, o ex-capitão
estava escondido no sítio de um vereador bolsonarista. Os diversos celulares do
miliciano ainda aguardam por perícia.
As investigações do MP revelaram que os repasses da rachadinha chegavam às mãos do capitão Adriano por meio de contas usadas por sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, e sua esposa, Danielle da Costa Nóbrega. As duas ocupavam cargos comissionados no gabinete do deputado na Alerj entre 2016 e 2017. Ambas nomeadas por Queiroz, amigo do ex-capitão dos tempos de 18º batalhão da Polícia Militar, Jacarepaguá.
Segundo o MP, a mãe e a mulher de Adriano movimentaram ao menos R$ 1,1 milhão no período analisado pela investigação, amealhado com o esquema de rachadinha por meio de contas bancárias e repasses em dinheiro a empresas, dentre as quais dois restaurantes, uma loja de material de construção e três pequenas construtoras.
Com sede em Rio das Pedras, as construtoras São Felipe Construção Civil Eireli, São Jorge Construção Civil Eireli e ConstruRioMZ foram registradas, segundo o MP, em nome de “laranjas” do Escritório do Crime. O dinheiro então chegava aos canteiros de obras ilegais por meio de repasses feitos pelo ex-capitão aos laranjas das empresas.
Trecho de interceptação detalha registro da construtora em
nome de laranja.
O papel de “investidor” nas construções da milícia ajudaria
a explicar a evolução patrimonial de Flávio Bolsonaro, que teve um salto entre
os anos de 2015 e 2017 com a aquisição de dois apartamentos: um no bairro de
Laranjeiras e outro em Copacabana, ambos na zona sul do Rio. Os investimentos
também permitiram a compra de participação
societária numa franquia da loja de chocolates Kopenhagen.
Flávio entrou na vida política em 2002, com apenas um carro
Gol 1.0, declarado por R$ 25,5 mil. Na última declaração de bens, de 2018, o
senador disse ter R$ 1,74 milhão. A elevação patrimonial coincide com o período
em que a mãe e a mulher do ex-capitão estavam nomeadas em seu gabinete.
O papel de Adriano
A ligação do ex-capitão com as pequenas empreiteiras
envolvidas no boom da verticalização em Rio das Pedras e Muzema foi levantada em
meio à investigação sobre as execuções da
vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, na noite de
14 de março de 2018. Foi a partir das quebras de sigilos telefônicos e
telemáticos dos integrantes do Escritório do Crime que os promotores
descobriram que o grupo paramilitar havia evoluído da grilagem de terras à
construção civil, erguendo prédios irregulares na região e, assim,
multiplicando seus lucros.
Adriano da Nóbrega e dois outros oficiais da PM integrantes
do grupo – o tenente reformado, Maurício da Silva Costa, e o major Ronald Paulo
Alves Pereira – usaram, segundo os promotores, nomes de moradores de Rio das
Pedras para registrar as construtoras na junta comercial do Rio de Janeiro. A
estratégia de usar “laranjas”, segundo o MP, foi adotada para tentar dar
legitimidade às atividades do Escritório do Crime na construção civil.
A descoberta foi usada pelos promotores como base para a
abertura do inquérito que resultou na Operação Intocáveis – nome escolhido numa
referência às patentes de oficiais da Polícia Militar ostentadas pelos chefes
da organização criminosa. A ação contra a milícia foi coordenada pelo Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, o Gaeco, e desencadeada,
em janeiro de 2019, como forma de fechar o cerco à milícia suspeita de
arregimentar os assassinos da vereadora do PSOL. Na ocasião, o ex-capitão
Adriano e outros 12 suspeitos tiveram as prisões decretadas.
Trecho da denúncia cita a milícia de Adriano, construções e
empresas em nome de laranjas.
Dados do inquérito a que tive acesso comprovam que Adriano,
Costa e Pereira eram os “donos ocultos” das construtoras ConstruRioMZ, São
Felipe Construção Civil e São Jorge Construção Civil. As três empresas foram
registradas na junta comercial no segundo semestre de 2018, respectivamente, em
nome Isamar Moura, Benedito Aurélio Carvalho e Gerardo Mascarenhas, conhecido
como Pirata. Os três “laranjas” foram presos na operação policial, juntamente
com os oficiais da PM Costa e Pereira.
Numa das interceptações, o miliciano Manoel de Brito
Batista, que atuava como uma espécie de gerente das obras, alerta em tom
ameaçador a um interlocutor que o questiona sobre um prédio recém erguido na
favela Rio das Pedras: “Eu tenho oito apartamentos naquele prédio, o resto é
tudo do Adriano e do Maurício. Entendeu? Você procura eles e fala com eles,
entendeu? Não adianta ficar me mandando mensagem”. Batista também foi preso na
Operação Intocáveis.
Manoel era o síndico dos negócios no ramo imobiliário.
Na denúncia do MP, Batista é citado como responsável pela
supervisão dos canteiros de obras e pela negociação de imóveis. Numa das
escutas telefônicas, ele oferece um andar inteiro num prédio recém erguido por
60 parcelas de R$ 4 mil. Valor previamente acertado com o ex-capitão Adriano,
ora tratado por “Gordinho”, ora por “Patrãozão”, apelidos captados nas
investigações da rachadinha e das execuções de Marielle e Anderson.
Trecho de conversa entre Manoel e Adriano.
Era Adriano que definia preços, condições de pagamentos e,
em muitos dos casos, fazia a cobrança dos valores diretamente aos compradores e
inquilinos. Não há na investigação uma estimativa dos lucros obtidos pela
milícia no ramo imobiliário, mas o preço médio dos apartamentos, com dois
quartos, sala, banheiro e cozinha nas duas favelas gira em torno de R$ 100 mil.
Planilhas apreendidas durante a operação policial num imóvel
usado como sede do Escritório do Crime, o Moradas do Itanhangá, indicavam
retiradas semanais feitas pelo ex-capitão e também pelo tenente reformado
Maurício e pelo o major Ronald,
também amigo de Flávio Bolsonaro. Além de ser o responsável pela
contabilidade do grupo, Ronald também foi homenageado por Flávio Bolsonaro com
uma menção honrosa em 2004. Em várias conversas gravadas pelo MP, o major
aparece combinando de se encontrar com Batista para “bater” as contas no fim da
semana.
Major Ronald mantinha planilhas contábeis, com repasses de
dinheiro para Adriano, plantas de prédios e outros documentos relacionados às
construções ilegais.
‘O MP está preparando uma pica do tamanho de um cometa
para empurrar na gente’
A frase de Queiroz foi dita em áudios de Whatsapp divulgados pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo em outubro. Desde então, muito se
especulou a que ele se referia. Investigadores ouvidos pela reportagem
acreditam que Queiroz sabia que o inquérito tinha identificado o uso do
dinheiro desviado no esquema de rachadinha para financiar o boom de construções
ilegais na Muzema e em Rio das Pedras, comunidade onde Fabrício Queiroz se
refugiou em dezembro de 2018, como revelam as quebras de sigilos telefônicos e
telemáticos.
Na opinião de envolvidos na investigação da rachadinha, a
conclusão do cruzamento de dados financeiros dos 86 citados no inquérito,
dentre eles o atual senador Flávio Bolsonaro, vai ser capaz de comprovar os
crimes, entre eles lavagem de dinheiro. E, assim, explicar a suspeita evolução
patrimonial do primeiro-filho e, sobretudo, justificar a movimentação do
senador para tentar a todo custo paralisar o trabalho dos promotores.
Item 29 revela que o crime de lavagem de dinheiro está sendo
apurado em procedimento específico no inquérito da rachadinha do então deputado
Flávio Bolsonaro.
Antes da publicação da reportagem, o Ministério Público foi
consultado formalmente sobre as investigações relacionadas ao uso de parte dos
recursos obtidos com o esquema de rachadinha no gabinete do ex-deputado no
financiamento de construções da milícia. Por e-mail, a assessoria de imprensa
do órgão confirmou a existência dos procedimentos investigatórios que serviram
de base para a reportagem. Disse o MPRJ: “após consulta junto às coordenações
dos grupos com atribuição nas investigações”, foi informado que os
procedimentos encontram-se com sigilo decretado, razão pela qual as questões
enviadas pela reportagem não poderiam ser elucidadas.
Resposta do MP por e-mail aos questionamentos da reportagem
confirmando a existência da investigação.
Nas redes sociais e nas poucas entrevistas em que falou
sobre o esquema de rachadinha, Flávio Bolsonaro afirma ser vítima de
perseguição da imprensa e critica o vazamento de informações do processo, que
está sob segredo de justiça. O político também afirma não ter conhecimento
sobre o fracionamento de salários de seus funcionários. Procurado pelo
Intercept, o senador não se manifestou.
O filho 01 chegou a atribuir a responsabilidade das supostas
irregularidades a Queiroz, que teve identificados 438 transferências e
depósitos em suas contas, totalizando cerca de R$ 7 milhões entre os anos de
2014 e 2017.
Queiroz também fez depósitos regulares de cheques e em
dinheiro em contas do primeiro-filho e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro,
que numa das operações recebeu R$ 24 mil. Na ocasião, o presidente disse que o
valor era parte de um empréstimo de R$ 40 mil que teria feito ao ex-assessor
parlamentar e amigo. Para os investigadores, apenas a conclusão do inquérito
permitirá o esclarecimento do fluxo de dinheiro, mas a decisão sobre o
prosseguimento da investigação depende dos desembargadores do Tribunal de
Justiça do Rio, que suspenderam os julgamentos devido à pandemia de
coronavírus.
Desde o início da investigação, em outubro de 2018, o
trabalho dos promotores foi suspenso três vezes, atendendo à defesa de Flávio
Bolsonaro. Ao todo, os advogados impetraram nove pedidos no Supremo Tribunal
Federal e no Tribunal de Justiça do Rio, alegando que as quebras de sigilo
bancário e fiscal do então deputado estadual não poderiam ter sido concedidas
por um juiz de primeira instância. Medo de que alguém descobrisse que nem só de
chocolate é feito o milionário patrimônio do senador que entrou na vida
política em 2002 com um Gol 1.0 e um sobrenome influente.
Atualização: 25 de abril, 16h50
O texto foi atualizado para que fosse acrescentado um print com o retorno
formal do Ministério Público do Rio à reportagem, confirmando a existência da
investigação contra o ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Investigação mostra ligação de Flávio Bolsonaro com milícias
no Rio📰
O site The Intercept Brasil publicou no fim de semana
reportagem com novas informações sobre o esquema de rachadinha que supostamente
funcionava no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. O site teve
acesso a documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro que mostram que o
filho de Jair Bolsonaro teria financiado e lucrado com a construção de prédios
ilegais pela milícia.
247 - O Ministério Público do Rio de Janeiro
prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro,
Fabrício Queiroz. Além dele, o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara
Criminal do TJ do Rio, expediu mandado de prisão contra a mulher de
Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. A informação é do jornal O Globo.
O casal e o senador são investigados pelo esquema da
rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Queiroz foi preso em Atibaia, no
interior de São Paulo e deve vir para o Rio, onde é investigado. A operação
denominada "Anjo" teve o apoio da Polícia Civil. O mandado de prisão
contra Márcia está sendo cumprido com auxílio da Polícia Federal.
Márcia esteve no gabinete de Flávio na Assembleia
Legislativa do Rio entre 2007 e 2017. Ela foi um dos sete parentes que Queiroz
emplacou na estrutura do mandato de Flávio. Também foram lotados outros sete
parentes dele no gabinete de Flávio desde 2007. Entre os parentes de Queiroz
investigados junto com o casal estão ainda a enteada e duas filhas, uma delas é
a Nahtalia Queiroz, conhecida por ser personal trainer.
Saiba mais
O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro Fabrício
Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira (18) em Atibaia (SP), no interior
de São Paulo. Ele estava no imóvel de Frederick Wassef, advogado de Flávio
Bolsonaro. Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua
conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo
Conselho de Atividades Financeiras (Coaf).
O MP do Rio também cumpre mandados de busca e apreensão em
diversos endereços da capital paulista e no Rio. No Rio, a Polícia Civil faz
buscas em um imóvel que consta da relação de bens do presidente Jair Bolsonaro,
em Bento Ribeiro.
Queiroz foi preso, esposa foragida, ele vai delatar!
247 - O Ministério Público Federal afirma que há
fortes indícios do crime de lavagem de dinheiro pelo senador Flávio Bolsonaro
no período em que era deputado estadual no Rio de Janeiro. A investigação do
Ministério Público Federal apurou vários negócios envolvendo Flávio Bolsonaro
em operações de compra e venda de imóveis entre junho de 2005 e maio de 2018 e
analisou 37 transações imobiliárias. Em pelo menos três dessas operações, o
procurador Sérgio Pinel percebeu indícios de irregularidades.
Reportagem doJornal Nacional da Rede Globo da noite da
terça-feira aponta que a compra de um imóvel no bairro de Laranjeiras, na Zona
Sul do Rio, teve uma das parcelas pagas pelo sargento da Polícia Militar Diego
Sodré de Castro Ambrósio, suspeito de participar do esquema de rachadinha no
gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
O procurador observa que o policial teria realizado outras
transações suspeitas, movimentando quantias em espécie, em suas contas
correntes, incompatíveis com o cargo que ocupa. Outros dois imóveis comprados
por Flávio Bolsonaro e a esposa dele no bairro de Copacabana também chamaram a
atenção dos investigadores. Em ambos, os imóveis foram vendidos em pouco mais
de um ano com valorização acima de 200%.
É a primeira vez que o Ministério Público Federal se
manifesta claramente sobre as suspeitas de que Flávio Bolsonaro cometeu crimes
em operações imobiliárias.
No Twitter:
O Ministério Público Federal afirma que há fortes indícios do crime de lavagem de dinheiro cometido pelo senador Flávio Bolsonaro. A investigação apurou vários negócios suspeitos do filho do presidente de compra e venda de imóveis. pic.twitter.com/2Zrziwq1hx
Agência de Jornalismo Investigativo- Com Nelson Alves Rabello, que teve sigilo bancário quebrado,
são 11 os assessores do então deputado federal sem registro de entrada no
Congresso
Bolsonaro: além de Rabello, a reportagem descobriu que
outros cinco assessores não tiveram registro de emissão de crachá durante o
período de 2015 a 2018 (Adriano Machado/Reuters)
R$ 92,2 mil — esse foi o total que Nelson Alves Rabello,
assessor do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), recebeu
dos cofres públicos durante os 19 meses em que foi secretário parlamentar nível
18 da Câmara dos Deputados. Quanto maior o nível do funcionário, maior o
salário, que atualmente parte de pouco mais de R$ 1 mil para até mais de R$ 15
mil, fora auxílios e vantagens indenizatórias.
O problema: durante todo esse período, Rabello não teve
registro de entrada na Câmara, segundo informação inédita que a Agência Pública
obteve via Lei de Acesso à Informação. O ex-funcionário de Jair está na listadas 95 pessoas e empresas que tiveram sigilo bancário quebrado na investigação
do Ministério Público do Rio sobre as movimentações financeiras do senador
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
A Pública pediu à Câmara dos Deputados informações sobre o
registro de entrada de diversos assessores de Jair Bolsonaro na Câmara. Além de
Rabello, a reportagem descobriu que outros cinco assessores não tiveram
registro de emissão de crachá durante o período de 2015 a 2018, último mandato
do presidente como deputado federal.
Além destes seis nomes, a Pública já havia revelado outras
cinco assessoras nas mesmas condições. Portanto, agora são 11 os assessores de
Bolsonaro que receberam dinheiro público sem ter colocado os pés nas
dependências da Câmara.
Rabello assessorou pai e filhos em seus mandatos
Nelson Rabello é um dos assessores mais longevos da família
Bolsonaro. O primeiro registro como funcionário do atual presidente, disponível
no site da Câmara, é de 2005. À época, ele era assessor de nível 8. Durante
seis anos como secretário parlamentar, Rabello foi promovido até alcançar o
nível 26. Segundo a Folha de S. Paulo, Rabello é tenente da reserva do Exército
e teria servido junto a Jair nas Forças Armadas.
Em maio de 2011, Rabello deixou o gabinete de Jair e
trabalhou até agosto daquele ano com o filho Flávio, na Assembleia do Rio. Em
seguida, deixou o gabinete de Flávio para trabalhar com Carlos, onde ficou até
2017.
Em junho de 2017, Rabello voltou a trabalhar na Câmara com
então deputado Jair Bolsonaro. Nesse último período, apesar de ter recebido R$
92,2 mil líquidos — incluindo um auxílio-alimentação mensal de R$ 982,29 — o
funcionário não emitiu crachá de entrada no órgão.
A prática é parecida a de outros assessores de Bolsonaro:
cinco assessoras — algumas que trabalharam por mais de uma década junto a Jair
Bolsonaro — não pediram a emissão de crachás de funcionárias nem se registraram
como visitantes em nenhum momento desde 2015.
Ser funcionário de um político sem ter entrada registrada na
Câmara não é ilegal, pois os assessores parlamentares podem trabalhar nos
estados de origem dos parlamentares, contanto que cumpram sua carga horária. A
questão é que o controle é feito pelos próprios deputados e a série de casos
semelhantes na família Bolsonaro levanta suspeitas.
A Pública procurou a Câmara dos Deputados, que informou que
para acessar as dependências é
obrigatório portar crachá funcional. No caso de deputados ou ex-deputados, é
possível utilizar “botom parlamentar”.
Crachás de visitantes são expedidos apenas após apresentação
de documento de identidade e realização de registro de entrada nas portarias.
Os crachás funcionais devem ser renovados a cada nova legislatura e a Câmara
afirma não guardar registros sobre mandatos passados.
O sigilo bancário de Rabello foi quebrado no dia 24, por
autorização do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pedido veio do
Ministério Público, que investiga as movimentações financeiras de Flávio
Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Segundoreportagem do Poder 360, a autorização de
quebra de sigilo bancário vai de janeiro de 2007 a dezembro 2018, com quebra do
sigilo fiscal de 2008 a 2018.
Atualmente, Rabello é auxiliar de Carlos Bolsonaro na Câmara
dos Vereadores do Rio de Janeiro. O salário líquido para esse cargo é de R$ 6,6
mil. Procurado pela reportagem, Rabello não foi encontrado.
Wal do Açaí também não tinha crachá
Outra funcionária que não teve crachá emitido pela Câmara
dos Deputados foi Walderice Santos da Conceição, conhecida como “Wal do Açaí”.
Funcionária de Jair Bolsonaro desde 2003, ela foi secretária parlamentar nível
4 de 30 de dezembro de 2015 a agosto de 2018, com um salário de R$ 1,3 mil
líquidos mais auxílio-alimentação de R$ 982,29.
Nesse período, contudo, ela não emitiu registro de entrada
na Câmara, segundo informação obtida pela Pública via Lei de Acesso.
Em 2018, a Folha de S. Paulo havia revelado que Wal
trabalhava todos os dias em seu próprio negócio, o Wal Açaí, a 50 km de Angra
dos Reis. Na mesma rua do seu negócio também fica uma casa de veraneio do
presidente.
Apesar da repercussão, sete meses depois, em agosto de 2018,
a equipe da Folha encontrou Wal ainda trabalhando em seu comércio. Em conversa
com os repórteres, ela disse que o “sr. Jair” era um amigo e que se ele
escolheu pagá-la com dinheiro público, cabia apenas a ele responder.
Após a visita da equipe, Wal anunciou que iria pedir
demissão e assim o fez. Na época, Jair Bolsonaro disse que o único crime dela
foi “dar água para os cachorros”. Ela foi exonerada ainda em agosto.
Quanto às funções que Wal desempenhava, Bolsonaro se
contradisse nas duas ocasiões. Em janeiro, afirmou que Wal não cumpria funções
além das políticas e que a funcionária estava de férias na época da reportagem.
Já em agosto, o então deputado federal afirmou que Wal
cuidava dos cachorros que ele possuía na casa de veraneio. Em setembro,a Procuradoria da República do Distrito Federal abriu procedimentopara
investigar o caso, sob suspeita de improbidade administrativa. O caso corre em
sigilo.
Mais quatro assessores de Bolsonaro receberam sem pisar na
Câmara
Levy Alves dos Santos Barbosa, assessor nível 21 de Jair de
outubro de 2017 a janeiro de 2018, recebia R$ 8 mil líquidos, mais auxílios que
chegaram a R$ 1,5 mil em um mês.
Sem registro de entrada durante todo esse período, hoje ele
trabalha com Carlos Bolsonaro na Alerj como assessor especial — segundo o site
da Câmara do Rio de Janeiro, um assessor especial tem um salário líquido de R$
12,3 mil.
Já Alessandra Ramos Cunha teve seu primeiro posto como
assessora de Jair em 2014. No último mandato, ela recebeu salários de diversos
níveis de assessores — um deles chegando a mais de R$ 10,8 mil mensais líquidos,
mais auxílio de R$ 982,29.
Assim como Levy, Alessandra trabalha atualmente com Carlos
como oficial de gabinete, recebendo R$ 7,3 mil líquidos. De acordo com
reportagem do Metrópoles, ela doou R$ 1,5 mil para a campanha de Carlos a
vereador em 2016.
Outras duas assessoras de Jair também não emitiram crachá
durante o último mandato como deputado. Helen Cristina Gomes Vieira, que já
havia trabalhado com Jair entre 2013 e 2014, foi secretária parlamentar nível
12 entre março e dezembro de 2017.
Seu salário líquido era mais de R$ 2,2 mil, além de um
auxílio que chegou a R$ 1,8 mil. Helen é uma das assessoras de Jair que fez
doações à campanha do próprio chefe, como a Pública revelou.
Completa a lista Bianca de Almeida Santos, secretária
parlamentar entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018. Ela recebia como nível
4, com um salário líquido de mais de R$ 2,4 mil mais auxílios de R$ 1,6 por
mês.
A Pública questionou o gabinete da Presidência da República
sobre a falta de registros dos assessores e quais atividades eles teriam
realizado, mas não tivemos retorno até a publicação. A reportagem procurou
todos os assessores citados, mas não obteve resposta.
Veja - na solicitação, procuradores apontaram que as operações
contêm indícios de lavagem de dinheiro; lucro dos bens foi maior que
rendimentos como deputado
Ao pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário e fiscal de
95 pessoas e empresas relacionadas ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), no dia
15 de abril, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou indícios de que o
parlamentar tenha utilizado a compra e venda de imóveis no Rio de Janeiro para
lavar dinheiro.
Segundo os promotores, entre 2010 e 2017, o então deputado
estadual lucrou 3,089 milhões de reais em transações imobiliárias em que há
“suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”. No
período, ele investiu 9,425 milhões de reais na compra de dezenove imóveis,
entre salas e apartamentos. Faturou mais no mercado imobiliário do que como
deputado.
VEJA teve acesso às 87 páginas do documento que embasou o
pedido de quebra de sigilo autorizado pelo juiz da 27ª Vara Criminal do Rio.
Ali, o MP afirma que a suposta fraude pode ter ocorrido para “simular ganhos de
capital fictícios” que encobririam “o enriquecimento ilícito decorrente dos
desvios de recursos” da Assembleia Legislativa fluminense.
Os promotores citam casos em que teria havido uma
valorização excessiva de imóveis comprados pelo filho Zero Um do presidente
Jair Bolsonaro. Em 27 de novembro de 2012, por exemplo, ele adquiriu, por 140
000 reais, um apartamento na Avenida Prado Junior, em Copacabana, Zona Sul
carioca. Quinze meses depois, em fevereiro de 2014, vendeu o imóvel por 550 000
reais. Lucro: 292%.
Segundo o MP, de acordo com o índice Fipezap, utilizado no
mercado imobiliário, a valorização de imóveis no bairro ficou em 11% neste
período. Também em novembro de 2012, Flávio arrematou outro imóvel em
Copacabana, na Rua Barata Ribeiro, desta vez por 170 000 reais. Um ano mais
tarde, vendeu por 573 000 reais. Lucro: 237% – nesses doze meses que separam
compra e venda, o índice de valorização na área não passou de 9%.
Na medida cautelar, os promotores apontam que os valores
declarados para a compra foram inferiores aos do mercado; e, os da venda,
superiores. De acordo com os promotores, os dois imóveis de Copacabana foram
vendidos com a intermediação do americano Glenn Howard Dillard. Uma das
transações deu confusão. O proprietário do apartamento na Prado Junior, o
também americano Charles Eldering, acusou Dillard de não lhe ter repassado o
dinheiro obtido com a venda.
O MP ainda levantou dúvidas sobre a transação envolvendo um
apartamento em Laranjeiras, na Zona Sul da cidade. O relatório aponta uma
supervalorização do imóvel em apenas oito meses e questiona a história contada
por Flávio de que teria recebido em dinheiro vivo 100 000 reais da venda do
imóvel, que disse ter passado adiante por um total de 2,4 milhões de reais.
A versão de Flávio é de que, como recebeu este dinheiro em
espécie, fez assim o depósito no banco. O MP frisa que, entre dezembro de 2008
e setembro de 2010, Flávio adquiriu dez salas comerciais na Barra da Tijuca,
Zona Oeste do Rio, por 2,662 milhões de reais. Em outubro de 2010, todos os
imóveis foram vendidos para a empresa MCA Exportação e Participações por 3,167
milhões de reais.
Os promotores ressaltam que o comprador tem, entre os
sócios, a Listel S.A., sediada no Panamá, conhecido paraíso fiscal. Os autores
do documento citam que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
considera como “sérios indícios” de lavagem de dinheiro “a realização de
operações imobiliárias envolvendo pessoas jurídicas cujos sócios mantenham
domicílio em países com tributação favorecida”.
Na ação, o MP afirma ter encontrado elementos que indicam a
prática, no gabinete do então deputado, dos crimes de peculato (apropriação, por funcionário
público, de bens alheios), lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Procurado por VEJA, o senador reenviou, às 19h45, por meio de sua assessoria, a
nota que divulgara quando houve a notícia de quebra de seu sigilo bancário, de
segunda-feira 13. Ele acusou o MP de ter quebrado seu sigilo antes mesmo da
autorização judicial. “Somente agora, em maio de 2019 – quase um ano e meio
depois – tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem
há vários meses”, disse.
NOTA OFICIAL
Não são verdadeiras as informações vazadas na revista VEJA
acerca de meu patrimônio. Continuo sendo vítima de seguidos e constantes
vazamentos de informações contidas em processo que está em segredo de justiça.
Os valores informados são absolutamente falsos e não chegam nem perto dos
valores reais. Sempre declarei todo meu patrimônio à Receita Federal e tudo é
compatível com a minha renda. Tenho meu passado limpo e jamais cometi qualquer
irregularidade em minha vida. Tudo será provado em momento oportuno dentro do
processo legal. Apenas lamento que algumas autoridades do Rio continuem a vazar
ilegalmente à imprensa informações
sigilosas querendo conduzir o tema
publicamente pela imprensa e não dentro
dos autos.
A Postagem - Após a fala do presidente Jair Bolsonaro à Rádio
Bandeirantes, quando afirmou que o houve certas condições para que o juiz
Sérgio Moro abandonasse anos de magistratura para seguir ao Ministério da
Justiça de seu governo, a repercussão nas redes sociais e, principalmente, de
diversos colunistas nos jornalões, Moro se sentiu na obrigação de fazer alguma
declaração sobre o assunto. Como o governo Bolsonaro é uma real balbúrdia, cada
um fala o que pensa e desmente quem quiser, foi o que o ex-super-juiz da República
de Curitiba fez, em palestra, na sua terra. Simplesmente afirmou que o
presidente mentiu em sua entrevista.
No teatro Positivo, em Curitiba, Moro disse: “Não estabeleci
nenhuma condição para assumir o Ministério da Justiça” e completou, “houve uma
convergência de pautas”, referindo-se à sua intenção de combater o crime
organizado e os crimes violentos.
Repercussão nas redes sociais:
Toma lá dá cá nunca foi tão evidente, agora que Bolsonaro revelou “negócio” com Moro para vaga no STF, não resta outra alternativa senão anular processo e condenação de Lula. Faltava prova, agora falta vergonha na cara ao judiciário.
Artigo 317 do CP, corrupção passiva: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. É no q incorreu Moro ao barganhar vaga no STF
Traição à pátria dá pena de morte em alguns países.
Noutros dá trinta anos de cana.
Aqui traição dá a presidência da república
e cargo de ministro do STF.
RBA - Em audiência tensa na Comissão de Segurança Pública,
deputados contestam projeto de lei do ministro da Justiça, que se esquivou de
falar sobe relação de Bolsonaro e milicianos
Sobre ligações de família Bolsonaro
com milicianos, Moro disse que afirmações são
"ofensivas ao governo”
São Paulo – Em clima tenso, a Comissão de Segurança Pública
e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados realizou hoje (8) uma
audiência pública na qual o ministro da Justiça, Sergio Moro, compareceu para
falar de seu projeto de lei “anticrime” (PL 882/19). Ele foi questionado por
deputados de oposição.
O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), autor do pedido para
que a sessão fosse realizada, e o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS),
falaram da fragilidade do projeto e exigiram efetividade do governo no combate
às milícias.
“O senhor classifica milícias como uma das facções listadas
(no projeto). Milícia não é uma facção originária do sistema penitenciário.
Milícia é máfia. Milícia tem uma estrutura de poder”, disse Freixo. “Eu lhe
entreguei o relatório da CPI (da Assembleia Legislativa do Rio) das milícias em
mãos. É o único grupo no Rio de Janeiro que transforma domínio territorial em
domínio eleitoral, elege gente, elegeu senadores. É preciso que aprofunde o
debate”, acrescentou o deputado do Psol.
“Nós temos um projeto que pioneiramente nomina milícia como
organizações criminosas. Foi uma bandeira que o senhor defendeu todo o tempo.
Que endurece contra essas organizações criminosas”, respondeu Moro. Segundo
ele, o projeto reconhece as milícias como grupos criminosos organizados. “Podem
ter um perfil sociológico diferente, mas o tratamento rigoroso para ela está lá
na legislação.”
Pimenta também comentou a questão das milícias e seu poder.
“O crime organizado – e o dr. Sergio Moro sabe disso – e a milícia, mais do que
qualquer outra organização, só pode existir se tiver tentáculos na estrutura de
poder do Estado.”
Segundo o petista, combater o crime organizado requer
inteligência, investimento, valorização da atividade policial. “Nada disso está
presente neste plano. O Brasil quer paz e segurança, mas não com utilização do
Ministério Público e do Judiciário para fazer disputa política e fortalecer projeto de poder.”
Para ilustrar a falta de atenção à inteligência, Pimenta
usou ironia. "Bolsonaro mora num condomínio. Lá estava o Exército, a Abin,
a Polícia Federal, e ninguém sabia que tinha um bandido – um dos assassinos da
Marielle – morando do lado da casa dele? Nenhum órgão de inteligência detectou
isso?”
O parlamentar mencionou ainda a ligação da família Bolsonaro
com milicianos. “Quando a gente diz ‘cadê o Queiroz’, é porque a família dos
milicianos estava nomeada no gabinete do filho do presidente da República. O
presidente da República tinha nomeado no seu gabinete em Brasília a filha de
uma pessoa envolvida com a milícia”, disse Pimenta.
“Estamos falando do crime organizado no coração do poder.
Com depósitos de milicianos na conta da esposa do presidente da República. Isso
é uma questão de Estado”, acrescentou. “O ministro da Justiça diria: isso não
me diz respeito?”
Depois de defender o projeto, o ministro da Justiça se
esquivou na questão de Bolsonaro. “Outras afirmações, aqui, vou pedir venia
para não responder, porque me parece que foram ofensivas ao governo.”
Pimenta também falou do “episódio patético do governador do
Rio de Janeiro que atirou de helicóptero e atingiu uma tenda de evangélicos”,
sobre a participação de Wilson Witzel em uma operação militar a partir de uma
aeronave. “Tinha miliciano dentro do helicóptero, um chefe de milícia da região
onde o governador atacou de dentro do helicóptero! Os órgãos de inteligência
não detectam isso? Ou isso é uma seletividade?”
O ministro disse que sua proposta não trata de inteligência
porque “não pode tratar de tudo”, mas afirmou que o governo está investindo em
inteligência.
“Criamos uma diretoria de inteligência no Departamento
Penitenciário Nacional. Estamos investindo firmes nisso. Estamos identificando
essas pessoas (criminosos), criando instrumentos”, afirmou.
Segundo ele, está em desenvolvimento no Depen um dispositivo
para celular para fazer reconhecimento facial de pessoas que já tiveram
passagem pela polícia. “Estamos investindo em tecnologia e inteligência de
maneira firme”, garantiu.