Petista confirma que aceitou pedido do ex-presidente para
"colocar o bloco na rua" e já relembra a fuga de Bolsonaro nos
debates da eleição de 2018
Enquanto parte esquerda elogia e outra parte critica o
fato do ex-presidente Lula já ter lançado Fernando Haddad como
pré-candidato do PT à presidência na eleição de 2022, o ex-prefeito de São
Paulo volta a lembrar da fuga de debates que marcou a campanha de Jair
Bolsonaro em 2018.
Em seu Facebook, o petista ironizou Bolsonaro, sem escrever
nada, com um meme que tem circulado e que mostra o presidente fugindo de um
debate eleitoral.
Bloco na rua
Candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018, Fernando
Haddad confirmou ao
jornalista Leonardo Attuch, do Brasil 247, que, a pedido do ex-presidente
Lula, está colocando “o bloco na rua”.
“Ele me chamou para uma conversa no último sábado e disse
que não temos mais tempo para esperar. Me pediu para colocar o bloco na rua e
eu aceitei”, afirmou Haddad. Com a decisão, Lula confirma que o ex-prefeito de
São Paulo continua sendo a primeira opção, caso ele siga impedido de entrar na
disputa.
Ainda neste mês, Haddad deve ir à Minas Gerais e, em breve,
fará incursões pelo Brasil. Lula também já planeja agenda pelo país – em
princípio mais restrita devido à pandemia do coronavírus. Os dois petistas
também devem viajar juntos para alguns destinos.
Unidade
O ex-candidato à presidência e líder do MTST, Guilherme
Boulos (PSOL-SP), criticou sem
citar nomes, através de sua conta do Twitter, nesta sexta-feira (5), o fato do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter lançado o nome do ex-prefeito de
São Paulo, Fernando Haddad (PT), para as eleições de 2022.
Boulos disse que defende que a esquerda busque unidade pra
enfrentar Bolsonaro. “Para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir
projeto”, ponderou.
"O golpe de Trump fracassou, o Império americano ainda não caiu, mas as grandes empresas de tecnologia conseguiram reforçar o controle que exercem sobre as sociedades", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247
O banimento de Donald Trump por praticamente todas as redes
sociais revela que somos hoje governados por bilionários do Vale do Silício.
Nomes como Jack Dorsey, do Twitter, Mark Zuckerberg, do Facebook, Larry Page,
do Google, Tim Cook, da Apple, e Jeff Bezos, da Amazon. São poucos indivíduos,
com suas empresas conectadas a grandes fundos financeiros globais, estes também
comandados por pouquíssimos gestores de capitais, que controlam o discurso
político global. E quem controla o discurso, evidentemente, tem a capacidade de
determinar o poder.
O mais paradoxal é que Trump, resultado do vale-tudo dessa
"era das redes", tenha sido o primeiro grande alvo de um bloqueio
tecnológico em escala global. Foi ele quem melhor soube manipular os medos e
emoções humanas com suas fake news – uma delas a de que Barack Obama não era
nascido nos Estados Unidos –e seu
discurso de ódio, voltado primeiramente para Hillary Clinton mas depois para
todos aqueles que ele nomeou como "inimigos". Enquanto pôde usar e
abusar da sua "liberdade de expressão", Trump foi capaz de desafiar o
sistema político nos Estados Unidos, eleger-se presidente e montar uma ampla
base popular de natureza protofascista, frustrada com a decadência da América e
as derrotas sofridas ao longo do processo de globalização. Foi assim que o
discurso "Make America Great Again" seduziu milhões de americanos.
Durante anos inflamando sua turba, Trump teve seu pirulito
retirado da boca por Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jack Dorsey, do Twitter.
Depois de silenciado, tentou mover seus seguidores para a rede social Parler,
que concorre com o Twitter, mas a mesma está sendo suspensa das duas grandes
lojas de aplicativos, a da Apple e a do Google, ficando de fora dos celulares
iOs e Android, ou seja, de praticamente todos os aparelhos do mundo. E nem
mesmo poderá ser usada em computadores, uma vez que a Amazon não irá mais
fornecer servidores para a hospedagem dos seus serviços. Ou seja: o Parler,
assim como Trump, também será silenciado.
Deve-se comemorar tais decisões tomadas pelas "big
techs"? O precedente, a meu ver, é extremamente perigoso. Mesmo que sejam
empresas privadas, e que tenham políticas de uso que preveem o banimento em
casos de promoção de fake news e discurso de ódio, tais empresas formam
monopólios privados que operam numa seara essencial para as democracias, que é
a da informação. E não faz sentido permitir que o discurso político seja
controlado por magnatas do Vale do Silício. Afinal, quem controla o discurso
também controla o poder. E se há algo que não pode ser privatizado é a
informação, um direito humano essencial.
O que fazer então? Dado o poder alcançado por essas
plataformas, o caminho natural é a regulação social das redes sociais. A velha
regulação social dos meios de comunicação, mas agora mirando um problema muito
maior que é o das grandes plataformas de tecnologia, que não são neutras. O que
isso significa? Que seus algoritmos não são transparentes e não refletem
objetivamente a diversidade de interesses e visões políticas numa sociedade. As
plataformas podem sim fragmentar sociedades e orientar o consumo de informação
para causas antidemocráticas, como se viu em várias "revoluções
coloridas" em vários países do mundo, incluindo o Brasil. O resultado disso
foi destruição econômica, divisão social e alinhamento de vários países aos
interesses geoestratégicos dos Estados Unidos. O bloqueio de Trump só aconteceu
agora porque o mesmo processo ameaçava implodir a própria
"democracia" americana.
Depois do dia 6 de janeiro, quando houve a invasão do
Capitólio, ainda não assistimos ao fim do Império americano, não houve golpe
nos Estados Unidos, mas as grandes empresas de tecnologia, que se tornaram
ainda mais poderosas em 2020, ano da covid-19, reforçaram seu poder de controle
sobre as sociedades. Isso é bom? A ver.
Estou com a Angela Merkel: as redes sociais devem ser reguladas pela sociedade e não podem ter o poder de definir quem tem ou não voz no debate público https://t.co/1qiYNvdW79
Decisão do ministro do STF Ricardo Lewandowski obriga a 13ª
Vara Federal de Curitiba a conceder amplo acesso à defesa de Lula a documentos,
perícias, comunicações, depoimentos e valores pagos pela Odebrecht no acordo de
leniência firmado com os dois países
247 - O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou que a operação Lava Jato conceda à defesa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acesso irrestrito aos acordos de
leniência firmados pela Odebrecht com autoridades da Suíça e dos Estados
Unidos.
Lewandowski atendeu a pedido da defesa de Lula e determinou
à 13ª Vara Federal de Curitiba que a defesa de Lula deve ter total acesso às
seguintes informações sobre o acordo de leniência:
(i) ao seu conteúdo e respectivos anexos; (ii) à troca de
correspondência entre a “Força Tarefa da Lava Jato” e outros países que
participaram, direta ou indiretamente, da avença, como, por exemplo,
autoridades dos Estados Unidos da América e da Suíça; (iii) aos documentos e
depoimentos relacionados aos sistemas da Odebrecht; (iv) às perícias da
Odebrecht, da Polícia Federal, do MPF e realizadas por outros países que, de
qualquer modo, participaram do ajuste; e (v) aos valores pagos pela Odebrecht
em razão do acordo, bem assim à alocação destes pelo MPF e por outros países,
como também por outros órgãos, entidades e pessoas que nele tomaram parte.
A decisão do ministro do STF fornecerá mais elementos para a
defesa de Lula demonstrar que o ex-presidente foi vítima de perseguição
política.
Em dezembo de 2016, a Odebrecht fechou acordo de leniência
com os Estados Unidos e a Suíça. De acordo com as cláusulas, a empresa se
comprometeu a pagar multa de R$ 8,5 bilhões para que sejam suspensas todas
ações que envolvem a empreiteira e a Braskem, uma das empresas do grupo.
Ao fechar o acordo, a empreiteira se comprometeu a revelar
todos os fatos ilícitos praticados na Petrobras e em outros órgãos do Poder
Público envolvendo os governos federal, estadual e municipal. Em troca das
informações, a Odebrecht poderá continuar a exercer suas atividades.
Confira na íntegra a decisão do ministro Ricardo
Lewandowski:
Dilma Rousseff, Fabrício Queiroz, Jair e Michelle Bolsonaro
(Foto: Ederson Casartelli | Divulgação | Alan Santos/PR)
247 - A ex-presidente Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de
2016 mesmo sem crime de responsabilidade, cobrou investigações do Poder
Judiciário sobre o R$ 89 mil repassados à primeira-dama Michelle Bolsonaro por
Fabrício Queiroz e a esposa dele, Marcia Aguiar. "Eu também quero saber
sobre os R$ 89 mil que o Queiroz depositou na conta da Michelle. É uma pergunta
que todos nós queremos (fazer)", disse durante entrevista exclusiva no Bom
Dia 247 desta quarta-feira (26).
O jornalista Leonardo Attuch comenta a polêmica com Pepe
Escobar, durante transmissão na TV 247
Quem assistiu à análise
geopolítica do correspondente Pepe Escobar, transmitida nesta quinta-feira
23 pela TV 247, pode ter se surpreendido com uma incomum exaltação nos trinta
minutos finais. O motivo: a polêmica sobre o caso Banestado, escândalo ocorrido
no início deste século, sobre um esquema de evasão de divisas que envolvia
doleiros e uma instituição financeira que pertenceu ao governo do Paraná e foi
posteriormente vendida para o banco Itaú.
A pedido de alguns leitores, Pepe comentou sua coluna publicada no dia de hoje, no site Asia Times,
que trata do caso e termina com uma pergunta: "O que nos leva à
questão-chave final: o que Lula fará sobre isso?". A indagação leva a crer
que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria abraçar e repercutir
artigos que vêm sendo publicados por um site sensacionalista, sediado na Suíça.
A discussão teve início quando o questionei sobre o que
caberia ao ex-presidente fazer. Por coincidência, há exatos 17 anos, eu mesmo
publiquei, como reportagem de capa da revista Istoé Dinheiro, uma
matéria sobre os mapas da evasão de divisas e lavagem de dinheiro do caso
Banestado. A reportagem citava a chamada "Conta Tucano", que
supostamente teria sido usada pelo PSDB em suas campanhas eleitorais. Um dia
depois, o portal Conjur repercutiu esta reportagem e logo em seguida
foi instalada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso
Nacional. O relatório final foi apresentado em dezembro de 2014 e pediu o indiciamento de 91 pessoas, incluindo um ex-presidente do
Banco Central, Gustavo Franco, que havia liberado as chamadas contas CC-5.
Paralelamente à CPMI, a Polícia Federal desencadeou a
Operação Farol da Colina, que prendeu dezenas de doleiros, incluindo o
protagonista da Lava Jato, Alberto Yousseff. Como o responsável pelo caso foi o
ex-juiz Sergio Moro, tudo indica que a Farol da Colina foi uma espécie de
laboratório para a Lava Jato, onde foram testados os métodos posteriormente utilizados,
como as delações premiadas.
Quase duas décadas depois disso, o site suíço passou a
alegar ter tido acesso a uma suposta "lista vip" do caso Banestado,
com nomes de personagens que teriam sido poupados pela CPMI, em troca de
proteção ou de vantagens indevidas. A tática é alardear aos quatro ventos há a
suposta "lista vip", sem, no entanto, publicá-la. Quem, por
curiosidade, visita a fonte do suposto escândalo ali encontra apenas três PDFs
antigos, que em nada se assemelham a uma "lista vip". No entanto,
aqueles jornalistas que não repercutem a não-denúncia são acusados de
engavetá-la para proteger o sistema. Esta é a armadilha. Todos são podres,
exceto o site que implora por uma repercussão que nunca chega. E se até alguns
aliados do ex-presidente Lula não compram a tese, logo são rotulados como
traidores da causa, que teria apenas um verdadeiro defensor: o sensacionalista
suíço.
Sendo então uma armadilha, significa que tropecei e caí
nela? Talvez sim, talvez não. Por respeito aos telespectadores, pedi que Pepe
Escobar comentasse sua coluna. Se não o fizesse, seria acusado de esconder o
caso. E se não o questionasse, estaria dando vazão a uma tese sensacionalista.
Na live desta quinta-feira, minha exasperação se deveu única e exclusivamente
ao fato de ver um amigo embarcar num trem que não vai sair da estação porque
não há carvão nem maquinista.
Ainda assim, admito a hipótese de eventualmente estar errado
e reforço o desafio público lançado ao vivo. Caso algum jornalista sério
publique uma reportagem com começo, meio e fim, indicando os nomes que integram
a tal "lista vip", e abrindo espaço para o outro lado, terão todo o
espaço para publicá-la no 247. Só não me cobrem repercussão de algo que não foi
publicado nem pelos pretensos apuradores dessa história. Reitero: o que há nos
três PDFs é apenas uma relação aleatória de nomes, sem grande relevância
jornalística. Café requentado à procura de cliques e de falsas polêmicas.
Quem tiver interesse em saber mais, pode conferir nos trinta
minutos finais deste vídeo:
No Twitter
La Policía usó granadas de destello para expulsar a los manifestantes de las inmediaciones de un tribunal federal y del Centro de Justicia de Portland durante una protesta contra el racismo pic.twitter.com/vwtlYz851f
Varios agentes dispararon balas de goma y lanzaron gases lacrimógenos para dispersar a los manifestantes que protestaron en Portland contra el racismo y la brutalidad policial el 19 de julio pic.twitter.com/GrNQtjB2Uk
247 - O jornalista Pepe Escobar conversou com a TV 247 sobre
o ato do Facebook de banir de seu território virtual contas ligadas a Jair
Bolsonaro e ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump que disseminavam fake
news.
Segundo apuração própria, o jornalista afirmou que tal
decisão foi uma ordem do deep state, que luta contra Trump e, consequentemente,
contra Bolsonaro. “É uma ordem que veio direto do deep state porque vai em cima
justamente dos oponentes do deep state, ou seja, todo o esquema Trump, todo o
esquema Bolsonaro. O Zuckerberg e o Facebook fazem parte do deep state, e eles
estavam começando a ficar extremamente irritados com a proeminência dessas
redes de fake news. Então veio uma ordem direta para o Facebook, e quando eu
digo direta vem basicamente a CIA e facções do deep state, e isso vai acelerar
cada vez mais. O Facebook é uma arma do deep state”.
Pepe Escobar ainda descartou um movimento do Facebook na
mesma intensidade contra sites e contas de esquerda. “Na linha de prioridades
do deep state só existe uma prioridade: descartar o Trump. Ou seja, tudo o que
está ligado em redes sociais a difusão Trump eles vão cair em cima, acho que
isso foi até o aperitivo, vai vir mais depois”.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta terça-feira
(7) que foi infectado pelo novo coronavírus, tema classificado por ele
anteriormente como uma "gripezinha". Para especialistas, há uma
pergunta: o mandatário mudará as suas ações após pegar a doença que já infectou
mais de 1,6 milhão de brasileiros?
Após ter realizado três testes em março, depois de uma viagem oficial aos
Estados Unidos na qual vários integrantes acabaram testando positivo para a
COVID-19, Bolsonaro voltou a se sentir mal no fim de semana, e o quadro de
febre na segunda-feira (6) o fez ir ao hospital para exames e para um novo teste.
Dentre as repercussões, uma chamou a atenção: o ex-ministro
da Saúde Luiz Henrique Mandetta, demitido por Bolsonaro por discordar
frontalmente das pressões contrárias ao distanciamento social, declarou
que o presidente deveria refletir neste momento.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político e
professor da Universidade Veiga de Almeida, Guilherme Carvalhido, avaliou que é
provável que Bolsonaro perceba que vive hoje uma contradição, considerando que
está com a COVID-19 e o seu discurso que rejeitava o isolamento social e o uso
de máscaras. Ele acha que um recuo já pode ser visto.
"Como ele foi contaminado há pouco tempo, a gente
tem que saber quais serão as consequências para a saúde do presidente [...] acredito
que isso fará com o discurso dele se torne o quê? Muito mais ameno e
contraponha aquilo que ele dizia lá no início [...] mesmo que a saúde dele não
seja tão afetada de forma significativa, ele terá que contrapor no seu discurso
inicial de que ele estava ali equivocado, que o discurso inicial dele de que a
pandemia não era grave não era correto, como nós já sabíamos", afirmou.
Contudo, nem todos acreditam que Bolsonaro voltará atrás. Em
suas declarações também nesta terça-feira (7), o presidente não indicou recuos.
Pregou que idosos e pessoas com comorbidade tomem mais cuidado. Sobre os
jovens, garantiu que "possibilidade de algo mais grave é próximo de
zero", algo que as estatísticas não dão sustentação.
Jair Bolsonaro come cachorro quente em Brasília durante
pandemia de coronavírus. Foto de 23 de maio de 2020.
O mandatário brasileiro ainda reforçou que está tomando
hidroxicloroquina, medicamento eficaz para doenças como malária, lúpus e
artrite, mas que já foi descartado pela comunidade científica dentro e
fora do Brasil como útil para tratar a COVID-19. A insistência de Bolsonaro é
uma mostra de como ele pensa, segundo o cientista político e professor da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando.
"Acredito que o presidente sempre está
ideologicamente muito convicto da sua visão de mundo e nem mesmo a doença o
fará mudar. Até porque ele deu uma entrevista não faz muito tempo e nela já deixou
claro que se tratou com a hidroxicloroquina, e disse que usando no início da
doença é 100% comprovado que não há o desenvolvimento de sintomas piores, o que
cientificamente não é correto. Se ele segue receitando um remédio que não tem a
sua eficácia comprovada, é pouco provável que ele vá mudar a sua postura em
relação à doença", ponderou.
Negacionismo em xeque
Depois de ver muitos assessores e ministros próximos
contraírem a COVID-19, muito se debateu sobre Bolsonaro ter sido ou não
infectado pela doença. Após os exames feitos em março darem negativo, o
presidente manteve o seu discurso favorável à flexibilização do distanciamento em prol da economia,
mesmo com a doença em aceleração no país.
Tal negacionismo do que vinha sendo indicado pela comunidade
médica e científica para lidar com o novo coronavírus colocou Bolsonaro em rota
de colisão com governadores e prefeitos. A dúvida é se, diante da sua infecção,
o presidente irá também recuar no negacionismo de raízes contrárias ao que
defende a ciência.
Para Guilherme Carvalhido, a perspectiva é que Bolsonaro dê
um passo atrás, sobretudo pela impressão dada à sociedade civil de que o
presidente se sentia imune à COVID-19, já que tentava não usar máscaras sempre
que possível e não fugia de aglomerações – às vezes, ele acabava provocando-as
em suas saídas do Palácio do Planalto.
"Ora bolas, ele estava ali mesmo sem saber que
estava com a COVID-19, sem a proteção necessária, então ele estava sendo o quê?
Infelizmente, foi irresponsável do ponto de vista social das suas atitudes,
visto que até mesmo ele poderia [ser infectado]. Isso não há dúvida que
reduzirá fortemente a questão negacionista", arriscou ele.
O cientista político e professor da Universidade Veiga de
Almeida ainda argumentou que o mandatário brasileiro tem hoje duas saídas
políticas: o silêncio ou a retratação. E pelo que ele chama de "lógica do
bolsonarismo", há um bom palpite do que deverá acontecer em Brasília.
"O silêncio eu acho que será o que mais ele vai adotar,
pela posição dele é mais fácil isso. Ou ele vai admitir o equívoco em relação à
sua posição inicial. Pelo meu entender, pela lógica política do que a gente
chama de bolsonarismo e pela própria figura do presidente, ele tenderá a ficar
em silêncio, mas não seria negativo ou ruim ele admitir a posição inicial como
equivocada", destacou.
Presidente Jair Bolsonaro acena para apoiadores durante
visita ao hospital de campanha em obras em Águas Lindas, em Goiás
Por sua vez, Rodrigo Prando buscou em um dos grandes
teóricos da sociologia, o alemão Max Weber, para explicar que Bolsonaro
possivelmente não está preocupado em mudar o seu discurso sobre o novo
coronavírus, mesmo diante da sua infecção. As convicções ideológicas seriam
mais importantes para o presidente, de acordo com ele.
"Tem um autor na sociologia que eu sempre uso
para os meus alunos nas aulas que é o Max Weber. Ele diz que todo aquele que
atua dentro da ética da convicção não está preocupado com o resultado das suas
ações, mas em apenas reafirmar as convicções dos seus valores e não se preocupa
com o resultado prático disso. O presidente Bolsonaro é aquele que se enquadra
exatamente dentro dessa visão weberiana de uma ética da convicção",
sentenciou.
O cientista político e professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie assinalou ainda que não vê o fim do negacionismo no
governo Bolsonaro, sendo uma prova disso o fato do próprio político estar
ingerindo a hidroxicloroquina, droga que pode gerar arritmia cardíaca em
pacientes portadores da COVID-19.
"Não acredito que seja o fim do negacionismo. Ele vai
dizer provavelmente que não sentiu muita coisa, que os sintomas foram brandos e
certamente fará isso associado à ideia do uso da hidroxicloroquina, até porque
já se sabe que o Exército já produziu uma quantidade enorme em seus
laboratórios", destacou.
Em um ponto os dois especialistas ouvidos pela Sputnik
Brasil concordam fielmente. "Se ele continuar a insistir [em negar], a realidade baterá à porta", finalizou Guilherme
Carvalhido.
O jornalista Leonardo Attuch comenta o diagnóstico de Jair
Bolsonaro, que mais se parece com uma operação de propaganda em defesa da
cloroquina
No Twitter
Bolsonaro diz estar tomado cloroquina contra a Covid19. Nos EUA, o presidente estaria violando as normas da FDA, que é agência governamental responsável pela regulamentação de medicamentos (link abaixo). A OMS tampouco recomenda o uso deste remédio https://t.co/uJQqXXt6t2
— Guga Chacra 🇧🇷🇺🇸🇱🇧🇮🇹🇦🇷 (@gugachacra) July 7, 2020
— Jota Camelo Lula da Silva (@ojotacamelo) July 7, 2020
Na sessão online de hoje à tarde na Câmara afirmo não ter qualquer esperança de que a doença tornará o presidente Jair Bolsonaro uma pessoa mais humana e melhor. Pelo contrário. Confira e compartilhe! pic.twitter.com/g3w9XjiqW7