Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Na foto, o ex-governador Sérgio Cabral, figura das mais sinistras da política brasileira, que, não é de hoje, vivia envolto em uma espessa nuvem de suspeitas e denúncias, aparece de frente e de perfil, vestindo o uniforme da prisão, uma reles e popular camiseta verde, sendo fotografado para o álbum de recordações da cadeia. Não é uma imagem que, pessoalmente, me desagrade. Ao contrário.
E mais, na atual situação de crise do Rio, é uma imagem capaz de levar um breve alento à milhões de revoltados, de humilhados e ofendidos, que sofrem diariamente com os efeitos da crise. Além disso, dá uma satisfação aos que estão lutando para reverter as políticas do atual governador Pezão, homem de Sérgio Cabral, em sua tentativa de descarregar sobre as costas as vítimas a responsabilidade por uma crise nascida da corrupção.
Calcula-se, por exemplo, em 140 bilhões o tamanho das isenções ofertadas graciosamente por Cabral às grandes empresas no estado. O impacto de medidas como essa para a crise do estado é por demais evidente. Na época em que os recursos entravam à rodo com os royalties do petróleo, o governador deve ter imaginado que tinha nas mãos uma galinha dos ovos de ouro: as isenções pesavam pouco no orçamento, e os agraciados devolveriam a gentileza nas medida de sua gratidão.
Cabral isentava as empresas, a esposa, a advogada Adriana Ancelmo, depois recebia polpudos honorários advocatícios trabalhando para essas mesmas empresas. Tudo legal, comprovado e seguro. No entanto, vistos agora com olhos menos parciais, as isenções se mostram excessivas e criminosas, os valores pagos por serviços de advocacia à esposa do denunciado, parecem incompatíveis com os serviços prestados, que até se suspeita se foram prestados mesmo.
O curioso é que ao colocar a imagem de Sérgio Cabral sendo fotografado na cadeia, a Globo faz a seguinte chamada: Preso, Cabral usa uniforme e tem a cabeça raspada.
No entanto, a imagem não mostra o governador de cabeça raspada, mas apenas de cabelo curto. A Globo evidentemente quis criar sensação dando ao leitor a sentimento de vingança, ou seja, o velho pacote compensatório de fim de novela. E um público viciado, não deixará de ver o ex-governador de cabeça raspada, por mais que seu escalpo tenha sido mantido no lugar.
Esse poder da Globo, numa país em que os ricos e poderosos sempre ditaram o que é visível e o que é invisível, é uma das coisas sobre as quais se tornou urgente pensar. Mais ainda agora em que, desde o início da conspiração do golpe, as aparência são fabricadas diariamente.
Visite e curta a MÁQUINA CRÍTICA. Vamos gerar diversidade para o monopólio da mídia golpista.
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário