Prisão foi realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério
Público, em um desdobramento da operação que investiga um suposto ‘QG’ da
corrupção na Administração municipal
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira
durante uma operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da
Polícia Civil. A poucos dias de deixar a prefeitura ―o prefeito eleito Eduardo
Paes (DEM) toma posse em 1º de janeiro―, Crivella foi detido em sua
casa e levado para prestar depoimento no início da manhã. Procurada, a Promotoria
confirmou que realizou uma operação “para cumprir mandados de prisão contra
integrantes de um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do Rio”, mas que, em
razão de sigilo de Justiça, não poderia fornecer outras informações.
Segundo noticiou a TV Globo, que mostrou o momento da
condução do prefeito para a Cidade da Polícia, Crivella foi preso em um
desdobramento da Operação Hades, iniciada no dia 10 março, que apura suspeita
de irregularidades na Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur).
Ainda de acordo com a emissora, ao menos outras seis pessoas foram presas,
incluindo o empresário Rafael Alves, apontado como operador do esquema.
Como mostrou reportagem do EL PAÍS em setembro, o prefeito é
acusado pelo Ministério Público de montar um “QG da Propina”, esquema que
motivou a abertura do processo de um impeachment na Câmara
Municipal. Alves, que é irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur, é
suspeito de direcionar licitações, burlar a ordem cronológica de pagamentos que
o Tesouro Municipal devia a empresas e, segundo a investigação, tinha poderes
de indicar cargos.
Em um vídeo gravado durante a busca e apreensão na casa
dele, em março, Crivella supostamente liga para um dos celulares de Rafael
Alves para avisar de uma busca na Riotur e é atendido pelo delegado da Polícia
Civil responsável pela ação. Ao perceber que não se tratava de Alves ao
telefone, Crivella encerra a chamada. A desembargadora Rosa Helena Guita, que
deu a ordem de busca na ocasião e determinou a prisão do prefeito nesta terça,
disse que na época que “a subserviência de Crivella a Rafael Alves é
assustadora”.
Ao ser preso nesta terça, Crivella afirmou aos jornalistas
ser vítima de “perseguição política”, em declaração na entrada da Polícia Civil
às 6h35. “Lutei contra o pedágio ilegal injusto, tirei recursos do carnaval,
negociei o VLT, fui o Governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de
Janeiro”, disse. Questionado sobre sua expectativa agora, o prefeito disse:
“Justiça”.
Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por seu tio, o
bispo Edir Macedo, Marcelo Crivella foi eleito prefeito do Rio de Janeiro em
2016, mas não conseguiu reeleger-se, apesar do apoio explícito do
presidente Jair Bolsonaro, após acumular críticas a sua gestão. O presidente da
Câmara do Rio, Jorge Felippe (DEM), deve assumir a Administração municipal pois
o vice de Crivella, Fernando McDowell, morreu em 2018.
Já Eduardo Paes comentou pelo Twitter a prisão, afirmando que o trabalho de transição de Governo será mantido. “Conversei nessa manhã com o presidente da câmara de vereadores Jorge Felipe para que mobilizasse os dirigentes municipais para continuar conduzindo suas obrigações e atendendo a população. Da mesma forma, manteremos o trabalho de transição que já vinha sendo tocado”, escreveu.
Conversei nessa manhã com o presidente da câmara de vereadores Jorge Felipe para que mobilizasse os dirigentes municipais para continuar conduzindo suas obrigações e atendendo a população. Da mesma forma, manteremos o trabalho de transição que já vinha sendo tocado.
— Eduardo Paes (@eduardopaes_) December 22, 2020
Fonte: EL PAÍS BRASIL
UOL
O prefeito Marcelo Crivella e membros do primeiro escalão do
mandato estão entre os alvos da operação da Polícia Civil e do Ministério
Público do Rio que investiga corrupção. A ação cumpre 22 mandatos de busca e
apreensão em endereços da prefeitura do Rio de Janeiro, de agentes públicos e
de empresários.
Veja mais da repercussão da prisão de Marcelo Crivella no Twitter
OH GLÓRIA!
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) December 22, 2020
Crivella já foi, Bolsonaro está a caminho levando a família. pic.twitter.com/ab47qvkehr
Não contarás propina. Por @LatuffCartoons pic.twitter.com/CGvT8C0IE0
— Leonardo Attuch (@AttuchLeonardo) December 22, 2020
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