António Guterres repudiou escalada no Oriente Médio, mas, para Tel Aviv, não ‘condenou de forma inequívoca’ resposta do Irã
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz,
declarou nesta quarta-feira (02/10) o secretário-geral das Nações Unidas (ONU),
António Guterres, de “persona
non grata” e o proibiu de entrar no país por não ter “condenado
inequivocamente” o ataque
de mísseis do Irã às bases militares de Tel Aviv.
“Decidi hoje declarar o secretário-geral da ONU, António
Guterres, uma personalidade indesejável em Israel e proibir sua entrada em
Israel”, afirmou o chanceler israelense, em redes sociais. “Qualquer um que não
possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irã a Israel não merece
pisar em solo israelense. […] Este é um secretário-geral anti-Israel que dá
apoio a terroristas, estupradores e assassinos.”
Na terça-feira (01/10), a autoridade da ONU condenou a
escalada da violência na região após a ofensiva reivindicada pela Guarda
Revolucionária Islâmica (IRGC, por sua sigla em inglês), que se tratou de uma
resposta à intensificação das operações israelenses no território libanês. No
entanto, o diplomata português não mencionou o Irã.
“Condeno a ampliação do conflito no Oriente Médio com
escalada após escalada. Isto deve parar. Precisamos absolutamente de um
cessar-fogo”, escreveu em comunicado.
As acusações feitas pelo ministro israelense resgatam um episódio
semelhante ocorrido há quase um ano, ocasião na qual Guterres atribuiu
Israel o cometimento do crime de “punição coletiva ao povo palestino” devido à
ofensiva militar realizada desde o dia 7 de outubro de 2023 contra a população
civil da Faixa de Gaza.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em
outubro passado, o secretário-geral fez um pronunciamento marcado por críticas
ao governo israelense, afirmando que “assim como as exigências do povo
palestino não podem justificar os ataques atrozes do Hamas, os atos do Hamas
não podem justificar a punição coletiva do povo palestino”.
Guterres também chegou a explicar que os ataques do Hamas
“não aconteceram no vácuo”, uma vez que “os palestinos foram submetidos a 56
anos de ocupação sufocante”.
“Suas terras constantemente devoradas por colonatos e
atormentadas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram
deslocadas e as suas casas demolidas”, disse.
Naquele momento, o embaixador israelense na ONU, Gilad
Erdan, classificou as declarações de Guterres como “opiniões horríveis”.
“Foi um discurso chocante, proferido ao mesmo tempo em que
foguetes são disparados contra todo o território de Israel”, disse Erdan,
acusando o chefe da ONU de estar “completamente desligado da realidade da nossa
região”.
Fonte: Opera Mundi
Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt
Expresso a minha solidariedade ao Secretário-Geral da ONU @antonioguterres, do coração do seu
próprio país, Portugal, que estou a visitar.
Não estaríamos aqui hoje, com arrogância desenfreada em
plena exibição, se Israel, em 76 anos de história, tivesse sido
responsabilizado pelo menos uma vez. Nenhuma vez Israel enfrentou as
consequências de seus erros internacionais. O tempo de agir para restaurar a
primazia do direito internacional é agora. Um amanhã distante pode ser tarde
demais.
I express my solidarity to the UN Secretary General @antonioguterres, from the heart of his own country, Portugal - which I am visiting.
— Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt (@FranceskAlbs) October 3, 2024
We would not be here today, with unrestrained hubris is in full display, had Israel, in 76years of history, been held accountable at least…
TRT World
Na semana passada, na ONU, autoridades israelenses afirmaram repetidamente que Israel "não tinha intenção de entrar em guerra com o Hezbollah e o Líbano" na frente de diplomatas.
Mas nos últimos dias, Israel bombardeou o Iémen, o Líbano, a
Síria e a Faixa de Gaza da Palestina, violando o direito internacional e matando
centenas de pessoas.
At the UN last week, Israeli officials repeatedly claimed that Israel had "no intention to enter a war with Hezbollah and Lebanon" in front of diplomats.
— TRT World (@trtworld) October 3, 2024
But in the past few days, Israel has bombarded Yemen, Lebanon, Syria and Palestine’s Gaza, violating international law and… pic.twitter.com/gARTgAbHAB
I.R.IRAN Mission to UN, NY
O chamado "mais moral" massacrou implacavelmente
quase 41.000 palestinos, principalmente mulheres e crianças, com mais de 10.000
desaparecidos desde 7 de outubro. Os crimes do regime genocida israelense são
sem precedentes. Veja como os fanáticos redefiniram a moralidade:
The so-called "most moral" has ruthlessly massacred nearly 41,000 Palestinians, primarily women and children, with over 10,000 remaining unaccounted for since October 7th. The genocidal Israeli regime's crimes stand unprecedented. See how the fanatics have redefined morality: pic.twitter.com/JAwda8XXKR
— I.R.IRAN Mission to UN, NY (@Iran_UN) August 20, 2024