O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge
Rodríguez, mostrou provas em como o assassinato do presidente do Haiti poderia
estar ligado ao atentado contra Nicolás Maduro em 2018.
Jovenel Moïse foi morto a tiros na quarta-feira (7) em
sua casa em Porto Príncipe pelo que as autoridades haitianas descrevem como um
comando de assassinos formada por 26 colombianos e dois cidadãos dos
EUA.
Agora, Rodríguez declarou que em breve mostraria
provas de que a empresa norte-americana CTU Security LLC, que contratou os
mercenários para matar o presidente haitiano, também esteve envolvida no
atentado contra Maduro.
Pouco após os acontecimentos de 4 de agosto de 2018,
caracterizados por drones comerciais carregando explosivos militares, o
presidente venezuelano acusou os autores do atentado de terem suas bases na Colômbia e que estavam ligados à
oposição. Porém, as autoridades da Colômbia rejeitaram as acusações de Maduro.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela chegou
mesmo a afirmar que o presidente colombiano, Ivan Duque, se
tornou "em uma verdadeira ameaça" para a paz da região.
#EnVideo📹| Pdte. de la AN, @jorgerpsuv informó que la empresa de seguridad propiedad de Antonio Intriago estuvo involucrada en todos los eventos logísticos que condujeron al magnicidio en grado de frustración del pasado #4Ago#DiálogoPorLaPazpic.twitter.com/EjSCBSSo8g
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge
Rodríguez, informou que a empresa de segurança pertencente a Antonio Intriago
estava envolvida em todos os eventos logísticos que levaram ao assassinato
(de Jovenel Moïse), como resultado do grau de frustração no passado
Até o momento, sabe-se que 20 dos 28 suspeitos do crime recente já foram presos – 18
colombianos e dois norte-americanos.
Mercenarios colombianos en Haití: ¿qué hay detrás del
magnicidio de Moïse?
La semana pasada, un comando de mercenarios colombianos y
estadounidenses abatió a tiros en su domicilio al que fuera presidente de
Haití, Jovenel Moïse. Sobre quién planificó y ordenó el ataque aún queda mucho
por saber. Sin embargo, y al margen de dichas cuestiones, esta tragedia viene a
confirmar lo que muchos ya sospechaban: el paramilitarismo como vía rápida
hacia el poder político se reaviva en Latinoamérica.
Missão militar brasileira na nação da América Central é
símbolo de violação imperialista e desastre humanitário
Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio de
Freitas e Carlos Alberto dos Santos Cruz: todos ocuparam cargos de ministro no
governo Bolsonaro - Agência Brasil e Divulgação
Durante 13 anos, de 2004 a 2017, cerca de 37 mil oficais das Forças Armadas do
Brasil foram deslocados para o Haiti. O general Augusto Heleno,
que foi o primeiro comandante da missão, ainda em 2004, se integrou à campanha
presidencial de Jair Bolsonaro em 2018, está no governo desde o primeiro
momento e hoje ocupa o cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI).
O general Santos Cruz, comandante no Haiti entre 2007 e 2009
ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da
República no primeiro ano de governo e foi demitido após atritos com a família
do presidente e seguidores do "filósofo" Olavo de Carvalho, espécie
de guru dos Bolsonaros.
Santos Cruz foi substituído no cargo pelo general Luiz
Eduardo Ramos, atual ministro da Casa Civil, que comandou as tropas brasileiras
no Haiti entre 2011 e 2012. O general Floriano Peixoto, que chefiou as
tropas entre 2009 e 2010, foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência
da República de Bolsonaro.
O general Edson Leal Pujol, que dirigiu a Minustah
entre 2013 e 2014, foi comandante do Exército brasileiro de 2019 a
fevereiro de 2021. Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura,
atuou de 2005 a 2006 no Haiti, como chefe da seção técnica da Companhia
Brasileira de Engenharia de Força de Paz.
Moise governava o Haiti desde 2017 e, no ano passado, rompeu
com o Legislativo e passou a governar por decretos / Chandan Khanna/ AFP
Acusação de massacre em 2005
Na madrugada de 6 de julho de 2005, tropas da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah),
comandadas pelo Exército Brasileiro, fizeram uma operação de “pacificação” na
maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, conhecida como Cité Soleil.
Segundo testemunhas, cerca de 300 homens fortemente armados invadiram o bairro
e assassinaram 63 pessoas, deixando outras 30 feridas. Na época, o comandante
das tropas era o general brasileiro Augusto Heleno.
A ação foi objeto de uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), baseada em depoimentos de moradores e em relatório elaborado
pelo Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA). No documento, a
Minustah foi acusada de permitir a ocorrência de abusos, favorecer a impunidade
e contribuir para a onda de violência no país caribenho.
O caso teria causado desconforto no Palácio do Planalto,
liderado na época pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2020, fonte
ligada ao Ministério da Defesa confirmou ao Brasil de Fato que
o governo brasileiro teria recebido uma solicitação da ONU para substituir o
comando das tropas no Haiti, o que foi feito dias depois, com a entrada do
general Urano da Teixeira da Matta Bacellar no comando.
Em resposta às denúncias, assim que assumiu Bacellar afirmou
que o número de mortes não coincidia com as informações levantadas pelo
exército. Segundo o general, “nove ou dez pessoas” teriam morrido depois de
enfrentarem as forças de segurança.
“Fato é que o [Augusto] Heleno foi removido do Haiti e isso
começou a cozinhar a raiva aos governos do PT. O estopim foi realmente a
Comissão Nacional da Verdade. Daí pra frente, ele se tornou um militante
antipetista”, disse a fonte consultada.
Os militares da missão no Haiti no Governo Bolsonaro
1. Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional), atuou de 2004 a 2005 nas tropas internacionais;
2. Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria
de Governo, atuou de 2007 a 2009 nas tropas internacionais;
3. Floriano Peixoto Vieira Neto, ex-ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, atual presidente dos Correios, atuou de 2009 a
2010 nas tropas internacionais;
4. Edson Leal Pujol, ex-comandante do Exército Brasileiro,
atuou de 2013 a 2014 nas tropas internacionais;
5. Luís Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil, atuou
de 2011 a 2012 nas tropas brasileiras;
6. Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa, atuou de
2004 a 2005 como chefe de operações do contingente brasileiro no Haiti;
7. Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura,
atuou de 2005 a 2006 como chefe da seção técnica da Companhia Brasileira de
Engenharia de Força de Paz;
8. Otávio Rêgo Barros, ex-porta-voz do governo Bolsonaro,
atuou como comandante do 1º Batalhão de Infantaria de Força de Paz.
Morte do presidente
A informação sobre a morte de Jovenal Moise foi transmitida
pelo premiê interino do país, Claude Joseph, e confirmada por agência de
notícias. O ataque, por volta da 1h, foi feito por um grupo ainda não
identificado, mas alguns dos envolvidos estariam falando em espanhol.
A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph, também foi
baleada, chegou a ser socorrida, mas não sobreviveu aos ferimentos. Joseph
repudiou o “ato odioso, inumano e bárbaro” e pediu calma. “Todas as medidas
para garantir a continuidade do Estado e proteger a Nação foram tomadas. A
democracia e a República vão vencer.”
A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph, chegou a ser
socorrida, mas não sobreviveu aos ferimentos / Chandan Khanna/AFP
Autoridades do país disseram ter frustrado uma “tentativa de
golpe” de Estado contra o presidente, que teria sido alvo de um atentado mal
sucedido em fevereiro. Mais de 20 pessoas foram presas na ocasião, inclusive um
juiz federal do Tribunal de Cassação e uma inspetora geral da Polícia Nacional.
A oposição negou uma tentativa de golpe, mas há
meses pressionava pela renúncia de Moise e pela nomeação de um presidente
interino para um período de transição.
Moise governava o Haiti desde 2017 e, no ano passado, rompeu
com o Legislativo e passou a governar por decretos. Ele dizia que ficaria no
cargo até 7 de fevereiro de 2022, o que causou revolta da oposição, que
reclamava o fim do mandato em 7 de fevereiro deste ano.
A atual crise política no Haiti se iniciou na última eleição
presidencial, realizada em 2015. No país, o mandato do presidente dura cinco
anos e começa no dia 7 de fevereiro do ano seguinte às eleições.
As eleições de outubro de 2015 terminaram com a vitória de
Moise no primeiro turno, mas a votação foi anulada após denúncias de fraude.
Declarado vencedor na eleição organizada um ano depois, o atual presidente
assumiu o cargo finalmente em 7 de fevereiro de 2017. Por isso, Moise dizia ter
direito a um mandato de 60 meses, enquanto a oposição afirma que o presidente
já teria cumprido o período legal do mandato.