Coletivo Vozes Judaicas por Libertação denuncia ataques e censura promovidos pela Confederação Israelita do Brasil, afirmando que organização não os representa
O Coletivo
Vozes Judaicas por Libertação lançou uma nota classificando as
ações da Confederação Israelita do Brasil (Conib) na Justiça contra críticos do
sionismo como "antidemocráticos e desonestos pois confundem antissionismo
[oposição ao movimento político que defende a autodeterminação do povo judeu e
a existência de um Estado Judaico, não apenas um Estado de Israel] com o antissemitismo
[propagação de ódio e discriminação contra judeus]".
A crítica se refere aos processos
judiciais com os quais a Conib busca censurar o jornalista e fundador de Opera
Mundi, Breno Altman e acusações
de antissemitismo contra o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José
Genoino,
O manifesto, que defende um judaísmo "livre do
sionismo", havia sido publicado em 19 de janeiro, mas foi atualizado
recentemente, acrescentando argumentos em repúdio aos ataques que tentam
"calar e deslegitimar as vozes que se levantam contra o apartheid
sionista" e "criam uma cortina de fumaça sobre o que realmente
importa ser levado ao debate público: o cessar-fogo imediato em Gaza e a
condenação do Estado de Israel pelos crimes cometidos contra o povo
palestino".
"Independente de nossas concordâncias ou não com as
posições de Altman, temos convicção de que as acusações são excessivas e os
processos judiciais injustificados", declarou a nota do Coletivo Vozes
Judaicas por Libertação.
"Justamente pelas histórias judaicas serem repletas de
perseguições, fugas e imigrações forçadas, nos assusta perceber como a
narrativa sionista tem sido tão hipócrita. Não deveríamos ser nós, os judeus e
judias, os que mais se solidarizaram com qualquer tipo de opressão, sobretudo
àquelas de teor étnico-racial?", disse o coletivo a Opera Mundi.
Os integrantes da organização formada por ativistas judeus
pela libertação da Palestina expressaram repúdio ao fato de que "a Conib
siga associando indiscriminadamente antissionismo a antissemitismo e que, em
casos onde ocorre confusão entre esses termos, siga optando pela criminalização
como primeira opção, ao invés do caminho educativo".
O documento aponta o sionismo como "maior responsável
por essas confusões ´[de termos] e pelo aumento do antissemitismo nos últimos
meses", e defende que a história do sionismo e do antissionismo deve ser
melhor esclarecida para o grande público.
"Diante de um genocídio que está sendo televisionado ao
vivo, como nunca antes, é necessário que entendamos a conjuntura para nos
posicionarmos corretamente", explicou a organização.
Segundo o coletivo, esta educação tem se tornado cada vez
mais difícil justamente por causa da "luta discursiva e ideológica em
curso".
O Coletivo Vozes Judaicas por Libertação ainda denuncia que
a Conib, juntamente com a organização sionista StandWithUs, agem para
"deslegitimar a decisão da Presidência da República em apoiar [a denúncia
da] África do Sul na Corte Internacional de Justiça em Haia, que acusa Israel
de cometer genocídio em Gaza".
O coletivo afirma que a comunidade judaica no Brasil é
"plural" e, por isso, a Conib expressa "somente a posição de uma
parcela ultrassionista que defende de forma incondicional as ações militares de
Israel em Gaza, mesmo que tenham violado diversas clausulas dos direitos
humanos".
"O sionismo é um projeto colonial da burguesia europeia
e nunca representou todos os judeus. É necessário que façamos essa separação. O
posicionamento de judeus e judias antissionistas é essencial, pois quebra a
narrativa de que toda crítica ao Estado de Israel seria antissemita",
ressaltou a Opera Mundi o coletivo.
Além disso, o coletivo também lembrou que a Conib "faz
parte do lobby sionista e representa os interesses do Estado de Israel,
instrumentalizando a luta contra o antissemitismo pela máquina de propaganda
israelense e por seus agentes locais no Brasil".
Com isso, para a organização, criticar o Estado de Israel
por seus crimes e perseguições não é antissemitismo, "é apenas lógico e
ético".
Em conclusão, o documento ainda expressa solidariedade a
Altman e todos os alvos de perseguição da Conib por se posicionarem contra o
genocídio em curso na Palestina.
Leia a íntegra do manifesto publicado pelo coletivo Vozes Judaicas por Libertação:
"A CONIB não nos representa!
Judias e judeus antissionistas contra a censura às críticas
a Israel
A CONIB (Confederação Israelita do Brasil) tem investido em
ações de censura sobre figuras públicas que se posicionam contra o governo
sionista de Israel. Além de antidemocráticos, esses ataques são desonestos pois
confundem antissionismo com antissemitismo na tentativa de calar e deslegitimar
as vozes que se levantam contra o apartheid sionista. Abordamos o assunto neste artigo.
É o caso da perseguição do jornalista Breno Altman, que tem
sido alvo de mais de uma ação criminal movida pela CONIB. Independente de
nossas concordâncias ou não com as posições de Altman, temos convicção de que
as acusações são excessivas e os processos judiciais injustificados. Como
judias e judeus antissionistas não admitimos que a CONIB siga associando
indiscriminadamente antissionismo a antissemitismo e que, em casos onde ocorre
confusão entre esses termos (intencional ou não, como ocorreu com José Genoino),
siga optando pela criminalização como primeira opção, ao invés do caminho
educativo. O sionismo que a CONIB defende é o maior responsável por essas
confusões e pelo aumento do antissemitismo nos últimos meses.
Os processos judiciais abertos pela CONIB criam uma cortina
de fumaça sobre o que realmente importa ser levado ao debate público: o
cessar-fogo imediato em Gaza e a
condenação do Estado de Israel pelos crimes cometidos contra o povo palestino.
Além disso, destacamos que essa mesma organização, ao lado
da Stand With Us, inaugurou uma cruzada na sociedade brasileira
para deslegitimar a decisão da presidência da República de apoiar o pleito da
África do Sul na Corte Internacional de Justiça de Haia, que acusa Israel de
cometer genocídio em Gaza.
Nós, do coletivo Vozes Judaicas por Libertação, dizemos que
a CONIB não nos representa! A comunidade judaica brasileira é plural e a CONIB,
que se diz sua representante, expressa somente a posição de uma parcela
ultrassionista que defende de forma incondicional as ações militares de Israel
em Gaza, mesmo que tenham violado diversas clausulas dos direitos humanos.
Somos um coletivo de judeus antissionistas defensores da
liberdade de expressão, da libertação do povo palestino, do cessar-fogo
imediato para interromper o genocídio em Gaza e do apoio concedido pelo governo
brasileiro ao pleito da África do Sul em Haia.
Repudiamos as tentativas de censura da CONIB e expressamos
nossa solidariedade a Breno Altman e todas e todos aqueles que têm sido alvo de
perseguição por se posicionarem contra o genocídio em curso na Palestina."
A @coniboficial pediu a PRISÃO de @brealt.
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) January 31, 2024
A CONIB é o retrato da natureza fascista do sionismo. Uma ameaça à democracia e à sociedade brasileira.
Querem prender um judeu antissionista por crítica legitimas à "israel". Tudo isso pra defender o genocídio palestino. pic.twitter.com/FkeCVGATe0
Parabéns @brealt pela coragem de disponibilizar em livro esta importante contribuição à compreensão histórica da questão Palestina, do sionismo, objetivos, práticas e métodos da política colonial racista de Israel. Toda minha solidariedade contra a aviltante perseguição sionista. pic.twitter.com/b4ruA1v440
— Marcelo Uchôa (@MarceloUchoa_) January 31, 2024
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