Segundo portal The Information, rede social tem uma
"lista de políticos" cujas publicações não devem ser checadas. Mark
Zuckerberg já defendeu a decisão.
Um discurso de Mark Zuckerberg na
Universidade Georgetown, em outubro do ano passado, entrou para a história
do Facebook.
Lá, um lugar famoso por receber falas a respeito da liberdade de expressão, o
presidente da companhia fez,
então, uma defesa das atitudes que a rede social vinha tomando para
limitar discurso de ódio e disseminação de notícias falsas, mas defendeu que a
empresa não tomasse atitude em relação a checar publicações feitas por
políticos, porque achava que a sociedade deveria ver o que essas pessoas
estavam dizendo.
“Embora eu me preocupe com a erosão da verdade, eu não
acredito que a maioria das pessoas quer viver em um mundo onde você só possa
publicar coisas que as empresas de tecnologia julguem ser 100% verdade”, disse
Zuckerberg, na ocasião.
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Agora, informações, obtidas
pelo portal The Information, especializado em tecnologia e
negócios, apontam que a empresa mantém desde 2018 uma “lista de
políticos”, com cerca de 112.000 contas pertencentes a oficiais de governo e
candidatos, cujas publicações não deveriam ser checadas pela empresa.
Posts checados têm alcance reduzido, por exemplo.
Em 2019, no entanto, ainda de acordo com o The
Information, um trio de pesquisadores internos da empresa, encarregados de
supervisionar o papel do Facebook no discurso cívico, pediram a dissolução da
lista, apoiados por um grupo
de funcionários que acreditavam que “blindar” os políticos era “proteger
conteúdo apto a ser enganoso”. Os líderes da empresa optaram por não seguir
em frente com a demanda.
O resultado da decisão pode ter tido impacto nas eleições
presidenciáveis deste ano nos Estados Unidos. De
acordo com o jornal The
New York Times, desde que o presidente Donald Trump se negou a
conceder a eleição, foram 3,5 milhões de interações, apenas na semana da
votação, em publicações se referindo a “Stop the Steal”, mote que a campanha de
Trump usou para questionar o resultado das urnas. Na última semana, os 20
principais posts no Facebook contendo a palavra “eleição” vieram do próprio
Trump, segundo o CrowdTangle, uma ferramenta de análise de redes sociais do
próprio Facebook.
Em julho deste ano, uma auditoria
externa contratada pela rede social já havia mostrado que o Facebook
falhou em tomar decisões efetivas para garantir direitos civis na plataforma. Os
auditores se mostraram particularmente alarmados com a gestão das publicações
de Donald Trump — sobre falsidade eleitoral e sobre incitação à violência na
repressão de protestos — nas quais o Facebook não atuou.
Apesar disso, a empresa apresentou recentemente um relatório trimestral sobre “Aplicações de Padrões da Comunidade”, em que apontou que inteligência artificial já remove proativamente 94% do conteúdo com discurso de ódio. Os executivos da rede social também compartilharam dados relativos à eleição americana. Segundo Guy Rosen, vice-presidente de integridade da plataforma, foram removidas 265.000 publicações por violação de regras de interferência eleitoral, mais de 3 milhões de peças de publicidade foram impedidas de ser veiculadas e 100 redes de comportamento inautêntico foram reveladas e retiradas da rede.