No dia seguinte ao recuo do presidente Jair Bolsonaro em relação à produção da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butatan, estive hoje na entrevista coletiva do Ministério das Relações Exteriores em Pequim para saber a reação do governo chinês. Em minha pergunta, citei as frases ditas por Bolsonaro ao justificar sua decisão, entre elas a de que o povo brasileiro “não será cobaia de ninguém”, referência ao fato de a vacina chinesa ainda não ter concluído todas as etapas de testes necessárias antes da aprovação final.
Ao ouvir a pergunta, o porta-voz Zhao Lijian exibiu um sorriso discreto, o único em toda a coletiva de mais de 40 minutos, e não fez referência direta a Bolsonaro. Mapa-múndi com a China no centro ao fundo, leu calmamente um texto em seu pódio e limitou-se a dizer que “China e Brasil têm colaborado nos testes de vacinas, e nós acreditamos que essa colaboração irá ajudar na vitória final sobre o vírus na China, no Brasil e ao redor do mundo.”
Com quantas doses se restaura uma reputação? Para a China,
que sofreu um dano considerável a sua imagem internacional devido às falhas
cometidas no início da pandemia de Covid-19, o sucesso no desenvolvimento da
vacina pode ajudar, mas dificilmente será suficiente. O governo chinês nega que
a oferta de priorizar nações em desenvolvimento e a promessa de tornar a vacina
chinesa um “bem público global” sejam parte de uma “diplomacia da vacina” para
ganhar aliados e reparar os arranhões em sua reputação. (…)
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China has officially joined COVAX. It was a concrete step to ensure equitable distribution of vaccines, especially to developing countries, and to encourage more capable countries to join and support COVAX. pic.twitter.com/HC8AHTNBOI
— Spokesperson发言人办公室 (@MFA_China) October 21, 2020