“Guerrillero Heroico”, fotografia de Alberto Korda tirada em
5 de março de 1960
O médico argentino que se tornou um dos maiores símbolos do
espírito revolucionário de esquerda e no ícone do regime em Cuba
Por: Pablo Neri, do Coletivo de Juventude do MST
Da Página do MST
Em 1959, nos anos de tensão e “Guerra Fria” entre as
potências URSS e Estados Unidos, a América Latina e o mundo é balançado pela
notícia da Revolução cubana. A importância desse momento inaugura um ciclo de
tensão e contestação entre a superpotência ianque e os países da América, cria
uma nova perspectiva para a atuação da esquerda nas guerras de descolonização
africana, além da vantagem militar mais temida pelos EUA contra sua inimiga
URSS e lança para o mundo o aroma de transformação que as revoluções trazem
para a atmosfera.
E junto com isso o mundo passa a conhecer os homens e
mulheres que derrubaram a Ditadura de Fulgencio Batista e uma dos rostos mais
conhecidos e que passaria a ser uma das figuras mais conhecidas do mundo,
figuras mais difundidas durante o século XX é a de Ernesto Che Guevara.
O triunfo revolucionário Cuba passou a ser o sopro de esperança
que chegava a todos os cantos do mundo e tinha como um dos principais
mensageiros o Comandante Che Guevara, que dali em diante faria parte do
Horizonte da militância de esquerda e de admiradores em todo o mundo.
É quase impossível achar alguém em alguma parte do planeta
que não reconheça a imagem do líder cubano que hoje, emoldurado ou fixo por
meios precários na parede, povoa o imaginário político as paixões e os sonhos
de toda uma geração de militantes Sem Terra. Essa proporção de Che não é apenas
pelo seu desempenho na guerra e por ser um dos mais imponentes contestadores do
poder colonial ianque, mas por ser um dos rivais mais fulgores do capitalismo
por encarnar em si mesmo, ar dar carne e osso a dignidade humana que se liberta
do capitalismo e constrói um legado de militante socialista para o século XXI.
O começo
Ernesto Rafael Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de
1928, em Rosário, na Argentina. Primogênito de 5 irmãos, Che cresceu e
tornou-se médico. Ainda na juventude jovem Ernesto viajou pela América do Sul
na companhia do amigo Alberto Grando para conhecer as doenças que assolavam o
continente e entendeu que não bastava combater as mazelas, era preciso destruir
o sistema que as fazia existir.
Conheceu Fidel e Raul Castro, outros dois importantes
líderes da Revolução Cubana, em julho de 1955, durante o exílio dos irmãos no
México. Foi durante esse encontro que se juntou ao Movimento 26 de Julho e
partiu para Cuba a bordo do iate Granma com o objetivo de derrubar o ditador
Fulgencio Batista, autocrata que governava a ilha com o apoio dos Estados
Unidos.
Médico, jornalista, escritor, diplomata, Che logo ganhou
destaque no comando do exército revolucionário pelos valores que acreditava
serem necessários para conquistar o apoio dos povos e o respeito da nação:
Humildade, trabalho voluntário, o amor, dedicação na luta pela libertação. Como
segundo General do exército Che ajudou a desenvolver a tática de guerrilha, deu
significado para o foquismo que sairia vitorioso em janeiro de 1959.
Após o triunfo revolucionário, Che assumiu uma série de
cargos no novo governo. Entre outras funções, foi ministro das Indústrias,
embaixador e presidente do Banco Central de Cuba. Che também foi pai, casou-se
duas vezes, mas abandonou tudo isso para se dedicar à tarefa de levar a
Revolução para os demais continentes. Acompanhou as tropas de Cuba em campanhas
militares em apoio às nações africanas na luta contra a dominação colonial,
recrutou profissionais cubanos de vários setores, especialmente da saúde, trabalhando
em muitas nações mergulhadas na pobreza, no analfabetismo e na insalubridade.
Legado
Seguiu convicto de seu papel na luta revolucionária até o
dia do seu assassinato em outubro de 1967, na Bolívia. Por isso, o MST como
organização política estimula que a base a militância, em especial os mais
jovens, conheçam a história e o legado de Che organizando como processo de
formação a Semana internacional de Trabalho Voluntário Ernesto Che Guevara. Ele
está presente nas músicas, nas poesias, nas místicas, neste momento de
desesperança e de desencantamento com as causas coletivas Che segue sendo o farol
que guia aquelas e aqueles que buscam a luta por uma sociedade justa, livre e
emancipada. Em 2017 construímos a Brigada de Jovens que foram até a Bolívia nós
50 anos do assassinato de seu assassinato prestar a homenagem ao Comandante Che
e escutar dos camponeses daquelas imediações que guardaram seus restos mortais
por mais de 30 anos.
Mesmo tendo tantas dimensões, a direita brasileira, seus
“intelectuais” e seu mau jornalismo vem trabalhando para tentar reduzir Che a
um “assassino frio”. Como exemplo a editora Abril, que lançou o Manual
Politicamente Incorreto que “busca destruir o mito”, retirando o contexto da
revolução e acusando Che de matar seus inimigos por regozijo.
Mas qual o interesse desses detratores em atacar a memória e
o legado de Che Guevara? De certeza temos que do lado de lá não tem nenhum
ídolo que sirva de modelo aos jovens a não ser torturadores, generais ditadores
e exploradores da miséria do mundo.
E para quem quiser se aprofundar mais na história e no
legado de Che Guevara e a Revolução cubana atualmente temos uma série de filmes
disponíveis, como o lendário filme Diário de Motocicleta (2004) dirigido pelo
brasileiro Walter Salles e baseado nos diários de Che e Grando de sua viagem de
juventude. Também tem o filme Che: O Argentino (2009), já mais velho e em meio
ao contexto da revolução.
Também a Editora Expressão Popular tem títulos importantes e
de fácil acesso para todos como o livro de Michael Lowy, Pensamentos de Che
Guevara (1969) e Che Guevara – Política de Eder Sader (org.) Esta antologia
apresenta a parte mais significativa das suas contribuições teóricas para
decifrar os caminhos da vida, da prática revolucionária e da ética.
Poucos lutadores terão influenciado os acontecimentos e as
idéias políticas revolucionárias do século XXI como Ernesto “Che” Guevara. Seu
legado e sua história permanecerão como o chamado para a luta para o
enfrentamento. Como disse Eduardo Galeano, “Che é o mais renascedor de todos” e
o MST seguirá prestando as homenagem que esse grande ser humano merece.
Feliz Aniversário Che!
No Twitter:
— Cancillería de Cuba (@CubaMINREX) June 14, 2020
— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) June 14, 2020
UNESCO en español
Momentos históricos das Nações Unidas:
Discurso proferido por Ernesto Che Guevara, representante de
Cuba, em 11 de dezembro de 1964, perante a Assembléia Geral das Nações Unidas
(19ª sessão, 1299ª reunião).
Nathalie Cardone - Hasta Siempre
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