Na noite de segunda-feira, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) lançou uma série de mísseis balísticos contra um centro de espionagem israelense na região do Curdistão no Iraque, ao mesmo tempo que atingiu alvos ligados a terroristas do Daesh no norte da Síria.
Num comunicado, o IRGC disse que os ataques foram em
resposta aos recentes ataques terroristas nas cidades de Kerman e Rask, no
sudeste, bem como ao assassinato de um alto comandante do IRGC em Damasco no
início deste mês.
Uma reunião de líderes e elementos-chave associados aos
recentes ataques terroristas no Irão foram alvo de ataques em Idlib.
O ataque no noroeste da Síria teve como alvo campos de
treino terrorista, uma rede de apoio logístico e uma instalação médica usada
por afiliados do Daesh Takfiri, segundo relatos.
Em Erbil, capital da região do Curdistão do Iraque, mísseis
do IRGC destruíram uma base de espionagem da Mossad, que esteve envolvida na
coordenação dos recentes assassinatos de vários comandantes do IRGC e do Eixo
da Resistência, incluindo Sayyed Razi Mousavi.
No ataque da meia-noite, o magnata curdo do petróleo Peshraw
Dizayee, proprietário do Empire and Falcon Group, que supostamente facilitou as
exportações de petróleo para Israel, perdeu a vida.
Do ponto de vista político, estes ataques servem mais uma
vez como um lembrete de que, como potência regional, o Irão não permitirá que a
sua capacidade de defender a sua autonomia e soberania nacional seja
questionada ou prejudicada.
Como disse o porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros do Irão, Nasser Kanaani, na terça-feira, o Irão respeita a
soberania e a integridade territorial de outros países, mas as ameaças à sua
segurança nacional constituem uma linha vermelha.
Os ataques de segunda-feira à noite na Síria e no Iraque
foram uma necessidade estratégica para a República Islâmica a partir de duas
perspectivas interligadas.
Por um lado, a resposta do Irão à agressão sionista reajusta
o equilíbrio da dissuasão para um nível apropriado. Por outras palavras, o
Irão tinha a obrigação de reagir à entidade sionista e à sua série de ataques
para lhe lembrar que tais ataques não ficarão impunes.
Por outro lado, a necessidade de restaurar o equilíbrio da
dissuasão decorre da obrigação do Irão de salvaguardar a sua própria segurança
ontológica contra agressões externas.
O conceito de segurança ontológica (Giddens, 1993) é
entendido como o sentido de ordem, segurança e continuidade interna da
identidade de um indivíduo ou agente num ambiente de constante mudança. Isto
facilita e motiva a ação e a escolha política.
Na perspectiva da segurança ontológica, o Irão sente-se
ameaçado quando o seu comportamento político entra em conflito com as
expectativas que lhe estão associadas. Por outras palavras, além da
necessidade de restaurar o equilíbrio dissuasor, a República Islâmica tem de se
opor à mentalidade colonial que procura naturalizar a presença de forças
estrangeiras na região.
A noção de “forças estrangeiras” não deve ser considerada de
uma perspectiva geográfica, mas sim analisada de um ponto de vista
político-ideológico.
Isto implica que não se trata simplesmente de uma questão
geográfica, como no caso dos Estados Unidos e do Reino Unido, mas também se
refere à entidade sionista que, apesar da sua implantação colonial na geografia
regional, é considerada uma força externa ilegítima.
Por outras palavras, o Irão não pode permitir a presença de
bases sionistas no Iraque, tanto material como politicamente. O mesmo
raciocínio explica também a tensão entre Teerã e Baku devido à presença de
bases sionistas no Azerbaijão.
É também essencial destacar algo que é frequentemente
esquecido nas análises da região, especialmente aquelas focadas na resposta
iraniana. Os ataques sublinham a total disponibilidade do Irão e de outros
membros do Eixo da Resistência para combater as conspirações
sionistas-americanas.
Isto não significa que o Eixo da Resistência em geral e a
República Islâmica, em particular, estejam à procura de uma escalada, mas
indica a sua total prontidão e preparação para qualquer eventualidade deste
tipo.
O Irão percebe a região na perspectiva da sua autonomia e do
exercício da sua soberania, algo que, como mencionado anteriormente, é
dificultado pela presença de forças externas na região.
A necessidade, portanto, de exercer essa autonomia e
soberania depende da expulsão (tanto física como política) destas forças
externas.
Curiosamente, as análises que defendem que os ataques do
Irão representam "uma escalada no conflito" não têm em conta que foi
a ação conjunta dos Estados Unidos e de Israel, com o apoio do Reino Unido, que
colocou a região na sua turbulência atual.
Além disso, podem não compreender que a resposta do Irão,
tal como a dos outros membros do Eixo da Resistência, é necessária para
garantir que haja paz e estabilidade na região e que não haja interferência
externa.
Ao mesmo tempo, é importante notar que a defesa da soberania
e da autonomia do Irão está politicamente ligada à defesa e à autonomia de
grupos de resistência como o Ansarallah no Iémen ou o Hezbollah no Líbano.
É precisamente esta ligação política que explica e molda o
Eixo da Resistência.
O site da Press TV também pode ser acessado nos seguintes
endereços alternativos:
Por Xavier Villar
Press TV
Um ato de 'punição contra violadores da segurança do país'
ASSISTA: IRGC atinge bases de terroristas anti-Irã na Síria, centro de espionagem do Mossad no Curdistão iraquiano
An act of 'punishment against violators of the country’s security'
— Press TV (@PressTV) January 16, 2024
WATCH: IRGC hit anti-Iran terrorists’ bases in Syria, Mossad espionage center in Iraqi Kurdistan pic.twitter.com/pbWfFG8GQP
🇮🇱 "The Israeli Secret Intelligence Service"
— Censored Men (@CensoredMen) January 16, 2024
Acronym: ISIS
https://t.co/9kKwwPrHX6