POLICIAIS CONTRA O FASCISMO. ARTE DE LATUFF/ DIVULGAÇÃO
POLICIAS ANTIFASCISTAS
Documento, assinado por mais de 500 policiais, defende a democracia popular e a saída de Bolsonaro da presidência
Por: Carta Capital
Policias de todo o Brasil se reuniram para manifestarem
apoio aos movimentos antifascistas contra o presidente Jair Bolsonaro. O
documento, divulgado nesta sexta-feira 06, reúne mais de 500 assinaturas de
delegados, agentes de polícia, policiais e bombeiros militares, guardas
municipais, policiais penais, agentes de trânsito, policiais rodoviários
federais e policiais federais.
O texto denuncia perseguições a policiais que integram
grupos antifascistas e urge pela criação de uma Frente Única Antifascismo com
partidos, artistas e movimentos de classe e da sociedade civil.
“Nós, policiais antifascismo, acreditamos que o trabalhador
policial deve se colocar ao lado dos demais trabalhadores no enfrentamento ao
fascismo. Afinal, o projeto fascista em nosso país é um projeto de avanço no
ataque aos direitos conquistados pelos trabalhadores”, diz o documento.
Leia também:
- Justiça proíbe atos contra e a favor de Bolsonaro no mesmo
local em SP
- Bolsonaro volta a criticar grupos antifascistas:
"Muitos ali são viciados"
- Deputado cria lista com informações pessoais de
manifestantes antifascistas e documento é vazado
O grupo também alerta para o perigo de uma ruptura
democrática no país com as recentes movimentações do presidente Jair Bolsonaro. “A
estratégia de avanço do projeto fascista no país é ampla. Mobilizam a
intolerância e o ódio aos movimentos de esquerda nas ruas e nas instituições da
República. Os esforços visando o aparelhamento e o comando da polícia federal e
da Procuradoria Geral da República confirmam isso”, alertam os policiais.
O movimento dos Policiais Antifascismo foi criado em
2017, inicialmente por policiais do Rio e da Bahia, depois prolongado para
outros estados. O bombeiro militar de Natal, Dalchem Viana do Nascimento
Ferreira, é um dos cofundadores do movimento e auxiliou na criação do
manifesto. Ele afirma que o grupo defende não só o impeachment de Jair
Bolsonaro, como a cassação da chapa, processo que aguarda julgamento no
Tribunal Superior Eleitoral.
“A eleição foi fraudada pela indústria das fake news, que
inclusive contaminou nossos colegas na segurança pública. Bolsonaro não é
nacionalista é entreguista. Trai a nação quando coloca seus interesse pessoais
acima dos interesses nacionais”, afirma o bombeiro.
Ferreira diz que o presidente não representa os policias e
denuncia a falta de um projeto de segurança para o país. “Bolsonaro não mostrou
até agora nenhuma proposta ou plano de segurança pública, não se tem nada, nem
estrutural nem paliativo . Além do discurso medíocre do bandido bom é bandido
morto – desde que não seja ligado aos seus familiares e amigos”, diz.
“O Movimento nasce da necessidade de contraponto para
evidenciar que o sistema que permite a morte de mais de 63 mil pessoas por ano
deve ser repensado. Todo esse deve ser feito longe do ambiente corporativista
das instituições. Por isso defendemos que Segurança Pública não deve ser
assunto só de polícia. Defendemos que esse debate deve ser ampliado para toda
sociedade, para além dos muros dos quartéis”, explica Ferreira.
Na última semana, Bolsonaro atacou manifestantes do
movimento antifascistas. Além de chamar de vagabundos, drogados e terroristas,
o presidente compartilhou uma postagem de Donald Trump dizendo que, assim como
o americano, pretendo criminalizar o movimento no país. Neste domingo 07 está
marcado manifestações em todo o Brasil contrário ao capitão. Ferreira garante
que os policiais antifascistas estarão ao lado do povo.
“Além desse aspecto institucional temos agora o agravamento
e ameaças de cunho anti-democrático do atual presidente. O que nos impulsiona
ainda mais para a necessidade de se colocar ao lado de uma democracia popular”,
concluiu o bombeiro.
***