disparada dos preços dos alimentos impulsionou a inflação oficial no País a 0,64% em setembro, maior resultado para o mês desde 2003, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem pelo IBGE.
Carnes, arroz e óleo de soja pesaram no bolso das famílias,
assim como a gasolina, que pode voltar a pressionar em outubro, devido ao novo
reajuste divulgado pela Petrobrás nas refinarias. Também esboçam reação alguns
itens ligados ao turismo, como passagens aéreas, locação de veículos e pacotes
turísticos.
O IPCA veio acima do previsto até pelos economistas mais
pessimistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam um
avanço mediano de 0,54%. O resultado motivou uma série de revisões para cima
nas estimativas do mercado financeiro para a inflação no encerramento de 2020.
No entanto, as apostas permanecem abaixo da meta de 4% perseguida pelo Banco
Central. Em setembro, a taxa do IPCA acumulada em 12 meses alcançou 3,14%.
"É uma inflação (de setembro) preocupante, mas não tem nenhum risco para este ano, quando é provável que o IPCA fique em 2,5%. A questão mesmo está em 2021, quando devemos ter câmbio pressionado, commodities pressionadas e a China com um crescimento forte", previu o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.
O economista João Fernandes, da Quantitas, não acredita que a inflação mais elevada de setembro ameace a condução da política monetária pelo Banco Central. Ele argumenta que o IPCA foi impulsionado por fatores pontuais, enquanto que o risco para o quadro de juros baixos no País permanece sendo fiscal.
"Não tem comparação da importância desse IPCA com a incerteza
fiscal de curto prazo. A inflação mais alta reduz a chance de um novo corte da
Selic (taxa básica de juros), mas é um efeito limitado. O que poderia suscitar
uma alta de juros agora seria o governo romper o compromisso com o teto, não
uma reação a essa inflação", opinou Fernandes.
Ajuste fiscal
O cenário atual de incertezas sobre o ajuste fiscal tem
ajudado a desvalorizar o real ante o dólar, o que encarece commodities e
insumos no atacado e acaba chegando também ao varejo, lembra André Braz,
coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
"Nossas coletas preliminares (do Índice de Preços ao
Consumidor da FGV) indicam que outubro já está bem salgado, inflação mais alta
que setembro. Eu diria que ficará perto de 0,8%. A inflação de serviços vem um
pouco maior, puxada por passagem aérea, que está subindo mais de 40% em
outubro, um choque. Essa alta pode ser confirmada pelo IPCA-15", relatou
Braz.
Em setembro, as famílias gastaram 2,28% a mais com
alimentação. Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de
Preços do IBGE, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumentos
de preços, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o
habitual para meses de setembro.
"Tem dois componentes influenciando preços. Tem a
questão do auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas
famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem a questão do câmbio, que
torna mais atraente a exportação e acaba restringindo a oferta desses produtos
no mercado doméstico", justificou Kislanov.
O óleo de soja aumentou 27,54%, enquanto o arroz ficou
17,98% mais caro. No ano, o óleo de soja já acumula uma alta de 51,30%, e o
arroz subiu 40,69%. As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate,
leite longa vida e carnes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Notícias ao Minuto
Jornalismo TV Cultura
Por causa dos alimentos e da gasolina, inflação teve grande
alta nas contas do IBGE. A maior variação e o maior impacto, mais uma vez, veio
do grupo alimentação e bebidas. O campeão foi o óleo de soja, com aumento de
27,5% no mês e 51,3% no ano. O arroz também subiu muito, com alta de 17,9% em
setembro e 40,7% em 2020. Assista ao Vídeo