O volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano é o quarto melhor ano da última década, equivalente a 51.550 MW médios. No entanto, o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a uma usina de Belo Monte.
“O fato é que entrou mais água nos reservatórios (energia
natural afluente) do que saiu pelas turbinas para gerar energia (vazão
turbinada)”, denuncia a Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB), com base em dados oficiais do Operador Nacional do Sistema
(ONS).
“É falso alegar que os reservatórios estão vazios por uma
suposta seca no Sudeste brasileiro”, explica o MAB em artigo. Para a entidade,
o esvaziamento dos reservatórios das usinas ocorreu em plena pandemia, quando
houve uma queda média de 10% no consumo nacional de eletricidade.
“Os reservatórios foram esvaziados sem que houvesse necessidade
de atender a um aumento na demanda, uma vez que ela diminuiu.” Segundo o MAB,
em diversas usinas, como Itaipu, a operação foi realizada “com evidente
interesse de gerar escassez para explodir as tarifas. Toda essa água vertida
poderia ter sido armazenada ou transformada em energia, sem aumento dos
custos”.
Se algumas usinas jogaram água fora, outras foram acionadas
para produzir acima da média, “principalmente as privadas, o que também levou
ao esvaziamento”. “Aqui, predomina a lógica de que quanto mais vazios os lagos,
mais alto é o preço”, acusa o MAB.
Sem hidreletricidade, acionam-se as termelétricas, muito
mais caras. “E sabemos que, em geral, os donos das hidrelétricas também são
donos das termelétricas.” Enquanto várias hidrelétricas estatais vendem energia
a R$ 65/MWh, térmicas cobram acima de R$ 1 mi. A usina William Arjona (MS) foi
autorizada pela Aneel a cobrar R$ 1.520,87/MWh, denuncia a entidade.
Chance de racionamento é de 3%
“Teremos racionamento de energia? Risco é menor do que 3%”,
calculam Victor Bruke e Maira Maldonado, analistas da XP. Em relatório
divulgado nesta sexta-feira, eles afirmam que, no cenário base, não veem
necessidade de racionamento de energia nos próximos 12 meses.
“Embora, estimamos que os reservatórios atinjam níveis
historicamente baixos (18% em novembro/2021 para o SIN consolidado), há
capacidade térmica suficiente para ser utilizada e evitar medidas mais
dramáticas.”
“De acordo com nossas estimativas, a probabilidade de a
energia natural afluente (ENA) ficar abaixo de 50% (e portanto de termos
racionamento) é de 3%”, concluem.
Matheus Albergaria, professor de Economia da Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado (Fecap), acredita que uma possível crise hídrica
causada pela seca dos reservatórios pode vir a aumentar o preço da energia.
“Se acontecer a seca dos reservatórios, poderá ocorrer um
aumento no preço da energia, devido ao choque adverso de oferta. Mas esse aumento
pode não ser tão pronunciado, caso ocorra maior abertura da economia. De fato,
o próprio processo de abertura ao comércio internacional dependerá dos cenários
político e econômico domésticos, ainda atrelados às campanhas de vacinação
contra a Covid-19 nos estados e municípios brasileiros”, finaliza Albergaria.
Fonte: Monitor Mercantil
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💣 Bomba da semana! @MAB_Brasil denuncia uma possível farsa em discurso sobre a crise hídrica no setor elétrico, após pronunciamento do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em rede nacional. 👇🏾 https://t.co/X6gwNYUBAq
— socioambiental (@socioambiental) July 2, 2021
Segundo o @MAB_Brasil, o discurso de que haveria uma seca na região sudeste do país camufla a realidade e serve para justificar aumentos na conta de luz, permitindo que empresas concessionárias do setor elétrico lucrem alto na pandemia. Via @socioambientalhttps://t.co/ryYO698DVW
— Comissão Pró-Índio (@proindio) July 2, 2021