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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Temos dinheiro sobrando para doar aos bancos?


Temos assistido à falta de dinheiro para áreas essenciais como educação e saúde; também sob alegação de falta de recursos o auxílio emergencial destinado a milhões de brasileiros e brasileiras que estão vivendo o drama da miséria, do desemprego e desespero em plena pandemia foi rebaixado para míseros R$300 ao mês; patrimônio público essencial e lucrativo está sendo privatizado sob a alegação de que precisaríamos de recursos advindos dessa entrega; a PEC 32, que destrói a estrutura de Estado se baseia na necessidade de reduzir gastos públicos.

Porém, em meio a toda essa escassez, o Senado anunciou terça-feira, 20/10/2020, que irá votar nesta quarta, 22/10/2020, projetos para “legalizar” a doação de dinheiro público para bancos, através da remuneração parasita de centenas de bilhões de reais anuais aos bancos e, adicionalmente, tornar o Banco Central um ente à parte, autônomo, livre para obedecer aos mandamentos do mercado financeiro.

Tudo isso está acontecendo em plena pandemia, quando as mobilizações sociais e as visitas aos gabinetes de parlamentares estão prejudicadas.

O PL 3877/2020, do Senador Rogério Carvalho – PT/SE, cria a figura do “depósito voluntário remunerado” pelo Banco Central aos bancos, “legalizando” a remuneração da sobra de caixa dos bancos que tem sido feita mediante o abuso na utilização das chamadas “operações compromissadas”.

Em agosto/2020 o volume dessas operações, que se equiparam ao antigo overnight, atingiram R$ 1,6 trilhão, quase 23% do PIB, e geram falsa escassez de moeda na economia, empurrando os juros de mercado para os patamares altíssimos praticados no Brasil.

Assim, ao mesmo tempo, essas “operações compromissadas” provocam o crescimento do estoque da dívida pública, pois usam títulos públicos para justificar a remuneração aos bancos; representam um rombo ao orçamento público de centenas de bilhões todo ano; além de causarem danos também a toda a economia do país, pois provocam aumento dos juros de mercado que impedem a circulação do crédito em patamares saudáveis, conforme explicamos vídeo recente.

O projeto do senador Rogério Carvalho propõe que, em vez de usar títulos da dívida pública para justificar a remuneração diária aos bancos, essa remuneração se torne LEI, de tal forma que não mais sejam utilizados os títulos da dívida pública, e a remuneração diária parasita continue sendo paga aos bancos!

A justificação do referido PL 3877/2020 está repleta de erros, cabendo ressaltar que ao contrário de servir para mitigar efeitos da crise econômica que vivemos desde 2014 no Brasil, a remuneração da sobra de caixa dos bancos foi a principal causa da fabricação dessa crise, como temos denunciado há anos, conforme artigo publicado em janeiro de 2016.

Erra feio o senador Rogério Carvalho ao dizer que em 2020 a elevação das operações compromissadas teria se dado “em razão da necessidade de enxugar a liquidez criada pela utilização dos recursos da Conta Única para enfrentamento da pandemia”, ignorando que o Banco Central injetou R$ 1,2 trilhão de liquidez nos bancos em 23/3/2020, conforme amplamente noticiado.

O senador Rogério Carvalho deveria pedir a sua assessoria para estudar os documentos que embasaram a injeção de R$ 1,2 trilhão nos bancos, conforme disponível no site do Banco Central, detalhadas em relatório do próprio Banco Central, as quais demonstram que tal injeção de liquidez nos bancos não tem absolutamente nada a ver com recursos da Conta Única do Tesouro, como constou erradamente no relatório que embasa o PL 3877/2020.

A justificativa para o pacote de ajuda de R$ 1,2 trilhão aos bancos foi a necessidade de aumentar a liquidez dos bancos (volume de dinheiro disponível) para que estes pudessem ampliar as linhas de crédito para empresas e reduzir os juros. No entanto, o que se verificou na prática foi o contrário: os empréstimos para as empresas se tornaram ainda mais difíceis e os juros dobraram, conforme diversas notícias nesse sentido, o que levou milhões de empresas, principalmente as pequenas e médias empresas à demissão de seus empregados e até a falência.

Em vez de serem punidos por terem recebido o pacote de liquidez e não terem emprestado às empresas, aprofundando a crise já suficientemente desastrosa por si só, os bancos acabaram sendo premiados, pois segundo o próprio ministro Paulo Guedes, o dinheiro ficou empoçado nos bancos, e aumentou o volume das chamadas “operações compromissadas”, que passaram a aumentar exponencialmente e alcançaram o patamar de R$ 1,6 trilhão em agosto de 2020!

Esse dinheiro decorrente da liquidez injetada pelo Banco Central a partir de 23/3/2020, conforme amplamente noticiado e documentado no próprio site do BC, é que foi responsável pela elevação exponencial das “operações compromissadas” e não os gastos com a pandemia, como constou no relatório do senador Rogério Carvalho. Só se engana quem quer, pois está tudo documentado e publicamente divulgado até pela grande mídia!

Além desse rombo, outro projeto também altamente nocivo ao país está na pauta de votação do Senado: PLP 19/2019, que visa dar liberdade total ao Banco Central para continuar praticando essa política monetária suicida.

O PLP 19/2019 recebeu parecer do relator senador Temário Mota (Pros/RR) em 19/10/2020 e transforma o Banco Central em um ente autônomo, independente dos demais poderes, pois seu presidente e diretores não poderão sequer ser demitidos pelo presidente da República e deverão “assegurar a estabilidade de preços”.

Por outro lado, ficou como mera intenção “na medida do possível” o objetivo de “fomentar o pleno emprego”. Ou seja, ocorrerá a total blindagem da atual política monetária suicida, como temos denunciado desde janeiro de 2016 https://auditoriacidada.org.br/conteudo/o-banco-central-esta-suicidando-o-brasil/ (Veja também o texto https://auditoriacidada.org.br/conteudo/nao-a-autonomia-do-banco-central-e-a-remuneracao-da-sobra-de-caixa-dos-bancos/).

O PLP 112/2019 ainda “legaliza” as escandalosas operações de swap, que garantem aos bancos e grandes investidores a variação do dólar, às custas de mais dívida pública ilegítima que tem sido paga pelo povo através de contrarreformas e privatizações aviltantes.

Não podemos aceitar tanto privilégio à banca, que segue lucrando muito em plena pandemia, não por “eficiência”, mas devido a esses mecanismos perversos que, em vez de serem corrigidos, o Senado irá dar um jeitinho e anuncia que “legalizar” de vez!

Senadores(as), barrem essa farra! #ÉHORAdeVIRARoJOGO

Maria Lucia Fattorelli

Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida e membro titular da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB.

Fonte: Monitor Mercantil


Auditoria Cidadã da Dívida

Assista ao vídeo


sábado, 15 de agosto de 2020

Marcelo Auler: Zema pretendia exterminar quilombo. Perdeu



O governador Romeu Zema (Novo) não impediu que a Polícia Militar de Minas Gerais aterrorizasse por mais de três dias as cerca de 450 famílias de agricultores assentadas no Quilombo Campo Grande


Por Marcelo Auler

Os apelos vieram de todos os lados, de pessoas e autoridades das mais diversas tendências políticas, mas contrariando suas promessas feitas no início da semana, o governador Romeu Zema (Novo) não impediu que a Polícia Militar de Minas Gerais aterrorizasse por mais de três dias as cerca de 450 famílias de agricultores assentadas no Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio, no sul de Minas Gerais. São famílias ali instaladas há 22 anos que transformaram a área de uma usina de açúcar falida em campo de produção de alimentos orgânicos.  A violência contra elas aumentou na tarde de sexta-feira (14/08). A repercussão negativa foi tamanha que no final do dia o Batalhão de Choque se retirou do local dando por encerrada a operação. Os ânimos serenaram.

Ao final da operação policial seis famílias foram desalojadas, a Escola Popular Eduardo Galeano, que oferecia educação popular aos jovens, crianças e adultos, foi totalmente destruída e um galpão que atendia aos agricultores foi esvaziado. A mobilização dos agricultores e o apoio que receberam de diversos setores da sociedade, porém, impediram que a ameaça maior – o desalojamento de todos – fosse concretizada. Apenas um pedaço da área – ainda que superior ao previsto – foi oficialmente reintegrada.

Em uma atitude inédita de espetacularização da operação, a ação da polícia militar mineira contou até com transmissão on line  (veja aqui). Nela, os oficiais alegavam que apenas cumpriam uma ordem judicial. Ordem que não se preocupou com a pandemia. Por isso, o despejo foi considerado “como um grave desrespeito e uma ameaça à vida em meio ao caos estabelecido pela pandemia, e torna-se um verdadeiro crime contra estas famílias” pelos bispos da Regional Leste 2 da CNBB. Como afirmaram em nota assinada por dom José Carlos de Souza Campos (da diocese de Divinópolis/MG) e dom Otacílio Ferreira Lacerda (da diocese de Guanhães/MG), respectivamente, presidente e bispo referencial da Comissão para Ação Social Transformadora da Regional Leste 2 da CNBB.

O tamanho da operação montada – mais de 250 policiais, incluindo o batalhão de choque com caminhão blindado (tipo brucutu), caminhões do corpo de bombeiro e até helicóptero, cujos voos visavam atemorizar as pessoas – transformou-se também em um sinal claro que o objetivo não era cumprir apenas a ordem judicial.

Leia também: GGN Covid: 100.000 mortos pelo Coronavirus, no mais completolevantamento


O plano do governo era maior”

A determinação, inicialmente, falava em reintegração de 26 hectares. Depois, o próprio juízo aumentou para 52 hectares. Segundo nota do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a operação policial foi além do que ordenava a liminar. Ainda destruíram casas e lavouras. Mas, na realidade, o aparato policial faz supor que a pretensão do governo Zema seria de exterminar o quilombo. Foi impedido pela resistência dos agricultores.



Isto explica, inclusive, o fato de terem isolado a área de tal forma que até deputados tiveram o acesso impedido, como denunciou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT): “fomos impedidos pelo Comando Militar da operação na área de entrar pela via pública de acesso para nos encontrarmos com as pessoas. Questionado, afirmou que a operação de reintegração de posse não tinha terminado e que ele tinha protocolos a seguir. Informei que, como deputada estadual, tinha a prerrogativa de entrar, que os protocolos da Polícia Militar não são superiores a Constituição do Estado. Obtive como resposta de um Major voz de prisão se insistisse. Depois da ameaça do Comandante, dois sargentos começaram a filmar”.

A avaliação da deputada, que esteve no quilombo na sexta-feira em companhia dos deputados federais Rogério Correia e Odair Cunha e seus colegas na assembléia de Minas André Quintão e Ulysses Gomes, é de que o governo pretendia ir além do que mandou o juízo:

“Após analisar toda a operação montada, não resta dúvidas: Zema aparelhou o governo, gastou dinheiro público para fazer uma disputa ideológica e política, além de autorizar a prática de violência contra a população. Nada teve a ver com cumprimento de decisão judicial (…) três dias de operações, fora o tempo de deslocamento, diárias, hospedagens, alimentação. Tudo pago com dinheiro público para retirarem e destruírem a casa de 6 famílias, além da escola. O plano do governo era maior”.

Os policiais militares – “agindo dentro da lei e em cumprimento às ordens”, como definiu o oficial no vídeo – na quarta-feira, 12 de agosto, não impediram a destruição da escola feita, segundo dizem os policiais, por familiares do dono do terreno. O ato foi recriminado pelo bispo-auxiliar de Belo Horizonte, dom Vicente Ferreira: “De lamentar que a escola já está destruída. Infelizmente, em um tempo em que a gente precisa de mais educação”, protestou, na quinta-feira.

Nota do Tribunal de Justiça abria espaço para 
um adiamento da reintegração a partir da
 avaliação da Polícia Militar.
Desde o início da semana o governador Zema prometia suspender o despejo. Também o prefeito de Campo do Meio, Robson Machado de Sá (PSDB), dizia que apenas uma pequena área seria reintegrada. As promessas do governador, feitas pela rede social, falavam em deixar tudo para o pós-pandemia. Isso não parecia impossível. Afinal, o próprio Tribunal de Justiça, em nota (leia na ilustração ao lado), esclareceu que a ordem de despejo, datada do ano passado, teria que ser cumprida,  “entretanto, a avaliação a respeito da segurança do despejo está sendo feita pela Polícia Militar.”


Ou seja, havia margem para o governo do estado adiar o despejo. Inclusive atenderia às recomendações de infectologistas que se posicionaram contrários ao desabrigo de pessoas em plena pandemia. Mas Zema não apenas desrespeitou o prometido como deixou a polícia militar fazer uma verdadeira guerra psicológica contra os moradores por três dias seguidos – de quarta-feira (12/08) até sexta-feira no final da tarde.
“Despejar não é atividade essencial”, diz o bispo.
A promessa do prefeito foi feita ao bispo da diocese de Campanha (que engloba a região do acampamento), dom Pedro Cunha Cruz. Em pronunciamento por áudio aos demais bispos do país, dom Pedro, da ala conservadora da igreja, relatou sua conversa com o prefeito, na manhã de quinta-feira, quando ouviu que a operação já tinha ocorrido. O que não correspondeu à verdade:

“Em conversa com o prefeito Robson, de Campo do Meio, o mesmo assegurou que o despejo foi realizado ontem (12/08) somente nas residências de seis famílias que ocupavam uma área de propriedade privada, mas que não têm nenhuma relação com as 450 famílias que ocupam a área da antiga usina. A prefeitura de Campo do Meio já acolheu as três famílias despejadas deste terreno. Portanto, as 450 famílias da área da usina ainda permanecem no local e provavelmente sofrerão alguma ação judicial no pós pandemia”.

Dom Pedro terminou sua mensagem aos irmãos do episcopado prometendo genericamente seguir “rezando por estas famílias dentro do espírito do Pacto pela Vida e da ética do cuidado, como pede o nosso querido Papa Francisco”.

Fonte: GGN


O Que Está acontecendo no Quilombo Campo Grande?
A reintegração aconteceu. Famílias perderam suas casas, lavouras e a escola Eduardo Galeano foi destruída. No entanto, foram três dias de resistência. Da força do povo, da produção, da solidariedade contra as armas. Isso não é pouca coisa. Isso é dignidade. O que ninguém tira da gente, como disse nosso camarada Enio lembrando a fala de outro dirigente, o MST não formou uma geração de covardes.

As famílias e militância que estiveram entrincheirados nesses três dias nos ensinaram que só a luta faz valer. Que a luta é o caminho. E cada companheiro e companheira que esteve junto com a gente nesses dias, compartilhando as informações, contribuindo desde suas casas e suas vozes, nos deram força e reforçaram a certeza que a resistência além de ativa deve ser popular. Deve ser com o povo. A solidariedade foi essencial pra sairmos desse despejo de cabeça erguida e impondo derrotas a força policial e ao governo.

Nesse momento em que a dor e a indignação sufoca queria encontrar formas de reconhecer quem esteve ao nosso lado nesses dias.

A Luta do Quilombo Campo Grande NÃO TERMINA ! #ZemaCriminoso #ZemaCovarde  #SalveQuilombo



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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Coronavírus já matou mais de 87 mil pessoas no Brasil




Por: Sputnik Brasil

O Brasil alcançou neste domingo (26) a marca de 2.419.091 infectados pelo coronavírus e 87.004 mortes causadas pela enfermidade, informa o Ministério da Saúde.

Nas últimas 24 horas, foram 24.578 novos diagnósticos de COVID-19 confirmados e 555 óbitos registrados. 

O Norte é a região do Brasil com maior incidência de coronavírus por 100 mil habitantes, com 2.095,9 casos. A unidade federativa com os piores números no Norte é o Estado de Roraima, com 4.924,2 casos a cada 100 mil habitantes. 

Além do Norte, as seguintes regiões apresentam os maiores números de incidência de COVID-19 por 100 mil habitantes: Nordeste (1.384,0), Centro-Oeste (1.332,1), Sudeste (939,3) e Sul (653,0).

152 bispos criticam Bolsonaro

Também neste domingo, foi divulgada carta aberta de 152 bispos brasileiros com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A missiva já deveria ter sido publicada, mas foi retida para análise pelo conselho permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), informa o jornal Folha de S. Paulo. 

Chamada de "Carta ao Povo de Deus", o texto dos bispos afirma que o Brasil enfrenta uma "tempestade perfeita". "A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República, provocada em grande medida pelo Presidente da República [Jair Bolsonaro] e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança", afirmam os religiosos na missiva. 

Presidente Jair Bolsonaro mostra caixa de hidroxicloroquina para apoiadores do lado de fora do Palácio da Alvorada, em Brasília, 23 de julho de 2020


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domingo, 10 de fevereiro de 2019

Planalto vê Igreja Católica como potencial opositora



Abin e comandos militares relataram articulação de cardeais para o Sínodo sobre Amazônia, reunião no Vaticano que governo trata como parte da ‘agenda da esquerda



BRASÍLIA - O Palácio do Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo JairBolsonaro, no vácuo da derrota e perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.




Durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”.

O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva.


Com base em documentos que circularam no Planalto, militares do GSI avaliaram que os setores da Igreja aliados a movimentos sociais e partidos de esquerda, integrantes do chamado “clero progressista”, pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro e obter impacto internacional. “Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil”, disse Heleno.

Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitoram a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses.

O GSI também obteve informações do Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus, e do Comando Militar do Norte, em Belém. Com base nos relatórios de inteligência, o governo federal vai procurar governadores, prefeitos e até autoridades eclesiásticas que mantêm boas relações com os quartéis, especialmente nas regiões de fronteira, para reforçar sua tentativa de neutralizar o Sínodo.

O Estado apurou que o GSI planeja envolver ainda o Itamaraty, para monitorar discussões no exterior, e o Ministério do MeioAmbiente, para detectar a eventual participação de ONGs e ambientalistas. Com pedido de reserva, outro militar da equipe de Bolsonaro afirmou que o Sínodo é contra “toda” a política do governo para a Amazônia – que prega a defesa da “soberania” da região. “O encontro vai servir para recrudescer o discurso ideológico da esquerda”, avaliou ele.

Conexão. Assim que os primeiros comunicados da Abin chegaram ao Planalto, os generais logo fizeram uma conexão com as críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Órgãos ligados à CNBB, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não economizaram ataques, que continuaram após a eleição e a posse de Bolsonaro na Presidência. Todos eles são aliados históricos do PT. A Pastoral Carcerária, por exemplo, distribuiu nota na semana passada em que critica o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, como juiz, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.

Na campanha, a Pastoral da Terra divulgou relato do bispo André de Witte, da Bahia, que apontou Bolsonaro como um “perigo real”. As redes de apoio a Bolsonaro contra-atacaram espalhando na internet que o papa Francisco era “comunista”. Como resultado, Bolsonaro desistiu de vez da CNBB e investiu incessantemente no apoio dos evangélicos. A princípio, ele queria que o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PR-ES) fosse seu candidato a vice. Eleito, nomeou a pastora Damares Alves, assessora de Malta, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Histórico. A relação tensa entre militares e Igreja Católica começou ainda em 1964 e se manteve mesmo nos governos de “distensão” dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, último presidente do ciclo da ditadura. A CNBB manteve relações amistosas com governos democráticos, mas foi classificada pela gestão Fernando Henrique Cardoso como um braço do PT. A entidade criticou a política agrária do governo FHC e a decisão dos tucanos de acabar com o ensino religioso nas escolas públicas.

O governo do ex-presidente Lula, que era próximo de d. Cláudio Hummes, ex-cardeal de São Paulo, foi surpreendido, em 2005, pela greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. O religioso se opôs à transposição do Rio São Francisco.

Com a chegada de Dilma Rousseff, a relação entre a CNBB e o PT sofreu abalos. A entidade fez uma série de eventos para criticar a presidente, especialmente por questões como aborto e reforma agrária. A CNBB, porém, se opôs ao processo de impeachment, alegando que “enfraqueceria” as instituições.

'Vamos entrar a fundo nisso', afirma Heleno


O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, afirmou que há uma “preocupação” do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorrem nos Estados. “Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”, disse.

Mais próximo conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, Heleno criticou a atuação da Igreja, mas relativizou sua capacidade de causar problemas para o governo. “Não vai trazer problema. O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia”, afirmou. “A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso.”

Tanto o ministro Augusto Heleno quanto o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, hoje na assessoria do GSI e no comando do monitoramento do Sínodo, foram comandantes militares em Manaus. O vice-presidente Hamilton Mourão também atuou na região, à frente da 2.ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira.

SÍNODO

O que é?

É o encontro global de bispos no Vaticano para discutir a realidade de índios, ribeirinhos e demais povos da Amazônia, políticas de desenvolvimento dos governos da região, mudanças climáticas e conflitos de terra.

Participantes

Participam 250 bispos.

Cronograma do Sínodo

19 de janeiro de 2019: início simbólico com a visita do papa Francisco a Puerto Maldonado, na selva peruana;

7 a 9 de março: seminário preparatório na Arquidiocese de Manaus;

6 a 29 de outubro: fase final no Vaticano, com missas na Basílica de São Pedro celebradas por Francisco.

Tema do encontro

Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

As três diretrizes do evento

“Ver” o clamor dos povos amazônicos;

“Discernir” o Evangelho na floresta. O grito dos índios é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito;


“Agir” para a defesa de uma Igreja com “rosto amazônico”



"MANIPULAÇÃO DAS OVELHAS" 




PASTORES MAÇONS REVELADOS




Illuminati - THE ETERNAL OATH 👁




Roger Waters - "Pigs (Three Different Ones)"



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