terça-feira, 14 de julho de 2020

Bolsonaro é denunciado na ONU por descaso na proteção dos povos indígenas na pandemia



Representação é do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que questiona vetos do presidente que desobrigam governo de fornecer água e prestar atendimento médico


Por Revista Fórum

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) denunciou o presidente Jair Bolsonaro ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU por descaso na proteção dos povos indígenas. O ofício enviado pelo parlamentar cita os diversos vetos do presidente que desobrigam o governo federal de fornecer água potável, higiene e leitos hospitalares a indígenas, em legislação de proteção dessas comunidades durante a pandemia de coronavírus.

Em despacho ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, publicado no Diário Oficial da União (DOU) do último dia 8 de julho, Jair Bolsonaro vetou, entre outros artigos, o acesso universal a água potável no Projeto de Lei nº 1.142, de 2020, que “dispõe sobre medidas de proteção social para prevenção do contágio e da disseminação da Covid-19 e cria um plano emergencial de enfrentamento ao coronavírus nos territórios indígenas”.

Ao justificar o veto, Bolsonaro diz que permitir acesso à agua potável aos indígenas “cria despesa obrigatória ao Poder Público”, citando como fontes da decisão os Ministérios da Economia, da Saúde, da Justiça e Segurança Púbica e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Outra medida vetada pelo presidente, pela mesma justificativa de “criação de despesa ao poder público” é a “distribuição gratuita de materiais de higiene, de limpeza e de desinfecção de superfícies para aldeias ou comunidades indígenas”.

Bolsonaro ainda vetou a compra de respiradores e máquinas de oxigenação sanguínea e a oferta emergencial de leitos hospitalares e de unidade de terapia intensiva (UTI).



Na última semana (9), durante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), um grupo de organizações mencionou os vetos de Jair Bolsonaro às medidas de apoio aos povos indígenas em razão da pandemia do novo coronavírus. O Governo Federal “vetou aspectos essenciais do plano emergencial indígena para a COVID-19, como o acesso à água”, ressaltou o pronunciamento.

A menção ocorrida na ONU diz respeito aos vetos no Projeto de Lei (PL) nº 1142/2020 que dispõe sobre medidas de apoio aos povos indígenas em razão da pandemia do novo coronavírus. O PL teve dezesseis importantes artigos vetados pelo presidente Bolsonaro, sendo o projeto de lei mais vetado em toda história do país.

Em nota emitida na quarta feira (8), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sustentou que a oposição de Bolsonaro ao plano emergencial reafirma “o preconceito, o ódio e a violência do atual governo em relação aos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais”. A justificativa do presidente para os vetos baseia-se exclusivamente na falta de orçamento, o que é desmentido pela recente aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/2020 pelo Congresso Nacional



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