País também bateu outra triste marca: pelo segundo dia
consecutivo, a média móvel de mortes por COVID-19 ficou acima de dois mil.
Os dados do consórcio da imprensa, divulgados pelo portal UOL, apontam que, na última
semana, 2.096 pessoas morreram em média diariamente no país
por causa do coronavírus.
O cálculo está 47% maior do que o registrado duas semanas
atrás. É o 20º dia consecutivo que a média móvel de mortes bate recorde.
Nesta quinta-feira (18), o Ministério da Saúde disse que o
Brasil teve 2.724 mortes pela COVID-19. Para o consórcio, o país contabilizou
2.659 óbitos, elevando para 287.795 o total de vidas perdidas.
A média móvel registrada foi de 71.904 diagnósticos
positivos para coronavírus, 22% maior do que o cálculo de 14 dias atrás. Este
foi o recorde desde o início da pandemia.
Vale lembrar que ainda nesta quinta-feira (15), a Frente
Nacional de Prefeitos (FNP) enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro e ao Ministério da
Saúde pedindo "providências imediatas" do governo federal para
suprir as faltas de oxigênio e medicamentos.
O Brasil enfrenta uma crise na sedação de pacientes com a
COVID-19 que precisam ser intubados.
Em Brasília, paciente com COVID-19 chega de ambulância a um
hospital público de referência, em 17 de março de 2021
Pelo 20º dia seguido, Brasil tem média recorde de mortes por
covid-19
Nesta quinta-feira (18), o Brasil registrou a mais alta
média de mortes por covid-19 em toda a pandemia pelo 20º dia consecutivo. Nos
últimos sete dias, a média foi de 2.096 óbitos diários causados pela doença. O
levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte com
base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.
Enquanto colapso no sistema de saúde se agrava, Fiocruz
alerta que só o isolamento social pode reduzir danos no momento
Tratores abrem espaço para mais corpos em um dos principais
cemitérios de Manaus (AM), que reservou nova ala para óbitos por covid-19. -
Michel Dantas/ AFP
O Brasil registrou hoje (17) 3.149 mortos pela covid-19 nas
últimas 24 horas e segue batendo recordes diários em número de óbitos
oficialmente notificados ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde,
o Conass. Com o acréscimo, a média móvel diária de mortes pela infecção,
calculada nos últimos sete dias, passou , 2.170 pessoas por dia – três pessoas
a cada dois minutos. O contágio e as mortes pelo coronavírus em território
brasileiro seguem em aceleração. Este é o pior momento da pandemia no Brasil desde
o início do surto, em março de 2020.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) define o cenário como “o
maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil”. Em boletim
extraordinário divulgado na noite de ontem, a instituição chama a atenção
para a “situação extremamente crítica em todo o país”. Até a conclusão do
relatório, apenas dois estados brasileiros não estavam em colapso por falta de
leitos de UTI, Rio de Janeiro e Roraima. A condição é declarada quando mais de
85% das unidades estão ocupadas.
O Brasil também bate recorde hoje de novos casos no período
equivalente a um dia. O Conass aponta 99.634 novas infecções. O Brasil
segue como epicentro da pandemia no mundo desde o dia 9 de março, quando
passou a registrar mais mortes e casos do que os Estados Unidos, mesmo com
capacidade de testagem inferior. Desde o dia 21 de janeiro o Brasil contabiliza
mais de mil mortos por dia, em média.
Dados têm como base informações das secretarias estaduais /
Fiocruz
Pior crise da história
O mapeamento da Fiocruz revela os estados com as piores
condições, sendo que em todos eles pessoas morrem em suas casas sem atendimento
hospitalar. São eles o Rio Grande do Sul, com 100% das UTIs ocupadas, Santa
Catarina, 99%, Goiás, 97%, Distrito Federal, 97%, Paraná, 96%, Pernambuco, 96%,
Rio Grande do Norte, 96%, Tocantins, 96%, Mato Grosso, 94%, Acre, 94%, Ceará,
94%, e Mato Grosso do Sul, 93%.
A Fiocruz é categórica em orientar por medidas rígidas de
isolamento social. O Brasil enfrenta um cenário de colapso ao mesmo tempo em
que vê grande resistência por parte da população em seguir os protocolos da
ciência para mitigar os efeitos da crise. O principal adversário da ciência e
da saúde pública no Brasil é o próprio presidente Jair Bolsonaro. Desde o
início da pandemia ele desdenhou do vírus, estimulou e promoveu aglomerações e até
mesmo atacou o uso de máscaras e as vacinas.
“A fim de evitar que o número de casos e mortes se alastrem
ainda mais pelo país, assim como diminuir as taxas de ocupação de leitos, os
pesquisadores defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como
o maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. Eles
enfatizam também a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento
físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da
vacinação”, afirma a Fiocruz.
Vacinas
No quesito vacinação, o Brasil avança com lentidão. O
governo Bolsonaro, após pressão da sociedade e do ressurgimento da figura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontando para a necessidade de
respeitar a ciência, mudou ligeiramente de postura. O governo, repentinamente,
passou a defender a vacinação. Contratos foram assinados às pressas, enquanto o
bolsonarismo tenta se desvincular do histórico de ataques e divulgação de de
informações não-comprovadas ou mesmo falsas sobre vacinas.
Filho toca violino no enterro de mãe que morreu de covid aos 46 anos: "Ela pediu"
Rafael Borges, de 20 anos tocou o hino favorito da mãe no enterro dela em Moiporá (GO). Ela morreu de parada cardiorespiratória após complicações da covid-19 pic.twitter.com/vc3KS9Okpz