Subiu para 57% a proporção dos que são a favor do
impeachment do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com pesquisa PoderData realizada
nesta semana (24-26.mai.2021). A taxa aumentou 11 pontos percentuais em relação
a 3
meses antes.
Pesquisa PoderData mostra que 57% dos entrevistados são a
favor do impeachment de Bolsonaro
A proporção dos que acham que Bolsonaro deve continuar no cargo caiu 10 pontos percentuais no mesmo período. Passou de 47% para 37%.
O número acompanhou de perto a mudança na avaliação do governo. No início de fevereiro, a reprovação da gestão de Bolsonaro estava em 48%. Hoje, 59% dos brasileiros dizem desaprová-la.
Esse é o 1º levantamento sobre a avaliação do impeachment de Bolsonaro feito depois da instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, que apura ações e omissões dos governos federais e estaduais no combate à pandemia de covid-19.
Até esta 5ª feira (27.mai), foram protocolados 120 pedidos
de impeachment de contra Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Os 2 últimos foram
feitos por Alexandre
Frota (PSDB-SP) e pelo líder indígena Ailton Krenak, no dia 24.
Eis a íntegra (148 KB).
Esta pesquisa foi realizada no período de 24 a 26 de maio de
2021 pelo PoderData, a divisão de estudos estatísticos do Poder360. A
divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.
Foram 2.500 entrevistas em 462 municípios nas 27 unidades da
Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham
proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade,
renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz
dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até
que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto
da população.
HIGHLIGHTS DEMOGRÁFICOS
O PoderData traz os recortes da pesquisa
por sexo, idade, região, escolaridade e renda. Eis os principais estratos.
Quem mais apoia o impeachment:
mulheres
(61%);
pessoas
de 16 a 24 anos (62%);
moradores
da região Nordeste (64%);
quem
recebe de 5 a 10 salários mínimos (68%).
Quem mais defende a continuidade de Bolsonaro no cargo:
homens
(43%);
pessoas
de 45 a 59 anos (45%);
moradores
da região Norte (59%);
quem
recebe de 2 a 5 salários mínimos (44%).
ACOMPANHA REPROVAÇÃO
Entre os que avaliam o trabalho de Bolsonaro como“ruim” ou “péssimo”,
91% querem a sua saída do cargo. Acompanha reprovação ao governo, que voltou a subir e
igualou o recorde de
59%, uma alta de 5 pontos percentuais em relação a duas
semanas antes.
O conteúdo do PoderData pode ser lido nas
redes sociais, onde são compartilhados os infográficos e as notícias. Siga os
perfis da divisão de pesquisas do Poder360 no Twitter, no Facebook, no Instagram e no LinkedIn.
PESQUISA MAIS FREQUENTE
O PoderData é a única empresa de pesquisas
no Brasil que vai a campo a cada 15 dias desde abril de 2020. Tem coletado um
minucioso acervo de dados sobre como o brasileiro está reagindo à pandemia de
coronavírus.
Num ambiente em que a política vive em tempo real por causa
da força da internet e das redes sociais, a conjuntura muda com muita
velocidade. No passado, na era analógica, já era recomendado fazer pesquisas
com frequência para analisar a aprovação ou desaprovação de algum governo.
Agora, no século 21, passou
a ser vital a repetição regular de estudos de opinião.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que está
analisando os mais de 100 pedidos de impeachment protocolados contra o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - 26 de mai. de 2021
Bolsonaro é o presidente contra quem existem mais pedidos de impeachment na história do Brasil. Você pode conferir todos nesta ferramenta da Agência Pública. Acredita que algum deles deve ser aberto? Deixamos um botão para enviar um e-mail ao Congresso. 👇 https://t.co/8CC93jYSTE
Convocação para carreata pelo impeachment de Bolsonaro no
sábado, dia 23 (Foto Reprodução Twitter)
Manifestações ocorrerão no sábado (23) em várias cidades;
veja alguns horários e locais de concentração
O próximo sábado (23) vai marcar o início dos atos populares
pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A convocação
de carreatas em várias cidades do país pelo Fora, Bolsonaro disparou nesta
quarta-feira (20) nas redes sociais, com a #Dia23ImpeachmentJa.
Com a hashtag, foram publicadas as convocações para o
movimento em várias cidades. Veja horários e locais de concentrações em algumas
delas abaixo:
São Paulo – 14h – Assembleia Legislativa de São Paulo
Rio de Janeiro -10h – Monumento Zumbi dos Palmares, na
avenida Presidente Vargas
Belo Horizonte – 16h – Mineirão
Porto Alegre -16h – Largo Zumbi dos Palmares
Brasília – 9h – Funarte
João Pessoa – 14h – Praça da Independência
Rio Branco – 15h – Uninorte
Curitiba – 16 h- Praça Nossa Senhora de Salete.
Belém – 9h – Avenida Doca de Souza Franco
Goiânia – 16h – Praça Universitária
Palmas – 17h – Eixão Norte
O ex-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo Guilherme
Boulos chamou para a manifestação, dizendo que ele vai com seu carro, o
Celtinha que ficou famoso na campanha.
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) destacou que “a
sociedade começa a se organizar de forma segura para protestar contra os
desmandos de Bolsonaro”.
MOVIMENTO DO IMPEACHMENT CRESCE. CARREATA DIA 23. MÉDICOS
ENTRAM NO PROTESTO!
Dia 23 há carreata contra Bolsonaro. Os médicos publicam manifesto contra Bolsonaro. Ele tenta negar que propagou medicina falsa com cloroquina. Bolsonaro teme a justiça. Vídeo explica que médicos aliados a Bolsonaro que defenderam cloroquina poderão ser acionados na Justiça e passar por situações legais difíceis.
Art. 85 da Constituição e Art. 9º da Lei de
Impeachment
Rui Falcão, atualmente deputado federal (PT), foi presidente
nacional do PT entre 2011 e 2017. Por ter sido perseguido pelo Regime Militar,
preso e torturado, entendeu como “dever moral” apresentar a denúncia contra
Jair Bolsonaro. O presidente, em 28 de dezembro de 2020, ironizou
a tortura sofrida por Dilma Rousseff.
“Ao fazer apologia da tortura, da ditadura, o
Presidente da República manifesta um total desrespeito pela função que ele
exerce, o que ele jamais poderia no cargo em que está”, afirmou em entrevista
à Agência Pública.
O deputado espera que o próximo líder da Câmara, a ser
eleito em fevereiro, paute os pedidos de impeachment: “Já que o Rodrigo disse
que não vai pautar, o próximo pode pautar”.
O PT apresentou, junto com outros partidos, um pedido no ano
passado. Por que apresentar outro pedido agora?
Primeiro, porque está apoiado em outros fatos. No ano
passado era mais sobre as manifestações antidemocráticas e o Supremo [Tribunal
Federal]. Agora é a questão de apologia à tortura e da ditadura. A OAB
provavelmente vai fazer outro agora também, voltado à negligência no trato da
pandemia. Eu também já fiz uma denúncia na Comissão Nacional dos Direitos
Humanos no ano passado, por conta desse comportamento do Bolsonaro também de
apologia à tortura, e o comportamento dele misógino e racista.
Por que o crime de apologia à tortura justifica um
impeachment?
Porque é um crime de responsabilidade. Ao fazer apologia da
tortura, da ditadura, o Presidente da República manifesta um total desrespeito
pela função que ele exerce, o que ele jamais poderia [fazer] no cargo em que
está. A tortura e a apologia da tortura são crimes para qualquer cidadão, está
configurado na Constituição, mas isso por si só não daria para configurar crime
de responsabilidade. Mas o tratamento desrespeitoso, sim, está previsto como
crime de responsabilidade. A perda da própria função presidencial, a perda de
decoro, justificam um pedido de impeachment.
Em um momento de pandemia, com mais de 200 mil mortes, o
debate em torno das vacinas e as consequências desse contexto, por que vocês
consideram que a fala do Bolsonaro ironizando a tortura sofrida por Dilma é o
crime de responsabilidade que deveria levar ao impeachment?
É um problema de divisão de trabalho, porque a OAB já está
preparando esse das vacinas, da negligência no trato da pandemia. Mas nesse
caso especial tem uma simbologia também, por isso que é um projeto dos
deputados. Eu fui preso político e torturado, a Eleonora Menicucci também foi
presa e torturada, ficou na mesma cela que a Dilma. O Rogério Correia também.
Então a gente tinha quase que um dever moral de propor esse pedido de
impeachment para alguém que fica defendendo a tortura.
Ele jogou isso na Dilma dizendo que queria ver uma
radiografia do maxilar dela para ver se realmente ela tinha sido torturada. É
um negócio desumano, e no caso ainda misógino, porque a Dilma foi uma das que
mais sofreu atentado de misoginia inclusive. Mas eu concordo que ambos [a
apologia à tortura e o trato da pandemia] são importantes, e no caso até de
repercussão teria mais apelo popular esse da vacina do que o da tortura.
Se o Bolsonaro sai, quem assume é o Mourão, que é um
militar. Considerando também isso, por que o impeachment é a melhor saída?
Nós também estamos trabalhando com os quatro processos que
estão tramitando. Tem dois no TSE e dois no STF, eles abordam a eleição da
chapa Bolsonaro e Mourão. Um desses processos poderia levar ao afastamento dos
dois, que seria o ideal. Mas o impeachment você só pode propor do Bolsonaro,
não tem como propor impeachment do Mourão, então vamos por partes. Se você
conseguir tirar o Bolsonaro, pode criar a situação também de que se tire o
outro. Tem gente que acredita que se colocar o Mourão as coisas são mais no
eixo, mais moderadas, mas o problema é que a política é a mesma. Nós não
estamos tirando o Bolsonaro porque achamos que o Mourão é melhor, é porque o
impeachment possível é de Bolsonaro, e ao mesmo tempo a gente está o tempo todo
dizendo que é importante que o STF e o TSE prossigam com as investigações sobre
fake news que ajudaram na campanha e o uso de caixa 2 na campanha, que é
irregular.
A que você atribui a demora de Rodrigo Maia em analisar
os pedidos e pautar o impeachment?
Porque ele não está cumprindo o papel funcional e
administrativo dele, que é pautar pelo menos um dos pedidos que esteja
legalmente fundamentado. Não significa que ele tem que apoiar o pedido, ou que
os deputados vão dar curso ao pedido, mas ele tem o dever de apresentar, de
pautar.
Se tem algum dos processos que está fundamentado, se tem um
crime de responsabilidade claramente configurado na peça, ele tem que pautar. E
aí os deputados podem dizer ‘não é cabível, não tem clima político, vai gerar
instabilidade, não tem apoio da população’, aí são avaliações políticas. Mas o
curso legal funcional é dele, se está bem fundamentado deve propor, como
fizeram no caso do Collor com o pedido de impeachment da OAB.
E que comportamento vocês esperam de um novo presidente
da Câmara quanto a isso? Existe uma intenção de que os pedidos sejam pautados?
Embora isso não esteja escrito com todas as letras no
compromisso de apoio ao Baleia Rossi, nós estamos entendendo, até pela evolução
da situação, de como está o país hoje, empregos saindo do país, o desemprego
aumentando, a fome voltando, até hoje não tem vacina, a Ford saindo, outras
empresas ameaçando sair, a economia mal das pernas, seria natural que o próximo
presidente pelo menos, já que o Rodrigo já disse que não vai pautar, o próximo
pode pautar. Nós achamos que o fato do Rodrigo Maia, apesar de não ter pautado,
não ter arquivado os pedidos, e disse que não vai arquivar, é um sinal de que a
gente pode continuar na tentativa.
Existe uma expectativa de que o Baleia Rossi, que você
citou, coloque isso em pauta?
Eu acho que sim, e nós vamos diligenciar nessa direção.
Vamos pressionar, vamos cobrar. Não só nós, os pedidos de impeachment envolvem
outros partidos também, entidades, então esse movimento pode aparecer no
governo esse ano. Não é por outra razão que o Bolsonaro está arregimentando uma
série de deputados, prometendo mudanças de ministérios, prometendo cargos,
temendo sofrer um processo de impeachment.
Resumo do pedido
O pedido de impeachment protocolado pelo Partido dos
Trabalhadores (PT) denuncia o atual presidente Jair Bolsonaro por “crime de apologia
à tortura”, por “debochar e ironizar” em 28
de dezembro de 2020 da tortura sofrida pela ex-presidente Dilma
Rouseff durante a Ditadura Civil-Militar.
“[Bolsonaro] tem sido pródigo em demonstrar que a democracia
é um valor menor”, consideram os proponentes, que argumentam que a apologia à
tortura se configuraria como “violação dos princípios da administração”, como a
horna e decoro do cargo, punível com impeachment pela Lei 1.079/1950. Para
eles, Bolsonaro expressa “desrespeito às vítimas da Ditadura
Civil-Militar”.
De acordo com o pedido, a fala de Bolsonaro é “criminosa” e
“não pode se confundir com o exercício da liberdade de expressão”. “Não se
trata de liberdade quando se põe em risco as garantias constitucionais”,
conclui a peça.
O pedido também cita as manifestações de março e maio de
2020, como exemplos de momentos em que o presidente “irresponsavelmente atentou
contra o livre exercício do Poder Legislativo e do Poder Judiciário”.
Além disso, os autores consideram que o atual presidente
teria atacado o “processo eleitoral brasileiro de 2018” e feito “ameaças em relação
às futuras eleições de 2022” ao
se posicionar depois da invasão do Capitólio por eleitores trumpistas.
Tal situação desestabilizaria as instituições e colocaria “em xeque a
credibilidade, a presunção de legalidade e de moralidade” da justiça eleitoral
brasileira.