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sexta-feira, 15 de março de 2024

CASO MARIELLE: PISTAS FALSAS, 'FOGO AMIGO' E TROCAS DE DELEGADOS – OS ERROS NA INVESTIGAÇÃO ATÉ CHEGAR AO NOME DE BRAZÃO


Até a Polícia Federal chegar no nome de Domingos Brazão, houve uma série de erros e pistas falsas que atrasaram em quase seis anos a resposta para esta pergunta: Quem mandou matar Marielle?


Marielle Franco, veradora do Psol, durante comício no Rio de Janeiro. Foto: Mídia NINJA

O caso Marielle Parte 32


Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?

ATÉ A POLÍCIA FEDERAL obter a delação de Ronnie Lessa, entregando que Domingos Brazão foi o mandante da morte de Marielle Franco e de Anderson Gomes, o caminho da investigação foi longo, com inúmeras reviravoltas, interferências externas e pistas falsas espalhadas pelo caminho. Isso dificultou a resolução do duplo homicídio, próximo de completar seis anos no mês de março.

Raquel Dodge, ex-Procuradora Geral da República, sempre insistiu na federalização do caso Marielle Franco. Um dia após o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, quando ela ainda presidia o Conselho Nacional do Ministério Público, emitiu uma nota determinando a instauração de “procedimento instrutório de eventual incidente de deslocamento de competência”. E solicitou a entrada da Polícia Federal nas investigações. 

O Ministério Público do Rio e a Polícia Civil do Rio de Janeiro se posicionaram contrários ao pedido de Dodge. E o caso seguiu com investigação no âmbito estadual.

Desde quando o atentado foi cometido, houve uma rápida e intensa cobertura internacional do caso, com notícias publicadas nos principais veículos de comunicação do mundo e debate na ONU.


Caso Marielle: primeiras pistas falsas e acusações sobre delegado


Em maio de 2018, as investigações caminharam com o depoimento do ex-PM Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, dado à Delegacia de Homicídios. Segundo ele, Marcello Siciliano, então vereador pelo PHS, teria mandado o miliciano Orlando Curicica assassinar a vereadora.

O motivo seria a disputa por territórios: Marielle teria apoiado moradores com ações comunitárias em bairros da zona oeste do Rio, o que teria incomodado milicianos e ameaçado o reduto eleitoral de Siciliano.


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Orlando Curicica negou as acusações à Polícia Civil do Rio. Em junho, foi transferido para o presídio federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e pediu para prestar outro depoimento. Dessa vez para o Ministério Público Federal. 

Ele afirmou ter sido pressionado por Giniton Lages, primeiro delegado do caso, para assumir a autoria do crime.  Curicica acusou a polícia fluminense de receber propina do jogo do bicho para barrar investigações de homicídio. Giniton negou as acusações.


Domingos Brazão foi delatado por Ronnie Lessa como responsável por mandar matar Marielle Franco. Foto: Tércio Teixeira/Domingos Brazão

A investigação da investigação do Caso Marielle


As declarações de Curicica motivaram Dodge a pedir a abertura de inquérito da Polícia Federal para investigar a Polícia Civil do Rio – o que ficou conhecido como “a investigação da investigação”

Com a PF na cola, Ferreirinha e sua advogada voltaram atrás nos depoimentos. Ele confessou ter inventado a história para tentar se livrar de Curicica, por quem era ameaçado. Em maio de 2019, o ex-PM foi preso no Rio de Janeiro. 

Meses antes, em fevereiro de 2019, a Polícia Federal cumpriu ordem de busca e apreensão na casa de dois comparsas: Hélio Khristian, delegado da instituição, e Domingos Brazão, então conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, o TCE. 

Khristian foi quem levou Ferreirinha até a Delegacia de Homicídios para prestar depoimento. Ambos estariam juntos na empreitada para obstruir o caso e incriminar Siciliano, adversário político de Brazão. O conselheiro do TCE, então, virou um dos principais suspeitos de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora.


Prisão de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz em 2019


Em meio às suspeitas sobre o trabalho da Polícia Civil, um ano após o duplo homicídio, os ex-PM Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos. O MPRJ acusou os dois de serem os executores dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes – Élcio era o motorista e Lessa o atirador. 

Ex-policial do Bope, Lessa seria ligado ao grupo de matadores conhecido como “Escritório do Crime“, que presta serviço à cúpula do Jogo do Bicho. Quem também fazia parte desse grupo era Adriano da Nóbrega, assassinado em fevereiro de 2020 na Bahia. 

O delegado Giniton Lages saiu do cargo logo após as prisões, substituído pelo delegado Daniel Rosa. Seria a primeira das cinco mudanças na chefia da DH ao longo das investigações.

Em outubro de 2019, em seu último ato como PGR, Dodge acusou Brazão de ter arquitetado Ferreirinha como testemunha falsa do caso e de obstrução de justiça. Ela usou como base o relatório da PF sobre o andamento das investigações do caso Marielle. Mais uma vez, houve o pedido de federalização do caso.  A federalização, no entanto, foi negada pelo STJ.

A família de Marielle Franco também temia a federalização nesse momento. Era o primeiro ano do governo Bolsonaro e havia o temor que, com o Ministério da Justiça dirigido por Sergio Moro, houvesse interferências políticas na Polícia Federal que atrapalhasse o curso das investigações.

Khristian e Lorenzo Pompilio, também delegado da PF, virariam réus por extorsão e obstrução de justiça. As acusações são do MPF. Em março de 2023, o Superior Tribunal de Justiça rejeitou a denúncia contra Brazão por obstrução de justiça. 


Polícia Federal volta ao caso no governo Lula


Em fevereiro de 2023, a Polícia Federal abriu um novo inquérito para investigar os mandantes dos atentados que vitimou Marielle e Anderson, a pedido do Ministério da Justiça. Lula havia acabado de tomar posse. Um dos principais compromissos públicos assumidos pelo seu então ministro da Justiça, Flávio Dino, foi o de resolver o caso.

A partir de então, a investigação voltou a ter novidades. Élcio de Queiroz, acusado de ser o motorista,  firmou acordo de delação premiada em julho deste ano. Ele confessou a participação dele e de Lessa no crime. E ainda acusou a Polícia Civil do Rio de tentar extorqui-los para impedir a investigação.

Em outubro, o caso que apura os possíveis mandantes subiu ao STJ. E novamente o nome de Brazão voltou a circular. Por ter recuperado o cargo de conselheiro do TCE, em março de 2023, ele possui foro privilegiado e, portanto, só pode ser julgado em instâncias superiores. 

A suspeita se concretizou com o acordo de delação firmado por Lessa. O Intercept noticiou, em primeira mão, que ele delatou Brazão como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco.

A delação de Lessa falta ser homologada no STJ. Ainda há dúvidas sobre qual seria a real motivação de Domingos Brazão. Uma das hipóteses é que ele teria agido por vingança contra Marcelo Freixo, seu ex-colega na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que o denunciou na CPI das Milícias, em 2008, e também na Operação Cadeia Velha, que prendeu figuras do MDB, ex-partido de Brazão.

Outra hipótese é uma disputa de terra na zona oeste do Rio de Janeiro, área de domínio de Domingos Brazão. Havia uma disputa de terra nessa área para regularização de um condomínio e a vereadora trabalhava para que a região fosse classificada como de interesse social.


Por: Flávio VM Costa e André Uzêda

24 de jan de 2024.

Fonte: Intercept Brasil


RT en Español


Um grupo de manifestantes na cidade brasileira do Rio de Janeiro exigiu justiça no sexto aniversário do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Amigos, familiares e activistas denunciaram que o Governo demorou muito a resolver o crime. Organizações não governamentais apontam que, apesar de haver suspeitos, não se sabe quem foi o autor intelectual do homicídio e denunciam que há impunidade envolvida.

segunda-feira, 15 de março de 2021

#14M: Ações por Justiça a Marielle se espalharam pelo Brasil e no mundo

 

De faixas a plantio de árvores, manifestações lembraram o legado da vereadora e clamaram por respostas ao assassinato


Ação das parlamentares do PSOL-SP, em memória a Marielle - Annelize Tozetto

O 14 de março se tornou dia de luto e luta das mulheres no Brasil e no Mundo. Neste domingo, a execução de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes completou três anos sem a identificação do mandante do crime

Parlamentares, movimentos sociais, amigos e familiares da vereadora do PSOL realizam hoje,  ações nas ruas e nas redes sociais para pedir por Justiça pelo assassinato brutal que marcou a história do país

Para muitos, o assassinato foi um ataque à democracia, e uma tentativa de silenciar uma voz que clamava pelos direitos da população negra e periférica, das mulheres, e das pessoas LGBTQIA+.

"Não podemos ficar caladas e precisávamos agir de alguma forma para seguir denunciando esse crime e contando justiça, mesmo nesse contexto de pandemia, de altos índices de contaminação, em que não podemos estar nas ruas coletivamente. por isso as mulheres do PSOL se uniram em todo país para somar-se as ações nesse dia 14 de pressão para que o caso tenha celeridade", aponta a jornalista Simone Nascimento, que esteve a frente das ações de hoje do PSOL, em São Paulo (SP).

Já para a professora Rose Cipriano, vinculada ao partido de Marielle no estado do Rio de Janeiro, as ações de hoje são fundamentais diante do silêncio que perdura após 3 anos sem resolução das investigações.

"O 14 de março significa manter viva a memória e a luta por justiça que marcaram a vida e a trajetória de Marielle Franco. Neste duro momento de pandemia, as imagens de Marielle falaram por nós" afirma.

Até o momento, somente o sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz foram detidos. Eles estão presos desde março de 2019 e irão a júri popular.

Confira como foram as ações do #14M no Brasil e no mundo:

Em São Paulo (SP), na região da Avenida Paulista, mulheres parlamentares do PSOL fizeram ato simbólico, pedindo justiça para Marielle e Anderson.

Ação das parlamentares do PSOL-SP, em memória a Marielle - Annelize Tozetto

Na ponte de Westminster, em Londres, capital da Inglaterra, o ato ‘Justice for Marielle’ foi uma ação conjunta dos coletivos Amazon Rebellion, Brazil Matters, Democracy for BRASIL e UK Tambores Livres.

Ato ‘Justice for Marielle’ , em Londres / Francisco Santos

O comitê Lula Livre de Genebra, na Suíça, escolheu se manifestar em frente à ONU, em homenagem à Marielle.  

Ato por Marielle em Genebra, Suíça / Comitê Lulalivre Genebra

No Alto Sertão de Alagoas, a Brigada José Elenilson, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também cobrou justiça pelo assassinato.

Mulheres do MST em luta por Marielle / MST em Alagoas

Mulheres do assentamento Fidel Castro, em Joaquim Gomes (AL), também denunciaram o crime e celebraram o legado da parlamentar.

Mulheres do MST unidas por Marielle/ MST

Em Governador Valadares (MG), alimentos saudáveis e roupas foram doados no Residencial Sertão do Rio Doce. Na ocasião, foi debatido a história e o legado de Marielle.

Mulheres sem terra, em Alagoas / MST

Nos estados do Ceará e na Paraíba, as mulheres sem-terra plantaram árvores em homenagem a Marielle e cobrando respostas ao caso que segue impune.

Plantio de árvores / MST

No assentamento Dandara dos Palmares, em Campos dos Goytacazes (RJ),  ipê, abacate, laranja, limão, romã e café foram plantados no Bosque Marielle Franco, construído neste domingo (14).

Acampamento Noelton Angélico, em Brazlândia (DF) / MST

No Aterro do Cocotá, na Ilha do Governador (RJ), foi inaugurado o Bosque Marielle Franco, para celebrar a morte da vereadora e a “esperança de que suas sementes continuem florescendo”.

Ação hoje no Aterro do Cocotá / Comunicação MST no RJ

A Campanha de Solidariedade da Escola Nacional Paulo Freire, que reúne organizações como Levante Popular da Juventude, MTD, MST, Rede de Cursinhos Podemos+ e Consulta Popular, realizou o Marmitaço "Por Marielle, pela vida, Mulheres contra a fome, Fora Bolsonaro" neste domingo. Foram 300 marmitas distribuídas nos bairros Boqueirão e Jardim São Savério, na periferia de São Paulo.

Ação da Escola Nacional Paulo Freire, hoje (14), na zona sul de São Paulo (SP) / Comunicação - Campanha de Solidariedade Periferia Viva

A noite deste domingo (14), em diversas capitais brasileiras, também foi de projeções para lembrar Marielle e os três anos de impunidade.

Projeção por Marielle, em São Paulo (SP) / Annelize Tozetto

Fonte: Brasil de Fato


Rede TVT

Sobrevivente do atentado contra Marielle desabafa: Ainda estamos sem respostas

Em entrevista ao Brasil TVT, a jornalista e ex-assessora de Marielle Franco, Fernanda Chaves fala dos três anos do assassinato da ex-vereadora e do ex-motoris Anderson Gomes sem resposta.

Assista ao VÍDEO


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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Anonymous divulga dados de presos pela morte da Marielle Franco



Durante a apresentação dos dados, grupo intitulado Anonymous Brasil ligou o assassinato da vereadora à família Bolsonaro 



Um perfil no Twitter chamado Anonymous Brasil divulgou nesta quinta-feira (04/06) supostos dados de investigados na morte da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ).

Foram publicadas informações pessoais atribuídas aos ex-policiais militares Élcio Queiroz e Ronnie Lessa. Ambos estão presos pelo assassinato da vereadora carioca.

Constam os seguintes dados: CPF, data de nascimento, número de cartão de crédito, filiação, telefones e endereço. O Metrópoles confirmou os números do CPF junto à Receita Federal.

Também tiveram dados vazados Elaine Pereira Figueiredo, Alexandre Motta de Souza, Rodrigo Jorge Ferreira, Camila Moreira, Bruno Pereira Figueiredo, José Márcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas.

Durante a apresentação, o perfil apontou, sem revelar provas, a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como suposta mandante do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro (RJ).

"O estranho disso tudo é os assassinos estarem ligados intensamente ao partido do presidente Jair Messias Bolsonaro e ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro", escreveu o perfil.

"O sistema é falho e corrupto. Flávio Bolsonaro faz escândalo, financiando prédio para a milícia e nada acontece. Por que? Sistema corrupto", prosseguiu, ao dizer que o país está "cansado".



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