Ele nomeia para o posto Israel Katz, que é do mesmo partido de direita e já acumula o papel de ministro da Inteligência
JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, renunciou neste domingo, dia 17, ao cargo de ministro das Relações Exteriores, papel que ele cumpria desde 2015. Para substituí-lo, ele indicou Israel Katz, que já atua como ministro da Inteligência do país.
A decisão de Netanyahu de nomear Katz veio depois que um grupo de ativistas, intitulado Movimento Por Um Governo de Qualidade, foi aos tribunais para pressionar o premier a deixar de servir também como ministro das Relações Exteriores.
Depois que uma menina palestina de 13 anos levou um tiro e foi deixada morrer por supostamente portar uma faca - o que não se verificou - a repressão do Estado de Israel derrubou a chute um homem numa cadeira de rodas.
Katz é membro do partido de direita Likud, de Netanyahu. Autoridades do governo disseram que Katz — que continuará como ministro da Inteligência e também passará a servir como ministro dos Transportes —, será o ocupante da pasta de assuntos estrangeiros quando se realizarem as próximas eleições parlamentares, em 9 de abril.
Ao mesmo tempo premier, ministro da Defesa e da Saúde
Além de ser o primeiro-ministro do país, Netanyahu ainda chefia o Ministério de Defesa. Ele assumiu a pasta depois que seu ex-parceiro de extrema-direita Avigdor Lieberman deixou o cargo em novembro. Netanyahu também é ministro da Saúde.
O grupo de ativistas que pressionou por um novo ministro das Relações Exteriores argumentou que a carga de trabalho de Netanyahu era insustentável e que isso teria prejudicado ainda mais um ministério que é envolvido em disputas orçamentárias.
Os defensores de Netanyahu destacam, por sua vez, a relação pessoal que ele tem com os líderes dos EUA e da Rússia e as visitas regulares que ele faz ao exterior.
"Juntamente com o primeiro-ministro, continuaremos a liderar a política externa do Estado de Israel para novas conquistas", disse Katz, de 63 anos, no Twitter.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, passou alguns dias dessa semana em Washington e Nova York para acertar os detalhes da viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos que deve acontecer em meados de março, ainda sem data definida.
A agenda de Bolsonaro deve reunir temas econômicos e comerciais, segundo o chanceler. Araújo quer também que parlamentares norte-americanos visitem o Brasil para conhecer a realidade nacional e discutir temas de interesse mútuo.
A Sputnik Brasil conversou com dois especialistas, um cientista político e uma internacionalista, para tentar entender quais serão os principais pontos que serão discutidos em um eventual encontro entre Bolsonaro e Donald Trump.
Augusto Cattoni, cientista político e pesquisador do Instituto Atlântico, acredita que o assunto principal do encontro será a crise pela qual passa a Venezuela.
"Certamente a Venezuela terá uma certa prioridade devido a velocidade que um desfecho da crise Venezuela se aproxima de nós, que todo mundo já sabe qual será esse desfecho, mas não sabe como vai ocorrer e certamente uma coordenação do brasil com os estados unidos seria muito bem-vinda nesse momento", disse.
Durante a passagem por Washington, Araújo conversou com o ministro do Exterior da Turquia, Mevlüt Çavuşoğlu, sobre a definição da possível transferência da Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém.
Cattoni acredita que esse será um tema discutido em um encontro, mas não é uma prioridade para o governo Bolsonaro neste momento.
"A possível mudança da embaixada terá uma movimentação mais devagar, mais cautelosa, do que indicada pelo próprio presidente no passado recente, o vice-presidente Mourão acendeu uma luz amarela quanto a isso também", comentou.
Já para Raquel Rocha, doutora em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP), a questão da mudança da embaixada não será tão relevante no encontro. Para ela, o que deverá ter maior peso é uma possível cooperação bélica e técnica entre os dois países.
"Para Trump a questão da mudança da embaixada não é tão relevante assim. Acredito que deva ser colocado em pauta a cooperação técnica, compra e venda de armamento bélico, que é uma pauta que sempre volta a ser de interesse, mas principalmente a intenção é expandir a cooperação entre os dois estados, seja na pauta comercial ou seja em cima de cooperação técnica com transferência de conhecimento", afirmou.
Rocha disse que uma aproximação forte com os Estados Unidos neste momento pode estremecer as relações entre Brasil e China.
"A gente já tem questões que estão ficando um pouco delicadas em termos de funcionamento do estado brasileiro, onde a gente não pode ignorar a participação do estado chinês dentro da nossa economia, e esse alinhamento com os EUA faça com que essa relação fique cada vez mais tensa", disse.
Em Nova York, Araújo teve reuniões com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, empresários e formadores de opinião, além de especialistas em geopolítica mundial.
Jorge Arreaza, ministro das Relações Exteriores da Venezuela, classificou a diplomacia brasileira de medíocre, pois, segundo ele, está subordinada aos interesses do presidente dos EUA, Donald Trump.
"A diplomacia brasileira sempre foi um modelo para o mundo. Mas em que mãos caiu o Itamaraty Brasil: intolerância ideológica, neomcartismo, ajoelhada diante de Donald Trump, fobia à integração latino-americana, pró-imperialista e notavelmente amadora, muito medíocre", escreveu o chanceler em sua conta do Twitter.
La Diplomacia brasileña siempre fue modélica para el mundo. Pero vaya en qué manos ha caído @ItamaratyGovBr: intolerancia ideológica, neoMcarthysmo, arrodillada ante @realDonaldTrump, fobia hacia la integración latinoamericana, proimperialista y notablemente amateur, muy mediocre https://t.co/S9ll76Yllw
A declaração do ministro venezuelano veio logo após o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, ter escrito que a "esquerda mundial continua agarrada ao plano de manter Maduro no poder para espalhar as trevas da opressão na América Latina".
O chanceler brasileiro juntamente com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, realizaram no dia 7 de fevereiro uma reunião bilateral na qual discutiram mecanismos regionais para restaurar a democracia e resolver a crise na Venezuela.
Além disso, Araújo também afirmou que a reunião do Grupo de Contato Internacional para Venezuela, realizada em Montevidéu, não é uma iniciativa válida ou útil, além de destacar que a maneira de expulsar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deve ser diplomática, rejeitando uma eventual intervenção militar.
O Brasil é um dos países que não reconhece Maduro e apoia o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, que se autoproclamou no dia 23 de janeiro durante uma manifestação da oposição nas ruas de Caracas. A Rússia, China, México e Turquia estão entre as diversas nações que manifestam seu apoio a Maduro como chefe de Estado legitimamente eleito do país.
O atual presidente venezuelano acusou Washington de estar orquestrando um golpe no país latino-americano, tendo chamado Guaidó de "marionete dos EUA".
En el escenario que nos toque batallar, asumiremos nuestra lucha con la unión Cívico-Militar, por nuestro derecho irrenunciable a la paz y a la independencia de la Patria. ¡Juntos Venceremos! pic.twitter.com/H9Tq0wxJ7h