A gestão da crise sanitária no Brasil está no foco da imprensa francesa desta sexta-feira (9). Os jornais destacam o aumento vertiginoso de mortes pela Covid-19 e a inércia do governo brasileiro diante da epidemia.
"O Brasil se transforma em laboratório de variantes a
céu aberto e preocupa o mundo" é manchete no jornal Ouest France.
O diário destaca que a ausência de medidas coordenadas contra a propagação do
coronavírus faz com que o país seja não somente palco de uma tragédia local,
mas também de "uma nova ameaça para a situação sanitária mundial".
Citado pelo Ouest France, o neurocientista
brasileiro Miguel Nicolelis classifica o Brasil como "uma
bomba-relógio". Segundo ele, com cerca de 100 mil novos casos de Covid-19
por dia, a inação do governo está resultando em mutações importantes do vírus.
Até o momento, 92 cepas foram identificadas e estão em
circulação no Brasil. O diário afirma que isso "transforma o país em
um gigantesco reservatório de variantes da Covid-19, podendo reinfectar em
permanência todo o planeta".
O jornal Les Echos classifica a gestão da
epidemia pelo presidente Jair Bolsonaro como "um desastre absoluto",
denunciado por todas as organizações médicas e científicas do mundo inteiro. O
diário lembra a posição do líder da extrema direita brasileira desde o início
da crise sanitária, classificando o coronavírus como uma
"gripezinha", ostentando seu posicionamento contra o uso de máscaras
e contra as vacinas, minimizando uma tragédia que resulta hoje em mais de 345
mil mortos, em pouco mais de um ano.
"Se a política de Bolsonaro é um pesadelo, a
persistência da doença no Brasil preocupa o mundo", afirma o diário,
lembrando que "a luta contra a Covid-19 deve ser feita de forma conjunta,
por todos os continentes".
O jornal conservador Le Figaro traz como
manchete: "Bolsonaro em breve sob investigação devido à sua gestão da
pandemia". A matéria afirma que o Senado brasileiro deve começar a avaliar "eventuais omissões" do presidente
durante a crise sanitária.
Le Figaro destaca que, desde janeiro, a situação
se agrava no Brasil, quando milhares de pessoas morreram no Estado do Amazonas
devido à falta de oxigênio nos hospitais. Desde então, a falta de ação do
governo vem resultando em recordes diários de mortes. Na quinta-feira (8),
foram registrados 4.249 óbitos em um período de 24 horas.
O jornal Libération destaca a média diária
de 2.800 óbitos por Covid-19 no Brasil, "um número que cresce todos os
dias de forma desesperadora", diz. A crise está longe do fim: "em seu
relatório semanal, a Fiocruz explica que a tendência é que essa situação
perdure nas próximas semanas", conclui Libé.
Fonte: RFI Brasil
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— Band Jornalismo (@BandJornalismo) April 10, 2021