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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Qual é estratégia da Rússia em relação à Venezuela?




Sputnik Brasil - Embora os americanos não tenham conseguido derrubar o governo de Nicolás Maduro, Washington ainda tem bastantes recursos para lidar com o presidente indesejável. A Rússia, por sua vez, continua apoiando o governo venezuelano legítimo. O cientista político russo Gevorg Mirzayan explicou o que está por trás da política russa na Venezuela.

Em seu artigo para a revista Expert, Gevorg Mirzayan sublinha que a estratégia dos EUA na Venezuela se baseia na exploração dos erros da política econômica das autoridades venezuelanas, que possivelmente são agravados por certas ações dos sabotadores americanos.

Mirzayan revelou que não importa tanto saber o que causou o apagão – a falta de investimentos na infraestrutura ou as ações de hackers ou atiradores – ele já provocou um grande dano à economia do país. Segundo vários dados, cada dia de blecaute custa 200 milhões de dólares para a economia da Venezuela.
Além disso, para atingir o seu objetivo, os EUA usam a pressão internacional e sanções unilaterais, por exemplo, as empresas americanas estão proibidas de negociar petróleo venezuelano (uma parte significativa do petróleo venezuelano é fornecida aos EUA e podia ser refinada apenas nas refinarias especiais dos EUA). A economia venezuelana é fraca, depende das importações e praticamente não tem fontes de ajuda financeira externa.

  • Entretanto, a Rússia, por sua vez, embora "não planeje financiar o governo de Maduro, finge que está pronta para defendê-lo", sublinhou o analista. Recentemente, dois aviões An-124 e Il-62 das Forças Armadas da Rússia chegaram a Caracas, para além de cerca de uma centena de militares e 35 toneladas de carga.


Moscou declarou que se trata de especialistas militares russos que estão na Venezuela legalmente para participar da manutenção de equipamentos militares russos anteriormente fornecidos a esse país.

No entanto, Washington dramatizou a situação. Os americanos acusaram a Rússia de "escalada imprudente" da situação. A Organização dos Estados Americanos apoiou os EUA, chamando os militares russos de "instrumento de intimidação repressiva" e criticaram Moscou por cooperar com um "regime usurpador". Conforme o autor recorda, o presidente dos EUA Donald Trump até declarou que "a Rússia deve sair" da Venezuela, acrescentando que todas as opções estão sendo avaliadas.
Mas qual é afinal o objetivo da política da Rússia em relação à Venezuela? Mirzayan afirma que não se trata de salvar o regime de Maduro.

"Os objetivos são mais globais. O programa mínimo é reforçar o prestígio [da Rússia] nos países do Terceiro Mundo. O programa máximo é forçar os EUA a reverem as relações russo-americanas", disse o analista.

Para Mirzayan, ao proteger a Venezuela de uma suposta ameaça de intervenção, a Rússia está tentando ganhar pontos políticos nos países do Terceiro Mundo e demonstrar que não abandona seus parceiros, mesmo que estes fiquem a quase de dez mil quilômetros de Moscou.


"Além disso, mostrando sua prontidão de interferir nos assuntos internos da Venezuela, o Kremlin pode mostrar a Washington que [os EUA] têm recursos limitados, bem como que certos países podem atuar 'nos quintais' dos outros", disse o cientista político.
Possivelmente, esse passo fará com que os EUA se tornem mais prudentes nas suas ações nos países vizinhos da Rússia, por exemplo, na Ucrânia. O analista lembrou a Crise do Caribe, quando a instalação de mísseis soviéticos em Cuba em 1962 fez Washington rever sua decisão sobre a instalação de armas nucleares na Turquia.

Ao mesmo tempo, Mirzayan sublinha que as ações do atual presidente dos EUA, Donald Trump, estão fora da lógica e do padrão de comportamento comuns. Trump age de forma assimétrica, pensando apenas no resultado – não tanto o derrube de Maduro quanto a demonstração a todos os países da América Latina de quem é um verdadeiro dono na região.




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domingo, 31 de março de 2019

Rússia bate recordes em reservas de ouro e segue demolindo posições do dólar




Sputnik Brasil - As reservas de ouro de Rússia aumentaram para mais de 2.100 toneladas no ano passado e o estatuto do país como um dos maiores produtores de ouro permite continuar ampliando ainda mais as reservas devido ao ouro de origem nacional.

Rússia continua aumentando suas reservas de ouro, e os dados recentemente divulgados pelo Banco Central mostram que as reservas subiram 31,1 toneladas, ou 1,5% das reservas totais, apenas no mês de fevereiro. Levando em conta as outras 6,22 toneladas do metal precioso comprado em janeiro, as reservas agora estão em cerca de 2.149 toneladas, de acordo com o Banco Central.

  • A Bloomberg afirma que o impulso para aumento das reservas russas do metal precioso é uma indicação de que o país continua fazendo um "rápido progresso em seus esforços para diversificar em detrimento dos ativos americanos".

De acordo com o portal, o impacto de mais países iniciarem uma política semelhante em relação ao dólar pode ser problemático, com parceiros europeus dos EUA, incluindo França, Polônia e Hungria, também já envolvidos em compras de ouro semelhantes ou referindo-se à sua dependência do dólar como sendo uma "questão de soberania".
Para a Rússia, sugeriu a Bloomberg, as reservas de ouro significam segurança "contra choques geopolíticos e a ameaça de sanções mais duras por parte dos EUA, uma vez que as relações entre as duas potências continuam a deteriorar-se". No entanto, com a produção russa de ouro de cerca de 300 toneladas por ano e com o Banco Central comprando quase 275 toneladas em 2018, a Rússia está prestes a fazer compras substanciais no estrangeiro, segundo os observadores.

  • "Se atingir o limite das compras internas, acho que o Banco Central vai começar a importar ouro", disse Oleg Kuzmin, economista-chefe da empresa de corretagem Renaissance Capital, sediada em Moscou. De acordo com Kuzmin, as tensões entre a Rússia e os EUA significam que as reservas de ouro da Rússia continuarão crescendo em porcentagem das reservas totais.


O ouro já representa cerca de 20% do total das reservas cambiais da Rússia, com o dólar caindo de 46% das reservas em meados de 2017 para 22% agora. O volume restante de dólares é explicado pela contínua dependência da Rússia do dólar para o comércio internacional.

Ronald-Peter Stoeferle, sócio gerente da empresa de investimentos Incrementum AG, sediada no Liechtenstein, disse que a prosperidade em ouro da Rússia ajudou a elevar substancialmente os preços globais do ouro nos últimos anos, com os preços saltando mais de 20% desde 2016 e atingindo cerca de 1.300 dólares por onça nas transações de sexta-feira (29).

Em 2018, a Rússia foi responsável por 40% do total de ouro comprado pelos bancos centrais, com suas aquisições correspondendo a 6% do total das compras globais. E essa estratégia já trouxe dividendos, de acordo com os especialistas.
No mês passado, os economistas estimaram que o Banco Central da Rússia já ganhou perto de US$ 10 bilhões (R$ 39 bilhões) graças ao aumento dos preços de ouro. No entanto, os economistas indicam que o aumento do valor em dólares do ouro foi apenas um bônus, uma vez que o principal objetivo do Banco Central era diversificar as reservas e segurá-las contra a ameaça de sanções ocidentais.


Putin sobre o dólar



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