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sábado, 6 de julho de 2024

Governo dos EUA pressiona Brasil a vender Avibrás para grupo australiano


Ameaças de sanções se intensificaram após anúncio de que a chinesa Norinco estaria interessada na aquisição de 49% das ações da Avibrás


Avibras MTC – O armamento mais poderoso do Brasil. Foto: reprodução

A crise da principal fabricante no Brasil de sistemas pesados de defesa, a Avibrás Aeroespacial, segue sem solução. Apesar do governo ter dado alguns sinais de que poderia intervir para impedir o fechamento ou a desnacionalização da empresa, as discussões para a sua venda para a australiana DefendTex prosseguem, segundo comunicado da Avibrás.

“Ambas as empresas [Avibrás e DefendTex] estão empenhadas em concluir o processo de aquisição e realizar o aporte de capital a partir do dia 30 de julho, visando a retomada das operações. Novas informações serão divulgadas em momento oportuno”, diz o comunicado.

Este comunicado revela um novo ingrediente envolvendo a Avibrás. Diante do anúncio de que uma empresa estatal chinesa, a Norinco, poderia aportar capital e adquirir 49% das ações da Avibrás, o governo dos Estados Unidos reagiu com ameaças de sanções contra a empresa brasileira caso ela se associe com a empresa asiática.

A solução defendida por especialistas e pelos trabalhadores é a estatização da empresa para evitar a desnacionalização da Avibrás. A participação asiática na empresa com 49% garantiria a retomada das operações e o controle nacional da fabricante de armas.

Diante destas ameaças feitas pelos Estados Unidos, a Avibrás anunciou o prolongamento do prazo para as negociações com a empresa australiana. O fim das tratativas com a DefendTex estava previsto para o final de junho e foram prorrogadas, segundo o comunicado, para o fim de julho.

Em junho passado, o ministro da Defesa brasileiro, José Múcio Monteiro, chegou a afirmar que em função das dificuldades que o grupo australiano enfrentava para conseguir o financiamento, a DefendTex tinha desistido da compra.

Da acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, integrantes da diplomacia norte-americana já teriam comunicado a membros do governo Lula que a participação da Norinco na indústria de defesa brasileira poderia causar embargos dos EUA em meio à guerra de sanções comerciais estabelecida por Washington contra Pequim.

As ameaças de embargos a uma empresa brasileira por se associar com uma empresa do maior parceiro comercial brasileiro são uma afronta à soberania do Brasil e demonstram interesses dos EUA na venda da Avibrás para a australiana DefendTex.

Em março de 2022, a Avibrás, principal fornecedora de mísseis e foguetes para o Exército brasileiro, pediu recuperação judicial, com dívidas estimadas em R$ 570 milhões, montante que hoje beira os R$ 700 milhões.

De uma só vez, a fabricante demitiu 420 de seus 1.500 funcionários. Os que permaneceram estão sem salários há mais de um ano. O próprio presidente Lula pediu empenho do governo para a solução dos problemas da empresa.

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Avibras, empresa de alta tecnologia 

na área de defesa, é vendida

 a grupo australiano



Desnacionalização da Avibras é 

um ataque à soberania, denunciam 

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“Estamos totalmente empenhados

 em resolver os problemas 

da Avibrás”, diz o general Paiva






quarta-feira, 26 de junho de 2024

Julian Assange chega à Austrália depois de acordo com os EUA para sua liberdade


Jornalista foi recebido por sua esposa, Stella Assange, que assumiu a linha de frente da campanha por sua libertação


O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, voltou para casa na Austrália para começar a vida como um homem livre em 26 de junho de 2024 - David Gray / AFP7

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, desembarcou na manhã desta quarta-feira (26), no horário de Brasília, na Austrália, seu país natal, após firmar um acordo com a Justiça dos Estados Unidos que resultou em sua liberdade.



 Assange chegou durante a noite (horário da Austrália) a Camberra, capital australiana, em um avião particular, rumo à etapa final de uma longa batalha judicial de 14 anos, sendo os últimos cinco em uma prisão de segurança máxima no Reino Unido, onde estava preso desde 2019. Ao sair do avião, o australiano ergueu o punho, atravessou a pista para abraçar a esposa Stella e depois o pai, diante dos olhares de dezenas de jornalistas. 


 

 "Julian está livre! Não há palavras para expressar nossa imensa gratidão a vocês - sim, vocês que se mobilizaram durante anos e anos para tornar isso realidade. Obrigado. Obrigado. Obrigado", postou Stella Assange em seu perfil no X, antigo Twitter. Ela assumiu a linha de frente da campanha mundial por sua libertação.

Como parte do acordo com os EUA, o jornalista declarou-se culpado da acusação de conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional do país norte-americano na noite de terça-feira (25). "Trabalhando como jornalista, motivei minha fonte a fornecer material confidencial", declaro Assange no tribunal, em referência à soldado americana Chelsea Manning, que vazou as informações.

A declaração foi realizada em um tribunal estadunidense nas Ilhas Marianas do Norte. Assange se negou a viajar para o território continental dos Estados Unidos e pediu para comparecer ao tribunal das Ilhas Marianas do Norte, um território próximo da Austrália, segundo um documento judicial.

Cansado, mas visivelmente relaxado, Assange deixou o tribunal sem fazer qualquer declaração, segundo os correspondentes da AFP.


Dia histórico

"Hoje é um dia histórico. Encerra 14 anos de batalhas jurídicas, incluindo sete anos de confinamento na embaixada do Equador em Londres", disse uma de suas advogadas, Jennifer Robinson.

Depois de deixar o tribunal, Assange embarcou em um avião privado que partiu das Ilhas Marianas com destino a Canberra.

"Ele sofreu muito por sua luta pela liberdade de expressão, a liberdade de imprensa", afirmou Barry Pollack, seu outro advogado. "Acreditamos com veemência que o senhor Assange nunca deveria ter sido acusado com base na Lei de Espionagem", acrescentou. 

O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, que foi advogado de Assange, celebrou que "ele possa finalmente ser um homem livre".

Na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a liberdade do fundador do Wikileaks. “O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”, disse o presidente brasileiro. A celebração foi acompanhada por outros líderes da América Latina, como o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o mexicano Andrés Manuel López Obrador.


Perseguição

Assange se tornou alvo dos EUA por divulgar documentos que provavam crimes cometidos por militares do país em suas campanhas no Iraque e no Afeganistão, na chamada "guerra contra o terror". O australiano foi acusado de divulgar, a partir de 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos. Entre os documentos há um vídeo, filmado em julho de 2007 a partir de um helicóptero, que mostra civis sendo atingidos por tiros, incluindo um jornalista da Reuters e seu motorista, que morreram na ação.


Dilma foi alvo de espionagem

O WikiLeaks publicou, em 2015, a informação de que a então presidenta Dilma Rousseff era espionada rotineiramente pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) desde 2011, juntamente com outras 28 autoridades.

A NSA monitorou dez telefones diretamente ligados a Dilma, entre telefones fixos de escritórios e celulares como o de seu assistente pessoal, Anderson Dornelles, além de ministros como Antonio Palocci.

*Com AFP

Edição: Geisa Marques

Fonte: Brasil de Fato


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No programa de:  25/06/2024, Pablo Iglesias, Paola Aragón, Manu Levin e Inna Afigenova relatam sobre a libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, após mais de uma década de perseguição, confinamento e tortura, após chegarem a um acordo com a Justiça dos EUA. Com a participação da jornalista Olga Rodríguez.



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domingo, 31 de março de 2024

Avibras, empresa de alta tecnologia na área de defesa, é vendida a grupo australiano


Governo autorizou a desnacionalização da empresa. A Austrália se apodera da expertise na área de veículos lançadores, como é o caso do S-50, “joia da coroa” do programa espacial. Além disso, o Brasil perde a tecnologia do sistema Astros, sistema de artilharia que é um enorme sucesso de exportação desde os anos 80


Sistema Astros em funcionamento (divulgação)

A venda da empresa brasileira Avibras, fabricante de equipamentos de defesa, de mísseis e com uma grande expertise na área de veículos lançadores, para um grupo australiano concorrente, anunciada esta semana, está sendo considerado um acontecimento trágico para a Defesa Nacional e para o projeto nacional mais amplamente.

Os compradores são integrantes de um fundo de investimentos australiano que por meio de uma concorrente de porte muito inferior a Avibras, a Defendtex, comprou 100% da empresa nacional. Ainda não há informações sobre os valores envolvidos na transação. O governo brasileiro autorizou a venda.


AUTOSSABOTAGEM

A perda da Avibras, uma empresa de alta tecnologia, não disponível comercialmente, de acesso restrito e objeto de denegação e cerceamento, como são aquelas na área de mísseis, incluindo propelentes e inerciais, para uma concorrente estrangeira, está sendo apontada como um episódio de autossabotagem contra o próprio Brasil.

Chegou-se, segundo especialistas da área, a ensaiar uma solução nacional de investidor para enfrentar as dificuldades vividas pela Avibras, mas que dependia de um impulso mais decidido por parte do governo brasileiro. Contudo, ocorreu, segundo esses mesmos especialistas, o pior cenário, a aquisição por um concorrente.

Do ponto de vista geopolítico, a compra é considerada também uma grande jogada australiana. O país, influenciado pelos EUA, se defronta com um “entorno estratégico” conturbado, como é a região da Ásia-Pacífico.

Com a aquisição, a empresa australiana acessa um míssil pronto (o mais relevante já desenvolvido pelo Brasil), inclusive com sistema inercial (o MTC, desenvolvido com recursos públicos brasileiros), que pode ser convertido numa versão para equipar seu submarino em desenvolvimento no âmbito do AUKUS (aliança militar formada por Austrália, EUA e Inglaterra).


ASTROS AGORA É AUSTRALIANO

O grupo da Austrália passa a deter também a citada expertise na área de veículos lançadores, como é o caso do S-50, com motor-foguete base do VLM, “joia da coroa” de nosso programa espacial.

Além disso, há também a tecnologia do sistema ASTROS, sistema de artilharia que é um enorme sucesso de exportação desde os anos 80 e que, recentemente, tem uma versão modernizada, objeto de cobiça, inclusive recentemente para a guerra na Ucrânia. O Brasil se desfez de tudo isso depois de anos de investimento.

Sede da Avibras (divulgação)

A direção da empresa, em dificuldades, já vem há mais de um ano negociando a venda para estrangeiros. Pelo menos sete casos conhecidos eram de empresas estrangeiras que estavam em negociação.

A venda ocorre pouco depois de outro episódio também de enorme gravidade, que foi a compra da SIATT (fabricante de mísseis) pela estatal dos Emirados, o EDGE Group, que imediatamente incorporou ao seu portfólio o MANSUP, míssil naval de 5ª geração, dominado por poucos países e igualmente desenvolvido com recursos públicos brasileiros.

A venda da Avibras está na contramão do que ocorre em todo o planeta. O mundo inteiro reforma ou instituiu instrumentos de proteção de suas empresas de base tecnológica, ainda mais na área de Defesa. Aqui as portas estão abertas, trata-se um assunto dessa importância estratégica como se isso fosse uma questão de mercado. Ingenuamente o país vê a desnacionalização de empresas que levaram décadas se estruturando com base em dinheiro público, como é caso da Avibras e da Mectron-Siatt.


MAIS GRAVE DO QUE A QUEBRA DA ENGESA

A perda da Avibras para uma concorrente estrangeira está sendo vista, do ponto de vista geopolítico e da “estratégia nacional”, como mais grave até do que a quebra da Engesa, nossa fabricante da carros de combate sobre lagarta, como o tanque Osório, no início dos anos 90.

Afinal, hoje, num cenário geopolítico muito mais desafiador ao Brasil, estamos desnacionalizando tecnologias que estão no coração da capacidade dissuasória convencional, o núcleo da estratégia brasileira de Defesa, como é o caso da capacidade missilística, de artilharia e espacial.

Em recente reportagem, publicada pelo HP já se revelavam os problemas vividos pela Avibras e por outras empresas da área de Defesa. Nela, o professor Eduardo Siqueira Brick, de Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança na Universidade Federal Fluminense (UFF), alertava para a necessidade de maior envolvimento do Estado nacional neste assunto.

Citando algumas empresas que passaram por graves crises nos últimos anos, como os casos emblemáticos da MECTRON e da própria Avibras, Eduardo Siqueira Brick reconhece que retomar o desenvolvimento de uma indústria que parou no tempo “é um processo de décadas”, que passa também pela modernização da infraestrutura que já existe.


ESTADO NACIONAL TEM QUE INTERVIR

“É necessário tomar uma decisão política, que virá necessariamente de Brasília”, argumentou. “Politica de defesa não é atribuição das Forças Armadas, mas, sim, do Estado do Brasil. As Forças Armadas são instrumentos de defesa”.

O professor defendeu a criação de um orçamento de gestão de defesa, com soluções e compromissos para sustentar a capacidade operacional de combate das tropas e a capacidade de assegurar a elas o arsenal de guerra do Brasil.

“Os meios atuais ficam obsoletos muito rapidamente, e quando chega a hora de usar, eles não são mais necessários”, disse Siqueira Brick, acrescentando que, em tempo de paz, “você deve aproveitar a janela de oportunidade para priorizar essa força de defesa”.


Leia mais

“Venda da Avibras representa
 grave ameaça à soberania nacional”,
 alertam metalúrgicos



A situação da Avibras e o apagão
na indústria de defesa do Brasil

Fonte: Hora do Povo



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