Mark Zuckerberg tenta comprar a música “Another Brick in the
Wall”, símbolo da juventude libertária, para fazer propaganda do Instagram e do
Facebook, e recebe do baixista e compositor do Pink Floyd, Roger Waters, a única
resposta possível!
The Wall: um grito de Liberdade, por Roger Waters
Uma das canções mais importantes da história do rock é “Another
Brick in the Wall”, da banda Pink Floyd. “The Wall”,
o muro, representa as barreiras intransponíveis, os abusos morais e a opressão
que condenam a infância e a juventude à amargura, a depressão, ao isolamento e
à solidão. O baixista Roger Waters, o cara que compôs “Another Brick
in the Wall”, é um defensor das liberdades, é de esquerda, é um opositor
incansável da opressão. Coerentemente, por exemplo, defendeu Lula, quando de
sua prisão injusta na Polícia Federal de Curitiba.
Pois não é que o todo-poderoso dono do Instragram e do
Facebook, Mark Zukerberg, ousou (sim, porque é uma ousadia) tentar comprar a
consciência de Roger Waters, oferecendo-lhe “uma enorme, enorme
quantidade de dinheiro” pela música que é um símbolo da juventude libertária?
Waters mostrou a carta que recebeu de Mark Zuckerberg no
último sábado (12 de junho), quando participava de uma conferência do “Free
Assange Forum” que, como o nome já diz, trata-se de uma articulação
internacional que luta pela liberdade de Julian Assange, o hacker do Wikileaks,
que divulgou os crimes cometidos pela CIA e pelo governo dos Estados Unidos.
Exemplo do corajoso trabalho do Wikileaks, que valeu a
Assange o ódio eterno da máquina de guerra americana, foi o vídeo divulgado em
2010, que mostra o ataque de um helicóptero Apache estado-unidense,
matando pelo menos 12 pessoas, entre as quais dois jornalistas da
agência de notícias Reuters, em Bagdá, durante a ocupação do
Iraque.
E Roger Waters respondeu publicamente a
Zuckerberg: “Vá se foder! Nem fodendo! E só exponho isso porque há um movimento
insidioso deles pela posse de absolutamente tudo”, disse. “Eles querem usar a
música para fazer com que o Instagram e o Facebook sejam ainda mais poderosos
do que já são, para que possam continuar censurando as pessoas aqui nesta sala
e evitar que se conheça a história de Julian Assange!”
Para Roger Waters, Zuckerberg é um dos mais
poderosos idiotas do mundo!
E não há como ignorar que o muro, hoje, é representado de maneira
perfeita pelas redes sociais, Instagram e Facebook em destaque, que
são as grandes prisões que oprimem com fake news e assédios de vários
tipos, a luta pela Liberdade no planeta.
“¡Vete a la chingada!”: @rogerwaters a Mark Zuckerberg. El músico contó que le ofrecieron “una gran cantidad de dinero” por permitir el uso de Another brick in the wall II para promover Instagram. Lo narró en un acto por la libertad de Julian Assange (@Wikileaks)#VideosLaJornadapic.twitter.com/gEVqaor8Eo
O escritor e professor de Direito Internacional Dan Kovalik
comenta o relatório de Alena Douhan, relatora especial da ONU, que pede o fim
imediato das sanções contra a Venezuela.
Em seu esforço de mudança de regime contra a Venezuela, os
Estados Unidos impuseram sanções devastadoras que causaram dezenas de milhares
de mortes entre os mais vulneráveis – sem nunca chegar perto de derrubar o
presidente.
Alena Douhan, relatora especial da ONU sobre medidas
coercitivas unilaterais e direitos humanos – uma nova posição criada
pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em março de 2020 – publicou um relatório
preliminar contundente na semana passada condenando as sanções dos EUA
e da União Europeia contra a Venezuela. A Sra. Douhan instou os EUA, a UE e
outras nações para que retirem todas as sanções contra a Venezuela
depois de sua missão de investigação de duas semanas ao país.
Conforme explica o relatório, as sanções foram “impostas
pela primeira vez contra a Venezuela em 2005 e foram severamente fortalecidas
desde 2015(…) com as mais severas sendo impostas pelos Estados Unidos.” Ainda
de acordo com o relatório da Sra. Douhan, essas “sanções exacerbaram as
situações econômicas pré-existentes e afetaram dramaticamente toda a população
da Venezuela, especialmente mas não apenas aqueles em extrema pobreza,
mulheres, crianças, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência ou com
risco de vida ou doenças crônicas, e as populações indígenas.” Em suma, as
sanções estão prejudicando os mais vulneráveis da sociedade venezuelana.
O relatório continua:
“A falta de maquinários, peças sobressalentes,
eletricidade, água, combustível, gás, alimentos e medicamentos necessários,
crescente insuficiência de trabalhadores qualificados, muitos dos quais
deixaram o país em busca de melhores oportunidades econômicas, em particular
pessoal médico, engenheiros, professores, juízes e policiais, tem um enorme
impacto sobre todas as categorias de direitos humanos, incluindo os direitos à
vida, à alimentação, à saúde e ao desenvolvimento.”
As conclusões da Sra. Douhan ecoam com as de outros
estudos que enfocam os custos humanos das sanções contra a Venezuela. Por
exemplo, o Centro de Pesquisa de Política Econômica (CEPR) concluiu em um relatório
de 2019 que, apenas em um ano (2017-2018), pelo menos 40.000
venezuelanos morreram em consequência da escassez de alimentos e medicamentos
causada pelas sanções americanas. Por sua vez, o ex-especialista da
ONU Dr. Alfred de
Zayas estimou em março de 2020 que pelo menos 100.000
venezuelanos morreram devido às sanções americanas.
Em seu relatório preliminar, a Sra. Douhan enfatizou “que
as medidas unilaterais só são legais se forem autorizadas pelo Conselho de
Segurança da ONU, ou usadas como contramedidas, ou não violarem nenhuma
obrigação dos Estados, e não violarem direitos humanos fundamentais”. O
atual regime de sanções não atende a nenhum desses critérios e, portanto, é
ilegal. A Sra. Douhan “exortou os países a observarem os princípios e
normas do direito internacional e lembra que as preocupações humanitárias devem
sempre ser levadas em consideração com o devido tributo ao respeito mútuo,
solidariedade, cooperação e multilateralismo”.
As conclusões sombrias do estudo de Douhan vêm no momento
em que o New York Times informa que
a oposição política na Venezuela – oposição que as sanções visam coagir a
população a apoiar – está caindo aos pedaços. Como explica o Times, as
multidões que saíram para apoiar a figura da oposição que os EUA ungiram como
“presidente interino” em 2019 – Juan Guaidó – “se foram, muitos aliados
internacionais estão vacilando e a coalizão de oposição está desmoronando”.
O Times noticia ainda que as sanções contra a
Venezuela não ajudam a causa da oposição justamente pelo sofrimento que causam
à população. Como explica o Times, “as sanções americanas destinadas
a ajudar o Sr. Guaidó destruíram as receitas do governo, mas também forçaram os
cidadãos a se concentrarem na sobrevivência diária, não na mobilização
política”.
Em suma, parece não haver dúvidas de que as sanções
estão minando a situação humanitária na Venezuela, são ilegais e nem mesmo são
razoavelmente calculadas para provocar a mudança de regime que pretendem
alcançar. Isso levanta a questão de por que os EUA continuam a seguir essa
política cruel e contraproducente.
Felizmente, alguns no Congresso estão de fato se fazendo
essa mesma pergunta, e pediram em uma carta ao
presidente Biden que ele reconsiderasse tais sanções, particularmente à luz da
pandemia mundial de Covid-19. Assim, “citando o anúncio de Biden em seu segundo
dia de mandato de que seu governo revisaria todas as sanções existentes nos
Estados Unidos e seu impacto sobre a pandemia”, um grupo de 27 legisladores
progressistas argumentou que “‘é uma questão moral e um imperativo de
saúde pública que nossos esforços para combater a Covid-19 sejam globais,
porque as consequências econômicas da pandemia requerem cooperação
internacional.”
Como os membros do Congresso explicaram em sua carta,
que ecoou muitas das preocupações levantadas pelo Relator Especial da ONU:
“Com muita frequência e por muito tempo, as sanções
têm sido impostas como uma reação automática, sem uma avaliação medida e
considerada de seus impactos. As sanções são fáceis de aplicar, mas
notoriamente difíceis de suspender. E embora tenham comprovadamente prejudicado
as populações civis, e feito com que alguns governos autoritários restringissem
ainda mais os espaços civis e reprimissem os direitos civis e políticos,
diminuindo a capacidade das organizações humanitárias de fornecer apoio durante
crises e desastres, tornaram ainda itens básicos como alimentos, medicamentos e
gasolina proibitivamente caros, além de criados e alimentados por economias de
mercado negro e tornando nossos rivais cada vez mais dependentes uns dos
outros, historicamente não realizamos avaliações regulares para determinar como
as sanções se conectam aos resultados das políticas que buscam alcançar, de
modo que muitas vezes é difícil provar de forma comprovada sua rede de
benefícios para os interesses e a segurança nacionais”
Esperançosamente, o presidente Biden dará ouvidos a este
sábio conselho e acabará com as sanções contra a Venezuela no interesse do
humanitarismo e, francamente, do bom senso. No entanto, estou firmemente
convicto de que só o fará se houver pressão combinada entre o seu eleitorado.
Assim, como explica o Times, tudo indica que até agora Biden ainda se
dedica aos objetivos e à estratégia de mudança de regime de seus antecessores,
Barack Obama e Donald Trump. Como noticiou o Times –
inexplicavelmente com aparente aprovação – “[em] sua audiência de
confirmação no mês passado, o secretário de Estado Antony J. Blinken disse que
não planejava iniciar negociações com Maduro e deixou claro que Washington
continuaria a reconhecer Guaidó como líder da Venezuela. ”
Como a carta do Congresso citada acima corretamente
apontou, velhos hábitos são difíceis de matar, mesmo quando contrariados pela
racionalidade, pelos requisitos da lei e pela decência humana básica. Cabe
ao povo americano exigir uma mudança de rumo nessas políticas que nada mais
fazem do que causar sofrimento humano e que nos rebaixam como país.
*Daniel Kovalik ensina Direitos Humanos na Escola de
Direito da Universidade de Pittsburgh e é autor do recém-lançado No More
War: How the West Violates International Law by Using “Humanitarian”
Intervention to Advance Economic and Strategic Interests.
No Brasil de Fato Entrevista é sobre as
sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos a Cuba e Venezuela e que se
mantem mesmo em tempos de pandemia.
O Brasil de Fato bate um papo com dois especialistas: Vivian
Mendes do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba e Edson Bagnara do Comitê
Brasileiro pela Paz na Venezuela. 15 de mai. de 2020
Diário, ontem imitei o Lula e joguei futebol. Na hora do
gol, já que eu estava com a cara no chão, aproveitei pra experimentar um pouco
de grama. Não gostei, não. Só sendo gado pra engolir esse negócio.
Por José
Roberto Torero* Diário, ontem imitei o Lula, joguei futebol e tive uma
queda.
Foi lá em Santos, na Vila Belmiro, numa partidabenecifen…,
como é que se fala isso mesmo? É beneficiente ou bem eficiente? Ah, tanto faz.
Uma partida besta dessas aí para arrecadar dinheiro e comida. Mas o importante
é que eu usei a camisa 10, que nem se fosse o Pelé.
Eu dei o chute inicial junto com o presidente do Santos, o
Rollo (com esse apelido, deve ser amigo do Flavinho).
Eu ia jogar no meio do campo em homenagem ao Centrão, mas aí
pensei bem e percebi que o Centrão não joga no centro. Nem na direita, nem na
esquerda. Joga na banheira, só esperando que aconteça alguma jogada para ele
receber uma bola. Ou melhor, bolada. Então fui lá pra área e fiquei esperando
alguém me dar um passe de bandeja.
Não demorou muito, não. Num contra-ataque pela
ponta-direita, o cara do meu time foi até a linha de fundo. O que eu gostei foi
que os dois zagueiros que estavam me acompanhando deram uma de Aras: fizeram
que não me viram e não correram atrás de mim. Me deixaram livrinho, livrinho,
feito um Queiroz.
Aí, o meu ponta-direita deu uma de Ramagem e botou o
relatório na minha mão, quer dizer, botou a bola no meu pé.
Então foi só empurrar a bola pra dentro e cair de cara no
chão.
O goleiro foi tão parça que nem pulou. E até bateu palmas
pra mim. Foi tipo um Mendonça, o ministro da Justiça.
Olha,Diário, foi um grande jogo! Bem do jeito que eu gosto,
com todo mundo me deixando fazer o que eu quero. O STJ e o Congresso têm que
aprender com os zagueiros de ontem, pô!
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”,
vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e
tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de
Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
PS: Na hora do gol, já que eu estava com a cara no chão,
aproveitei pra experimentar um pouco de grama. Não gostei, não. Só sendo gado
pra engolir esse negócio.