Imagens são usadas como provas na investigação
Foto:
Reprodução/RPC
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G1 - Segundo o MP, um dos policiais matou rapaz de 18 anos com um
tiro nas costas na Região de Curitiba, no mês de abril.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou dois
policiais militares envolvidos na morte de um motociclista na BR-277, em São
José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com o MP-PR,
os PMs plantaram uma arma na cena do crime, após um deles matar o rapaz.
O caso aconteceu em 21 de abril deste ano. No dia, a
primeira informação dada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a
ocorrência foi que o motociclista estava armado e entrou em confronto com os
policiais militares.
A denúncia do MP-PR, feita pelo promotor João Milton Salles,
foi apresentada à Justiça na quinta-feira (30).
Além de ter acesso à denúncia, a RPC obteve com
exclusividade imagens que são usadas como provas da investigação feita pela
Polícia Civil, com o apoio do MP-PR.
As imagens mostram o que aconteceu no dia que Leandro Pires
morreu depois de ser atingido nas costas por um tiro disparado pelo policial
militar Wanderson Teixeira Rigotti.
A denúncia
Rigotti foi denunciado por homicídio e fraude processual. O
policial militar Jeferson de França dos Santos, que estava com Rigotti no
momento da morte da vítima, foi denunciado por fraude processual.
Na denúncia, o MP-PR apontou que "Rigotti ciente da
ilicitude e reprovabilidade de sua conduta, com a inequívoca intenção de matar,
efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima Leandro Pires Cordeiro".
O promotor afirmou que a Leandro não teve nenhuma
possibilidade de defesa.
De acordo com o MP-PR, a motivação de Rigotti foi torpe,
pois o PM atirou com a intenção de matar como repreensão porque o jovem não
obedeceu a ordem de parada.
As imagens
As imagens da câmera de segurança da concessionária que
administra o trecho da BR-277 onde Leandro morreu mostraram como foi a
perseguição, que aconteceu por depois das 14h.
Às 14h07, Leandro – de moto – olha para trás e ergue a mão
esquerda na altura do capacete. Olha de novo e, então, some da imagem.
- "Vendo aqui pela imagem já dá para perceber que não havia arma, mas, mesmo assim, a perícia fez a análise e foi categórica em afirmar que ele fazia um movimento em direção ao capacete. Possivelmente, fechando o capacete porque entrou na rodovia", afirmou o promotor.
No momento em que Leandro foi baleado, a câmera monitorava o
trânsito e não fez o registro da morte. Às 14h20, as imagens mostram Rigotti e
Santos próximos ao corpo do jovem. Um carro da PRF já estava no local.
Outro veículo policial aparece logo depois, e os PMs ficam
conversando.
Com a imagem aproximada, dá para ver quando Rigotti chega
perto do corpo, se agacha e levanta rapidamente. Nesse momento, segundo a
perícia, o PM segura um objeto na mão direita que fica visível quando ele se
abaixa. Logo depois, Rigotti se levanta e, de acordo com a perícia, é possível
ver os dedos das duas mãos do policial.
- "A partir daí é que nós começamos a perceber e ficou muito claro para a gente o ato deles em adulterar o local do crime inserindo a arma de fogo sob esse rapaz para justificar a tese deles de que estavam sendo vítimas de uma agressão", disse o promotor.
Rigotti dá três pequenos chutes no corpo, e se vira para
conversar com um colega. Um carro com outros PMs chega. Rigotti volta a chutar
o corpo na região da cintura e vai cumprimentar os colegas.
Na sequência das imagens, Rigotti volta em direção ao corpo,
dá mais um chute no corpo e vai ao encontro de outro PM que tinha acabado de
chegar.
O que acontece agora
Agora, cabe a Justiça decidir se aceita a denúncia do MP-PR
tornando os policiais réus. Se isso acontecer, os PMs podem ir a júri popular.
"A Polícia Militar lembra que à época dos fatos, tão
logo o Comando da unidade (a qual os policiais pertencem) foi informado a
respeito, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado, o qual está em
fase de conclusão e será encaminhado à Vara da Auditoria da Justiça Militar
Estadual (VAJME) para apreciação.
Institucionalmente, a PM respeita as conclusões as quais
chegou o Ministério Público.
A Corporação lembra que para qualquer situação denunciada,
busca-se a elucidação de todos os fatos, e, se ficar comprovada
responsabilidade para qualquer um dos policiais militares, as medidas são
tomadas, conforme a legislação, sendo respeitados os direitos ao devido
processo legal, à ampla defesa e ao contraditório".
Protesto
No dia da morte, amigos de Leandro fizeram um protesto na
rodovia, queimaram pneus e fecharam o trecho da BR-277.
Um dos amigos afirmou que nunca viu Leandro com uma arma,
nem o ouviu dizendo que mataria alguém.
"Falaram que ele estava armado, trocou tiro com a
polícia. E ele estava com a gente antes de a polícia abordar. Ele estava junto
com a gente. Não tinha arma, não tinha nada", disse o amigo.
Grupo queimou pneus e fechou um dos sentidos da BR-277,
no
dia 21 de abril, em protesto contra a morte de Leandro
Foto: Divulgação/PRF
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