Mostrando postagens com marcador FIESP. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FIESP. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de dezembro de 2016

Temer e cúpula do PMDB são atingidos pos delação de ex-diretor da Odebrecht


Padilha teria intermediado o recebimento de 4 milhões de reais da Odebrecht após pedido de Temer


Operação Lava Jato


Executivo relata pedido de 10 milhões de reais do atual presidente e episódios de pagamentos envolvendo Cunha, Padilha, Jucá, Renan, Eunício e Geddel


Ainda não homologada, a delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, relata o pagamento pela empreiteira, entre 2006 e 2014, de mais de 80 milhões de reais em propina, caixa dois e doações legais de campanha a quase 50 políticos.

Embora os relatos investigados pela Operação Lava Jato envolvam integrantes de diversos partidos, o PMDB é o principal atingido pelo depoimento dado ao Ministério Público Federal e vazado à mídia: nove importantes lideranças da legenda estão implicadas, entre elas Michel Temer, Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, Geddel Vieira Lima, ex-secretário de Governo, além dos senadores Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento, Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eunício Oliveira.

Nas 82 páginas do documento, Melo Filho detalha sua relação com os dois principais grupos do PMDB, o do Senado, capitaneado por Renan, Eunício e Jucá, e o da Câmara, historicamente liderado por Temer, Padilha e Moreira Franco. No depoimento, o delator narra um suposto pedido de Temer por ajuda financeira para as campanhas do PMDB em 2014. Marcelo Odebrecht autorizou o repasse, segundo a delação, de 10 milhões de reais ao partido.

Naquele ano, 4 milhões de reais teriam sido entregues aos cuidados de Padilha, assessor da Presidência, e 6 milhões para a campanha do peemedebista Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Cerca de 1 milhão de reais dessa operação foi repassado, diz o ex-diretor, ao deputado cassado Eduardo Cunha, que inclusive teria reclamado da demora na confirmação do pagamento.

Melo Filho descreve ainda a atuação da cúpula peemedebista, principalmente no Senado, em 12 projetos de interesse da construtora. Conheça abaixo alguns dos principais trechos do depoimento, relacionados a figuras de destaque do governo e do PMDB.

Michel Temer: O pedido de 10 milhões de reais
 

Embora afirme que Temer atua "de forma muito mais indireta" que Padilha, "não sendo seu papel, em regra, pedir contribuições financeiras para o partido", Melo Filho destaca que isso ocorreu "de maneira relevante no ano de 2014". De acordo com a delação, em um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, Temer "solicitou direta e pessoalmente" para Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo empresarial, "apoio financeiro para as campanhas do PMDB" naquele ano.

 "Chegamos no Palácio do Jaburu e fomos recebidos por Eliseu Padilha. Como Michel Temer ainda não tinha chegado, ficamos conversando amenidades em uma sala à direita de quem entra na residência pela entrada principal. Acredito que esta sala é uma biblioteca. Após a chegada de Michel Temer, sentamos na varanda em cadeiras de couro preto, com estrutura de alumínio."

No jantar, diz Melo Filho, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito um pagamento de 10 milhões de reais ao PMDB. O delator apresenta um email do herdeiro da empresa sobre o repasse dos recursos no qual ele se refere a Temer pelas iniciais "MT".

Melo Filho relata que Temer recebeu uma nota da Odebrecht sobre a atuação da empresa em Portugal, antes de uma viagem do então vice-presidente ao país europeu. "Esse exemplo deixa claro a espécie de contrapartida institucional esperada entre público e privado", diz o executivo.

Do total de 10 milhões de reais, Padilha ficou responsável por receber, segundo a delação, 4 milhões de reais. O restante, segundo compreendeu Melo Filho à época, foram alocados para o presidente da Fiesp,Paulo Skaf, então candidato a governador de São Paulo pelo PMDB.

Assessor de Temer, Yunes teria recebido parte do dinheiro  em seu escritório (Foto: Zanone Fraissat / Folhapress)
Assessor de Temer, Yunes teria recebido
 parte do dinheiro em seu escritório 
(Foto: Zanone Fraissat / Folhapress)
O setor de operações estruturadas da Odebrecht utilizou o codinome "Angorá" para definir Padilha nessa operação financeira, embora o apelido seja atribuído no restante da delação a Moreira Franco. O pagamento de parte dos 10 milhões teria sido feito na sede do escritório de advocacia José Yunes e Associados. José Yunes é assessor especial de Temer e um de seus conselheiros mais próximos. Ele já se autodenominou "psicoterapeuta político" do presidente e é seu amigo há décadas

 A participação de Eduardo Cunha no episódio


Em contato frequente com Padilha, seu principal interlocutor junto a Temer, Melo Filho diz que parte do pagamento pedido por Temer, aproximadamente 1 milhão de reais, foi destinada ao deputado cassado EduardoCunha, segundo lhe informou à época o atual ministro-chefe da Casa Civil. Melo Filho relata reclamações de Cunha pela demora na confirmação do pagamento.

"Procurei Eduardo Cunha para acalmá-lo e esclarecer que não tinha conhecimento de que o pagamento feito a Eliseu Padilha seria repassado a ele e quais eram os valores que havia sido definidos, pois isso não era determinado pela empresa."

Réu na 13ª Vara Federal de Curitiba, na qual tramita a Lava Jato em primeira instância, Cunha arrolou Temer como testemunha e apresentou recentemente uma lista de 41 perguntas a serem feitas para o atual presidente. O juiz Sergio Moro barrou, entretanto, 21 dessas questões, incluindo três que citavam Yunes.

Nos questionamentos, Cunha perguntava sobre qual era a relação de Temer com Yunes e se o presidente "recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB". Na terceira pergunta, Cunha levantava a possibilidade de caixa dois ou propina ao indagar se as contribuições "foram realizadas de forma oficial ou não declarada".

Na ocasião, Moro considerou as 21 perguntas excluídas como inapropriadas ou sem pertinência com o objeto da ação penal. 

 Jucá, o principal interlocutor


Jucá era o principal interlocutor no Congresso do ex-diretor de relações institucionais da construtora, devido, segundo o delator, "à intensidade de sua devoção aos pleitos" de interesse da Odebrecht e ao "elevado valor dos pagamentos financeiros que foram feitos ao senador ao longo dos anos". Não à toa, seu nome é citado 105 vezes na delação.

Jucá teria recebido, segundo a delação, cerca de 22 milhões de reais ao longo dos anos, "posteriormente redistribuídos dentro de seu grupo no PMDB". Em troca, Melo Filho relata a atuação de Jucá na defesa de 12 matérias de interesse da Odebrecht no Senado, grande parte relacionada a benefícios fiscais e redução de tributos em setores estratégicos para a empreiteira.

Jucá foi um dos principais entusiastas do impeachment e tornou-se ministro do Planejamento com a chegada de Temer ao poder. Uma semana e meia depois, deixou o cargo após o vazamento de uma conversa com Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, em que sugeria um pacto para "estancar a sangria" da Lava Jato.

PMDB no Senado


Em sua delação, Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, divide o PMDB entre "dois grandes grupos paralelos", um no Senado e outro na Câmara.

Delator aponta pagamentos a Jucá e Renan 
para beneficiar a empresa no Senado 
(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Por estratégia pessoal, Melo Filho diz ter focado sua atuação junto a Jucá, Renan e Eunício, que assumem os respectivos codinomes de "Caju", "Justiça" e "Índio". Segundo a delação, Calheiros recebeu cerca de 6 milhões de reais e Eunício, 2 milhões, para atuarem em favor da Odebrecht no Senado em emendas benéficas a empresa.

Em um desses casos, Melo Filho afirma ter pago 7 milhões de reais a parlamentares para garantir a aprovação de uma medida provisória de interesse da construtora no Congresso. A matéria em questão era a Medida Provisória 613/2013, que permitiu posteriormente a concessão de incentivos tributários aos produtores de etanol e à indústria química. Apenas para a aprovação desse texto, Melo Filho relata ter pago recursos distribuídos entre Jucá, Renan e Eunício, e também aos deputados Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, e Lúcio Vieira Lima (PMDB).

PMDB na Câmara


Na Câmara, o grupo histórico apontado pelo delator inclui Temer, Padilha, de codinome "Primo", e Moreira Franco, atual secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, conhecido como "Angorá". Embora desse prioridade a relações com os senadores, Melo Filho afirma ter se comunicado com frequência com Padilha, que atua, segundo o delator, "como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome".

O delator também cita a atuação frequente do ex-deputado Geddel Vieira Lima na interação com agentes privados e a recente ascensão de Eduardo Cunha como figura de influência na Câmara. Segundo a delação, Geddel teria recebido quase 6 milhões de reais entre 2006 e 2014, e Cunha, 11,5 milhões de reais ao longo dos últimos anos.

O que dizem os principais implicados


Em nota, o Palácio do Planalto informou que o presidente Michel Temer "repudia com veemência" o conteúdo da delação de Melo Filho.  "As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente."

Jucá diz, também por meio de nota, que desconhece a delação de Melo Filho e nega ter recebido recursos para o PMDB. O senador afirma que “todos os recursos da empresa ao partido foram legais e que ele, na condição de líder do governo, sempre tratou com várias empresas, mas em relação à articulação de projetos que tramitavam no Senado”.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, nega que tenha recebido recursos ilícitos da Odebrecht. “Não fui candidato em 2014. Nunca tratei de arrecadação para deputados ou para quem quer que seja. A acusação é uma mentira. Tenho certeza que, no final, isto estará comprovado."

A assessoria de imprensa do senador Eunício Oliveira informou que o senador nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos ou apresentação de emendas legislativas. “A contribuição da Odebrecht, como as demais, foram recebidas e contabilizadas de acordo com a lei e as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral”.

Geddel disse que acha estranho o nome dele estar na delação. Segundo ele, todas as doações da Odebrecht à sua campanha foram declaradas à Justiça Eleitoral.

***

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

ASSIM CAMINHA O BRASIL, DEFICIENTE DE IMPRENSA POLÍTICA E JUSTIÇA




Daqui pra frente, caso não tenham percebido, as coisas só tendem a piorar, por vários motivos que poderíamos discutir por horas (ou dias).

Falando de apenas alguns deles:

– Briga fratricida entre os próprios golpistas

– Briga dos golpistas com quem pagou o golpe (FIESP, etc).

– Briga "de foice" entre o Judiciário e o Legislativo (não digo que o Executivo esteja na briga, porque atualmente ele não existe).

Isso enquanto o “povo” (na verdade, alguma “fração” de povo que fique mais revoltada e se organize) vai só assistir.

Pelo menos nos próximos 30 dias.

Falando na Economia. Será que só vai piorar?

Não é uma afirmação ainda.

Mas poderia citar apenas 3 motivos:

– A “Teoria das Expectativas Racionais”, que deu o Prêmio Nobel a Robert Lucas.

– A “Teoria dos jogos não cooperativos”, que deu o Prêmio Nobel a John Nash.

– A Teoria de Keynes, que não precisa explicar, né: o investimento precede ao emprego. Se não tem investimento….

(Tem outros elementos: falei desses para resumir).

Falando da Política, da qual todos sabem (acredito) que a economia dependa — por causa (basicamente) das três teorias citadas…

Vejam o caso do Ministro Marco Aurélio ter concedido liminar para determinar a retirada de Renan da presidência do Senado.

Renan, todos sabemos desde 1990, é um completo safado, um ladrão da pior espécie.

Não muito diferente de outros senadores e deputados.

Apenas mais esperto.

Já foi Sarney, já foi "Collorido", já apoiou FHC, já apoiou o PT, etc….

Embarcou no golpe junto com tucanos, com Cunha, com Sarney, Collor, etc…


O Renan pode recorrer da decisão, mas isso na prática talvez seja indiferente, porque, de qualquer maneira, o pleno do tribunal tem de julgar o mérito da causa.

Assim, a defesa acabará por dar-se no julgamento do pleno.

Entretanto, o STF é autônomo para marcar o julgamento do pleno.

Depende em teoria só da Carmen Lúcia. "Que tem a sensibilidade política de um chimpanzé".

Ela pode marcar para esses dias. Ou não.

Ela é tucana, de Montes Claros, mas não há evidências de que ela já tenha sido ‘testada” recebendo telefonemas de “certas pessoas”.

Não no STF.

De todo modo, para mim, o Renan vai perder de 9 X 1 ou 10 X 0 no pleno.

O que também não faria diferença enquanto cargo de presidente da casa, porque o mandato dele termina daqui uns 15 dias, no fim do ano.

Mas tem outro problema: faria diferença se o Temer renunciar até 30/12, porque aí o Senador Jorge Viana assumiria a Presidência da República no dia seguinte, de modo automático. A vacância é imediata.

Tem gente que acha que existem “elementos suficientes” para “derrubar” o Temer.

Além de quem acha que o impeachment foi golpe, tem muitos que não acham pensando em chutar o Temer.

Por vários motivos.

Uns são econômicos.

Outros não…
_________
Exemplo: vendo a "merda onde se meteram", gente como Meireles (Fazenda) é Goldfajn (BC) podem pedir o boné e irem embora antes que a à bomba explora no colo deles…
_________
Bem…

Renunciar o Temer não vai — pelo menos agora — a não ser que exista um novo “acordo” para o “golpe dentro do golpe” envolvendo a FIESP, os tucanos e a TV Globo.


Isso porque, obviamente, os tucanos preferem que o Temer saia após 01/01/2017, para ter a famosa “eleição indireta”

Para eleger FHC.

Que nem coxinhas estão querendo mais.

Sobre uns — sejam do “povo” ou da política acharem que existem “elementos” suficientes para tentarem descartar o Temer.

Isso qualquer imbecil sabe que tem.

A Dilma foi retirada (o motivo “legal”, não o “verdadeiro”) por muito menos que um “Geddel” ou um “Padilha” fazem.

Só que o afastamento do Temer, se a mesma Constituição valer do mesmo jeito que valia em maio, tem de ser por julgamento de um pedido de impeachment, que, como tristemente sabemos, tem prazos regimentais que duram pelo menos 130 dias.

E só pode começar na Câmara, não no Senado.

Não sei se a Janaina Paschoal toparia fazer outro pedido por apenas $45 mil.

É provável que Hélio Bicudo se esconda em algum sítio em Suzano ou equivalente para não ser chamado a assinar de novo.

Mas também podem pedir ao Diogo Mainardi, ao Lobão, etc...  para assinarem.

Esses e mais dúzias assinaram para aparecer — não por saberem ler uma peça jurídica, claro.

O Aécio sabe (embora pretenda ficar escondido no Leblon até o Carnaval) que o mandato do Renan termina (em termos práticos) daqui uns 15 dias, no fim do ano legislativo.

(Em termos teóricos, o mandato vai até 31/01/2017. Mas depois de 21/12, não tem mais sessões).

Assim, uma renúncia de Temer agora não agradaria a ele.

Como dito, se o Temer renunciar até 30/12, pela constituição (sempre ela…) o Viana assumiria a Presidência da República no dia 31/12, de modo automático.



Assim, até depois da decisão da Copa do Brasil neste dia 07/12, qualquer emoção seria apenas o Jorge Viana retirar a PEC55 da pauta.

É duvidoso que ele queira arriscar a ter a FIESP e a Globo atrás dele por isso.

Assim, na verdade, primeira (e até agora única) consequência até dia 07/12, é que o Viana é o Presidente do Senado, e é o 1º na linha de sucessão — apenas até 31/12, lembrando…

O STF, como sabemos, tem vários golpistas. Mas lembrem-se que o fato de Renan ter sido afastado deve-se a uma ação impetrada pelo Rede. Há várias semanas.

E isso não estava no script nem dos golpistas nem dos outros que mandam no país agora – Globo e Fiesp, no caso.

O STF não podia nem pode negar a decretar o afastamento, desde que ele fosse pedido, porque a decisão anterior que foi dada para afastar o Cunha (depois do golpe) agora tem força de lei.

E o STF, embora lá vários queiram, agora é o único que não poderia descumprir a lei que ele mesmo criou ao decidir o caso do Cunha — que eles não queriam decidir antes do Cunha colocar o impeachment em pauta.

O Senado poderia descumprir, lógico.

Mas o STF não….

Portanto, o futuro após 07/12 é completamente imprevisível e sombrio.

Brasil, mostra tua cara

***

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Os militares criaram o AI 5 para ficarem acima da lei. Moro quer ser o AI 5 e na sua cola o MPF


Moro, um terceiranista reprovado na sabatina


Como a tragédia se repete como farsa (Karl Marx), preciso voltar no tempo, para ilustrar uma farsa atual. Recebi de um superintendente da Polícia Federal a missão de investigar um servidor do extinto INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), que estaria furtando gasolina da instituição. Esqueci a pessoa e segui o manual da PF: investigar fatos e, se verdadeiros, buscar provas e autoria (se possível). Bem diferente do que fazem com Lula, pois primeiro acusam, difamam, insuflam o ódio popular e depois saem correndo à procura de pedalinhos, tríplex, pixulex, denorex, jontex, iodex...

Iniciei o trabalho solicitando planilhas com entrada e saída de viaturas, volume de abastecimento, registros de hodômetros. Se a quilometragem percorrida não fosse compatível com o consumo de gasolina, certamente alguém dela se apropriara. Passo seguinte seria descobrir esse alguém. Mas, logo de início vi que até a cúpula do INSS furtava gasolina. Então, o superintendente da PF me chamou para conversar. Disse-me que não era “pra fazer carnaval, pois era só pra dar um susto”. Criado o mal estar me colocaram numa salinha com uma placa “Adido ao Gabinete” – local conhecido na PF como corredor (na Polícia Civil chamam NASA)...

Não sei se avisaram o juiz Sérgio Moro que “era só pra dar uma susto” ou melhor, se avisaram que a Farsa Jato seria apenas para ajudar no golpe. O fato é que, sequer pode ser inocentado de não saber a consequência de seus atos. Não falo dos atos legais, imparciais, deveres de oficio, mas sim das divulgações seletivas, os casuísmos, do ativismo jurídico (por vezes mescla de jurídicos/políticos). Os resultados falam por si - a com a Constituição Federal rasgada, direitos fundamentais violados, quebra de empresas, desemprego, insegurança jurídica, cizânia social, incentivo ao crime de ódio e o golpe.

Com susto, li que o tal magistrado está indo embora para os Estados Unidos. Os holofotes começam a apagar sobre o pavão, cuja cauda de plumagem tucana ao se abrir exibe cores da bandeira americana. Moro vai, se é que vai, e o Brasil fica sem saber se é porque estaria impedido de prender tucanos e ou por não conseguir encontrar ou inventar provas para prender o ex-presidente Lula. Nem Lula nem Dilma estão em listas criminosas e, pelos meios permitidos no direito, nada se provou contra os dois. A ONU e o Tribunal Penal Internacional estão de olho em Moro, e a Farsa Jato, em que pese a bandeira séria aparente, só realça a imagem do Brasil como uma republiqueta sujeita a golpes.

No golpe atual, cogita-se que tucanos assumam o poder em 2017 e que vamos nos tornar americanos - quem tem menos votos governa. Cogita-se que o Congresso Nacional (antes varonil por derrubar a Presidenta Dilma, hoje canalha por querer transformar juízes em seres mortais, responsáveis por seus atos) tem novidades.  Fora Temer! O pacote do golpe contemplaria prorrogação do mandato tucano e as eleições presidenciais de 2018 ficariam um pouquinho mais para a frente, até que a TV Globo/Veja/Folha/Estadão convençam a população de que o pato da FIESP voa melhor do que o boi do Conde João Maurício de Nassau-Siegen. Aliás, neste final de semana teve festa de pato na Av. Paulista.

Os militares criaram o AI 5 para ficarem acima da lei. Moro quer ser o AI 5 e na sua cola o Ministério Público Federal. Os delegados da PF estão contra, pois já apanham demais do “Parquet”. É, os golpistas já não estão se entendendo muito bem. Nesse contexto, Moro, antes de partir, foi ao Senado Federal, e Lindbergh lhe mostrou que lei não é chicote e pena não é vingança. Um espetáculo tão dantesco que tive que concordar até com Renan Calheiros e Gilmar Mendes. Moro não conseguiu provar que o “Projeto Deus Sou Eu” não é um golpe dentro do golpe...

'Uma lei contra abuso de autoridade no Brasil é uma necessidade', afirma Lindbergh Farias


Ao ficar nu, Moro levou um susto e apelou para a mentira e disse: “querem criminalizar a Farsa Jato”. Mentiu, porque Moro sabe ou teria a obrigação de saber, que a lei não retroage para prejudicar (Art. 5º, XL da CF). Portanto, seus abusos atuais ficariam penalmente impunes se aprovada a lei como está. Mostrou mais uma vez que desconhece e ou atropela a lei de forma consciente. Revelou-se tão inexpressivo e acuado, que mais parecia um terceiranista de Direito que ficou em recuperação e que foi reprovado na sabatina.

Armando Rodrigues Coelho Neto – advogado e jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo


***

Comentários Facebook