Vânia olhou para a sua panela tramontina roxa ali guardada no fundo do armário da cozinha.
Foi um olhar em que havia ao mesmo tempo melancolia e frustração.
Não era uma panela qualquer. Era aquela que Vânia usara nos protestos contra Dilma. Escolhera-a por ser leve e barulhenta. Perfeita, portanto, para a ocasião.
A panela remetia a Dilma. Vânia, naqueles dias de panelaço, abominava Dilma.
Dilma era um obstáculo para o Brasil, para os brasileiros. Quando gritava “Fora Dilma”, Vânia tinha certeza de que bradava pelo progresso nacional.
Vânia era gerente de uma loja da Riachuelo. O dono da cadeia dissera à imprensa que, Dilma saindo, as coisas logo se ajeitariam na economia nacional. Questão de dias.
Era o que todo mundo dizia, aliás. Vânia lia a Veja toda semana. Não perdia um Jornal Nacional. Deixava horas e horas a GloboNews ligada na tevê de sua casa. No trânsito, a rádio de seu carro oscilava entre CBN e Jovem Pan.
Considerava-se, modéstia à parte, uma mulher muito bem informada.
Todo mundo que ela admirava na imprensa concordava em que Dilma tinha que cair.
Vânia pegou a tramontina roxa nas mãos e como que voltou no tempo. Sentia que estava fazendo história ao participar dos panelaços. Com a panela nas mãos, naquelas noites, era tomada de uma euforia quase sexual.
Tinha que dar certo — e deu. Dilma enfim caiu.
Todos os problemas agora estavam resolvidos.
Ou não?
Ali, na sua cozinha, tramontina na mão, naquele momento de rememoração e reflexão, já se tinham passado mais de seis meses desde a queda de Dilma.
Mas e o paraíso prometido, onde fora parar?
Vânia batera a panela contra a corrupção, mas Temer e a turma que tomara o poder não significavam exatamente um choque de ética política.
Na economia, as coisas não podiam estar piores. Vários colegas de Vânia de gerência na Riachuelo tinham sido demitidos nos últimos dias. Cada vez que o chefe a chamava ela tinha um tremor. Achava que chegara a sua hora de ser despedida.
Naquele dia do reencontro com a tramontina roxa, Vânia pensou também em Dilma.
Será que ela era mesmo aquele monstro que pintaram?
Vira algumas entrevistas com ela depois do impeachment. Chamou sua atenção a forma como ela, Dilma, se referia aos pobres. Era uma simpatia que parecia ser genuína, e que como que tinha o poder de contagiar.
“Um país tão rico com tantos pobres não pode dar certo”, Vânia se pegou um dia refletindo. Isso nunca aconterera antes.
Vânia passara a ver Dilma de outra forma.
Teria sido vítima de uma trama de homens corruptos e muito ricos, como ela dizia?
Talvez sim, talvez não, pensou Vânia, panela na mão.
De repente, num impulso irresistível, atirou a tramontina contra a parede.
E lhe ocorreu que caso encontrasse Dilma na rua lhe daria um abraço.
Não um abraço de desculpa, mas um gesto de solidariedade de mulher para mulher. “Acho que me usaram para te pegar”, talvez dissesse.
A história acima é uma mistura de ficção leve e realidade brutal.
A Revista Isto É homenageou os brasileiros do ano nesta noite. E o grande eleito foi o presidente-golpista Michel Temer, mas houve outros premiados em categorias. Entre eles, claro, Sérgio Moro. E haviam convidados como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tantos que estiveram na linha de frente do impeachment de Dilma.
Tudo seria lindo e maravilhoso se a foto que ilustra esta matéria não fosse tão límpida. Olhem-na com carinho, vejam a intimidade dos dois rapazotes e a cara de próxima vítima de Temer.
Aécio e Moro in love na foto do ano realizada na festa da Isto É
Não, amigos, tudo que está acontecendo não é coincidência.
Agora, fique abaixo com os premiados e as justificativas da revista. Não deixe de ler. Mas lembre-se o tempo todo, o texto não é meu. E eu nunca chamaria isso de jornalismo.
MICHEL TEMER – Brasileiro do Ano
Presidente do Brasil
Em 2016, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu a missão de assumir o comando do País em um momento conturbado política e economicamente.
SÉRGIO MORO – Justiça
Juiz Federal
Atuando na 13ª Vara Federal em Curitiba (PR), o juiz Sérgio Moro, 44 anos, ganhou notoriedade no Brasil e no mundo ao comandar a Operação Lava Jato, a maior investigação da história sobre uma rede de corrupção no País e que levou à prisão, à investigação e ao julgamento de grandes empresários e políticos envolvidos no esquema dentro da Petrobras. Moro já deu sentenças condenando 93 corruptos a penas de quase mil anos de cadeia, tendo aberto até agora 37 ações penais que já tornaram réus 179 pessoas, incluindo o ex-presidente Lula.
Seu trabalho tem lhe rendido o título de ‘herói brasileiro’, que ele rejeita, mas que beira à celebridade, sendo aplaudido aonde vai, seja no mercado, no restaurante ou no cinema.
Apesar dos apelos da população, o juiz não pretende entrar na carreira política, e, por enquanto, o foco está na Lava Jato, que, com quase três anos, ainda deve se estender por um tempo, principalmente após a esperada delação dos executivos da Odebrecht.
GRAZI MASSAFERA – Televisão
Atriz
Em 2016 Grazi se consolidou como um dos principais nomes da TV brasileira ao interpretar uma modelo que acabou entrando no mundo das drogas viciada em crack na novela Verdades Secretas. Por sua excepcional interpretação, Grazi chegou a ser indicada ao Emmy como Melhor Atriz.
ISAQUIAS QUEIROZ – Esporte
Atleta/canoagem
O canoísta baiano de 22 anos se consagrou em 2016 como o maior medalhista olímpico brasileiro ao conquistar três medalhes na Rio2016, sendo duas de prata e uma de bronze, feito inédito não só para um brasileiro como na história dos jogos olímpicos.
ANTONIO FAGUNDES – Teatro
Ator
Sucesso na telinha e no palco. Antônio Fagundes, 67 anos, brilhou na TV em 2016 com o personagem Afrânio de Sá Ribeiro, o coronel Saruê, na novela global “Velho Chico”. Além disso, inovou no teatro com a peça ‘Vermelho’, texto de John Logan sobre a vida do pintor norte-americano Mark Rothko (1903-1970), em que, ao final, leiloava uma obra produzida ao longo do espetáculo. A peça ainda ganhou fama ao não recorrer a patrocinadores ou leis de incentivo à cultura, conseguindo atrair centenas de pessoas à plateia antes mesmo de estrear, pois abriu ao público desde a primeira leitura do texto, ação que, aliada ao leilão das obras, ajudou a subsidiar a montagem.
EDUARDO PAES – Gestão
Prefeito do Rio de Janeiro
Eleito prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 2009 e reeleito 2012 o peemedebista coroou suas gestões com o sucesso dos Jogos Olímpicos, realizados no Rio de Janeiro este ano.
JOÃO DORIA – Revelação na Política
Prefeito eleito de São Paulo
Um paulistano que surpreendeu no cenário político nacional ao ser eleito no primeiro turno das eleições municipais em outubro com 53% dos votos válidos, ou mais de 3 milhões de votos. João Doria entra para o mundo político após uma trajetória consolidada no meio empresarial.
LAÍS RIBEIRO – Moda
Modelo
A top piauiense de 25 anos é uma das angels da marca mais famosa de lingerie, Victoria´s Secret, sendo a terceira brasileira a desfilar para a grife.
Este ano, Laís abalou Paris dividindo a passarela com as veteranas Alessandra Ambrosio, Adriana Lima e a diva pop Lady Gaga. Laís, que tinha o sonho de ser enfermeira, hoje tem – e já teve – contratos milionários com as principais grifes do mundo como Gucci, Dior, Dolce&Gabbana e Ralph Lauren. Já foi declarada musa do estilista francês Jean Paul Gaultier.
A Brasileira do Ano na Moda, Laís também é embaixadora mundial do Bottletop, projeto de engajamento social e sustentável para ajudar na renda de mulheres artesãs do Brasil e da África, que produzem peças com anéis de latinhas de alumínio.
RICARDO BOECHAT – Comunicação
Jornalista
Colunista de IstoÉ há 10 anos, âncora do telejornal da TV Bandeirantes e da BandNews FM, Ricardo Boechat, 64 anos, se destacou como uma das principais figuras da comunicação em um ano cheio para o jornalismo.
Sua relevância foi além das fronteiras nacionais. Foi o único jornalista latino-americano a participar do terceiro e último debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Donald Trump.
No rádio, tem um dos programas de maior audiência do País. Foi reconhecido pelos próprios colegas da imprensa como o melhor apresentador e âncora de rádio ao ganhar o Prêmio Comunique-se.
Com estilo único de informar, Boechat ganhou espaço também nas redes sociais. Em tempos de polaridade, sua credibilidade fez de Boechat o único profissional de imprensa seguido nas redes tanto por partidários de Dilma Rousseff como por aqueles a favor do impeachment da presidente, segundo pesquisa do jornal El Pais.
LUDMILLA – Música
Cantora
Com apenas 21 anos, Ludmilla, que começou a carreira como MC Beyoncè, faz uma média de 20 shows por mês apresentando seu funk que a consagrou como uma das maiores vendedoras de hits do país.
O sucesso se estende às redes sociais. Seu novo clipe, “A Danada Sou Eu”, teve, teve 10 milhões de visualizações em apenas um mês. A jovem também arrasou em sua participação na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de janeiro.
BENEDITO RUY BARBOSA – Cultura
Autor de novelas
Responsável por clássicos da dramaturgia brasileira, como O Rei do Gado, Benedito Rui Barbosa emplacou mais um sucesso na TV com a produção “Velho Chico”, sucesso no horário nobre da Globo.
O Renan pode recorrer da decisão, mas isso na prática talvez seja indiferente, porque, de qualquer maneira, o pleno do tribunal tem de julgar o mérito da causa.
Assim, a defesa acabará por dar-se no julgamento do pleno.
Entretanto, o STF é autônomo para marcar o julgamento do pleno.
Depende em teoria só da Carmen Lúcia. "Que tem a sensibilidade política de um chimpanzé".
Ela pode marcar para esses dias. Ou não.
Ela é tucana, de Montes Claros, mas não há evidências de que ela já tenha sido ‘testada” recebendo telefonemas de “certas pessoas”.
Não no STF.
De todo modo, para mim, o Renan vai perder de 9 X 1 ou 10 X 0 no pleno.
O que também não faria diferença enquanto cargo de presidente da casa, porque o mandato dele termina daqui uns 15 dias, no fim do ano.
Mas tem outro problema: faria diferença se o Temer renunciar até 30/12, porque aí o Senador Jorge Viana assumiria a Presidência da República no dia seguinte, de modo automático. A vacância é imediata.
Tem gente que acha que existem “elementos suficientes” para “derrubar” o Temer.
Além de quem acha que o impeachment foi golpe, tem muitos que não acham pensando em chutar o Temer.
Por vários motivos.
Uns são econômicos.
Outros não…
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Exemplo: vendo a "merda onde se meteram", gente como Meireles (Fazenda) é Goldfajn (BC) podem pedir o boné e irem embora antes que a à bomba explora no colo deles…
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Bem…
Renunciar o Temer não vai — pelo menos agora — a não ser que exista um novo “acordo” para o “golpe dentro do golpe” envolvendo a FIESP, os tucanos e a TV Globo.
Isso porque, obviamente, os tucanos preferem que o Temer saia após 01/01/2017, para ter a famosa “eleição indireta”
Para eleger FHC.
Que nem coxinhas estão querendo mais.
Sobre uns — sejam do “povo” ou da política acharem que existem “elementos” suficientes para tentarem descartar o Temer.
Isso qualquer imbecil sabe que tem.
A Dilma foi retirada (o motivo “legal”, não o “verdadeiro”) por muito menos que um “Geddel” ou um “Padilha” fazem.
Só que o afastamento do Temer, se a mesma Constituição valer do mesmo jeito que valia em maio, tem de ser por julgamento de um pedido de impeachment, que, como tristemente sabemos, tem prazos regimentais que duram pelo menos 130 dias.
E só pode começar na Câmara, não no Senado.
Não sei se a Janaina Paschoal toparia fazer outro pedido por apenas $45 mil.
É provável que Hélio Bicudo se esconda em algum sítio em Suzano ou equivalente para não ser chamado a assinar de novo.
Mas também podem pedir ao Diogo Mainardi, ao Lobão, etc... para assinarem.
Esses e mais dúzias assinaram para aparecer — não por saberem ler uma peça jurídica, claro.
O Aécio sabe (embora pretenda ficar escondido no Leblon até o Carnaval) que o mandato do Renan termina (em termos práticos) daqui uns 15 dias, no fim do ano legislativo.
(Em termos teóricos, o mandato vai até 31/01/2017. Mas depois de 21/12, não tem mais sessões).
Assim, uma renúncia de Temer agora não agradaria a ele.
Como dito, se o Temer renunciar até 30/12, pela constituição (sempre ela…) o Viana assumiria a Presidência da República no dia 31/12, de modo automático.
Assim, até depois da decisão da Copa do Brasil neste dia 07/12, qualquer emoção seria apenas o Jorge Viana retirar a PEC55 da pauta.
É duvidoso que ele queira arriscar a ter a FIESP e a Globo atrás dele por isso.
Assim, na verdade, primeira (e até agora única) consequência até dia 07/12, é que o Viana é o Presidente do Senado, e é o 1º na linha de sucessão — apenas até 31/12, lembrando…
O STF, como sabemos, tem vários golpistas. Mas lembrem-se que o fato de Renan ter sido afastado deve-se a uma ação impetrada pelo Rede. Há várias semanas.
E isso não estava no script nem dos golpistas nem dos outros que mandam no país agora – Globo e Fiesp, no caso.
O STF não podia nem pode negar a decretar o afastamento, desde que ele fosse pedido, porque a decisão anterior que foi dada para afastar o Cunha (depois do golpe) agora tem força de lei.
E o STF, embora lá vários queiram, agora é o único que não poderia descumprir a lei que ele mesmo criou ao decidir o caso do Cunha — que eles não queriam decidir antes do Cunha colocar o impeachment em pauta.
O Senado poderia descumprir, lógico.
Mas o STF não….
Portanto, o futuro após 07/12 é completamente imprevisível e sombrio.
Manifestantes apoiam a Operação Lava Jato e protestam contra os ajustes das medidas anticorrupção, aprovados pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira (30).
Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (4) em mais de 200 cidades em todo o país se manifestar contra os ajustes do pacote das medidas anticorrupção e em apoio à Operação Lava Jato.
Convocados pelos mesmos movimentos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff — Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Nas Ruas-, os protestos marcam a primeira onda de manifestações da era Temer.
As principais pautas dos atos são o apoio à Operação Lava Jato e a oposição aos ajustes aprovados na Câmara das medidas contra a corrupção.
"Não importa se você é de direita, de esquerda ou de centro. Você tem que ir pra rua protestar contra os corruptos", diz a convocação do movimento Vem pra Rua em publicação no Facebook.
Manifestação em apoio à Lava Jato em Copacabana, Rio de Janeiro, em 4 de dezembro
Segundo estimativas da Polícia Militar, o protesto em Brasília reuniu cerca de 15 mil pessoas, enquanto em Copacabana, no Rio de Janeiro, o número de manifestantes chegou a 20 mil.
Durante a madrugada de quarta-feira (30), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do pacote de medidas anticorrupção. Em emendas de última hora, foram retiradas seis propostas do MPF e aprovadas diversas alterações no texto da comissão especial, incluindo temas polêmicos, como a punição de juízes e membros do Ministério Público por crime de responsabilidade, questão que já tinha sido excluída pelo relator do texto, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Manifestação em apoio à Lava Jato em Copacabana, Rio de Janeiro, em 4 de dezembro
Os protestos deste domingo, apesar de mirar mais no Congresso do país do que no Palácio do Planalto, as manifestações têm o perfil semelhante aos atos que pediram o impeahment da ex-presidente Dilma Rousseff. Rejeitando os partidos políticos de uma maneira geral, os manifestantes se vestem de verde e amarelo, pedem o fim da corrupção e enaltecem o juiz federal Sérgio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato.
"A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular." - prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard
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A defesa do ex-presidente Lula, através de nota, afirma o que já mais cedo havia de mostrado aqui: toda a “denúncia” dos promotores de Curitiba que afirma que Lula comandava o esquema de corrupção e que o apartamento no Guarujá que seria – mas não é – dele não foi produto de qualquer arranjo ou “caixa” da corrupção na Petrobras.
E não apenas porque a suposta delação de Léo Pinheiro, usada como “elemento de convicção” (substituto curitibano da prova) não existe – não foi estrepitosamente descartada por Rodrigo Janot? – como também não há homologação da a tentativa de nova delação premiada do ex-deputado Pedro Correa, que tenta se livrar dos 20 anos de cadeia a que está condenado.
Veja a nota dos advogados de Lula:
A manchete de hoje (18/9/2016) da Folha de S.Paulo – Denúncia contra Lula usa dados de delação cancelada – confirma inequivocamente que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia sem qualquer prova contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 14/9/2016. Tal denúncia, divulgada pelos procuradores com descabido show pirotécnico, viola garantias fundamentais e regras do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Na qualidade de advogados de Lula, manifestamos mais uma vez nosso repúdio à estapafúrdia utilização por alguns membros do MPF de versões que se valem de delações inexistentes e com indisfarçável desconexão cronológica e lógica dos fatos.
Observamos o que se segue:
1- A denúncia de 14/9 busca associar indevidamente uma cota-parte comprada em abril de 2005 por D. Marisa Letícia – que daria direitos a futura aquisição de um apartamento no Guarujá – a supostos atos ilegais praticados pela empresa OAS por meio de contratos firmados em 11/10/2006 (REPAR) e 09/07/2008 (Abreu e Lima) com a empresa OAS. Frisa-se que a construtora, no entanto, somente passou a ter vínculos com o empreendimento do Guarujá em 05/03/2009, quando assumiu o negócio da Bancoop por meio de acordo referendado pelo Ministério Público de São Paulo e pela Justiça. A relação jurídica de D. Marisa com a cota-parte que poderia dar direito ao referido imóvel – caso ela tivesse pago todas as prestações – se iniciou em 2005, antes, portanto, dos contratos citados na denúncia envolvendo a OAS. Esta empresa, por seu turno, somente assumiu a construção do prédio no Guarujá em 2009, com o aval do Ministério Público e do Judiciário, evidenciando, até mesmo sob a perspectiva lógica, não haver qualquer relação com a cota-parte comprada em 2005 pela esposa de Lula.
2- Na falta de qualquer prova contra Lula, os subscritores da denúncia recorreram às suas próprias “convicções”, baseadas em uma implacável perseguição pessoal e política contra o ex-Presidente. Para disfarçar esse embuste, usaram a suposta narrativa de uma inexistente delação premida de Leo Pinheiro. Na edição de 1/6/2016 (Delação de sócio da OAS trava após ele inocentar), a própria Folha noticiou que o empresário estava sendo pressionado pela Força Tarefa para fazer uma delação, com o objetivo de citar Lula, em absoluto desrespeito ao requisito da voluntariedade (Lei 13.850/2013). O fato foi levado ao conhecimento do Procurador Geral da República, em 17/6/2016, e até hoje não há notícia sobre eventuais providências por ele tomadas.
3- Da mesma forma, a denúncia faz referência a um Termo de Declarações do condenado Pedro Corrêa, datado de 1/9/2016, que não obteve homologação judicial, como se verifica na ausência de qualquer referência na peça. Se delação premida, ainda que obtida de acordo com os critérios legais e homologada judicialmente, já não é prova, mas meio de obtenção de informações, como já assentou o Supremo Tribunal Federal (Inq. 4130), o material usado pelo MPF na denúncia na tentativa de superar a ausência de provas, além de não ter qualquer valor jurídico, ainda revela a utilização de elementos sem qualquer previsão legal na peça acusatória.
4- Salta aos olhos que os subscritores da denúncia, na falta de qualquer base jurídica para sustentar uma acusação contra Lula, buscaram, por meio de um tosco espetáculo de populismo-midiático, atacar sua reputação e condená-lo por meio de manchetes.
Somente a presença de um juiz imparcial poderia reverter esse cenário de absoluta destruição ao Estado Democrático de Direito e de rejeição às garantias fundamentais.
Paulo Pimenta enquadra e cala Sérgio Moro .Ficou caladinho! Gaguejou e tremeu.