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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Odebrecht deu R$ 30 milhões ao Mineirinho






Delator aponta à PF reuniões sobre pagamentos a ‘Mineirinho’


Em depoimento que citou o deputado federal Aécio Neves ( PSDB-MG ), o ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira e Silva, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou à Polícia Federal que o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Henrique Valladares se reuniu com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. Segundo o executivo, Henrique Valladares e Dimas Toledo se encontraram ‘para tratar a respeito de pagamentos’ para ‘Mineirinho’.

Ênio Augusto Pereira e Silva falou à PF em um inquérito que apura o suposto pagamento de R$ 30 milhões da Odebrecht para o tucano – R$ 28,2 milhões em dinheiro entregue em uma sala comercial em Ipanema, no Rio, e US$ 900 mil em pagamentos no exterior. O valor teria sido repassado para que Aécio Neves ‘influenciasse o andamento dos Projetos do Rio Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia) atendendo aos interesse do grupo e da Andrade Gutierrez’.

Segundo os delatores da Odebrecht, Dimas Fabiano Toledo operou os pagamentos. Investigadores afirmam que ‘Mineirinho’ é o deputado Aécio.




 Neymar Jr declarando apoio a Aécio Neves



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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Advogado do diabo cotado para assumir o Ministério da Justiça



Por: O TEMPO


Em delação premiada, Delcídio acusa o tucano de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios, e também de receber propinas em esquema de corrupção de Furnas


AGÊNCIA ESTADO


Cotado para assumir o Ministério da Justiça, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso é amigo e atua como advogado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, de quem não cobra honorários, nos dois inquéritos que o tucano responde perante o Supremo Tribunal Federal como desdobramento da operação Lava Jato.

Velloso afirma que os casos em que atua para Aécio não têm relação com a Lava Jato. "Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio. E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade. Mais até como conselheiro", afirmou Velloso, por e-mail, à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Ele admitiu ainda atuar para o tucano sem cobrar nada.

As duas investigações contra Aécio tem origem na delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT e ex-PSDB, atualmente sem partido) que foi preso em novembro de 2015 acusado de tramar contra a Lava Jato. Para se livrar da cadeia, Delcídio fez delação premiada.

O ex-senador acusou Aécio de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios (presidida por Delcídio) que poderiam atingir membros do PSDB e também de receber propinas em um esquema de corrupção em Furnas.

Os dois inquéritos estão sob relatoria do ministro Gilmar Mendes Em dezembro do ano passado o tucano prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a CPI dos Correios - na época, Aécio era governador de Minas.

Também são investigados neste inquérito Clésio Andrade, que era vice-governador do tucano, e o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que era filiado ao PSDB. No caso de Furnas, o tucano é investigado por suposto recebimento de propina de empresas terceirizadas que mantinham contrato com a estatal.

As vantagens indevidas seriam pagas pelas empresas ao ex-diretor da companhia, Dimas Toledo, que as repassava para o tucano. O senador e os demais investigados nos inquéritos rechaçam as acusações de Delcídio.

Lava Jato


Além de Aécio, Velloso tem um cliente deputado que é investigado no âmbito da operação Zelotes. Em relação à Lava Jato, contudo, o ex-presidente do STF diz que nunca atuou para os investigados da operação.

Ele conta que chegou a ser procurado por outro advogado que atua no caso para emitir um parecer. "Cheguei a ser procurado, logo no início, por mais de um advogado, a fim de estudar a possibilidade de emitir parecer. Em razão do sigilo profissional, só posso dizer-lhe que não emiti nenhum parecer em caso da Lava Jato", disse.

Caso assuma o Ministério da Justiça, Velloso terá que deixar de atuar como advogado, seguindo o Estatuto da Advocacia. "Sou advogado, na companhia de outros advogados, de um advogado, que é deputado, num caso da denominada Operação Zelotes, em curso no Supremo Tribunal Federal, ora distribuído ao ministro Ricardo Lewandowski. Aceitando assumir o Ministério da Justiça, me afastarei do caso, na forma do Estatuto da OAB."

Via:




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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Redes sociais não engolem versão de 'acidente' sobre morte de Teori




A morte do ministro relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, na queda de um avião bimotor em Paraty dominou as redes sociais nesta quinta-feira (19). As redes sociais estão fervilhando com “teorias da conspiração” - e a mais improvável delas, segundo a maioria dos internautas, é a de que tudo não passou de “acidente”.

Morreu o ministro que homologaria as delações. Vai ser pouco chamar só de "acidente" a morte de Teori Zavascki.


 Aos fatos: Zavascki foi indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela presidenta Dilma Rousseff, em 2012. Além de ter decidido pelo afastamento do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha em 5 de maio do ano passado, ele também criticou o juiz de primeira instância Sérgio Moro pela divulgação ilegal da interceptação telefônica entre a então presidenta Dilma e o ex-presidente Lula. O vazamento da gravação, entretanto, deu fôlego ao movimento pelo impeachment da petista.

"vcs é tudo teoria da conspiração" sim apenas um acidente de avião com o ministro responsável pela maior investigação anticorrupção do país

 Em 26 de maio de 2016, o filho do ministro, Francisco Zavascki, publicou um texto no Facebook denunciando a existência de “movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato” e alertou:
  • “Se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar…”


 Três dias antes, vazou o áudio da conversa reveladora entre o senador Romero Jucá, atual presidente do PMDB de Michel Temer, e o delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, a respeito de um “pacto” para “estancar a sangria” da Lava Jato.


 Na transcrição, Zavascki é descrito como alguém com quem os interessados em barrar a maior operação policial da história do Brasil não poderiam contar: “É um cara fechado, foi ela que botou” (em referência a Dilma), um “burocrata”.

Sobre Teori Zavascki, é importante saber: pic.twitter.com/NWhJKCyVLY

 ​"Jucá", aliás, foi um dos trending topics do Twitter hoje, bem como "Odebrecht".


 "House of Cards" também voltou aos trending topics.





 No mês que vem, o ministro relator da Lava Jato homologaria e tornaria públicos as 77 delações premiadas dos executivos da cúpula da empreiteira Odebrecht, com consequências explosivas para inúmeras autoridades do Brasil e do exterior.


 Este tweet do advogado Adriano Argolo, aliás, foi publicado hoje de manhã, antes do acidente aéreo, e viralizou após as notícias sobre a morte de Zavascki:




 Posteriormente, após dizer que não era "adivinho", mas que apenas tinha "visão política", o autor se manifestou novamente no Twitter:





 A Anac informou que a documentação do bimotor estava em dia, com o certificado válido até abril de 2022 e inspeção da manutenção, que é feita anualmente, válida até abril de 2017.

O dono e operador da aeronave prefixo PR-SOM, modelo HawkerBeechcraft King Air C90, é o Hotel Emiliano, cujo dono, Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, teria oferecido uma carona a Zavascki, que ia de São Paulo para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O empresário também morreu no acidente, segundo informou a assessoria de imprensa do Grupo Emiliano.


 Dadas todas as circunstâncias, pode até ser que a queda do bimotor em que estava o ministro relator da Lava Jato tenha sido mesmo um acidente infeliz. Nas redes sociais, contudo, a impressão é de que esta é a possibilidade mais remota de todas.






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sábado, 17 de dezembro de 2016

Moro é denunciado por vazamento ao 'Estadão' de processo sigiloso




Além do vazamento, Moro também foi denunciado por emitir opinião e juízo de valor contra o ex-presidente Lula em despacho


Denúncia acompanha foto em que Moro
 aparece demonstrando afinidades
 com o senador Aécio Neves (PSDB)
GGN – O juiz federal Sergio Moro foi denunciado pela defesa do ex-presidente Lula ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por um vazamento que ocorreu a partir da 13ª Vara Federal, em Curitiba, de processo por danos morais movido contra um delegado da Lava Jato, em caráter sigiloso. A denúncia acompanha a foto em que Moro aparece demonstrando afinidade com o senador Aécio Neves (PSDB) e outras condutas que, na visão dos advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, configuram violações ao Código de Ética da Magistratura.

Segundo a representação ao CNJ, Moro cometeu duas infrações nesse caso: primeiro, usou um despacho para emitir opinião e fazer juízo de valor contra a defesa de Lula. Depois, teria vazado ou deixado vazar esse documento relacionado ao processo sigiloso para o Estadão.

O jornal publicou uma matéria destacando a opinião do magistrado, que achou "lamentável" que Lula processe o delegado Filipe Pace. Prontamente, a grande mídia e diversos portais independentes reproduziram a notícia na qual Moro incita a "opinião pública" a acreditar que Lula partiu para cima da Polícia Federal como um todo.

A Advocacia Geral da União vai defender o delegado Pace da ação por danos morais, que é da ordem de R$ 100 mil. O oficial da PF é acusado de tentar difamar o ex-presidente Lula fazendo exatamente o que Moro fez: usado um despacho para emitir opinião sobre um assunto que não é de sua alçada. No caso, Pace disse que Lula estava na lista da Odebrecht.

"As condutas expostas configuram, em tese, desvio funcional porque colidem com disposições da Lei Orgânica da Magistratura, do Código de Ética da Magistratura Nacional (...) dentre outros atos normativos", diz a defesa de Lula.

"Além disso, o despacho em tela foi proferido em processo que tramita em segredo de justiça e, a despeito disso, menos de uma hora depois foi divulgado por jornalista de O Estado de S.Paulo que habitualmente divulga, com primazia, informações sobre processos que tramitam na 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba — estando hoje noticiada em todos os veículos de comunicação social."

Em outra passagem, a defesa alega que o despacho de Moro "foi exarado às 18h08min e cerca de uma hora depois já estava em destaque, por exemplo, no blog do jornalista Fausto Macedo, do Estadão, que costumeiramente consegue antecipar, em primeira mão, assuntos relativos à 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba."

Além do vazamento seletivo ao Estadão, a defesa de Lula listou outras condutas de Moro para manter sua influência na mídia em meio a sua "cruzada" contra Lula. Os advogados destacaram, por exemplo, que o juiz recorrentemente tem ido a eventos de adversários políticos de Lula e o PT, embora diga que não tem tempo para receber outros processos que não tenham a ver com a Lava Jato.

Para a defesa de Lula, Moro deveria seguir o Código de Ética da Magistratura, que diz que o "magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer natureza."

Outro artigo destacado diz: "O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral."

A defesa também destacou que o "magistrado imparcial é aquele que evita todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.”

Zanin e Teixeira assinalam que o CNJ tem o dever de se debruçar sobre as infrações de Moro ao Código de Ética da Magistratura.


Lula é vitima de "Lawfare"


A palavra "lawfare" é uma combinação (portmanteau) das palavras "law" (lei) e "warfare" (guerra). Uma tradução literal aproximada para "lawfare" seria "guerra jurídica". Trata-se do uso da lei (law) como instrumento de guerra e destruição do outro (warfare), onde não se respeita os procedimentos legais e os direitos do indivíduo que se pretende eliminar. Tal prática é planejada de forma a ter toda uma aparência de legalidade, com a ajuda da mídia, além dos agentes perpetradores.


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Um Congresso com centenas de parlamentares envolvidos na lista da Odebrecht


Diante da crise, uma reforma política radical



Delações da Odebrech desmentem a hipótese central da Lava Jato e expõem corrupção incrustada no sistema político. Mas quem poderá transformá-lo?


Bastou que vazassem as primeiras das 77 delações já combinadas por executivos da construtora Norberto Odebrecht para que emergisse a imagem real do sistema político brasileiro. Um punhado de grandes empresas financia centenas de governantes e parlamentares, exigindo em contrapartida obediência a seus interesses.

Ao fazê-lo, as corporações dominam a agenda e as votações do Congresso, que se torna impermeável à mudança e à vontade popular. Trata-se, nas palavras de Cláudio Melo Filho, ex-diretor da empreiteira, de “típica situação de privatização indevida de agentes políticos em favor de interesses empresariais”.

Estão envolvidos os “cardeais” da Câmara e Senado – em especial os que impuseram há meses um governo não-eleito, em nome do “combate à corrupção”. A lista começa com Michel Temer, citado 43 vezes por Melo sempre em situações em que pede dinheiro ou oferece favores.

As relações de quadrilha são tão claras que os participantes do esquema têm codinomes, às vezes divertidos. Romero Jucá, ex-ministro e líder do governo no Senado, é o “Caju”. O presidente do Senado, Renan Calheiros, é tratado, no submundo, por “Justiça”.

Eduardo Cunha, ex-presidente da outra casa legislativa e peça-chave do impeachment, atende por “Caranguejo”. O PSDB não fica imune. Aécio Neves é o “Mineirinho”; Geraldo Alckmin, o “Santo”. De José Serra, que teria recebido 23 milhões de dólares, diretamente em conta na Suíça, ainda não se sabe a alcunha – embora imagine-se…

Outros políticos, de menor coturno, figuram como “Velhinho”, “Muito Feio”, “Ferrovia”, “Menor”, “Laquê”, “Miúdo”, “Sogra”, “Tique Nervoso”, “Decrépito”, “Moleza”, “Boca Mole”. Mas a leitura do depoimento vale, muito além da picardia das alcunhas, pelo que ensina sobre o declínio e decrepitude das instituições “democráticas”.


Há um paradoxo no cenário criado pelas delações – e ele diz respeito diretamente ao que chamamos de esquerda. Por um lado, desaba a principal hipótese sustentada, ao longo de dois anos, pelos conservadores. Ao contrário do que a Operação Lava Jato, os jornais e TVs afirmaram incessantemente, a corrupção do Estado brasileiro não foi inaugurada pelo PT; Lula, Dilma e José Dirceu não são os “chefes da quadrilha”.

Os esquemas de compra de mandatos estão enraizados na cultura política brasileira; o petismo adaptou-se a eles, ao chegar ao poder. O escancaramento deste fato, para as maiorias que têm acesso às notícias políticas por meio do Jornal Nacional, é de enorme importância. De agora em diante, será quase impossível prosseguir na operação política que implicava punir um bode expiatório – a esquerda institucional – para manter o sistema intacto.

No entanto, nada indica que a esquerda institucional aproveitará a oportunidade para exigir a mudança do sistema. Seu silêncio em relação às delações da Odebrecht, quase uma semana após a revelação, é eloquente. Ela mergulhou tanto nas dinâmicas, regras e na própria ética vigentes que escapar é tão improvável como o êxito de alguém empenhado em erguer-se do solo puxando seus próprios cabelos. Além disso ela, também implicada nas denúncias que já surgiram e continuarão a se multiplicar, torce por uma espécie de anistia recíproca – e talvez trabalhe por isso…

Enquanto persistir, esta inação deixará aberto um vácuo imenso e perigoso. Toda a experiência dos últimos dois anos mostra que a crise de legitimidade das instituições pode ser resolvida de múltiplas maneiras – inclusive as mais regressivas. Foi por capturar o sentimento antiestablishment – esta onda que percorre o mundo, cada vez mais avassaladora – que os conservadores destroçaram, em poucos meses, anos de popularidade do petismo.

Agora, a hipótese de “golpe dentro do golpe” não deve ser descartada, em especial quando se vê o papel muito ativo que a Rede Globo continua a desempenhar na conjuntura. A possível mobilização pelas “diretas já” é um antídoto apenas parcial. Ela permite questionar o governo Temer e denunciar a hipótese de uma eleição indireta; mas não resolve o essencial. Ainda que se conquistem eleições, o presidente eleito, qualquer que seja, continuará “governando” um sistema colonizado pelo capital?

A proposta de uma reforma política radical é a alternativa óbvia. Ela permitirá dialogar diretamente com o descrédito e o desencanto de muitos, em face de uma democracia esvaziada e submissa. Os movimentos sociais a defendem há muito. Em 2013, ela foi um dos focos das grandes mobilizações de junho. Em 2014, um plebiscito nacional sobre o tema, convocado de forma autônoma, mobilizou 7,7 milhões de pessoas e reacendeu a chama. Mas ela foi sufocada em seguida, pela opressão silenciosa da inércia.

Talvez falte à proposta sustentada pelos movimentos sociais um toque de radicalidade. Ela prende-se muito a uma tentativa de aperfeiçoar a representação, esquecendo-se de dialogar com dois sentimentos que podem ser potentes: o desencanto e a raiva, diante do que os espanhóis chamam de “casta política”.

Lava Jato: Michel Temer e Eliseu Padilha estão na mira das investigações (Marcos Corrêa/PR)

Uma reforma não será verdadeira se não for, também, plebeia. Ao invés de aprimorar a representação, é preciso submetê-la aos representados. Isso implica eliminar privilégios, poderes e sigilos de deputados e senadores, num choque de realidade com pitadas de jacobinismo. Os vencimentos de um deputado ou senador não podem ultrapassar dez salários mínimos.

Os subsídios para educação privada dos filhos, moradia e planos de saúde extra-SUS devem ser extintos. A aposentadoria, equiparada à de um servidor público comum. A reeleição de parlamentares, limitada a uma. Uma proposta de mudança profunda no sistema político deve ver a representação como um serviço temporário à sociedade, nunca como uma profissão.

Os interessados em representar a vontade política do povo precisam estar dispostos a submeter-se a mecanismos transparentes de controle social. A que sessões, do plenário e das comissões de trabalho, compareceram, a cada dia? Como votaram? Que projetos propuseram? Quem receberam, em seus gabinetes?

Responder a estas questões será sempre, para alguém interessado em aprofundar a democracia, um exercício prazeroso de diálogo com os eleitores. Se nada semelhante a isso foi adotado até hoje, apesar dos meios oferecidos numa sociedade informatizada, é porque a representação passou a ser vista progressivamente como um poder sobre a sociedade, não como algo oferecido a esta por quem desenvolveu certas aptidões.

Estabelecer a revinculação dos representantes aos representados é um primeiro passo. Mas deve ser acompanhado de outros, que abram caminho para novas formas de democracia, hoje embrionárias: a direta e a participativa. Em relação à democracia direta, há pelo menos duas propostas óbvias.

Primeira: submeter qualquer emenda constitucional a um referendo. Essa necessidade é ainda mais evidente agora, quando um Congressocom centenas de parlamentares envolvidos na lista da Odebrecht não se envergonha de avançar sobre os direitos da maioria.

Segunda: multiplicar as consultas plebiscitárias à população. Realizá-las tornou-se banal, do pondo de vista técnico. Politicamente, será um exercício notável de construção, pelas maiorias, de novas formas de democracia.

Além das decisões plebiscitárias, é possível avançar em práticas que vão muito além do binarismo entre sim e não. Os orçamentos públicos são um foco especial. Faça uma experiência. Arrole, por exemplo, com uso dos bancos de dados, todas as obras propostas pelos orçamento da União, do Estado e do Município para um determinado bairro.

Coloque-as num mapa, por georreferenciamento. Convide a população deste bairro a visualizar o que os políticos – e certamente as empreiteiras – propõem para a região. E pergunte a esta mesma população quais seriam as reais necessidades do bairro.

Parecem utopias? Vivemos tempos dramáticos. A crise civilizatória em que mergulhamos não poderá ser resolvida retornando aos “tempos dourados” do pós-II Guerra, ao velho Estado de Bem-Estar Social, aos parlamentos em que políticos com formação intelectual sólida debatiam ideias. A escolha está, provavelmente, em outro patamar: ou nova democracia; ou retrocessos que nos rebaixarão de derrota em derrota, numa espécie de 2016 prolongado.

Nesta espiral percorrida sob anestesia, o caso Odebrecht oferece uma oportunidade rara de despertar, refletir e pensar a reconstrução. Seremos capazes?

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A ascensão e queda de Temer e o retorno de Lula em 2018 é previsto por Paulo Coelho



Via: Sputnik

“Alguma previsão para o futuro, Mago?”, provocou um usuário do Twitter, dirigindo-se a Paulo Coelho. Sim – respondeu o best-seller brasileiro, mundialmente famoso por suas obras de teor esotérico –, 14 previsões, já que você perguntou. E além delas, um prognóstico de brinde: Lula se reelegerá para mais oito anos no Planalto em 2018.



 Antes de detalhar sua análise sobre o futuro político da nação, o Mago fez questão de ressaltar sua decepção com o PT.

No entanto, ciente de suas desilusões, mas crítico do processo movido na Câmara contra a presidenta Dilma Rousseff, o autor vislumbrou a ascensão e a queda de Michel Temer, ondas de privatização, crescimento das manifestações populares e, finalmente, a volta de Lula à presidência.


 Confira abaixo a previsão do escritor, na íntegra:

O dia seguinte 


Antes de mais nada, quero avisar que já fui petista, fiz campanha, me decepcionei, resisti o quanto pude às constantes desilusões, incompetência, etc. Mas chegou um dia que disse BASTA. Está aqui o Twitter a respeito, escrito em Novembro 2013 



 Isso dito, eis o que penso que acontecerá a partir de agora:

1 – Temer asssume assim que o Senado votar a favor (o que ocorrerá).

2- Cunha passa a ser o vice-presidente. Mas se chegou tão perto, por que não tentar subir mais um degrau? Não é agora que vai mostrar as cartas escondidas na manga – é um dos melhores políticos que o Congresso tem (digo isso com o coração em pedaços). E passa a ser a espada colocada sobre a cabeça de Dâmocles/Temer [ explicação aqui ]

3 – para compensar o excesso de gastos do governo, começam as privatizações. As riquezas do Brasil são vendidas a preço de banana. A corrupção, que agora já aprendeu onde estão as possíveis armadilhas, se disfarça melhor, e exigirá muito tempo para ser descoberta.

 4 – o povo, que nada tem de bobo, se dá conta que trocou seis por meia-duzia.

5 – o PT, que tampouco nada tem de bobo, volta ao confortável lugar de oposição ao governo, e começam as manifestações

6 – o Brasil, por mais que se esforce, não consegue vender a legitimidade do novo governo lá fora. No momento em que escrevo estas linhas, a opinião pública mundial é praticamente unânime em condenar o que aconteceu ontem (mas meu amigo Jorge Pontual tem razão, só quem pode falar do Brasil são os brasileiros)

7 – o dólar cai. as viagens para a Disneylandia sobem. Mas com isso, as exportações caem tambem, de maneira vertiginosa. Aqui não descarto uma (mais uma) intervenção da FIESP de modo a desvalorizar o dólar de novo.

8 – os 54 milhões que votaram em Dilma, e que simplesmente não se manifestam porque tem medo da opinião pública, enxergam em Lula o salvador da pátria.

9 – as manifestações crescem mais ainda. Temer começa a ter dificuldades em governar. Surgem greves e bloqueios de estada, coisas do tipo.

10 – Lula cresce.

11 – Acredito na sinceridade e na honestidade de Moro. Não acho que prenderá Lula por meros interesses políticos. Sabe que sua história, e a história de sua família seriam manchadas por gerações, como foi a de todos que apoiaram o golpe militar de 64 (tinha até recentemente amigo na família de um notório torturador, e 30 anos depois ficava me explicando que o seu sobrenome não queria dizer que compactuava com as idéias e ações do tio).

12 – Temer entra em desespero – sorridente e com pose de estadista, mas desesperado. Diz que o país está a beira do caos. Tem conversas reservadas com as Forças Armadas. E escuta um sonoro “NÃO” quando pede interferencia.

13 – Aécio tambem entra em desespero. Desde o dia 1 do segundo mandato de Dilma ele fez o possível e o impossível para não deixa-la governar. Agora vê que o maior beneficiado foi o PMDB. Começa a questionar Temer/Cunha. Mas é tarde. Seu filme já está queimado, como mostram as pesquisas recentes.

14 – o povo já não tem mais ilusão a respeito de nada, e não se manifesta mais. A aguerrida militância do PT entra em cena sozinha. Todos começam a achar que “o Brasil inteiro” está contra o governo (assim como ocorreu agora) Finalmente, usando um pouco de teoria conspiratória: voces não notaram que o PT quase nao fez nada de eficiente para manter Dilma no poder? Por que? Porque ela foi uma aposta errada. Portanto, o que acontece depois do item 14 acima, é a reeleição de Lula, e mais 8 anos de Partido Trabalhista.



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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Renan transforma PEC 55 em arma pra se salvar no STF


Temer e Renan: parceiros?

Por Renan Truffi

O presidente do Senado, que descumpriu decisão do Supremo, busca apoio do governo Temer para continuar no cargo


Prestes a ser afastado definitivamente do cargo de presidente do Senado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), Renan Calheiros tenta usar a tramitação da PEC 55 para se manter no posto.

A operação que envolve a principal pauta da equipe econômica de Michel Temer a seu favor foi colocada em prática assim que o ministro MarcoAurélio Mello acatou o pedido de liminar da Rede Sustentabilidade. A tentativa pode, entretanto, não impedir sua derrota nesta quarta-feira 7, quando está marcada sessão no Supremo para análise da questão.

A ideia era mostrar ao governo, a fim de que intercedesse na situação, que a saída de Renan Calheiros do cargo poderia atrasar a aprovação da proposta que congela investimentos para as despesas primárias, incluindo saúde e educação. O documento divulgado pela Mesa Diretora do Senado para justificar o não cumprimento da decisão do ministro do STF deu o tom da mensagem.

“A decisão da Mesa desta terça-feira levou em conta que os efeitos da decisão ‘impactam gravemente o funcionamento das atividades legislativas em seu esforço para deliberação de propostas urgentes para contornar a grave crise econômica sem precedente que o país enfrenta’”, diz o texto.

Após a divulgação da carta, com assinatura dos membros da Mesa Diretora, foram suspensas todas as atividades no Senado Federal. Sem sessão, a mensagem passada foi de que as atividades na Casa devem travar com a ausência do peemedebista.

Atribui-se também aos aliados de Renan Calheiros a divulgação de notas para a imprensa de que inicialmente o senador Jorge Viana(PT-AC) teria dito que não iria dar seguimento à tramitação da PEC do teto de gastos. Isso porque o petista é o vice-presidente do Senado e portanto quem assume caso Renan saía do cargo.

Mais tarde, o próprio Viana questionou essa notícia ao afirmar que nunca fez tal afirmação. “Nós [PT] temos uma discordância enorme com essa agenda, com essa pauta que está colocada em apreciação aqui, mas ela é resultado de um acordo de líderes. Eu contesto versões que saíram de que eu tomaria medidas precipitadas”.

A estratégia, no entanto, parece não ter arregimentado membros do PSDB. Em reunião de bancada, os senadores do partido decidiram, principalmente, não se envolver no caso Renan para não passar a impressão de que o partido estaria também contrariando uma decisão do Supremo.

A única ação tomada pelo partido foi, a partir do senador Aécio Neves, consultar a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, sobre a possibilidade do impasse ser resolvido em breve pelo tribunal. Assim que fez o contato com a ministra por telefone, Aécio ouviu da magistrada que já havia tomado a decisão de colocar o assunto em pauta.

Publicamente, Aécio também tentou passar "tranquilidade" e sintonia com o governo. “Esta matéria será votada qualquer que seja o senador que esteja presidindo o Senado Federal já que ela foi em primeiro turno aprovada por 61 senadores. Portanto, uma ampla maioria que se confirmará no segundo turno. E nenhuma tentativa de alterar esse calendário especial aprovado a partir de entendimento entre as lideranças dessa Casa poderá ser modificado", disse.

Nos bastidores, no entanto, alguns senadores tucanos já defendem que a PEC 55 não precisa ser aprovada neste ano. O argumento é que, do ponto de vista do orçamento, o contingenciamento proposto pela PEC já está previsto no texto para 2017. Isso porque não é preciso, na prática, autorização do Congresso para atrelar o teto dos gastos públicos à taxa de inflação do ano anterior. O tema está sendo tratado como PEC apenas para criar uma segurança ao mercado de que o ajuste será obrigatório também para os próximos governos.

Essa saída, inclusive, ajudaria a “fritar” ainda mais o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, alvo de tucanos por ser visto como uma ameaça para as eleições de 2018. Isso porque a não aprovação da proposta do teto neste ano seria mais um sinal de derrota para a equipe econômica de Temer.

O assunto também dividiu a oposição. Vários senadores veem de forma negativa um possível atraso da PEC 55 já que o calendário de tramitação foi aprovado por todos os líderes partidários. Senadores aguardam, entretanto, a decisão do STF para começar a pressão para que Jorge Viana não entregue a PEC 55 como presente de Natal a Michel Temer. Isso porque os petistas sabem que o senador está longe de ter um perfil combativo e transita muito bem entre DEM e PMDB.

Ainda assim, a questão é vista, internamente, como uma oportunidade do PT encerrar bem o ano de 2016. Uma das sugestões que o partido deve fazer ao senador Jorge Viana é que deixe a pauta ficar para o ano que vem por inércia, já que não haveria tempo hábil no calendário para a aprovação do tema.

O único receio petista é que são as possíveis manobras do senador e líder do governo no Congresso, Romero Jucá, que conhece bem o regime interno e pode estragar os planos para conseguir entregar algo a Temer.

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Você já foi feito de TROUXA na política?

Você já foi feito de TROUXA na política?




A Revista Isto É homenageou os brasileiros do ano nesta noite. E o grande eleito foi o presidente-golpista Michel Temer, mas houve outros premiados em categorias. Entre eles, claro, Sérgio Moro. E haviam convidados como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tantos que estiveram na linha de frente do impeachment de Dilma.

Tudo seria lindo e maravilhoso se a foto que ilustra esta matéria não fosse tão límpida. Olhem-na com carinho, vejam a intimidade dos dois rapazotes e a cara de próxima vítima de Temer.

Aécio e Moro in love na foto do ano realizada na festa da Isto É

Não, amigos, tudo que está acontecendo não é coincidência.

Agora, fique abaixo com os premiados e as justificativas da revista. Não deixe de ler. Mas lembre-se o tempo todo, o texto não é meu. E eu nunca chamaria isso de jornalismo.

MICHEL TEMER – Brasileiro do Ano

Presidente do Brasil
Em 2016, o presidente Michel Temer (PMDB)  recebeu a missão de assumir o comando do País em um momento conturbado política e economicamente.

SÉRGIO MORO – Justiça

Juiz Federal
Atuando na 13ª Vara Federal em Curitiba (PR), o juiz Sérgio Moro, 44 anos, ganhou notoriedade no Brasil e no mundo ao comandar a Operação Lava Jato, a maior investigação da história sobre uma rede de corrupção no País e que levou à prisão, à investigação e ao julgamento de grandes empresários e políticos envolvidos no esquema dentro da Petrobras. Moro já deu sentenças condenando 93 corruptos a penas de quase mil anos de cadeia, tendo aberto até agora 37 ações penais que já tornaram réus 179 pessoas, incluindo o ex-presidente Lula.

Seu trabalho tem lhe rendido o título de ‘herói brasileiro’, que ele rejeita, mas que beira à celebridade, sendo aplaudido aonde vai, seja no mercado, no restaurante ou no cinema.

Apesar dos apelos da população, o juiz não pretende entrar na carreira política, e, por enquanto, o foco está na Lava Jato, que, com quase três anos, ainda deve se estender por um tempo, principalmente após a esperada delação dos executivos da Odebrecht.

GRAZI MASSAFERA – Televisão

Atriz
Em 2016 Grazi se consolidou como um dos principais nomes da TV brasileira ao interpretar uma modelo que acabou entrando no mundo das drogas viciada em crack na novela Verdades Secretas. Por sua excepcional interpretação, Grazi chegou a ser indicada ao Emmy como Melhor Atriz.

ISAQUIAS QUEIROZ – Esporte

Atleta/canoagem
O canoísta baiano de 22 anos se consagrou em 2016 como o maior medalhista olímpico brasileiro ao conquistar três medalhes na Rio2016, sendo duas de prata e uma de bronze, feito inédito não só para um brasileiro como na história dos jogos olímpicos.

 ANTONIO FAGUNDES – Teatro

Ator

Sucesso na telinha e no palco. Antônio Fagundes, 67 anos, brilhou na TV em 2016 com o personagem Afrânio de Sá Ribeiro, o coronel Saruê, na novela global “Velho Chico”. Além disso, inovou no teatro com a peça ‘Vermelho’, texto de John Logan sobre a vida do pintor norte-americano Mark Rothko (1903-1970), em que, ao final, leiloava uma obra produzida ao longo do espetáculo. A peça ainda ganhou fama ao não recorrer a patrocinadores ou leis de incentivo à cultura, conseguindo atrair centenas de pessoas à plateia antes mesmo de estrear, pois abriu ao público desde a primeira leitura do texto, ação que, aliada ao leilão das obras, ajudou a subsidiar a montagem.

EDUARDO PAES – Gestão

Prefeito do Rio de Janeiro
Eleito prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 2009 e reeleito 2012 o peemedebista coroou suas gestões com o sucesso dos Jogos Olímpicos, realizados no Rio de Janeiro este ano.

JOÃO DORIA – Revelação na Política

Prefeito eleito de São Paulo
Um paulistano que surpreendeu no cenário político nacional ao ser eleito no primeiro turno das eleições municipais em outubro com 53% dos votos válidos, ou mais de 3 milhões de votos. João Doria entra para o mundo político após uma trajetória consolidada no meio empresarial.

LAÍS RIBEIRO – Moda

Modelo
A top piauiense de 25 anos é uma das angels da marca mais famosa de lingerie, Victoria´s Secret, sendo a terceira brasileira a desfilar para a grife.

Este ano, Laís abalou Paris dividindo a passarela com as veteranas Alessandra Ambrosio, Adriana Lima e a diva pop Lady Gaga. Laís, que tinha o sonho de ser enfermeira, hoje tem – e já teve – contratos milionários com as principais grifes do mundo como Gucci, Dior, Dolce&Gabbana e Ralph Lauren. Já foi declarada musa do estilista francês Jean Paul Gaultier.

A Brasileira do Ano na Moda, Laís também é embaixadora mundial do Bottletop, projeto de engajamento social e sustentável para ajudar na renda de mulheres artesãs do Brasil e da África, que produzem peças com anéis de latinhas de alumínio.

RICARDO BOECHAT – Comunicação

Jornalista
Colunista de IstoÉ há 10 anos, âncora do telejornal da TV Bandeirantes e da BandNews FM, Ricardo Boechat, 64 anos, se destacou como uma das principais figuras da comunicação em um ano cheio para o jornalismo.

Sua relevância foi além das fronteiras nacionais. Foi o único jornalista latino-americano a participar do terceiro e último debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Donald Trump.

No rádio, tem um dos programas de maior audiência do País. Foi reconhecido pelos próprios colegas da imprensa como o melhor apresentador e âncora de rádio ao ganhar o Prêmio Comunique-se.

Com estilo único de informar, Boechat ganhou espaço também nas redes sociais.  Em tempos de polaridade, sua credibilidade fez de Boechat o único profissional de imprensa seguido nas redes tanto por partidários de Dilma Rousseff como por aqueles a favor do impeachment da presidente, segundo pesquisa do jornal El Pais.

LUDMILLA – Música

Cantora
Com apenas 21 anos, Ludmilla, que começou a carreira como MC Beyoncè,  faz uma média de 20 shows por mês apresentando seu funk que a consagrou como uma das maiores vendedoras de hits do país.

O sucesso se estende às redes sociais. Seu novo clipe, “A Danada Sou Eu”, teve, teve 10 milhões de visualizações em apenas um mês. A jovem também arrasou em sua participação na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de janeiro.

BENEDITO RUY BARBOSA – Cultura
Autor de novelas
Responsável por clássicos da dramaturgia brasileira, como O Rei do Gado, Benedito Rui Barbosa emplacou mais um sucesso na TV com a produção “Velho Chico”, sucesso no horário nobre da Globo.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A nação brasileira deve desculpas a Dilma pelo que deixaram que fizessem a ela


Sozinha na luta


Reli certas coisas que escrevi na época do impeachment. Uma delas me chamou particularmente a atenção.

Era um pedido de desculpas nacionais a Dilma. Como pudemos deixar uma mulher honesta — e competente — ser derrubada por um bando de corruptos cujo pretexto era exatamente a corrupção?

Os últimos dias me levam a reforçar as desculpas. Desculpas, agora, de joelhos.

Temer, Calero, Geddel — eis o tipo de gente que sabotava Dilma sob apoio massivo da Globo e do restante da mídia, e sob o olhar bovinamente cúmplice dos eminentes ministros do STF.

Convém não esquecer também Eduardo Cunha, um parlamentar mafioso que só foi afastado do Congresso depois de liquidar Dilma.

O PSDB deu também sua contribuição milionária ao golpe. Primeiro de todos, Aécio, já eternizado como “o candidato que não soube perder”.

Depois, os demais chefes tucanos, como FHC e Alckmin, agora conhecido nas planilhas da Odebrecht como o “Santo”. Com uma mão o Santo rezava e com a outra recolhia propinas de Caixa 2.

Era muito homem corrupto contra uma honestidadade ilhada e solitária, como a de Dilma.

Aécio é o melhor caso tucano. Seu crime antidemocracia não compensou. Ele saiu das eleições de 2014 com muitos trunfos, a começar pelos 50 milhões de votos que obteve. Mais quatro anos e seria um forte candidato presidencial.

Hoje ele está reduzido a cinzas. É um dos nomes mais citados por delatores em esquemas de propinas. Nem a mídia amiga conseguiu esconder isso, ela que sempre protegeu Aécio de notícias desagradáveis, sobretudo as ligadas a corrupção.

Aécio agora está em todas.

Se você pegar sua campanha de 2014 verá que toda ela foi baseada no, aspas, “combate à corrupção”.

É até engraçada: um corrupto contumaz, como provam as delações, fazendo sermões sobre os males da corrupção.

À luz do sol, Aécio fazia uma pregação veementemente moralista. Na calada da noite, fechava acordos tenebrosos.

E em meio a tudo isso Dilma, virtualmente sozinha.

Tem um alto poder simbólico vê-la morando numa casa simples em Porto Alegre enquando um apartamento milionário em Salvador domina o noticiário. (Isso para não falar nos pedalinhos de tantas manchetes,)

E deixamos Dilma sozinha. Não a defendemos, nas ruas, de uma conhecida máfia da roubalheira. Permitimos, mansamente, que a tirassem e, com ela, destruíssem 54 milhões de votos e uma democracia ainda tão jovem.

De novo: devemos desculpas a ela. Contritos. De joelhos no chão.

Ela vai passar para a história como o caso mais brutal de injustiça cometido pela plutocracia.

E quem age como agimos merece Temer, Gedel, Cunha, Aécio etc etc.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Dilma em entrevista ao 247: "venderam gato por lebre aos brasileiros"



247 - A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor do 247, na tarde desta segunda-feira 21 em Porto Alegre (confira a íntegra no vídeo ao pé da matéria).

Na conversa, ela falou da situação de crise no País, do ambiente que foi criado para se consolidar o impeachment contra ela e faz críticas à imprensa e ao "governo ilegítimo" de Michel Temer. Dilma afirmou que "prometeram, com o golpe, uma situação cor de rosa" no País, "venderam gato por lebre" ao defender o impeachment, mas que a crise só tem se acentuado. Ela condena o discurso de Temer de que recebeu uma herança maldita, mesmo depois de seis meses no governo. "Esse discurso não se sustentará".

A presidente demonstra estar estarrecida com o ambiente em que "pessoas se sentem autorizadas a invadir o Congresso por esse clima criado pelo senador Aécio Neves", principal articulador do golpe de 2016. "O golpismo está entranhado na sociedade brasileira. E o maior representante disso é Aécio Neves", completou.

Dilma fez críticas às prisões preventivas da Lava Jato antes de os investigados serem condenados. "Eu não vou defender a prisão do Eduardo Cunha, se eles não prenderam antes... tem que explicar por que estão prendendo agora", disse. "E mais: se a pessoa não tem meios para prejudicar a investigação, tem que responder em liberdade".

Ela fez duras críticas à imprensa - "age como um partido político, e prega a despolitização" - e ainda ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes. "Perdeu todas as condições de me julgar". Dilma anunciou que poderá entrar com uma ação contra o ministro, ao lembrar: "já me julgou fora dos autos".

Em referência à denúncia de tráfico de influência contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, Dilma diz que "a ambição do grupo que tomou o poder é do tamanho de um apartamento na Bahia".

Ela declarou que não defende o "golpe dentro dogolpe", e é contra a eleição indireta para mudar o governo. "Acredito em saída por eleição direta, não por eleição indireta, e tem que ter reforma política", defendeu, fazendo duras críticas ao atual sistema político.

Dilma defendeu o movimento dos estudantes, que ocupam mais de mil instituições de ensino no País. "Os estudantes estão nos ensinando, e não nós a eles". Ela diz olhar para os jovens das ocupações hoje "com muita esperança" e definiu como "algo fantástico, de uma lucidez imensa" o discurso da estudante Ana Júlia na Assembleia Legislativa do Paraná.

Incitada a definir Michel Temer, Dilma Rousseff disse que ele "está aquém do Brasil, aquém do povo brasileiro". "Não é só que ele não lidera, ele não representa", disse. "O brasileiro médio está além dele, o brasileiro pequeno está além dele", concluiu.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:


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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A sacanagem do nosso Senado.



Nota oficial: CUT e FUP repudiam privatização do pré-sal


Não foi o “ PT “ que perdeu, Foi o Brasil.


O Senado Federal deu na noite desta quarta-feira (24), um dos golpes mais brutais na classe trabalhadora e no povo que mais necessita de investimentos públicos em Educação e Saúde.

Os senadores aprovaram um projeto de José Serra (PSDB-SP) que privatiza o Pré-Sal. Isso significa que o Senado abriu mão da soberania nacional e de todos os investimentos gastos com a pesquisa na área de petróleo e gás nos últimos anos. A luta feita em todo o Brasil para que os recursos oriundos do Pré-Sal sejam investidos na melhoria da educação e da saúde dos brasileiros foi ignorada pelo Senado.

Para garantir a aprovação do Substitutivo ao PLS 131 apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB/RR), o governo fez um acordo com a bancada do PSDB e parte da bancada do PMDB.

O projeto retira a obrigatoriedade de a Petrobrás de ser a operadora única do Pré-Sal e a participação mínima de 30% nos campos licitados, como garante o regime de partilha – Lei 12.351/2010. Se for aprovado pela Câmara e sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, a Petrobrás deixará de ser a operadora única do Pré-Sal e terá que provar ao Conselho Nacional de Política Energética se tem condições ou não de manter a exploração mínima de 30% em cada campo que for licitado.

Essa aprovação é um golpe no projeto democrático-popular, voltado para a distribuição de renda, geração de emprego e investimentos em políticas públicas que melhorem a vida dos brasileiros, que vem sendo eleito desde 2002.

Para a CUT-FUP, o governo renunciou a política de Estado no setor petróleo e permitiu um dos maiores ataques que a Petrobrás – única empresa que tem condição de desenvolver essa riqueza em benefício do povo brasileiro – já sofreu em sua história. Fazer acordo para aprovar o projeto de Serra é o sinal mais claro de que o governo se rendeu as chantagens e imposições do Parlamento e do mercado, rompendo a frágil relação que tinha com os movimentos sociais e sindical, criando um constrangimento para os senadores que mantiveram a posição em defesa do Brasil.

O governo precisa aprender que é preferível perder com dignidade do que ganhar fazendo concessões de princípios.

A CUT, a FUP e os movimentos sociais estarão nas ruas para lutar contra este projeto que entrega a maior riqueza do povo brasileiro as multinacionais estrangeiras.

Vagner Freitas

Presidente Nacional da CUT


Anos de pesquisas e investimentos indo para o ralo graças a projetos de J. Serra.



Vamos deixar tudo isto acontecer bem debaixo do nosso nariz ?

Não podemos deixar que a Presidenta Dilma sancione esta lei.


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domingo, 24 de janeiro de 2016

Governo define acordo para recuperar Rio Doce após rompimento de barragem em Minas

" OUVIRAM DO RIO DOCE ÀS MARGENS ENLAMEADAS, DE UM POVO PERPLEXO, O CHORO AGONIZANTE "




O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, se reuniu em Brasília com representantes das mineradoras Samarco, Vale e BHP, para definir as ações de recuperação do Rio Doce, que teve a flora e a fauna destruídas após a tragédia com a barragem da Samarco que se rompeu em Mariana, Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 2015, matando 17 pessoas.


O rompimento da barragem da mineradora causou uma enxurrada de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, se estendendo até o mar pelo Rio Doce, após passar por municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Durante o encontro, que contou também com a participação de representantes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e de procuradores gerais de Minas Gerais e do Espírito Santo, ficou definido que as ações de reparação serão implantadas por uma fundação, financiada pelas mineradoras.

A fundação desenvolverá 38 programas.  Serão 19 programas conjuntos de ações socioeconômicos, e 19 socioambientais. As ações contemplarão dragagem dos rejeitos, restauração florestal em áreas de preservação, recuperação da fauna e da flora local, recuperação das nascentes, além do pagamento de indenização às pessoas atingidas, reconstrução de moradias, pontes e escolas. As empresas concordaram em financiar integralmente todos os projetos.


Em coletiva à imprensa, o ministro Luís Inácio Adams afirmou que na reunião houve um avanço significativo para coordenação das ações. “O acordo avançou muito positivamente, e nós estamos em uma fase de afinação. A fase de detalhamento que vai permitir, inclusive, trazer os parceiros que são essenciais, como o Ministério Público Federal e Estaduais. Eu diria para vocês que, se é para dar uma opinião, eu estou muito confiante que esse acordo vai sair. O nível de debate e de entendimento que se estabeleceu mostra: todos os autores estão em uma posição de convergência.”
Adams voltou a afirmar que a intenção do governo é concluir o acordo até a primeira semana de fevereiro, antes do Carnaval. Segundo as estimativas, as ações serão realizadas em um período de até dez anos.
Em novembro de 2015, logo após o desastre ambiental, o governo anunciou que moveria uma ação civil pública contra a Samarco, para que a Justiça determinasse a criação de um fundo no valor de R$ 20 bilhões em medidas para revitalizar a bacia do Rio Doce. Inicialmente, o valor seria investido nos próximos dez anos para recuperar a bacia. Na coletiva, o  advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, reafirmou que esse valor pode ser modificado, dependendo das ações que forem realizadas até 2026. “Não temos a estimativa por conta de uma dimensão de risco. Pode ser mais, pode ser menos. Vai depender das ações concretas. Das despesas relacionadas. Não estamos focados em conquistar R$ 20 bilhões. Estamos focados em ter ações plenamente financiadas. O resultante dessas ações é que vai definir o volume de recursos necessários para cada ano e no período total”.


De acordo com a presidente do IBAMA, Marilene Ramos, o próximo passo será estabelecer um cronograma e metas claras para a execução das medidas. "Queremos um acordo com metas técnicas, quantitativas. Um cronograma, para que não tenhamos só um grande programa de boas intenções, mas objetivos concretos, estabelecidos em acordo, para que sua execução integral possa ser exigida", afirmou.
A sociedade civil também deverá ter um instrumento para fiscalizar as ações de reparação e recuperação da bacia do Rio Doce. O tema estava na pauta da reunião. A proposta da fundação contempla a formação de um conselho consultivo, formado por ONGs, associações e especialistas, de modo a assegurar participação ativa da sociedade civil no processo. Será um instrumento para apontar as necessidades, estabelecer diretrizes e fiscalizar o cumprimento das medidas estipuladas. O conselho também vai acompanhar o auxílio às pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG).


Rogério Correia:  O dinheiro da CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, que seria investido em segurança e fiscalização das mineradoras que operam em Minas Gerais, foi para o Minas Arena, o estádio de futebol Mineirão. Esse desvio durante o governo tucano Antonio Anastasia foi citado pelo deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), durante pronunciamento nesta quarta-feira (25/11), na Assembleia Legislativa de Minas. Está em discussão no Legislativo mineiro a reformulação da atual política ambiental. Reportagem Marilu Cabañas.


# Brasil Sabotado, povo dopado.


Esta sopa de lama tóxica que desce no rio Doce e descerá por alguns anos toda vez que houver chuvas fortes e irá para a região litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7000 km2 no litoral ao sul, atingindo três UCs marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 ha no mar.

Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos.

RVS de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

1 hectare de criadouro marinho equivale a 100 ha de floresta tropical primária.
Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de de 20.000.000 de hectares ou 200.000 km2 de floresta tropical primária.
E a mata ciliar também tem valor em dobro.
Considerando as duas margens são 1.500 km lineares x 2 = 3.000 km2 ou 300.000 ha de floresta tropical primária.

Voces não fazem ideia.

O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos!

Conclusão: esta empresa tem que fechar.
Além de pagar pelo assassinato da 5ª maior bacia hidrográfica brasileira.
Eles debocharam da prevenção e são reincidentes em diversos casos.
Demonstram incapacidade de operação crassa e com consequências trágicas e incomensuráveis.
Como não fechar?
Representam perigo para a segurança da nação!

O que restava de biodiversidade castigada pela seca agora terminou de ir.

Quem sobreviverá?
Quais espécies de peixes, anfíbios, moluscos, anelídeos, insetos aquáticos jamais serão vistas novamente?

A lista de espécies desaparecidas foram quantas?

Se alguém tiver informações, ajudariam a pensar.

Barragens e lagoas de contenção de dejetos necessitam ter barragens de emergência e plano de contingência.
Como licenciar o projeto sem estes quesitos cumpridos?
Qual a legalidade da licença para operação sem a garantia de segurança para a sociedade e o meio ambiente?

Mar de lama... mas não seria melhor evitar que a lama chegasse ao mar?
Quem teve a brilhante ideia de abrir as comportas das barragens rio abaixo em vez de fechá-las para conter a lama e depois retirar a lama da calha do rio?
Quem ainda pensa que o mar tem o poder de diluição da poluição?
Isto é um retrocesso da ciência de mais de 1 século!!!!!

Sendo Rio Federal a juridição é do governo federal portanto os encaminhamentos devem serem feitos ao MPF.

Fica a advertência para os olheiros das empresas: se essa coisa chegar ao mar o caso entra para juridição internacional. Lá tem prisão perpétua, pena de morte, sequestro de bens internacionais, etc.

André Ruschi
Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi
Aracruz, Santa Cruz, ES

#E querem vender a Petrobras.


ExameA Vale foi eleita a pior empresa do mundo pelo “Public Eye People´s”, premiação realizada desde 2000 pelas ONGs Greenpeace e Declaração de Berna. É a primeira vez que uma companhia brasileira recebe o prêmio conhecido como "Oscar da Vergonha", que avalia os impactos socioambientais causados pelas empresas. O resultado foi divulgado nesta sexta, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Em votação aberta ao público, a Vale foi eleita com 25 mil votos.

GGN 2015: Desastre ambiental: lama da Samarco destrói Rio Doce, em MG


Caos em Governador Valadares demonstra que plano de emergência era para inglês ver e que Estado brasileiro foi submetido ao interesse das mineradoras


Uma semana depois do rompimento das barragens da Vale/BHP Billiton/Samarco em Mariana, o que escrevi aqui — depois de ter estado pessoalmente na região — se confirmou: o crime ambiental expôs quanto o Estado brasileiro está entregue à iniciativa privada. Sim, isso é natural no capitalismo, mas o Brasil é recordista no “entreguismo”.

1. O plano de emergência da Samarco, propagandeado pelos relações públicas da empresa e disseminado pela mídia que faz “jornalismo declaratório”– na feliz frase de meu colega Caco Barcellos — era para inglês ver. Dez minutos se passaram entre o rompimento das barragens e a chegada da lama a Bento Rodrigues, mas não havia sistema de alerta para os moradores do vilarejo, nem plano adequado para fazer um rápido resgate, nem qualquer ideia de como conter a lama antes de chegar a grandes centros populacionais, como Governador Valadares, com quase 280 mil habitantes. Recebi mensagem de um leitor segundo o qual o caos na cidade é completo e moradores começam a ir embora por falta de água!

2. A “lama inerte” propagandeada pela Samarco contém altas concentrações de ferro, manganês e alumínio que inviabilizam o tratamento da água para consumo humano e oferecem riscos à saúde. Para não falar no chumbo, arsênio e antimônio — metais pesados que podem estar presentes na lama. No entanto, não se ouviu um alerta sequer — nem da empresa, nem das autoridades municipais, estaduais e federais — para que a população ribeirinha se mantenha distante da lama que cobre as margens do rio do Carmo e, agora, do rio Doce. O governo de Minas fez uma única análise sobre a óbvia turbidez da água. O serviço de água e esgoto de Governador Valadares fez uma análise incompleta pornão dispor do equipamento necessário. Ou seja, ou o Estado brasileiro dá cobertura às mineradoras, ou é incompetente/desaparelhado para lidar com elas. Provavelmente os dois.

3. A Samarco prometeu “monitorar as águas” dos rios e as autoridades e jornalistas levaram isso a sério. Como se a raposa tivesse credibilidade para monitorar o galinheiro. É a naturalização de um Estado dependente da iniciativa privada para “defender” o interesse público. Ou de um Estado capturado pelo poder econômico. Escolham. Notem como prefeitos e autoridades em geral pedem ajuda diretamente à Vale ou à Samarco. Praticamente imploram por água potável, por exemplo. Mas onde estão os planos de emergência que deveriam existir em função de barragens que acumulavam 62 milhões de metros cúbicos de lama e água?

4. A Assembleia Legislativa de Minas finalmente aprovou uma comissão para investigar as mineradoras no Estado, o que os tucanos haviam barrado durante o governo Anastasia. Porém, a comissão inclui deputados que receberam R$ 587 mil em doações de mineradoras! É a desmoralização completa e absoluta… Enquanto pagam a políticos por dentro e por fora, as mineradoras deixam uma fração minúscula de seus lucros nas comunidades locais — 0,7% no caso de Mariana, em 2014. O grosso do lucro vai para acionistas estrangeiros, que não têm qualquer relação com Mariana, Minas Gerais e o Brasil e não vão arcar com os custos ambientais presentes ou futuros deixados pela mineração.

5. Fernando Henrique Cardoso é o político que vendeu a Vale, patrimônio do povo brasileiro, a preço de banana. Um crime, entre outros motivos por não incluir no preço as reservas minerais que já haviam sido descobertas! Infelizmente, a lógica de submeter o Estado aos interesses privados, que ele aperfeiçoou ao exercer o poder, continuou vigorando, inclusive em empresas supostamente “estatais” como a Petrobras, Cemig, Sabesp, Sanepar e muitas outras… O lucro é sempre privado, os prejuízos são sempre públicos. A população, esta fica ao Deus dará.

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