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sábado, 15 de agosto de 2020

BOLSONARO ENTREGA R$ 7,5 MILHÕES PARA GOOGLE DISTRIBUIR – INCLUSIVE A SITES DE FAKE NEWS



Ajustes do sistema de anúncios online permitem irrigar sites bolsonaristas sem despertar a atenção dos órgãos de controle.


O GOVERNO Jair Bolsonaro entregou mais de R$ 11 milhões ao Google, entre maio de 2019 e julho de 2020, para que o gigante da internet distribua anúncios do governo de extrema direita pela internet. Parte considerável desse dinheiro – até 68%, segundo o próprio Google – vai parar no bolso dos editores dos sites que os veiculam pelo sistema AdSense.

Esse tipo de anúncio é um dos principais meios de financiamento de sites de fake news de extrema direita que proliferaram e ganharam musculatura na internet após a eleição de Bolsonaro. A CPMI das fake news já identificou dois milhões de anúncios publicitários do governo que foram parar em site de “conteúdo inadequado” por meio do AdSense. Dezenas de sites de fake news foram beneficiados com esse dinheiro.

Mesmo antes de chegar a essa conclusão, a comissão já havia convidado, em 2019, executivos do Google a prestar esclarecimentos – o que ainda não ocorreu, porque os trabalhos estão parados por causa da pandemia de coronavírus.

Agora, fica claro que o bolsonarismo foi ainda mais generoso. Numa conta simplista, o Planalto colocou R$ 7,5 milhões (já excluída do montante a fatia abocanhada pelo próprio Google) à disposição de todo tipo de site, inclusive propagadores de mentiras como o Jornal da Cidade Online e o Conexão Política, primeiros alvos do movimento Sleeping Giants Brasil.

Os dados foram compilados pelo Intercept a partir de um pacote de contratos, termos aditivos e relatórios de despesas com publicidade oficial enviado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em resposta a requerimento feito pelo deputado federal David Miranda, do Psol fluminense.

Com os mais de R$ 11 milhões que recebeu, o Google só fica atrás de dois outros veículos de comunicação, a Record e o SBT, aliados de primeira hora do bolsonarismo, e de uma empresa que fornece mídia out of home, jargão do mercado publicitário para todo tipo de anúncio em ambiente externo, de painéis eletrônicos em grandes avenidas a anúncios em pontos de ônibus.

A rede de televisão da Igreja Universal do Reino de Deus embolsou mais de R$ 17,3 milhões para propagandear o governo Bolsonaro. O canal de Sílvio Santos, segundo colocado, outros R$ 15,4 milhões. Em seguida, está uma fornecedora de mídia outdoor a quem o bolsonarismo entregou quase R$ 11,2 milhões, R$ 70 mil a mais do que recebeu o Google.

Fabio Wajngarten, responsável pela comunicação do governo Bolsonaro: ele prometeu ajudar sites de fakes news a manterem anúncios e está na mira do Ministério Público Federal. Foto: Anderson Riedel/PR


Driblando a lei

Em maio, o Sleeping Giants Brasil alertou que o Banco do Brasil era um dos anunciantes que usava o Google AdSense para patrocinar sites de fake news. “É realmente triste assistir o aparelho governamental interferir e fazer uso do dinheiro do povo para empregá-lo em discursos odiosos e na disseminação de notícia falsas”, disse à revista Veja o criador do movimento, que prefere permanecer anônimo por temer represálias.

O relatório de despesas de publicidade oficial permite ver quanto dinheiro o bolsonarismo colocou à disposição dos sites de fake news. Os R$ 11 milhões pagos ao Google representam 6,5% do total gasto no período coberto pelo relatório – R$ 168,5 milhões, pulverizados entre mais de 1.600 fornecedores de todo tipo, de grandes emissoras de televisão e redes sociais a jornais e emissoras de rádio dos rincões do país.

Mas o Google alega sigilo comercial para não revelar os destinatários finais do dinheiro. Num leilão, a empresa distribui os anúncios com base no público que acessa os sites. A remuneração é por cliques: se o usuário clicar no anúncio, o Google e o site dividem a grana. A audiência é uma das variáveis que torna sites mais lucrativos, assim como a afinidade do público com os anúncios.

O Google não revela quais são os anunciantes de sites específicos. Mas nós já mostramos que, desde 2016, a extrema direita criou uma rede de sites lucrativa para receber esse dinheiro, e recebeu inclusive treinamento do próprio Google para bombar a audiência e lucrar mais com anúncios.



É uma corrida, portanto: quem atrair mais gente ganha mais dinheiro. E, para atrair a audiência da extrema direita, vale mentir e inventar – e falar bem de Bolsonaro, claro. Afinal, é bastante provável que um fã do presidente que chegou a um site de fake news atrás de matérias que confirmem sua fé no presidente clique num anúncio que fala bem de seu governo. É uma relação em que todos saem ganhando – a não ser os fatos e a democracia.

Concentrando parte considerável de sua verba publicitária nesse sistema, o governo escapa das críticas (e possíveis processos por improbidade) de que seria alvo se escolhesse entregar diretamente dinheiro público a sites que defendem o presidente, a cura da covid-19 pela cloroquina (descartada pela ciência), culpam adversários de Bolsonaro pelas mortes causadas pelo coronavírus ou simplesmente negam que ele seja a causa.

Em português claro, Bolsonaro encontrou no sistema de anúncios do Google uma maneira de entregar dinheiro público a seu exército de difusores de mentiras e teorias da conspiração sem ser alvo dos órgãos que controlam os gastos do governo. Já admitiu isso publicamente e passou recibo quando sua tropa de choque esperneou em reação ao surgimento do Sleeping Giants Brasil.

O movimento, que conseguiu retirar os anúncios do Google de dois dos principais sites de fake news, foi alvo de ataques do secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fabio Wajngarten, e dos filhos 02 e 03 do presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro.

Wajngarten falou, inclusive, que iria “contornar a situação”. Em seguida, o Banco do Brasil, um dos grandes anunciantes do governo, retomou a veiculação de propaganda via Google AdSense em um dos sites de fake news – até ser proibido de fazê-lo por decisão do Tribunal de Contas da União.

Para se defender, o governo tenta jogar a culpa no Google. “Não há, nem é possível, qualquer direcionamento para sites ou blogs impróprios porque a Secom não compra, não investe. Não existe nem blacklist nem whitelist”, tentou se esquivar o secretário de Publicidade de Bolsonaro, Glen Valente, numa entrevista à imprensa concedida em junho.

Só que não é assim. O sistema de anúncios do Google permite que o cliente (no caso, o próprio governo, representado pelas agências de publicidade que contrata) direcione seus anúncios a partir de um cardápio de 180 filtros disponíveis diretamente no sistema. Por eles, o anunciante pode escolher o perfil do público (incluir ou não crianças, aparecer ou não em sites que veiculam conteúdos violentos), segundo uma fonte que conhece profundamente o sistema e que conversou com o Intercept sob sigilo.

Além dessas opções, ainda há inúmeras possibilidades de ajustes finos, a partir do que se chama, no jargão do mercado, de listas de positivação e de exclusão – em que se pode incluir de endereços de sites a palavras-chave. Por exemplo: é possível pedir ao sistema para não exibir os anúncios em sites em que apareça a expressão “direito ao aborto” e privilegiar os que falam em “proteção à família tradicional” e “defesa da vida”. “Isso sinaliza ao algoritmo que estou disposto a pagar mais para veicular meu anúncio nesse tipo de site”, disse a fonte.

Em português claro, quem sabe usar esses ajustes pode multiplicar as chances de um anúncio do governo Bolsonaro ser exibido num site de fake news e eliminar as de que ele vá parar no de um jornal que critica o presidente de extrema direita. Tudo isso, claro, deixa rastros, ou logs, nome de registros de históricos de alterações feitas em sistemas de tecnologia da informação. O próprio Google confirma a existência dessas opções.

“Nossas plataformas oferecem aos anunciantes e agências controles robustos que permitem o bloqueio de categorias, palavras-chave e sites específicos, além de gerarem relatórios em tempo real sobre onde os anúncios foram exibidos. Isso é importante, pois entendemos que os anunciantes podem não desejar seus anúncios atrelados a determinados conteúdos, mesmo quando estes não violam nossas políticas”, disse, em nota enviada como resposta a perguntas sobre os destinatários finais da verba de publicidade e o controle exercido pelos anunciantes.

Esses logs podem ser pedidos ao comprador dos anúncios – o governo – pela CPMI e pelos órgãos de controle – o Tribunal de Contas da União ou o Ministério Público Federal, por exemplo.

O MPF já está na história. Em maio, foi aberto inquérito para investigar Fabio Wajngarten pela suspeita de direcionar verba do governo a sites de fake news que apoiam o governo Bolsonaro. Os procuradores veem “impacto na liberdade de expressão e de imprensa de uma forma geral, pela potencialidade de inibição de reportagens investigativas e críticas sobre a atual administração, o que significa censura, ainda que por outros métodos”.


Correção: 14 de agosto, 11h20

Uma versão anterior desse texto afirmava que executivos do Google haviam sido convidados a prestar esclarecimentos para a CPMI das fake news após a descoberta de que R$ 2 milhões de propaganda oficial foram parar em sites de “conteúdo inadequado”. Na verdade, o convite já havia sido feito antes disso. O texto foi corrigido. 






Programa Fantástico faz um raio X de como funciona a Rede Fake News de Jair Bolsonaro.



quarta-feira, 8 de julho de 2020

Jornal Nacional expõe rede de Fake News de Bolsonaro



O telejornal exibiu fotos de Bolsonaro com alguns dos assessores que tiveram contas banidas no Facebook e mostrou elo com Donald Trump e com a Ucrânia


Por: Revista Fórum

O Jornal Nacional, da TV Globo, desta quarta-feira (8) deu destaque à decisão do Facebook de remover contas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos, e apoiadores que formavam uma rede de fake news.

“Facebook remove contas de suas redes sociais pelo que chama de comportamento inautêntico. Fake news e ataques a adversários do presidente Bolsonaro disseminados por filhos dele, o deputado federal Eduardo e o senador Flávio. E ainda assessores do presidente, dos filhos e deputados do PSL”, disseram os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos já na abertura do telejornal.

Segundo a rede social foram derrubadas 35 contas no Facebook, 38 no Instagram, 14 páginas e 1 grupo, com 350 participantes, ligados a funcionários dos gabinetes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e dos deputados estaduais bolsonaristas Anderson Moraes (PSL-RJ) e Alana Passos (PSL-RJ).

O telejornal montou uma diagrama mostrando uma correlação das contas com diferentes países, entre eles os Estados Unidos de Donald Trump e a Ucrânia, e expôs as imagens do presidente, dos filhos e dos parlamentares envolvidos na rede.

O Jornal Nacional deu destaque a três assessores: Tercio Tomaz – que atua em gabinete no Palácio do Planalto -, Eduardo Guimarães e Paulo Xuxu – ligados a Eduardo. Tomaz e Xuxu apareceram no telejornal em fotos ao lado de Jair Bolsonaro.

O JN escutou a relatora da CPMI das Fake News, Lídice da Mata (PSB-BA), que disse que a medida adotada pela rede social reforça as investigações da CPMI das Fake News.





No Twitter



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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Advogado do diabo cotado para assumir o Ministério da Justiça



Por: O TEMPO


Em delação premiada, Delcídio acusa o tucano de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios, e também de receber propinas em esquema de corrupção de Furnas


AGÊNCIA ESTADO


Cotado para assumir o Ministério da Justiça, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso é amigo e atua como advogado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, de quem não cobra honorários, nos dois inquéritos que o tucano responde perante o Supremo Tribunal Federal como desdobramento da operação Lava Jato.

Velloso afirma que os casos em que atua para Aécio não têm relação com a Lava Jato. "Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio. E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade. Mais até como conselheiro", afirmou Velloso, por e-mail, à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Ele admitiu ainda atuar para o tucano sem cobrar nada.

As duas investigações contra Aécio tem origem na delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT e ex-PSDB, atualmente sem partido) que foi preso em novembro de 2015 acusado de tramar contra a Lava Jato. Para se livrar da cadeia, Delcídio fez delação premiada.

O ex-senador acusou Aécio de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios (presidida por Delcídio) que poderiam atingir membros do PSDB e também de receber propinas em um esquema de corrupção em Furnas.

Os dois inquéritos estão sob relatoria do ministro Gilmar Mendes Em dezembro do ano passado o tucano prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a CPI dos Correios - na época, Aécio era governador de Minas.

Também são investigados neste inquérito Clésio Andrade, que era vice-governador do tucano, e o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que era filiado ao PSDB. No caso de Furnas, o tucano é investigado por suposto recebimento de propina de empresas terceirizadas que mantinham contrato com a estatal.

As vantagens indevidas seriam pagas pelas empresas ao ex-diretor da companhia, Dimas Toledo, que as repassava para o tucano. O senador e os demais investigados nos inquéritos rechaçam as acusações de Delcídio.

Lava Jato


Além de Aécio, Velloso tem um cliente deputado que é investigado no âmbito da operação Zelotes. Em relação à Lava Jato, contudo, o ex-presidente do STF diz que nunca atuou para os investigados da operação.

Ele conta que chegou a ser procurado por outro advogado que atua no caso para emitir um parecer. "Cheguei a ser procurado, logo no início, por mais de um advogado, a fim de estudar a possibilidade de emitir parecer. Em razão do sigilo profissional, só posso dizer-lhe que não emiti nenhum parecer em caso da Lava Jato", disse.

Caso assuma o Ministério da Justiça, Velloso terá que deixar de atuar como advogado, seguindo o Estatuto da Advocacia. "Sou advogado, na companhia de outros advogados, de um advogado, que é deputado, num caso da denominada Operação Zelotes, em curso no Supremo Tribunal Federal, ora distribuído ao ministro Ricardo Lewandowski. Aceitando assumir o Ministério da Justiça, me afastarei do caso, na forma do Estatuto da OAB."

Via:




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