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domingo, 10 de março de 2024

O jornalismo que afaga as empresas não tem limites


Oito anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela perda dessas vidas e pelos milhares de atingidos em Mariana. Esta é a estratégia que se repete no caso de Brumadinho.


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Depois do quinto aniversário da tragédia-crime de Brumadinho, uma sessão solene no Congresso na quarta-feira passada (06/03), homenageou as 270 vítimas fatais da Vale. Passou em brancas nuvens na imprensa. Isso apesar do “gancho” evidente proporcionado por outro fato relacionado - esse sim noticiado - que ocorreu no mesmo dia: a votação do HC do presidente da Vale à época do rompimento da barragem, Fabio Schvartsman, que pediu o trancamento da ação criminal em que é réu por homicídio doloso qualificado. 

Ou seja, o executivo sequer admite ir a julgamento apesar de estar provado no processo que a instabilidade da barragem era de conhecimento da companhia por ele presidida, que inclusive pressionou a consultoria Tuv Süd a conceder o certificado de conformidade da barragem, apesar do risco constatado. Os engenheiros da Tuv Süd e outros executivos da Vale, além de Schvartsman, estão entre os 15 réus da ação que os responsabiliza pelas decisões que resultaram nas 270 mortes.

Dois dos três integrantes da Segunda Turma do TRF-6 se manifestaram a favor do pedido do ex-presidente da Vale - um deles ainda não se pronunciou e os votos ainda podem ser alterados até 12 de março. 

Nas notícias sobre a vitória parcial de Schvartsman não se ouviu a Avabrum - a associação dos familiares das vítimas de Brumadinho - que no mesmo dia pedia Justiça logo ali, no Congresso Nacional, pelas mortes de suas “jóias”, como se referem aos filhos, pais, mães, irmãos, noivos, esposos, amigos, afogados no mar de lama que se estendeu por 300 quilômetros e afetou a população de 17 cidades.

A Vale, que faz propaganda sobre o apoio que teria dado a familiares de vítimas e comunidades atingidas pela lama, lutou - e ainda luta - na Justiça para reduzir o valor das indenizações e da reparação de danos. 

Exatamente como fez e continua fazendo com os atingidos pelo rompimento de outra barragem, em novembro de 2015, controlada pela Vale e BHP Billiton, que destruiu um distrito de Mariana e provocou a morte de 19 pessoas. Até mesmo uma hidrelétrica que tem a companhia como sócia-proprietária e teve seu reservatório invadido pela lama trava uma batalha jurídica para ser ressarcida, como revelou reportagem da Pública desta semana. 

Oito anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela perda dessas vidas e pelos milhares de atingidos em Mariana. Esta é a estratégia que se repete no caso de Brumadinho. 

Primeiro a companhia manobrou para que o processo, que corria em Brumadinho desde 2019, fosse transferido para a Justiça Federal em Belo Horizonte, o que fez com que voltasse à estaca zero. Por isso o julgamento, do qual o ex-presidente da Vale tenta escapulir, ainda não foi realizado. O HC de seu ex-presidente é mais um capítulo dessa história pela impunidade.

Como diz a Avabrum, um crime dessa magnitude não pode ficar sem culpados. Não há dinheiro que pague as vidas perdidas ou impeça novos crimes de mineradoras. 

Boa parte das vítimas fatais trabalhava para a própria Vale; muitos morreram dentro do refeitório da companhia que, como também era de conhecimento dos executivos, estava na rota dos rejeitos em caso do acidente previsível diante das condições da barragem. Mas a Vale deixou a lama rolar. 

Schwartsman, que assumiu o cargo prometendo que nunca mais haveria outra Mariana, recebia uma remuneração tão alta quanto deveria ser sua responsabilidade. De acordo com matéria de 2018 da revista Exame (um ano antes de Brumadinho), o cargo de presidente da Vale era o segundo mais bem pago por empresas brasileiras, com salário superior a 60 milhões de reais por ano. 

Segura de seu poder e da cautela da imprensa ao tocar no nome da companhia - que é anunciante de peso e conhecida por sua extensa banca de advogados - a Vale nem se preocupou com a repercussão negativa ao tomar outra atitude de arrepiar: pediu e obteve na mesmíssima quarta-feira 6 de março uma liminar na Justiça para proibir a comunidade Kamakã, uma das seis etnias do povo Pataxó HãHãHãe, de sepultar o cacique Merong Kamakã nas terras em que viviam, reivindicadas pela companhia. 

Merong, combativa liderança indígena de 36 anos, foi encontrado morto na segunda-feira passada, em circunstâncias ainda obscuras. 

A empresa limitou-se a divulgar uma nota, em que disse lamentar o falecimento do cacique e afirmou que busca uma "solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade" (grifo meu).

Mas os “ganchos” desta quarta-feira não foram suficientes para alçar os atingidos pela maior tragédia humanitária do Brasil ao noticiário. A Vale até mereceu um comentário indignado - mas a favor da companhia. 

Na última edição da “Veja”, uma matéria na editoria de Política dá ares de escândalo a uma suposta ingerência do governo na cúpula da companhia e critica: “Lula, como se sabe, vem intimidando a Vale abertamente com suas falas, o que tem provocado prejuízos para a empresa privada” (grifo meu).

Imagino que o jornalista se refira à fala do presidente da República, de 28 de fevereiro passado, em que ele disse: “A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”.

Faltou a imprensa mostrar nesta semana que a Vale também não é dona do noticiário. 


Sem Aliados, não há jornalismo independente. Ao longo destes 13 anos, a Pública se tornou o que é porque nunca esteve sozinha. É o seu apoio que sustenta a existência e a resistência do nosso jornalismo comprometido com as pessoas. Contribua com a nossa história!

Via: Marina Amaral

Diretora Executiva da Agência Pública
marina@apublica.org


A História da privatização da Vale



sábado, 16 de fevereiro de 2019

Urgente! Moradores de Macacos são evacuados por risco de rompimento de barragem




Via: G1

Cerca de 200 moradores de Nova Lima, na Grande BH, são obrigados a sair de suas casas por precaução com barragem da Vale

Auditores atestaram para instabilidade da Mar Azul. Esta é a terceira operação de retirada de pessoas por causa de barragens desde o desastre de Brumadinho.


De acordo com a Defesa Civil, auditores que fazem a leitura da barragem atestaram para instabilidade. Ela tem aproximadamente 3 milhões de m³ de rejeito. A estrutura é a montante, mesmo modelo das de Brumadinho e de Mariana.





 Segundo os bombeiros, o plano de emergência prevê retirada de moradores de 49 casas. Elas ficam no distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, a 25 quilômetros de Belo Horizonte. Atualmente, a barragem está no nível 2, que determina a saída das pessoas. A sirene soou por volta das 20h20, de acordo com os moradores.

Em nota, a mineradora informou que "a decisão é uma medida preventiva e se dá após a revisão dos dados dos relatórios de análise de empresas especializadas contratadas para assessorar a Vale. Cabe ressaltar que a estrutura está inativa e essa iniciativa tem caráter preventivo". As pessoas serão acomodadas em hotéis da região.

Treinamento

Moradores do distrito de Nova Lima disseram que não receberam treinamento em situações de risco.

  • "A última vez que a Vale veio aqui foi em outubro para apresentar um plano de emergência que eles tinham implementado em Brumadinho", disse Tatiana Santana que vive em Macacos há cinco anos.
  • Segundo ela, que é mãe de um bebê de nove meses, as pessoas estão desesperadas. "Estamos desorientados aqui. Todo mundo querendo sair da cidade. Soubemos agora que a Vale tinha colocado sirene. Teve gente achando que era trote", falou ela.


Igor Bonzi, que foi até o centro comunitário para ajudar vizinhos, também disse que nunca participou de treinamento da Vale.

  • "Só fiquei sabendo que tinha sirene porque vi o pessoal montando", contou. Ele disse que a última vez que vivenciou uma experiência como essa foi em 2001 quando a barragem da Mineração Rio Verde se rompeu em Nova Lima, matando cinco operários. "Eu dirigia caminhão pra mineradora na época. Muito triste", disse ele.

Em nota, a Vale informou que realizou reuniões para apresentação do plano de emergência em 2018. "A última reunião aconteceu em 28 de novembro, com cerca de 60 membros da comunidade, onde foram apresentados os locais de instalação das sirenes e discutidas as rotas de fuga", disse a mineradora.


Ela informou ainda que "o simulado a ser realizado pela Defesa Civil Estadual e pela Defesa Civil de Nova Lima, com apoio e participação da Vale, estava previsto para junho deste ano".


A barragem está entre as dez que a Vale prometeu desativar. A mineradora ainda não se manifestou sobre o caso. Ela tem a mesma classificação da barragem que se rompeu em Brumadinho: baixo risco de ocorrência de acidente, mas alto risco de dano potencial.

Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil e Polícia Militar foram acionados. Segundo moradores, as pessoas estão sendo levadas de ônibus e táxis para um centro comunitário.


Neste vídeo falo da requisição ao MP para prisão prevenva dos dirigentes da Vale. E lembro a contradição: executivos da Vale livres após Mariana e Brumadinho e o nosso presidente mais popular preso, condenado por um “ato de ofício indeterminado” criticado pelos juristas. pic.twitter.com/KSXdnf9lPi

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Vale soube de problemas em Brumadinho dois dias antes do rompimento, diz TV



Via: ISTOÉ

A Polícia Federal identificou uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho mostrando que a Vale já havia identificado, dois dias antes, problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura da barragem, de acordo com informações da TV Globo.




Segundo a reportagem, as mensagens começaram a ser trocados no dia 23 de janeiros, às 14h38, e se encerraram no dia seguinte às 15h05, na véspera do rompimento.

No depoimento de Makoto Namba, da empresa TÜV SÜD, um dos engenheiros responsáveis por laudos de estabilidade da barragem, não constam, no entanto, detalhes sobre as mensagens.

Ainda segundo a TV Globo, Namba afirma que só ficou sabendo das alterações dos dados fornecidos pelos sensores após o rompimento da barragem.




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sábado, 2 de fevereiro de 2019

CRIME DA VALE


‘Se é para prender alguém, que seja o presidente da empresa’Engenheiro critica detenção de colegas sob alegação de riscos à investigação e aponta: quem pode atrapalhar é a alta direção da companhia






São Paulo – Celso Santos Carvalho é engenheiro civil, doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Responsável pelo programa de engenharia de risco do Ministério das Cidades de 2003 a 2014, Celso está revoltado com a prisão dos colegas André Yassuda e Makoto Manba.


Além dos engenheiros terceirizados, foram detidos em Minas Gerais o geólogo Cesar Augusto Paulino Grandchamp, o gerente de Meio Ambiente Ricardo de Oliveira, e o gerente executivo do Complexo Paraopeba, Rodrigo Artur Gomes de Melo, funcionários da Vale.

Os dois engenheiros foram levados da capital paulista para Minas, com pedido de prisão temporária desde o último dia 28. Os mandados foram expedidos em operação conjunta pelo Ministério Público do estado, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. A justificativa foi terem atestado a estabilidade da barragem da mina do Córrego do Feijão, rompida no dia 25 de janeiro, em Brumadinho.


“Conheço os dois. São engenheiros geotécnicos de enorme experiência. Makoto trabalhou comigo no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) no início dos anos 1990, na área de segurança de barragens. Há 25 anos já era experiente neste tema”, relatou Carvalho em um post colocado em sua página do Facebook. “Não temos contato há muito tempo, mas guardo a memória de um excelente profissional.”

Na mensagem, o doutor da Poli critica a prisão preventiva, “antes de qualquer investigação”, e faz uma série de questionamentos que, segundo ele, permanecem sem resposta. “Qual era o objetivo do laudo? Quais suas restrições? Quando foi feito? Qual era a situação da barragem quando o laudo foi feito? Qual o campo de validade das conclusões do laudo? Em que investigações o laudo se apoiou? Houve pressão da Vale sobre a equipe técnica?”.




À reportagem da Rede Brasil Atual, o engenheiro falou da revolta que inspirou seu post. “Nessa comoção toda vão lá e prendem por 30 dias dois engenheiros de uma empresa contratada da Vale que assinaram um laudo de segurança. Ninguém viu o que é esse laudo. Mas um laudo sempre vai definir que tem segurança em uma certa condição. Está apoiado em determinadas informações. Quem deu as informações para eles? Tem um campo de validade daquele laudo. E depois a gente não sabe também o que foi feito na obra depois que eles fizeram o laudo, o que foi alterado depois da época do laudo. Teve alguma alteração? Eles não operam a barragem.”


Para ele, os colegas foram presos num momento de comoção, para dar uma resposta ao público, e possivelmente esconder os verdadeiros culpados. “O que justifica essa prisão? Em que eles podem atrapalhar as necessárias investigações (uma das alegações para o pedido de prisão), posto que não são empregados da Vale, mas de uma empresa de consultoria? Se for para prender alguém que, este sim, pode atrapalhar as investigações e é o primeiro responsável pelo crime de Brumadinho, prendam o presidente da Vale. Mas esse foi indicado pelo Aécio, né?”, afirma em seu post.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) informou que, no oitavo dia desde o massacre da Vale, 115 pessoas morreram e 71 corpos foram identificados. O número de desaparecidos subiu de 238 para 248, entre trabalhadores e moradores de Brumadinho. Foram localizadas 395 pessoas e resgatadas 192. Há 108 desabrigadas.


Engenheiros revoltados


Celso Carvalho critica, ainda, as licenças de alteamento das barragens (aumento da altura para que mais rejeito possa ser depositado) – “um sistema inseguro enquanto está em operação e depois ainda por muito tempo” – e apresentou outros questionamentos. “Achei estranho que se a mina estava desativada e estavam em processo de licenciamento para continuidade, porque tinha tanto funcionário lá. Estavam fazendo o quê? São questões importantes.”



O engenheiro é outro a atacar o lobby das empresas mineradoras e o lucro desmedido que levou vidas e causou outro enorme desastre ambiental no país. “Se esse risco todo não é nenhuma novidade, por que o Legislativo estadual e federal não definiram leis mais rígidas? Segundo soube, o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de Minas Gerais é uma das entidades da sociedade civil no Conselho Estadual de Meio Ambiente que aprovou esse novo licenciamento. É o órgão técnico dos engenheiros, você acha que não sabe disso? Mas é que defendem mais a empresa que a área técnica estrita.”

O Crea São Paulo também é alvo de críticas de Celso. Em nota, a entidade informa que “instaurou procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos engenheiros no ocorrido. Dependendo do resultado das investigações, os profissionais podem ter, como consequência, o registro cassado”.

“Eles crucificaram os engenheiros. Isso está revoltando a categoria”, relata. “Embarcaram na comoção, nessa questão de que são os culpados. Falam em cassação do registro profissional! Essa justiça parcial e midiática está levando todo mundo a entrar nessa onda para aparecer na Globo.”



A Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE) defende “uma necessária reflexão sobre as práticas de projeto e construção”, mas defende os profissionais. “Críticas e ilações sobre o ocorrido sem os elementos necessários para uma avaliação criteriosa das causas da ruptura da barragem constituem especulações que nada contribuem. É certo que o laudo técnico de avaliação das condições de segurança não foi suficiente para detectar ou prever o desempenho da barragem, construída segundo práticas mais vulneráveis, porém usuais nos empreendimentos de mineração. As ações judiciais contra os técnicos que participaram dessa avaliação, de reconhecidas reputação e competência, nos parecem precipitadas e despropositadas”, afirma em nota. “Certamente, os necessários esclarecimentos dos profissionais envolvidos na elaboração do laudo técnico seriam dados sem tais medidas coercitivas. Observamos que a matriz de responsabilidades é grande, não está restrita a esses técnicos e não isenta o empreendedor e seus prestadores de serviços da responsabilidade objetiva.”

Para a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), a geotecnia trata com incertezas, não é ciência exata, e as normas e recomendações evoluem face ao avanço do conhecimento e ocorrências. “Diante dessa tragédia, é compreensível que todos os segmentos da sociedade, e a própria ABMS, busquem respostas imediatas e consistentes que expliquem o acidente e que levem à responsabilização dos envolvidos. Mas é preciso que esse processo seja feito com serenidade. A empresa e os engenheiros responsáveis por atestar a segurança da citada barragem dentro da legislação em vigor são associados à ABMS há mais de 30 anos e desfrutam de elevada credibilidade no meio técnico e científico, não havendo nada que os desabone.”


Funcionária que servia café na Vale diz que executivos sabiam de problemas na barragem de Brumadinho




Tragédia em Brumadinho é a tragédia do Brasil




O crime da Vale! Outra "tragédia" !



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domingo, 24 de janeiro de 2016

Governo define acordo para recuperar Rio Doce após rompimento de barragem em Minas

" OUVIRAM DO RIO DOCE ÀS MARGENS ENLAMEADAS, DE UM POVO PERPLEXO, O CHORO AGONIZANTE "




O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, se reuniu em Brasília com representantes das mineradoras Samarco, Vale e BHP, para definir as ações de recuperação do Rio Doce, que teve a flora e a fauna destruídas após a tragédia com a barragem da Samarco que se rompeu em Mariana, Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 2015, matando 17 pessoas.


O rompimento da barragem da mineradora causou uma enxurrada de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, se estendendo até o mar pelo Rio Doce, após passar por municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Durante o encontro, que contou também com a participação de representantes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e de procuradores gerais de Minas Gerais e do Espírito Santo, ficou definido que as ações de reparação serão implantadas por uma fundação, financiada pelas mineradoras.

A fundação desenvolverá 38 programas.  Serão 19 programas conjuntos de ações socioeconômicos, e 19 socioambientais. As ações contemplarão dragagem dos rejeitos, restauração florestal em áreas de preservação, recuperação da fauna e da flora local, recuperação das nascentes, além do pagamento de indenização às pessoas atingidas, reconstrução de moradias, pontes e escolas. As empresas concordaram em financiar integralmente todos os projetos.


Em coletiva à imprensa, o ministro Luís Inácio Adams afirmou que na reunião houve um avanço significativo para coordenação das ações. “O acordo avançou muito positivamente, e nós estamos em uma fase de afinação. A fase de detalhamento que vai permitir, inclusive, trazer os parceiros que são essenciais, como o Ministério Público Federal e Estaduais. Eu diria para vocês que, se é para dar uma opinião, eu estou muito confiante que esse acordo vai sair. O nível de debate e de entendimento que se estabeleceu mostra: todos os autores estão em uma posição de convergência.”
Adams voltou a afirmar que a intenção do governo é concluir o acordo até a primeira semana de fevereiro, antes do Carnaval. Segundo as estimativas, as ações serão realizadas em um período de até dez anos.
Em novembro de 2015, logo após o desastre ambiental, o governo anunciou que moveria uma ação civil pública contra a Samarco, para que a Justiça determinasse a criação de um fundo no valor de R$ 20 bilhões em medidas para revitalizar a bacia do Rio Doce. Inicialmente, o valor seria investido nos próximos dez anos para recuperar a bacia. Na coletiva, o  advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, reafirmou que esse valor pode ser modificado, dependendo das ações que forem realizadas até 2026. “Não temos a estimativa por conta de uma dimensão de risco. Pode ser mais, pode ser menos. Vai depender das ações concretas. Das despesas relacionadas. Não estamos focados em conquistar R$ 20 bilhões. Estamos focados em ter ações plenamente financiadas. O resultante dessas ações é que vai definir o volume de recursos necessários para cada ano e no período total”.


De acordo com a presidente do IBAMA, Marilene Ramos, o próximo passo será estabelecer um cronograma e metas claras para a execução das medidas. "Queremos um acordo com metas técnicas, quantitativas. Um cronograma, para que não tenhamos só um grande programa de boas intenções, mas objetivos concretos, estabelecidos em acordo, para que sua execução integral possa ser exigida", afirmou.
A sociedade civil também deverá ter um instrumento para fiscalizar as ações de reparação e recuperação da bacia do Rio Doce. O tema estava na pauta da reunião. A proposta da fundação contempla a formação de um conselho consultivo, formado por ONGs, associações e especialistas, de modo a assegurar participação ativa da sociedade civil no processo. Será um instrumento para apontar as necessidades, estabelecer diretrizes e fiscalizar o cumprimento das medidas estipuladas. O conselho também vai acompanhar o auxílio às pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG).


Rogério Correia:  O dinheiro da CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, que seria investido em segurança e fiscalização das mineradoras que operam em Minas Gerais, foi para o Minas Arena, o estádio de futebol Mineirão. Esse desvio durante o governo tucano Antonio Anastasia foi citado pelo deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), durante pronunciamento nesta quarta-feira (25/11), na Assembleia Legislativa de Minas. Está em discussão no Legislativo mineiro a reformulação da atual política ambiental. Reportagem Marilu Cabañas.


# Brasil Sabotado, povo dopado.


Esta sopa de lama tóxica que desce no rio Doce e descerá por alguns anos toda vez que houver chuvas fortes e irá para a região litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7000 km2 no litoral ao sul, atingindo três UCs marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 ha no mar.

Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos.

RVS de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

1 hectare de criadouro marinho equivale a 100 ha de floresta tropical primária.
Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de de 20.000.000 de hectares ou 200.000 km2 de floresta tropical primária.
E a mata ciliar também tem valor em dobro.
Considerando as duas margens são 1.500 km lineares x 2 = 3.000 km2 ou 300.000 ha de floresta tropical primária.

Voces não fazem ideia.

O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos!

Conclusão: esta empresa tem que fechar.
Além de pagar pelo assassinato da 5ª maior bacia hidrográfica brasileira.
Eles debocharam da prevenção e são reincidentes em diversos casos.
Demonstram incapacidade de operação crassa e com consequências trágicas e incomensuráveis.
Como não fechar?
Representam perigo para a segurança da nação!

O que restava de biodiversidade castigada pela seca agora terminou de ir.

Quem sobreviverá?
Quais espécies de peixes, anfíbios, moluscos, anelídeos, insetos aquáticos jamais serão vistas novamente?

A lista de espécies desaparecidas foram quantas?

Se alguém tiver informações, ajudariam a pensar.

Barragens e lagoas de contenção de dejetos necessitam ter barragens de emergência e plano de contingência.
Como licenciar o projeto sem estes quesitos cumpridos?
Qual a legalidade da licença para operação sem a garantia de segurança para a sociedade e o meio ambiente?

Mar de lama... mas não seria melhor evitar que a lama chegasse ao mar?
Quem teve a brilhante ideia de abrir as comportas das barragens rio abaixo em vez de fechá-las para conter a lama e depois retirar a lama da calha do rio?
Quem ainda pensa que o mar tem o poder de diluição da poluição?
Isto é um retrocesso da ciência de mais de 1 século!!!!!

Sendo Rio Federal a juridição é do governo federal portanto os encaminhamentos devem serem feitos ao MPF.

Fica a advertência para os olheiros das empresas: se essa coisa chegar ao mar o caso entra para juridição internacional. Lá tem prisão perpétua, pena de morte, sequestro de bens internacionais, etc.

André Ruschi
Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi
Aracruz, Santa Cruz, ES

#E querem vender a Petrobras.


ExameA Vale foi eleita a pior empresa do mundo pelo “Public Eye People´s”, premiação realizada desde 2000 pelas ONGs Greenpeace e Declaração de Berna. É a primeira vez que uma companhia brasileira recebe o prêmio conhecido como "Oscar da Vergonha", que avalia os impactos socioambientais causados pelas empresas. O resultado foi divulgado nesta sexta, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Em votação aberta ao público, a Vale foi eleita com 25 mil votos.

GGN 2015: Desastre ambiental: lama da Samarco destrói Rio Doce, em MG


Caos em Governador Valadares demonstra que plano de emergência era para inglês ver e que Estado brasileiro foi submetido ao interesse das mineradoras


Uma semana depois do rompimento das barragens da Vale/BHP Billiton/Samarco em Mariana, o que escrevi aqui — depois de ter estado pessoalmente na região — se confirmou: o crime ambiental expôs quanto o Estado brasileiro está entregue à iniciativa privada. Sim, isso é natural no capitalismo, mas o Brasil é recordista no “entreguismo”.

1. O plano de emergência da Samarco, propagandeado pelos relações públicas da empresa e disseminado pela mídia que faz “jornalismo declaratório”– na feliz frase de meu colega Caco Barcellos — era para inglês ver. Dez minutos se passaram entre o rompimento das barragens e a chegada da lama a Bento Rodrigues, mas não havia sistema de alerta para os moradores do vilarejo, nem plano adequado para fazer um rápido resgate, nem qualquer ideia de como conter a lama antes de chegar a grandes centros populacionais, como Governador Valadares, com quase 280 mil habitantes. Recebi mensagem de um leitor segundo o qual o caos na cidade é completo e moradores começam a ir embora por falta de água!

2. A “lama inerte” propagandeada pela Samarco contém altas concentrações de ferro, manganês e alumínio que inviabilizam o tratamento da água para consumo humano e oferecem riscos à saúde. Para não falar no chumbo, arsênio e antimônio — metais pesados que podem estar presentes na lama. No entanto, não se ouviu um alerta sequer — nem da empresa, nem das autoridades municipais, estaduais e federais — para que a população ribeirinha se mantenha distante da lama que cobre as margens do rio do Carmo e, agora, do rio Doce. O governo de Minas fez uma única análise sobre a óbvia turbidez da água. O serviço de água e esgoto de Governador Valadares fez uma análise incompleta pornão dispor do equipamento necessário. Ou seja, ou o Estado brasileiro dá cobertura às mineradoras, ou é incompetente/desaparelhado para lidar com elas. Provavelmente os dois.

3. A Samarco prometeu “monitorar as águas” dos rios e as autoridades e jornalistas levaram isso a sério. Como se a raposa tivesse credibilidade para monitorar o galinheiro. É a naturalização de um Estado dependente da iniciativa privada para “defender” o interesse público. Ou de um Estado capturado pelo poder econômico. Escolham. Notem como prefeitos e autoridades em geral pedem ajuda diretamente à Vale ou à Samarco. Praticamente imploram por água potável, por exemplo. Mas onde estão os planos de emergência que deveriam existir em função de barragens que acumulavam 62 milhões de metros cúbicos de lama e água?

4. A Assembleia Legislativa de Minas finalmente aprovou uma comissão para investigar as mineradoras no Estado, o que os tucanos haviam barrado durante o governo Anastasia. Porém, a comissão inclui deputados que receberam R$ 587 mil em doações de mineradoras! É a desmoralização completa e absoluta… Enquanto pagam a políticos por dentro e por fora, as mineradoras deixam uma fração minúscula de seus lucros nas comunidades locais — 0,7% no caso de Mariana, em 2014. O grosso do lucro vai para acionistas estrangeiros, que não têm qualquer relação com Mariana, Minas Gerais e o Brasil e não vão arcar com os custos ambientais presentes ou futuros deixados pela mineração.

5. Fernando Henrique Cardoso é o político que vendeu a Vale, patrimônio do povo brasileiro, a preço de banana. Um crime, entre outros motivos por não incluir no preço as reservas minerais que já haviam sido descobertas! Infelizmente, a lógica de submeter o Estado aos interesses privados, que ele aperfeiçoou ao exercer o poder, continuou vigorando, inclusive em empresas supostamente “estatais” como a Petrobras, Cemig, Sabesp, Sanepar e muitas outras… O lucro é sempre privado, os prejuízos são sempre públicos. A população, esta fica ao Deus dará.

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