Livro será lançado na semana em que a morte de Marisa completa três anos
Marisa Letícia Lula da Silva desempenhou um papel central
desde a criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, até os anos em que
ocupou o Palácio do Planalto ao lado do ex-presidente Lula nos anos de governo
que duraram de 2003 até 2009. Essa é a visão de Camilo Vannuchi, jornalista e
escritor, autor da biografia da ex-primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia Lula
da Silva, que será lançada nesta quarta-feira (5) pela editora Alameda, em
evento na sede do PT em São Bernardo do Campo.
Segundo Vannuchi, o livro não apenas funciona como uma
biografia que percorre toda a trajetória de Marisa, desde sua infância até sua
morte por um AVC em 3 de fevereiro de 2017, mas também busca ressaltar o
protagonismo da ex-primeira-dama em decisões políticas tanto dentro do partido
como no governo.
"A Marisa foi a principal conselheira do Lula nesses 40
anos de relacionamento. Há episódios em que o Lula saía de alguma reunião,
fosse no PT, no Planalto ou no Instituto [Lula] com uma decisão tomada, mas que
no dia seguinte, voltava tendo mudado de ideia por coisas que eles conversavam
à noite", disse o autor.
Em entrevista ao Opera
Mundi, o biógrafo de Marisa afirmou que a maior dificuldade ao escrever
o livro foi manter Lula fora dos holofotes e permanecer fiel à ideia de
escrever um livro sobre a ex-primeira-dama. "Em alguns momentos eu pensei
em fazer um livro sobre a história do casal, da militância deles como casal.
Mas a opção foi contar a história da Marisa junto com a história do Brasil, do
sindicalismo e da redemocratização pelo olhar da Marisa. De como ela participou
e enxergou esses processos", disse.
Vannuchi ainda destaca que Marisa passou por transformações após a vitória eleitoral de Lula em 2002, quando a circunstância política "exigiu dela uma postura pública". "Ela teve, em 2002, uma mudança marcante. Ela substituiu Lula muitas vezes durante a campanha. Pela primeira vez ela se tornou personagem, participou do programa eleitoral, mudou o cabelo, as roupas e, após a vitória, passou a ter assessoria de imprensa e cumprir uma agenda de eventos", afirmou o autor.
Últimos momentos
O livro de Vannuchi ainda traz os últimos momentos da vida
da ex-primeira-dama, já envolvida no clima de perseguição que a Operação Lava
Jato ajudou a fomentar contra o PT e contra Lula. Segundo o autor, esse cenário
jurídico e midiático pode ter contribuído para a morte de Marisa. "Ela passou
a fumar mais, comer mal, beber um pouco mais. Um mês antes de ela ter o AVC,
ela estava bastante ansiosa, falando 'não deixem fazer o que eles estão fazendo
com minha família'. Então a sensação que eu tenho como biógrafo é que [a Lava
Jato] teve influência sim", disse.
Ainda segundo o autor, a reclusão que o casal se submeteu
nos últimos meses antes da morte de Marisa, também pode ter contribuído para um
quadro de saúde frágil. "A construção do ódio contra o PT, na imprensa e
na sociedade, vem de muito antes. Isso junto com a Lava Jato ajudou para
colocar Lula e Marisa numa vida reclusa", afirmou.
Fonte: Brasil de Fato
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Há 4 anos perdemos dona Marisa Letícia.
— Instituto Lula (@inst_lula) February 3, 2021
Companheira de todas as horas, Marisa sofreu na pele os horrores de uma perseguição injusta e cruel.
📷: Ricardo Stuckert pic.twitter.com/sr09WfyM3f