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domingo, 18 de agosto de 2024

Do apoio à ditadura a casos de racismo e assédio: relembre histórico de Silvio Santos


Lista envolve ainda suspeitas de corrupção e disputa por terreno com o Teatro Oficina, em São Paulo


Apresentador e empresário fez fortuna mantendo proximidade com o poder - Alan Santos/Presidência da República

O ano era 2020. Com a primeira fase da pandemia de covid-19 ainda em curso - sequer havia vacinas para os idosos -, o então presidente da República Jair Bolsonaro (PL) compareceu com pompa ao aniversário de 90 anos de Silvio Santos, dono do SBT, morto neste sábado (17). 

As afinidades entre Silvio e o ex-presidente eram óbvias. O genro de Silvio Santos, Fábio Faria, foi ministro das Comunicações de Bolsonaro entre 2020 e 2022.

Além disso, nomes proeminentes do SBT, como o apresentador Ratinho e o próprio Silvio Santos, prestavam apoio ao ex-presidente, agora inelegível, e usavam seus programas como palanque da família Bolsonaro desde, pelo menos, sua eleição. As verbas governamentais também fizeram diferença: o governo Bolsonaro fez cair a diferença entre as verbas repassadas à Globo e ao SBT.

Na ocasião, o Brasil de Fato listou motivos para que um presidente evitasse homenagens ao empresário e apresentador. Desde então, a lista aumentou, com a disputa por um terreno na região central de São Paulo com o Teatro Oficina. Confira as controvérsias:


1 - Beneficiado pela ditadura

O SBT nasceu em 1981, da relação entre Sílvio Santos e seu antigo colega da Escola de Paraquedistas, Délio Jardim de Matos, então Ministro da Aeronáutica do governo militar de João Figueiredo.

"Figueiredo me deu a televisão", admitiu o apresentador, em programa veiculado em 2018.

Antes de receber a concessão, Silvio Santos já gozava dos benefícios de um bom relacionamento com a ditadura. Em 1972, ele comprou 70 mil hectares de terras em Barra do Garças (MT), na região do Araguaia, durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), um dos mais violentos daquele período.

Na época, quem governava o Mato Grosso era o pecuarista José Fragelli, da Arena, partido de sustentação do regime. Segundo o portal De Olho nos Ruralistas, ele costumava facilitar a venda de terras para empresas e pessoas "simpáticas ao regime".


2 - Apoiador da ditadura

Para manter a concessão, contrapor o domínio da Globo e equilibrar o acesso a verbas de publicidade, Silvio Santos fazia manifestações explícitas de apoio aos presidentes militares e seus ministros. O SBT era conhecido por programas "popularescos" e representava, aos olhos dos militares, um canal direto de comunicação com a classe trabalhadora.

Em fevereiro de 2020, durante o governo Bolsonaro, Silvio Santos decidiu recriar o programa "A Semana do Presidente", exibido durante a ditadura com detalhes sobre a rotina dos militares que governavam o país. A ideia foi suspensa após críticas por seu caráter "bajulatório".

Episódio semelhante já havia ocorrido em 2018, no contexto da eleição de Bolsonaro, quando o SBT passou a exibir vinhetas com as cores da bandeira brasileira nos intervalos comerciais da sua programação.

Uma delas continha o slogan da ditadura, "Brasil, ame-o ou deixe-o", marca do governo do general Médici.

A vinheta causou indignação e foi retirada do ar no mesmo dia.


3 - Afeito à censura

No dia 23 de maio de 2020, o assunto mais buscado nas redes sociais e debatido em todo o país foi o vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro, que revelou o caráter autoritário e a falta de pudor da equipe de governo federal.   

Frases reveladoras, como “passar a boiada” e "botar os vagabundos do STF na cadeia" foram ditadas naquela reunião pelos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Abraham Weintraub, então responsável pela pasta da Educação.

Como o conteúdo comprometia em grande medida a imagem do governo, o SBT decidiu suspender a exibição de seu principal jornal, o SBT Brasil. Não houve qualquer aviso ou esclarecimento ao público sobre essa escolha.

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) se posicionou sobre o caso no dia seguinte. Segundo a entidade, aquele episódio de censura remete "aos mais sombrios dias da ditadura militar instaurada no país com o golpe de 1964".

"O episódio é mais um de uma série de intervenções no jornalismo do 'dono' do SBT, Sílvio Santos, que solenemente ignora o fato de que se trata de uma concessão pública, o que, legalmente, o obrigaria a cumprir uma série de requisitos impedindo que a TV fosse usada em benefício de interesses políticos particulares", conclui a nota do FNDC.


4 - "Sexo, poder ou dinheiro?"

Essa pergunta foi feita em 2016 por Silvio Santos, durante um programa do SBT, a uma criança de cinco anos.

O caso foi alvo de um inquérito do Ministério Público Federal (MPF). "A criança e o adolescente têm direito ao respeito e à dignidade como pessoas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, direito ao respeito que compreende a inviolabilidade da integridade psíquica, abrangendo preservação da imagem", diz o texto da Procuradoria Regional em São Paulo.

Ainda segundo o MPF, a livre manifestação do pensamento não é direito absoluto, sendo assegurado o "direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem".

Sobre aquele episódio, o SBT informou que "a genitora da menor ajuizou ação de indenização contra a radiodifusora em defesa dos interesses individuais e personalíssimos", e que "não ocorreu nenhum tipo de solapamento difuso dos direitos imanentes às crianças".

O quadro "Miss Infantil", exibido à época sob a batuta de Silvio Santos, também tem sido criticado por especialistas. Meninas de sete a dez anos de idade desfilam, muitas vezes com roupas de banho, e recebem elogios dos apresentadores e jurados.


5 - Acusação de racismo

Silvio Santos foi acusado de racismo em dezembro de 2019 ao tirar um prêmio musical de uma candidata negra, contrariando a escolha do auditório, durante o quadro Quem você tira?.

O codeputado estadual Jesus dos Santos, da Bancada Ativista, protocolou uma representação na Justiça do Estado de São Paulo contra o apresentador. A representação cita ainda três casos anteriores em que considera que houve racismo por parte do dono do SBT.

Silvio Santos ironizou as acusações no ar, em 15 de dezembro daquele ano.


6 - Suspeitas de corrupção

O nome do apresentador foi um dos mais comentados nas redes sociais assim que veio à tona a delação do operador financeiro Adir Assad, afirmando que "lavou" cerca de R$ 10 milhões para o Grupo Sílvio Santos por meio de contratos fraudados de patrocínio esportivo no final dos anos 1990.

Em agosto de 2019, o Grupo Silvio Santos afirmou à imprensa que não se manifesta sobre o caso por não conhecer o teor da delação.


7 - Machismo e sexismo

Declarações machistas e comentários sobre a aparência das mulheres também provocam revolta em um país que registra um feminicídio a cada 7 horas.

"Estou vendo daqui que você engordou um pouquinho", disse à assistente de palco Helen Ganzarolli durante o programa Jogo dos Pontinhos. "Me faça um favor: não engorde, porque você é a única musa que eu tenho."

São comuns ainda declarações como "depois que o Luciano Huck casou com a Angélica, deu um trato nela e ela ficou linda", assim como "brincadeiras" sobre a roupa das mulheres no palco.  

A postura sexista desperta críticas até da própria família. A filha e também apresentadora Patrícia Abravanel chegou a dizer no ar: "Não gosto de ver meu pai fazendo a pegada de velho taradão, falando de sexo. Vem qualquer mulher bonita e ele fica comendo com os olhos, não precisa".


8 - #ChegaDeAssédio

Em 10 de novembro de 2018, durante o programa Teleton, Silvio Santos disse ao vivo que preferia não abraçar a cantora Cláudia Leitte pois ficaria "excitado".

No Teleton de 2016, o apresentador já havia se recusado a dançar com a cantora Anitta com o mesmo "argumento", em tom de piada.

"Senti-me constrangida, sim", disse a cantora nas redes sociais. "Quando passamos por episódios desse tipo, vemos em exemplificação, o que acontece com muitas mulheres todos os dias, em muitos lugares. Isso é desenfreado, cruel, nos fere e nos dá medo. A provocação vem disfarçada de piada, e as pessoas riem, porque acostumaram-se, parece-nos normal".

No dia seguinte, a hashtag #ChegaDeAssédio foi uma das mais comentadas do país, e dezenas de artistas se posicionaram em solidariedade à cantora.

Silvio Santos se recusou a pedir desculpas sobre o caso.


9 - Silvio Santos x Teatro Oficina

Ao lado do Teatro Oficina, na região central de São Paulo, existe um terreno que é alvo de disputa entre o grupo do apresentador de TV e a companhia, que deseja transformar o local em um parque público. Já Silvio Santos tinha outros planos: a construção de torres de apartamentos. A batalha jurídica pelo local já dura mais de 40 anos.

A disputa envolve a preservação do prédio do Oficina, que é tombado, e os planos de investimento que eram tocados pelo Grupo Silvio Santos (GSS).

Em fevereiro deste ano, o teatro sofreu, à revelia, uma alteração na estrutura do seu imóvel, realizada pelo GSS.

À época, a companhia de teatro informou que se deparou com o fechamento dos arcos do imóvel, o que configuraria "um ato ilegal" e "violência simbólica e concreta contra patrimônio material e imaterial tombado nas três instâncias de proteção (municipal, estadual e federal)".

Edição: Thalita Pires

Fonte: Brasil de Fato



História 01

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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Bolsonaro pagou R$ 17,8 mi a TVs para falar da campanha "Brasil imunizado"


O governo pagou R$ 1,6 milhão para divulgar campanha da vacinação nos intervalos do JN


O país não apenas está muito longe de estar imunizado, como nunca foi tão dividido - Carolina Antunes/PR

Não foi pouco o dinheiro “investido” pelo governo de Jair Bolsonaro, em veículos de comunicação, para a campanha de vacinação contra a covid-19 intitulada “Brasil imunizado, somos uma só nação”, duplamente falaciosa.

O país não apenas está muito longe de estar imunizado, como nunca foi tão dividido. A publicidade foi veiculada de 16 de março a 6 de abril deste ano.

De acordo com dados da Lei de Acesso à Informação, nesse período o governo gastou R$ 17,8 milhões para promover a campanha em jornais, novelas, humorísticos, filmes exibidos na TV, em programas de jornalismo policial de baixíssimo nível, Big Brother Brasil, programas como Fantástico e Domingo Espetacular, entre outros. A campanha foi criada pela agência Nova/SB.

A TV Globo ficou com a maior fatia do bolo: R$ 4 milhões. Em seguida, a TV Record de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (R$ 3,9 milhões). Segue-se o SBT de Sílvio Santos (R$ 3,8 milhões).

Mais de meio milhão de reais foram desembolsados somente para três programas “jornalísticos”. Cidade Alerta (Record), com Luiz Bacci, levou quase R$ 395 mil. O programa Brasil Urgente (Band), de José Luiz Datena, ficou com R$ 110 mil. Por fim, o de Sikêra Junior, Alerta Nacional (RedeTV), recebeu R$ 65 mil, segundo matéria de Dioclécio Luz para o Brasil Popular.

Não por acaso, os três apresentadores apoiam, ou apoiaram, o presidente. Datena – que defendeu a flexibilização do acesso a armas e a reforma da Previdência – demonstrou indignação ao ver, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, dizer que a Band queria dinheiro do governo.

Bacci comemorou a eleição de Bolsonaro nas redes sociais e tem defendido a abertura do comércio na pandemia. E Sikêra Junior é claramente defensor do presidente e suas ideias. Não é, como se vê, por acaso que acontecem as “entrevistas exclusivas” que Bolsonaro costuma lhes conceder, que parecem mais conversa entre amigos do que pautas jornalísticas.


Globo é favorita

A maior parte dos recursos públicos para divulgar a falsa ideia de vacinação dos brasileiros foi para os noticiários da TV Globo. O governo pagou R$ 1.619.560,00 para divulgar a campanha de vacinação nos intervalos do Jornal Nacional e R$ 1.253.620,00 nos do Fantástico. O BBB faturou R$ 950 mil.

A TV Record recebeu R$ 850 mil para veicular a campanha no Jornal da Record e mais R$ 505 mil para o Domingo Espetacular. O Jornal da Band embolsou R$ 345 mil. O SBT recebeu R$ 112 mil para veicular a campanha no humorístico A Praça é Nossa e R$ 347 mil para o Programa Sílvio Santos.

Esse estado de coisas está em completo desacordo com a Constituição Federal de 1988. Como se sabe, os meios de comunicação por rádio e TV são concessão pública, conforme seu artigo 223.

“Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal”, diz o dispositivo.


Ligações sombrias

A campanha “Brasil imunizado, somos uma só nação” ter sido veiculada pelo governo de um presidente que claramente incentivou a disseminação do vírus – combatendo máscaras, a vacinação e a ciência – esconde um aspecto mais sombrio.

Não só por proclamar a tal unidade que não existe. Desde a campanha à presidência, Bolsonaro faz uso do bordão “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A expressão faz lembrar a frase alemã Deutschland uber alles (“Alemanha acima de tudo”).

É o primeiro verso da canção nacionalista Das Lied der Deutschen (“A canção dos alemães”), de 1841. Hitler adorava a música, explica matéria do Deutsche Welle, edição Brasil. Em 1936, ela foi entoada na abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim, quando Hitler e seguidores entraram no Estádio Olímpico.

Fonte: Brasil de Fato


quinta-feira, 9 de julho de 2020

Danilo Gentili diz que Bolsonaro pediu sua cabeça e tentou censurar seu programa no SBT





Gentili disse ainda que Bolsonaro é "um mentiroso, mentiu muitas coisas, e que defende a liberdade de expressão foi outra mentira. Esse pisco[pata] não me engana mais"

O apresentador e humorista Danilo Gentili afirmou, nesta quarta-feira (8), ao responder comentários de uma publicação no Instagram, que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) pediu a demissão dele e censura no SBT, canal no qual apresenta o programa The Noite.

Em resposta a uma internauta que defendia Bolsonaro, Gentili escreveu: “Fui defendido por ele uma ova! Saiba você que tomei processo por defendê-lo e esse ‘fdp’ foi lá pedir minha cabeça e censura no meu emprego quando critiquei o Fundão Eleitoral (e seu filho usa rede de difamação contra mim)”.

Gentili disse ainda que Bolsonaro é “um mentiroso, mentiu muitas coisas, e que defende a liberdade de expressão foi outra mentira. Esse pisco[pata] não me engana mais”. A conversa foi publicada pelo apresentador no Twitter. “Passem os recadinhos pros grupinhos de vocês – podem continuar fazendo isso, não vou parar”.


No Twitter







Trecho do show "Politicamente Incorreto 2018".
Make Brazil Zuera Again.


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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Bozo amplia em 63% gastos com publicidade e aumenta em 600% verba da Record e SBT




PLANTÃO BRASIL - Mais um estelionato eleitoral cometido por Jair Bolsonaro e cia., desta vez para ajudar os amigos.

  • O UOL conta que os gastos em publicidade do primeiro trimestre do governo cresceram 63% em relação ao mesmo período do ano anterior e chegaram a R$ 75,5 milhões.

Os dados foram obtidos na Secom (Secretaria Especial de Comunicação), vinculada ao Palácio do Planalto.

A Record passou a Globo e foi o grupo de comunicação que mais recebeu verbas publicitárias federais. É a primeira vez que ocorre essa inversão em ao menos dois anos, segundo as análises por trimestre, assinala a matéria.

Os gastos da Secom com publicidade institucional “saíram de R$ 44,5 milhões no primeiro trimestre de 2018 para R$ 75,5 milhões no mesmo período de 2019”.

Que beleza é o liberalismo de compadrio:

Esses valores são referentes aos gastos do órgão com o pagamento de agências de publicidade, pesquisas de opinião pública, comunicação digital e repasses a veículos de comunicação em todo o Brasil. Corrigindo os números pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que no período variou 4,2%, chega-se a um aumento de 63% entre um ano e outro.

Na comparação com o mesmo período de 2017, o crescimento é ainda maior. Nos primeiros três meses daquele ano, a Secom gastou R$ 35 milhões. Na comparação entre os gastos em 2017 e 2019, o crescimento é de 101%, já descontada a inflação no período.

Os levantamentos foram feitos entre os anos de 2017 e 2019 porque o sistema alimentado pelo governo só passou a compilar informações detalhadas sobre os gastos da secretaria a partir de janeiro de 2017, após a emissão de uma instrução normativa do então Ministério do Planejamento, absorvido posteriormente pelo Ministério da Economia.

Record e SBT passam a Globo em 2019
A comparação entre 2017 e 2019 mostra que, neste ano houve uma aparente quebra no padrão de distribuição das verbas publicitárias repassadas pela secretaria de comunicação do governo.

Os dados mostram que em 2017 e 2018, a Globo encontrava-se isolada na liderança do bolo publicitário, e que Record e SBT se revezavam em segundo lugar. Em 2017, por exemplo, a Globo faturou R$ 6,9 milhões no primeiro trimestre. Em segundo lugar ficou o SBT, com R$ 1,34 milhão. Em terceiro, ficou a Record com R$ 1,21 milhão.

Em 2018, o padrão se manteve. A Globo faturou R$ 5,93 milhões nos três primeiros meses do ano. Em segundo lugar ficou a Record, com R$ 1,308 milhão. Em terceiro ficou o SBT com R$ 1,1 milhão.

Em 2019, o padrão mudou. Em primeiro lugar ficou a Record, com R$ 10,3 milhões. Em segundo, veio o SBT, com R$ 7,3 milhões. Em terceiro veio a Globo, com R$ 7,07 milhões.

Para superar a Globo, Record e SBT tiveram crescimentos exponenciais de seus faturamentos publicitários junto à Secom. Em relação a 2018, o crescimento do faturamento publicitário da Record junto à Secom no primeiro trimestre de 2019 foi de 659%, valor já considerando a variação da inflação no período. 

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Doria faz uso indevido da imagem de sem teto, promete almoço e desaparece


Gerson e Doria


“Eu poderia processar ele”: exposto sem autorização no Facebook, o sem teto Gerson espera o almoço que Doria prometeu. Por Zambarda


A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) fica na Rua Libero Badaró, a poucos metros da Prefeitura de São Paulo.

Ali em frente vive o mendigo Gerson, de 41 anos, que ficou famoso após estrelar uma publicação do prefeito João Doria Jr. no Facebook.

Doria passava pela área, viu Gerson e achou que a cena renderia. Câmeras flagraram o “encontro”. Sua equipe fez o resto do serviço.

O nome de sua filha foi citado. “A mãe dela a proibiu de ver o pai por conta do alcoolismo”, lê-se.

O post de 13 de janeiro teve 186 mil curtidas e mais de 40 mil compartilhamentos na rede. Um público equivocado de esquerda pagou mico inventando que ele era “fake”, alguém fantasiado. A realidade é pior.

Gerson não autorizou o uso de sua imagem como peça de propaganda política. Ele contou ao DCM que não gostou do comportamento de Doria, do assédio da mídia e de como a fotografia foi divulgada sem o seu consentimento.

“Quando o prefeito passou por aqui, eu pedi pra ele parar de tirar os moradores de rua. Eu tava bravo porque o ‘rapa’ tava levando os cobertores de todo mundo. Mas, depois, ele disse que me ajudaria”, afirma.

“Nunca pedi nada pro Doria. Só peço dinheiro sempre porque vivo na rua, como peço agora pra você. Ele prometeu almoçar conosco, algo que não cumpriu até agora”.

Gerson possui problemas psiquiátricos e recebe tratamento. “Estou bem melhor hoje porque tenho assistência”, declara.

Tem dois amigos. Um deles é Paulo César Vieira Sousa, que foi também fotografado por Doria sem camisa e ilustrou uma reportagem da Veja sobre doações de sabonete e xampu a abrigos. O outro é o senhor Natalino, o “Natal”.

Paulo César

“Foi só a foto girar na internet que vieram a Globo, o SBT e a Veja aqui. Só que nenhum deles ouve direito a história e chegaram a divulgar que eu era um mendigo falso. Dividimos a comida e temos ajuda da Secretaria de Direitos Humanos”, comenta.

“Eu poderia processar o prefeito por ter tirado foto sem a minha autorização. Mas não vou fazer isso. Dá muito trabalho”.

No Facebook, Doria elogia uns tais “Espaços Vida, que vão ajudar o Gerson e as mais de 16 mil pessoas que vivem nesta situação a terem oportunidades de uma vida mais digna”. Um factoide.

Há um pedido da Secretaria de Direitos Humanos para que o retrato seja retirado do Facebook por causa da exposição indevida de uma pessoa em situação de rua.

A Secretaria de Comunicação teria concordado, mas a imagem continua na rede social. A tramitação do requerimento está emperrada por conta da transição da gestão Haddad para a atual. A equipe de DH deve ser substituída em breve.

Ainda que o apelo de Direitos Humanos chegue ao gabinete do prefeito, é pouco provável que ele seja respeitado. O estilo populista de Doria é baseado nesse tipo de estratégia barata, de vale tudo eleitoreiro.

Os amigos Paulo César e Natal reclamaram que a prefeitura não foi ajudá-los com as chuvas recentes na cidade. “Não fizeram nada por nós ainda. Eu tomei banho é na chuva”.


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