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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A mafia dos transplantes e o xadrez do “nosso” Sérgio Moro





Peça 1 – o Sérgio Moro anti-tucano


“Pau que dá em Chico dá em Francisco”, diz o Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Mas não dá em Aécio, Serra, Alckmin, Aloisio – porque não são Chico nem Francisco.

A parcialidade do Procurador Geral da República e da Lava Jato, leva parte da opinião pública a procurar um juiz de direito para chamar de seu, alguém que tenha a mesma parcialidade de Sérgio Moro, o mesmo espírito persecutório, o exercício permanente do sadismo blindado pelos instrumentos de Estado,  contra os que são enquadrados como adversários.

Que sirva de aviso para tucanos e petistas o que se passou em Poços de Caldas, no episódio conhecido como “a máfia dos transplantes”.


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Lá, o alvo foi tucano, o ex-deputado federal Carlos Mosconi, ligado a Aécio Neves. E o Sérgio Moro de Poços foi o juiz de direito Narciso Alvarenga Monteiro de Castro.

Peça 2 – os antecedentes


Em abril de 2.000 ocorreu o incidente envolvendo um menino, Paulo Veronesi Pavesi,  que teve uma queda e morte cerebral. O menino foi acudido no Hospital Pedro Sanches, particular. O pai aceitou doar os órgãos. O corpo foi encaminhado, então, para a Santa Casa. Nesse ínterim, o Hospital Pedro Sanches enviou uma conta salgada para o pai, incluindo os gastos com o transporte até a Santa Casa.

O pai, sujeito claramente desequilibrado – como tive condições de comprovar na época – reagiu com uma campanha virulenta, acusando a Santa Casa de ter retirado os órgãos do menino em vida.

Na época, o Fantástico tinha descoberto o filão dos escândalos com procedimentos médicos mais complexos. Tentou criminalizar a atuação do notável doutor Pasquini, da Santa Casa de Curitiba, criou o personagem da enfermeira assassina, também no Paraná, e investiu contra o grupo de transplante de Poços. O então Ministro da Saúde José Serra se valeu do episódio para acertos de conta político e para aproveitar a onda lançada.

O grupo de transplante da Santa Casa de Poços de Caldas surgiu antes da nova lei do transplante. Houve uma adequação da lei que se prolongou até 2006.

Em 2002, o Ministério Público Federal investigou o caso Pavesi e não encontrou nenhum indício de atividade criminosa.

  • Em 2006, uma sentença do TRF 1 (Tribunal Regional Federal da 1a Região) esclareceu a situação. O desembargador federal Olindo Menezes, relator, liquidou com a teoria conspiratória da organização criminosa que assassinava pacientes para comercializar seus órgãos:


Mostrou que o grupo de transplantes trabalhava pioneiramente desde 1992. Quando foi promulgada a nova lei, “somente a Santa Casa de Poços de Caldas, em todo estado de Minas Gerais, cumpriu o prazo para o pedido de renovação, mas o enviou ao órgão estadual, em lugar do federal”.

“Portanto, o que foi exposto na inicial como indício de séria irregularidade, do desejo de realizar transplantes mesmo sem autorização, supostamente por tratar-se de prática lucrativa, pois investigava-se denúncia de tráfico de órgãos, pode ser entendido de outra forma. Uma equipe pioneira, que vinha realizando transplantes em Poços de Caldas há anos, teve dificuldade em adequar-se à novas formalidades do setor, embora tenha demonstrado preocupação em atender ao que manda a lei”.

“(...) Enfim, quando se põe de lado a suspeita de má-fé, os fatos ganham contornos mais nítidos e mais próximos da realidade. É mais fácil imaginar médicos pioneiros em técnica avançada de cirurgia, e por isso mesmo estudiosos e dedicados à profissão, enfrentando dificuldades com a crescente normatização da atividade, do que mercenários inescrupulosos, capazes de traficar órgãos por ganância, ou desidiosos irresponsáveis que permitem que o tráfico ocorra sem mover uma palha.

“(...) A longa investigação levada a cabo a partir da iniciativa do Ministério Público Federal não comprovou a ocorrência de tráfico de órgãos, de enriquecimento dos médicos que realizavam os transplantes pelo SUS em Poços de Caldas ou de lesão ao patrimônio público. Foram encontradas irregularidades, como serão sempre que for feita investigação com igual profundidade em qualquer serviço público de saúde do país, que, para dizer o mínimo, não prima pela qualidade desses serviços”.

Peça 3 – chega o juiz Narciso


Em 2012, o juiz Narciso chegou à cidade e,  de ofício (isto é, sem ser provocado), decidiu desarquivar o caso. Era um caso federal, ele transformou em estadual. O promotor da cidade não viu motivos para oferecer nova denúncia. Narciso o denunciou ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), dizendo que fazia parte da mafia.

De imediato, denunciou 15 médicos por formação de quadrilha. E ordenou que a sentença fosse publicada em todos os jornais da cidade, expondo todos os médicos mencionados.

Não se ficou nisso. Na época, houve o suicídio de Carlão, diretor da Santa Casa. O juiz Narciso pretendeu incriminar outro médico. Conseguiu uma testemunha, doente assistido na hemodiálise, para acusar o médico de assassinato.

As chapas dos exames de arteriografia - que atestavam a morte cerebral do menino -foram recolhidas pela Polícia Federal nas investigações de 2002, mas sumiram do inquérito. Em vez de mandar apurar o sumiço das chapas, já que havia documentação comprovando que a PF havia retirado da Santa Casa, o juiz Narciso ignorou a mais importante prova da defesa.

“Como já disse e reafirmo: eu próprio, juiz desse caso e do processo do júri, NUNCA vi tais chapas em nenhum dos autos mencionados e conforme certificado nos autos (f.4508 do vol.18) também não se encontram nas dependências da Secretaria. Nunca apareceram realmente” (fls. 46 da sentença, doc. 1).

Ignorou o sumiço das chapas e também as explicações do Complexo MG Transplante:
 

“A equipe de transplante renal e o estabelecimento Santa Casa de Poços de Caldas encontravam-se corretamente autorizados para realizar retirada e transplante de rim pelo Ministério da Saúde/SNT - Sistema Nacional de Transplantes. Estas autorizações foram suspensas após o inicio dos questionamentos divulgados pela imprensa”.

(...) As notificações de potenciais doadores da cidade de Poços de Caldas sempre foram comunicados ao MG Transplantes em Belo Horizonte, inclusive com disponibilização para a referida CNCDO Estadual de outros órgãos sólidos (fígado e coração), cujos transplantes não eram realizados na regional Sul. As notificações e as doações preenchiam os quesitos básicos legais e eram sempre acompanhadas pelo plantonista do MG Transplantes em Belo Horizonte”.

O MG Transplantes acompanhava e coordenava as doações ocorridas em Poços de Caldas, assim como a distribuição dos órgãos, atendendo às listas de espera ,e a viabilidade da utilização do órgão ou tecido. considerando a distância entre os estabelecimentos de retirada e transplante e o local onde se encontrava o receptor mais adequado. na forma da lei, inscrito na Lista de Espera. As equipes credenciadas eram designadas de acordo com escala previa e/ou vinculação legal do paciente com as mesmas”.

 Nessa mesma direção se manifestou a Associação Médica de Minas Gerais:



“Vale dizer que o Conselho Regional de Medicina de MG e o Conselho Federal de Medicina, já analisaram os casos que estão sendo julgados e em nenhum deles foi encontrado evidencia de infração ética ou de condutas que abreviassem ou colocassem em risco vidas de pacientes”.

 Peça 4 – o exercício continuado da crueldade


De nada adiantaram os laudos.

Três médicos foram condenados a penas de 14 a 18 anos de reclusão. Em 2014 foram presos no Presídio de Poços.

A partir daí sua vida foi transformada em um inferno. O médico Cláudio Fernandes foi preso três vezes, passou dois meses em um presídio em Três Corações. Tem quatro filhos e uma esposa médica. Para visitar o marido, a esposa tinha que tirar toda a roupa e passar por revista humilhante.

A perseguição aos médicos prosseguiu no próprio Presídio.

A perseguição foi tanta que, temendo pela própria vida, os médicos pediram, para serem transferidos para Três Corações. Narciso exigiu imediatamente a volta dos prisioneiros a Poços.

Foi tal o assédio sobre o diretor do Presídio de Poços, Adriano Souza Silva, visando retaliar os médicos – que este entrou com uma representação contra o juiz junto ao CNJ.

Depois de rebeliões e superlotação no presídio, assim que assumiu a direção Adriano tentou implementar uma política de reeducação de detentos. Montou um projeto de fabricação de móveis de junco sintético, fabricado por um reeducando.

Como represália, o juiz Narciso denunciou o diretor adjunto Baruk Francisco Pinto como responsável pela “remoção de órgãos e tecidos”, incluindo no inquérito da suposta “máfia dos transplantes”.

 Disse o juiz:



“O Baruk do Presídio64 e o condenado PAULISTA (um dos envolvidos com a morte de Andreia, que depois ficava posando de bom moço para a direção, fazedor de móveis de bambu, mas, na verdade, um bandido de quatro costados, que já cumpriu pena em diversos presídios do país) tentaram emplacar uma história para confundir os julgamentos a mando possivelmente do vereador Local”.

Na representação enviada ao CNJ, o diretor do presídio relata visitas de Narciso, ocasião em que ordenou que os médicos fossem mudados de cela periodicamente, para impedi-los de dormirem em camas. Ordenava também que os médicos “fossem colocados no seguro” (?) comprometendo a saúde e a integridade físicas dos detentos”.

Quando os médicos foram transferidos para Três Corações, o juiz Narciso ameaçou o diretor do Presídio em Poços, caso não os trouxesse volta.

Conclusão do diretor:


“Diante da conduta externada pelo magistrado, não há dúvida de que, além de julgar , processar ou absolver, vem desenvolvendo supostas manobras  em desfavor dos três sentenciados contaminando os princípios da Legalidade, Moralidade, Eficiência e, sobretudo, o princípio da Impessoalidade”.

Ao mesmo tempo, Narciso absolveu o antigo diretor do presídio, Marcelo Henrique de Souza, de um processo por tortura. Na sentença, escreveu que “ de fato, o diretor Marcelo, principal réu neste processo, não rezava pela cartilha tradicional  corrente nesta Comarca: do beija-mão aos pretensos  donos da cidad ; de comparecer  a programas de TV “laranjas” do coronelato”.

Os advogados dos médicos recorreram ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Mas a repercussão do caso na mídia local e nacional amarrou os desembargadores. Foram até o Conselho Nacional de Justiça. De Nancy Aldrighi ouviram comentários acerca de juiz polêmico. Mas ela própria não quis entrar em dividida, em um caso que ganhara repercussão na mídia, devolvendo ao TJMG.

Peça 5 – a fabricação de provas


Um dos pontos mais polêmicos da atuação do juiz Narciso, foi sua atuação no levantamento de provas, como se fosse um auxiliar da acusação – precursor de Sérgio Moro.

O clima conspiratório chegou até a morte de Carlão. Aproveitando o clima persecutório implantado pelo juiz, um certo José Alexandrino Apolinário apresentou-se como testemunha ocular do suposto assassinato de Carlão.

Narciso incluiu o testemunho na ação sobre os transplantes, embora constasse de um inquérito distinto.

“Também o inquérito policial reaberto que investiga a morte do administrador da SANTA CASA, Carlos Henrique Marcondes, ‘Carlão’, (...), vem avançando, mas ainda não na velocidade que seria a ideal” (fls. 27/28 da sentença, doc. 1). “Também descreve a já citada morte de ‘Carlão’, apontada como ‘queima de arquivo’ no dia em que teria uma reunião com a Mesa Diretora da IRMANDADE. Ficou constatado que ‘Carlão’ fazia gravações dos médicos e saberia de fatos escusos envolvendo os transplantes, venda de remédio e estaria para entregar o cargo e fazer denúncias à Polícia Federal quando foi morto” (fls. 38 da sentença, doc. 1).

A Corregedoria Geral da Polícia Civil resolveu investigar o que havia ocorrido. E aí conseguiu um depoimento espantoso de Apolinário. Narciso já havia sido informado por um repórter que Apolinário teria informações sobre a morte de Carlão.

Quando saía da Santa Casa, Apolinário recebeu uma carona do juiz Narciso. Depois, a esposa do juiz forneceu-lhe passagens de ônibus, de ida e volta a Belo Horizonte, a fim de prestar depoimento na Corregedoria Geral.

No depoimento, Apolinário admitiu que não havia testemunhado nada e que mentira no depoimento ao juiz Narciso. Atribuiu sua delação à inimizade que mantinha com o médico acusado.

A reação do juiz Narciso foi atribuir a mudança de depoimento à “máfia”.
 
“A Máfia demonstrou também que ainda está em atividade atualmente, pois `plantou` uma testemunha, JOSÉ ALEXANDRINO APOLINÁRIO, que em depoimento prestado perante o coordenador do CAOCRIM, disse ter assistido ao assassinato de ‘Carlão’, chegou a citar o nome de MOSCONI22 e que temia ser assassinado pelo médico nefrologista, já condenado no CASO 1, João Alberto Goes Brandão”.
 
Paciente renal, Apolinário morreu logo depois.


Peça 6 – o desfecho
 

Enquanto esteve em atividade em Poços, o CNJ nada fez para impedir seus esbirros autoritários. Narciso acabou sendo transferido para Uberaba, alegando stress pós-traumático.

Lá, abriu um blog para continuar atacando os médicos. O TJMG mandou fechar.

Houve uma desestruturação financeira e familiar dos médicos vitimados pelo furor do juiz Narciso. Seus nomes saíram em vários veículos nacionais. As suspeitas foram reforçadas por reportagens continuadas da EPTV – a afiliada da Globo na região.

Pior: uma comunidade relativamente tranquila passou a conviver com o fantasma da suspeita. Era praticamente impossível a tese de uma organização criminosa atuando por anos em uma cidade de 170 mil habitantes, com todos se conhecendo, assassinando pessoas e traficando seus órgãos. Mas o juiz Narciso e os veículos da região trataram de espalhar as suspeitas.

Hoje em dia, a extrema parcialidade da Lava Jato e da PGR estimulam a visão da revanche.


Mas é difícil saber qual a maior ameaça ao país, se a parcialidade do sistema judicial, que permite a derrubada de uma presidente eleito, e a blindagem dos tucanos, ou se o poder selvagem que permite a alguns juízes de 1a instância praticarem o exercício ilimitado do sadismo.


Amigos Famosos



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domingo, 11 de dezembro de 2016

Moro é criminoso diz ex-ministro da justiça, e o compara a gatuno





ACUSAÇÕES EM SÉRIE


O ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, acusou o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da operação “lava jato”, de ser um criminoso. Em mensagem enviada ao professor alemão Markus Pohlmann, cuja universidade (de Heidelberg) recebeu o juiz para uma palestra, Aragão afirma que “Moro é um criminoso, também sob a perspectiva alemã. Ele se tornou punível quando violou sigilo funcional, para não falar em prevaricação”.

Vazamento ilegal de grampos e impacto 
político de decisões estão entre acusações
 feitas contra Sergio Moro em carta.
O e-mail do ex-ministro foi enviado junto com uma carta, assinada por 28 professores de Direito, História e Ciência Política, que questiona o fato de a Universidade de Heidelberg convidar Moro para falar sobre combate à corrupção. O evento ocorreu na última sexta-feira (9/12), mas a carta foi enviada no dia 6. O documento elenca acusações contra o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Além de citarem que Moro determinou a ilegal condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor e vazou, “criminosamente”, gravações de conversas entre Lula e a então presidente DilmaRousseff, os professores dizem que o juiz viola a Constituição, leis e a soberania nacional, entregando informações à Justiça dos Estados Unidos, “com quem dialoga frequentemente, sobre andamento de processos brasileiros, permitindo que réus brasileiros firmem acordo de colaboração com a justiça dos EUA, em detrimento do interesse das empresas nacionais brasileiras”.

O documento, no entanto, não fica só no campo do Direito, atacando também o juiz pelo viés político de sua atuação: “Articulado com poderosos barões da mídia brasileira, Sergio Moro, o Poder Judiciário e o Ministério Público Federal conseguiram derrotar a democracia brasileira; conseguiram instalar no Brasil o clima político de fascismo e intolerância política”. Ainda segundo a carta, a condução da “lava jato” foi decisiva para a queda da presidente Dilma, em um golpe iniciado em maio de 2016.

O professor Pohlmann respondeu, no dia 7 de dezembro, agradecendo pelos comentários, mas afirmou que a conferência da qual Moro participaria tinha o propósito científico de discutir a corrupção e o combate à corrupção, sem quaisquer interesses políticos. “Embora saibamos que o lado político do processo é altamente controverso, queremos ouvir sobre a luta contra a corrupção no campo da economia”, afirmou o alemão.

Foi então que Aragão, em resposta, comparou Moro a um gatuno. “Não consigo imaginar que o senhor convidasse como conferencista um gatuno, para que expusesse a seu honrado público, friamente, sob a perspectiva científica, seu procedimento de gatunagem.” E rogou que a Alemanha não premiasse e honrasse um dos causadores do caos que abala o país, em vez de repudiá-lo.

Leia a carta, traduzida:


Brasília, 6 de dezembro de 2016.

Sr. Prof. Dr. Markus Pohlmann
Instituto de Sociologia Max Weber
Universidade de Heidelberg,

permita-nos uma breve apresentação. Somos professores de História, Ciência Política e Direito de distintas universidades brasileiras, públicas e privadas, com atuação nas áreas de Teoria do Direito, Hermenêutica Constitucional, Direito Constitucional, Direito Econômico, Direito Penal e Processual Penal. Temos muitos anos de atividade científica e acompanhamos com atenção os acontecimentos em nosso país, especialmente durante e depois do golpe sofrido por nossa jovem democracia de abril a agosto de 2016. Com o mesmo interesse científico, e como cidadãos que viveram ainda o final da ditadura militar brasileira de 1964-85, seguimos de perto a assim chamada operação “lava jato”, bem como o papel desempenhado pelo Poder Judiciário e Ministério Público brasileiros. Desta maneira, seguimos com proximidade a atuação do juiz federal Sergio Fernando Moro e dos membros do Ministério Público Federal que o acompanha nos processos penais relativos à mencionada operação “lava jato”.

Surpreendeu-nos que o Sr. e sua prestigiada Universidade de Heidelberg tenha convidado o juiz federal Sergio Fernando Moro, na condição de “lutador contra a corrupção” para conferência no dia 9 de dezembro de 2016. O juiz federal Sergio Moro incorreu em posturas as quais foram determinantes para o clima político de derrubada de um governo legítimo, servindo, desta forma, aos piores interesses antidemocráticos, a seguir enumerados:

- o juiz Sergio Moro ordenou a ilegal condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março de 2016;

- o juiz Sergio Moro criminosamente tornou pública escuta telefônica da então presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, enviando gravações de conversas para a Rede Globo de Televisão. A Rede Globo apoiou todos os movimentos autoritários do Brasil, desde 1964;

- o juiz Sergio Moro fundamenta suas decisões de arbitrárias prisões provisórias não na Constituição e nas leis do Estado Democrático de Direito; porém na repercussão midiática de sua atuação, conforme as palavras do próprio juiz em texto de sua autoria publicado em 2004, sobre a “Operação Mani Pulite”, ocorrida na Itália nos anos 1990;

- o juiz Sergio Moro recebe prêmios e honrarias da Rede Globo de Televisão, comunica-se por mensagens eletrônicas com jornalistas desta televisão, em franca oposição aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff;

- violando Constituição, leis e a soberania nacional, o juiz Sergio Moro entrega informações à Justiça dos Estados Unidos da América, com quem dialoga frequentemente, sobre andamento de processos brasileiros, permitindo que réus brasileiros firmem acordo de colaboração com a justiça dos Estados Unidos da América, em detrimento do interesse das empresas nacionais brasileiras.

Há uma infinidade de abusos, ilegalidades e parcialidades em favor da oposição reacionária no Brasil, e contra os governos populares dos últimos 13 anos, praticadas pelo juiz Sergio Moro nos processos envolvidos no âmbito da operação “lava jato”. Prezado Prof. Dr. Pohlmann, seriam muitas as particularidades que não caberiam nesta carta, mas qualquer um de nós estaria disposto a esclarecer-lhe, com documentos. O mais destacado no papel do juiz Sergio Moro foi sua contribuição decisiva para o golpe que começou em maio, e culminou em agosto de 2016 com a destituição da presidenta Dilma Rousseff. Articulado com poderosos barões da mídia brasileira, Sergio Moro, o Poder Judiciário e o Ministério Público Federal conseguiram derrotar a democracia brasileira; conseguiram instalar no Brasil o clima político de fascismo e intolerância política. O Sr., assim como todos nós que assinamos esta carta, bem conhecemos como pode ser o Direito utilizado para aparência de legalidade e para perseguição de adversários políticos.

Por tais razões, Prof. Dr. Markus Pohlmann, julgamos conveniente adverti-lo de que seu convidado não representa a luta contra a corrupção no Brasil, não representa o fortalecimento da democracia no Brasil. Ao contrário: representa o retorno a tempos que julgávamos superados na democracia constitucional e política de nosso país.

 Com nosso profundo respeito.


  • Alexandre Melo Franco de Moraes Bahia - UFOP - Bundesuniversität Ouro Preto/Minas Gerais
  • André Karam Trindade - FG - Fakultät Guanambi/Bahia
  • Antônio Gomes Moreira Maués - UFPA - Bundesuniversität Pará
  • Beatriz Vargas Ramos Rezende - Universität Brasília – UnB
  • Carol Proner - UFRJ - Bundesuniversität Rio de Janeiro
  • Cynara Monteiro Mariano - UFC - Bundesuniversität Ceará
  • Emílio Peluso Neder Meyer - UFMG - Bundesuniversität Minas Gerais
  • Enzo Bello - UFF - Bundesuniversität Fluminense/Rio de Janeiro
  • Eugênio Guilherme Aragão - UnB - Universität Brasília
  • Fábio Kerche - FCRB - Haus-Rui-Barbosa-Stifitung/Rio de Janeiro
  • Felipe Braga Albuquerque - UFC - Bundesuniversität Ceará
  • Gilberto Bercovici - USP - Universität São Paulo
  • Gisele Citadino - PUC/Rio - Pontifikale Katholische Universität Rio de Janeiro
  • Gustavo César Cabral - UFC - Bundesuniversität Ceará
  • Gustavo Ferreira dos Santos - UFPE - Bundesuniversität Pernambuco/ UNICAP - Katholische Universität Pernambuco
  • Gustavo Raposo Feitosa - UFC - Bundesuniversität Ceará/UNIFOR - Universität Fortaleza
  • Jânio Pereira da Cunha - UNIFOR - Universität Fortaleza/UNICHRISTUS - Universität Christus
  • José Carlos Moreira da Silva Filho - PUC/RS - Pontifikale Katholische Universität Rio Grande do Sul
  • José Ribas Vieira - UFRJ - Bundesuniversität Rio de Janeiro
  • José Luiz Bolzan de Moraes - UNISINOS - Universität Vale-Rio-dos-Sinos/Rio Grande do Sul
  • Juliana Neuenschwander Magalhães - UFRJ - Bundesuniversität Rio de Janeiro
  • Jurandir Malerba - UFRGS - Bundesuniversität Rio Grande do Sul/ FU - Freie Universität Berlin
  • Marcelo Cattoni - Bundesuniversität Minas Gerais
  • Margarida Lacombe Camargo - UFRJ - Bundesuniversität Rio de Janeiro
  • Martonio Mont'Alverne Barreto Lima - UNIFOR - Universität Fortaleza
  • Newton de Menezes Albuquerque - UFC - Bundesuniversität Ceará/UNIFOR - Universität Fortaleza
  • Willis Santiago Guerra Filho - UNIRIO - Bundesuniversität des Landes Rio de Janeiro/ PUC/SP - Pontifikale Katholische Universität São Paulo
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sábado, 2 de julho de 2016

Em meio à enxurrada de denúncias mídia faz Aécio desaparecer




Por Bajonas Teixeira de Brito Junior, colunista de política do Cafezinho.

Aécio Neves é o presidente do maior partido de oposição ao governo Dilma, o PSDB, foi o segundo candidato mais votado nas últimas eleições presidenciais e, além disso, esteve à frente das manifestações pelo impeachment e do processo que levou ao governo interino de Michel Temer. No entanto, como se fosse um cidadão comum, Aécio some da mídia, não se posiciona a respeito da política econômica e se cala sobre as questões decisivas num momento crítico da história do país.

Em outros lugares, a opinião pública não aceitaria esse desaparecimento porque um líder político não pode simplesmente abandonar suas responsabilidades e esconder-se. Ele seria acusado de deserção. Um batalhão de repórteres estaria no encalço de Aécio, dia e noite, como um pelotão de busca atrás de um general desertor. Sobretudo, ele não poderia se furtar de prestar contas à sociedade e aos seus eleitores sobre tantas denúncias, que se agravam por virem de denunciantes diferentes (Sérgio Machado, Pedro Corrêa, Léo Pinheiro, Delcídio do Amaral).

No Brasil, ao contrário, o chá de sumiço é a estratégia mais corriqueira e manjada dos políticos acusados de corrupção. Foi o que fez Sérgio Cabral Filho, governador do Rio, quando muitas nuvens negras se acumularem sobre a sua praia. No entanto, no caso do Sérgio Cabral, a Globo profanou o seu recolhimento, e uma indiscreta matéria da revista Época colou o dedo na sua ferida. O título da matéria já disse quase tudo: Cabral exigiu 5% de propinanas obras do Maracanã, dizem delatores. Irônico, o texto começou assim:

“Desde que deixou o cargo de governador do Rio, há pouco mais de dois anos, Sérgio Cabral tornou-se um político recluso.  Suas aparições públicas são raras e nada se sabe sobre como passa seus dias.”

A matéria passou o pente fino nas denúncias de transgressões associadas ao nome do ex-governador. Mas e Aécio? Aécio vai muito bem, obrigado, porque a mídia o deixa no conforto do limbo oculto num véu de invisibilidade. Tudo indica que dificilmente será desalojado daí.

Com as inúmeras denúncias dirigidas a Aécio desde 2014, a começar pelo aeroporto em terras do tio-avô, tudo se passou em brancas nuvens flutuando num céu de brigadeiro. Só recentemente, e muito aos poucos, as denuncias foram ganhando maior visibilidade, e isso mais por conta da PGR de Rodrigo Janot do que por força da responsabilidade da mídia de informar.  De todo modo, o acúmulo de denúncias nas últimas semanas obrigaram  Aécio Neves a mergulhar mais fundo no submundo da invisibilidade.

O mês de junho de 2016 mostrou-se excepcionalmente rico em denúncias de corrupção envolvendo Aécio Neves e de denuncias, o que é pior, sacralizadas pelo selo de “delações premiadas”. Assim, na delação premiada do ex-deputado condenado no mensalão e na Lava Jato, Pedro Corrêa (PP-PE), Aécio surge como indicando diretores da Petrobras, já Sérgio Machado apontou seu envolvimento em pagamentos, com recursos provenientes da corrupção naturalmente, para financiar deputados e eleger-se presidente na Câmara Federalem 2001. Por fim, o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio e ex-presidente da OAS, afirma que pagou propina a auxiliares de Aécio.

Apesar dos pesares, embora a situação de Aécio tenha se complicado extraordinariamente, não se levantou na mídia um clima de caça às bruxas, de linchamento moral e político, semelhante ao que ocorreu com Lula, no momento da sua indicação para o ministério, quando a Globo mobilizou até o STF para vociferar raivosamente contra um ex-presidente da república.

O tratamento ameno e amigável, em que as manchetes aparecem para sumirem instantes depois dos portais, não deixa espaço para o teatro da indignação escandalizada.

Além disso, em diversos momentos, a mídia sai em defesa de Aécio, sempre de forma indireta, seja através da apresentação de sua figura como a de um líder prestigiado no meio político, seja dando ressonância a defesas, como a recente de FHC garantindo que Aécio nunca pediu a ele cargos de diretores na Petrobras.

O silêncio de alta densidade, sobretudo, que permite a Aécio sumir das manchetes por tempo indeterminado constitui a principal forma de proteção que a mídia tem concedido a ele. O presidente do PSDB pode estar afundando aos poucos num pântano de descrédito, mas não é vítima nem do ódio generalizado embora relativamente ameno, que o país devota hoje a Eduardo Cunha, nem do ódio virulento cristalizado em certos segmentos da classe média contra Lula. A mídia o tem resguardado contra isso.

Bajonas Teixeira de Brito Júnior – doutor em filosofia, UFRJ, autor dos livros Lógica do disparate, Método e delírio e Lógica dos fantasmas, e professor do departamento de comunicação social da UFES.

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terça-feira, 15 de março de 2016

No Brasil a "polícia que prende é mesma que rouba," Não será Moro, que a direita sofre de cleptomania?




STJ nega recurso do 'Japonês da Federal', citado em caso de corrupção


Newton Ishii foi condenado na Operação Sucuri, mas recorreu.

Caso de 2003 ainda corre nas esferas criminal e administrativa.


O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um recurso de três réus da Operação Sucuri, deflagrada em 2003, contra 19 policiais federais, além de agentes da Receita Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Um dos envolvidos no caso é o agente Newton Hidenori Ishii, que ficou conhecido como “Japonês da Federal”, ao aparecer constantemente escoltando presos da Operação Lava Jato.

À época, as investigações mostraram que os agentes facilitavam a entrada de contrabando no país, pela fronteira com o Paraguai, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Segundo o advogado Oswaldo Loureiro de Mello Júnior, que defende Ishii e outros 14 réus, os processos decorrentes da Operação Sucuri ainda estão correndo na Justiça e nenhum dos acusados cumpriu qualquer pena.

O caso, contudo, segue sob segredo de Justiça. Em 2009, o juiz federal Pedro Carvalho Aguirre Filho, que coordenava os processos em Foz do Iguaçu, emitiu uma nota esclarecendo apenas que os agentes federais condenados haviam recebido penas que variavam entre oito anos, um  mês e 20 dias de reclusão, além de 160 dias-multa a quatro anos e oito meses de reclusão e 100 dias-multa.

"Um denunciado do grupo de contrabandistas foi absolvido de todas as acusações, bem como do grupo de servidores públicos federais, réus nas ações penais decorrentes da Operação Sucuri, foram absolvidos quatro Agentes de Polícia Federal e dois Técnicos da Receita Federal", explicou Aguirre Filho, sem detalhar os nomes dos réus.

Na decisão do STJ, tomada pelo ministro Félix Fischer, há um trecho que trata da redução de pena para quatro anos, dois meses e 21 dias de prisão, em regime semiaberto e mais 95 dias-multa. Todavia, o texto do magistrado não deixa claro sobre qual dos três apelantes terá a pena reduzida. A defesa de Ishii diz que ele foi condenado apenas a pagar cestas básicas.

Japonês da Federal visita a Câmara e faz selfies com deputados
Japonês da PF, conhecido pela Lava Jato, pede convocação de agentes
PF abre inquérito para apurar vazamento da delação de Cerveró
O advogado de Ishii garantiu que já recorreu da decisão, à 5ª Turma do STJ, já que a decisão contra os clientes foi monocrática. Ainda de acordo com ele, há a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal, caso continue com decisões desfavoráveis.

Ainda de acordo com o advogado que o defende, o "Japonês da Federal” responde a três processos, derivados da Operação Sucuri, sendo um na esfera criminal, outro administrativo e um terceiro por improbidade administrativa. Todos estão em andamento.

Fonte: G1


O Rappa - Hey Joe




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segunda-feira, 14 de março de 2016

Golpistas fracassados podem ir preparando o coreto porque Lula esta voltando em 2018




Lula e a av. Paulista: repactuação ou golpe?

De diferentes ângulos da economia e da democracia emergem avisos de saturação. É hora de renegociar o desenvolvimento. O resto é arrocho. Ou golpe.


Duas tentativas seguidas de prender Lula em um intervalo de menos de uma semana (Moro, em 04-03; Conserino, em 10-03).

Invasão de uma plenária do PT no sindicato dos metalúrgicos de Diadema nesta 6ª feira, 11/03, por destacamento da PM fortemente armado.

Ataques com pichações nas sedes da UNE e do PCdoB.

Ataques a sites progressistas, tirando-os do ar, a exemplo do que ocorreu com a página de Carta Maior e do site Vermelho.org (do PCdoB) desde a madrugada deste domingo estendendo-se ao longo de quase todo o dia.

Editoriais de órgãos de imprensa, a exemplo do Estadão, mimetizando o ‘Basta’ do Correio da Manhã, de 31 de março de 1964.

Engajamento de entidades empresariais convocando marchas pelo golpe nas grandes capitais do país neste domingo… 

Manifestação monstro da classe média  na Paulista, ocupada, segundo o Datafolha, por 77% de brancos c/ curso superior, sendo 37% c/ renda acima de 10 salários, incluindo-se 12% de empresários e apenas  5% de jovens com idade entre 21 e 25 anos, o que depõe contra a liderança de Kim Catupiry...

Um clima predominante de ‘ que se vayan todos’, o bordão da Argentina em 2001, transbordou do fermento golpista inoculado diuturnamente na opinião pública pela mídia e o conservadorismo e revelou a meleca produzida pela associação Moro & mídia.

A massa assim sovada voltou-se contra todos, inclusive os pseudo savonarolas que pretendiam lidera-la. Alckmin e Aécio xingados de filhoda puta, ladrão etc tentaram faturar o ato e foram escorraçados da Paulista. Serra ficou nas ruas laterais e fugiu depressa...

O relógio da história apertou o passo no Brasil.


Os ponteiros apontam para um golpe, tenha isso a forma que tiver.


Moro ou Conserino, não importa o quão patético seja um e bonapartista se avoque o outro: as disputas entre facções e centuriões para saber quem arrebatará o troféu do butim – a cabeça de Lula e o mandato de Dilma-- não mudam a qualidade do enredo.

Ingressamos em um período em que os fatos caminham à frente das ideias.

De diferentes ângulos da economia e da democracia emergem avisos de saturação estrutural.

Um ciclo de desenvolvimento se esgotou; outro precisa ser construído. Quem o conduzirá: a democracia ou um regime de força?

O desgaste intrínseco a essa transição foi catalisado e propositalmente radicalizado pela ação de um conservadorismo inconsolável com a derrota de 2014 . Mas em certa medida também pelas hesitações, recuos e equívocos de subestimação do governo diante da travessia que se desenhava

O conjunto acelerou o passo da história e conduziu ao impasse em que chegamos.
Massas de interesses antagônicos transbordam agora pelos anteparos que separam a democracia de uma regressão autoritária.

A indivisa conjunção entre justiça e política nas ações da Lava Jato –com um Bonaparte incensado pela mídia-- reflete essa dissolução, reafirmada nas palavras de ordem trazidas às ruas e nas manchetes sulforosos deste domingo de março, 52 anos depois daquele de 1964.

Vive-se a antessala de uma nova ruptura, decorrente da incapacidade da democracia brasileira para inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento.

A questão do desenvolvimento volta assim, a exemplo de 1954, a ser encarada como uma questão de polícia.

Um segmento influente da sociedade –a classe média branca da Paulista,   deliberadamente entorpecido pela emissão conservadora e pelos interesses que ela representa, quer ordem. Ou o que isso realmente significa: privilégio e segurança, oferecidos por quem puder dar.

Em 64 quem se ofereceu foi a farda e o choque elétrico.

As respostas progressistas que insistirem em ter como referência o Brasil pactuado nas urnas de outubro de 2014 serão engolidas pelas trincas dessa fissura em expansão.

Aquele Brasil não existe mais; embora os desafios sejam qualitativamente os mesmos –a quantidade mudou a qualidade: as respostas terão que ser repactuadas, se não pelo golpe (opção à Paulista), por uma reordenação negociada.

Não é fácil: trata-se de  recuperar a credibilidade da democracia como mediadora confiável e competente da sorte da sociedade e do destino do seu desenvolvimento.

Há pouco tempo e não se pode errar. É preciso falar uma língua inteligível, com uma mensagem encorajadora e coesa. Esse é um requisito para começar o jogo:  redesenhar a organização atomizada do campo progressista e aglutinar direções ainda desprovidas de um comitê coordenador que se expresse de forma crível e acessível.

Mas, sobretudo faze-lo a tempo de agir.

O timming é um dos protagonistas decisivos da crise. O que hoje reverteria um golpe amanhã já pode ser obsoleto.

Os que ainda hesitam devem pesar o custo de sua autopreservação na balança da história.

A troca do sectarismo por uma frente ampla progressista mudaria a correlação de forças nas ruas.


Um comando unificado ampliaria a margem de manobra para repactuar as bases do desenvolvimento, sem retrocesso democrático.

Egos e chiliques de quem se acha fadado à posteridade devem ser contidos: trata-se do futuro da nação; de décadas talvez.


Afogar-se abraçado a esquematismos escravizantes  será  a punição da história à inação radical.

Disputar a sorte do país com o golpe, porém, não significa iludir a sociedade com a hipótese de  consensos entre interesses antagônicos.

Ao contrário, trata-se de resgatar o papel pedagógico da democracia como mediadora dos conflitos do desenvolvimento. Ou isso, ou a lógica do ‘que se vayam todos’predominará e um Bonaparte –fardado ou na versão ‘o Mercado’, vencerá.

Quando nenhum dos lados do conflito social dispõe de força e consentimento para impor a sua hegemonia, a alternativa ao limbo corrosivo consiste em trazer as pendências para uma mesa de repactuação da sociedade.

Apesar do alarido massacrante da mídia e da Paulista por soluções autoritárias, ainda é disso que se trata.

Estamos falando de metas, salvaguardas e concessões politicamente negociadas em grandes câmaras setoriais, com lideranças, partidos, sindicatos e movimentos; que preservem direitos e hierarquizem conquistas; que fixem compromissos para preços e salários; para o emprego e o investimento; para o juro e o equilíbrio fiscal; para a produtividade e o PIB; que estabeleçam parâmetros de curto, médio e longo prazo para a retomado do investimento, do crédito e da infraestrutura, socializando macrodecisões, de modo a assegurar um fôlego persistente à demanda agregada que alimenta o crescimento.

Estamos falando em retirar a sociedade brasileira da areia movediça em que se encontra e para a qual não há alternativa na ‘ciência econômica’ vendida pelos charlatões do mercado.
Ninguém tem tanto interesse nisso quanto as famílias assalariadas e os milhões de brasileiros pobres que avançaram pela primeira vez da soleira da porta para ingressar no mercado e na cidadania a partir de 2003.

A economia brasileira não tem problemas insolúveis.


Ao contrário, dispõe de alavancas potenciais –mercado interno, pré-sal, agronegócio e fronteira de infraestrutura —para assegurar uma reordenação bem sucedida de ciclo de crescimento.


Esta não ocorrerá, porém, espontaneamente ou pelo livre curso do mercado.

É necessário um novo arcabouço político à altura das tarefas postas pela transição em curso.
Duas ilusões devem ser afastadas nesse percurso.

Uma delas manifestou-se com força na avenida Paulista e em outros pontos do país neste domingo, que alguns querem transformar em um divisor de água superior aos 54,5 milhões de votos recebidos por Dilma em 2014.

Ou seja, a ilusão de que um novo 1964 pode ‘salvar o Brasil’.

Ainda que um pedaço da mídia e das elites  propugnem  o inaceitável como uma questão de ‘botar gente na rua’, o fato é que inexistem as condições históricas para repetir um ciclo de expansão ancorado no arrocho instituído após o golpe de 1964.

Da mesma forma, os desafios latejantes do país hoje não serão equacionados por uma nova onda de privatizações ‘redentoras’, como querem alguns expoentes do simplismo entreguista – a exemplo de Serra com o pré-sal.

Em 1964, a transição rural/urbana impulsionada pela ditadura militar criou uma irrepetível válvula de escape para o regime e para as contradições violentas de uma sociedade que já  não cabia mais no seu desenho elitista.

A modernização conservadora do campo implementada pelos militares a ferro e fogo deslocou cerca de 30 milhões de pessoas do campo para as periferias dos grandes centros urbanos em duas décadas.

Nenhum país rico concluiu essa transição em tão curto espaço de tempo. A ditadura ganhou um trunfo não desprezível de mobilidade social para os miseráveis, que amorteceu as tensões de sua política excludente. Mas gerou um custo brutal, ainda não liquidado: semeou periferias conflagradas e cidades sem cidadania, nem infraestrutura por todo o país..
Hoje o Brasil figura como a nação mais urbanizada entre os gigantes do planeta, com 85% da população nas cidades.


As periferias estão saturadas; as cidades rugem por melhores condições de vida; a carência de serviços de saúde, educação, transporte e lazer catalisa a agenda do passo seguinte da nossa história.

O conjunto requer uma dinâmica de gastos fiscais e de ação democrática do Estado incompatível com um regime semelhante ao que usou o êxodo rural dos anos 60 para ‘modernizar’ e a tortura para calar.

Hoje não há fronteira geográfica ‘virgem’ para amortecer a panela de pressão no interior do espaço urbano’. E tampouco no campo: a luta pela reforma agrária agora terá que reinventar-se em torno da agroecologia para simultaneamente produzir alimentos e cidadania e preservar os recursos que formam a base da vida na terra. É ainda mais complexa que a mera realocação de excedentes populacionais. Requer Estado e democracia com amplo debate social.

Uma ditadura de bolsonaros ou moros não tem a sofisticação que esse passo da história exige

Erra  mais quem imaginar que  esse estirão pode ser resolvido com a mera entrega do que sobrou do patrimônio público –a exemplo do que seria o programa de um governo do PSDB, tolamente martelado pelo colunismoeconômico rastaquera.

Privatizações, na verdade, concentram ainda mais a renda; definham adicionalmente o já enfraquecido poder indutor do Estado. Aprofundam o oposto do que o país mais precisa hoje.

A fronteira que resta a desbravar é a do desenvolvimento inclusivo –que
também requer um modelo distinto daquele seguido nos últimos 12 anos, esgotado.

A conjunção favorável de cotações recordes de commodities, farta liquidez internacional e forte expansão do comércio, e câmbio valorizado, não ressurgirá tão cedo.

Ela favoreceu um entroncamento de intensa circulação de capitais na economia brasileira –parte especulativo-- que viabilizou a redistribuição de um pedaço do fluxo novo dessa riqueza na forma de ganhos reais de salários, políticas sociais emancipadoras, pleno emprego, crédito ao consumo e maiores oportunidades à juventude.

O Brasil mudou para melhor mas a travessia ficou inconclusa e manca: imaginou-se tragicamente que as gôndolas dos supermercados irradiariam mudanças automáticas na correlação de forças, sem o necessário engajamento do novo protagonista social.

Hoje, o fluxo novo de riqueza capaz de favorecer a conclusão do processo  nessa mesma direção é o pré-sal.

A classe média da Paulista não sabe porque não é informada pelos seus colunistas de estimação.


Mas é no fundo do mar que se encontra a brecha histórica capaz de conduzi-la a viver um dia em uma sociedade mais segura, um país educado e convergente --sem que para isso seja preciso uma revolução sangrenta, ou um novo golpe de Estado.

Se o regime de partilha não for revogado, como quer Serra, no médio e longo o Brasil terá condições de assegurar aos seus 204 milhões de habitantes um padrão digno de saúde pública e uma educação gratuita de boa qualidade, ademais de dispor de um derradeiro impulso industrializante para sanar seu hiato de alta tecnologia, empregos de qualidade e competitividade internacional.

As urgências do presente, porém, não podem esperar pelo fluxo incremental da riqueza de longo prazo que esse horizonte promissor assegura – e isso não é pouco em termos de margem de manobra numa repactuação. Mas o fato é que a mitigação imediata da travessia inconclusa  terá que ser contemplada pela taxação da ‘riqueza velha’: o patrimônio já sedimentado no alto da pirâmide de renda.

Os alvo são as grandes fortunas, os bancos, os dividendos, os lucros financeiros, as remessas e demais ganhos de capitais.

Há opção a isso: o caos de um novo golpe.


A reedição de um novo ‘1964’ exigiria uma octanagem fascista drasticamente superior à original, para prover o aparelho de Estado do poder de coerção capaz de devolver a pasta de dente ao tubo.


Ou seja, comprimir o ensaio de mobilidade social do ciclo petista de volta aos becos e barracos de periferias desprovidas de presente e de futuro.

E é sob esse pano de fundo que –apesar do novo degrau conservador escavado neste domingo--  a participação de Lula em um ministério do governo Dilma mantém a sua pertinente atualidade.

Não se trata de blindar o ex-presidente da matilha que o enxerga como troféu de caça da grande obra morista.

Mas de blindar a nação de aventuras nefastas. E, sobretudo, de devolver à negociação democrática o papel de parteira do novo ciclo de crescimento com universalização de direitos que o caldeirão brasileiro requer.


Para isso é preciso mobilizar as forças e interesses que, a contrapelo do fervor golpista, enxergam os riscos –mas também as oportunidades— da encruzilhada atual.

Lula pode ser a peça-chave na construção desse pacto, desde que à frente de um ministério que prefigure a pluralismo capaz de devolver à sociedade  o comando do seu destino.

Nunca é demais recordar, era assim que Celso Furtado descrevia o sentido profundo da palavra desenvolvimento, indissociável –no seu entender-- de democracia, soberania, engajamento e justiça social.


O resto é arrocho, recessão ou golpe –por mais que as transmissões edulcoradas mitifiquem o que se passou nesse domingo na Paulista.Essa é a escolha que país terá que fazer nos dias que rugem.


Via: Carta Maior





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O regresso da casa grande. Mãos ao auto Lula! Os provincianos reivindicam seus escravos de volta.




247 - O homem que aparece na foto-símbolo das manifestações contra o governo neste domingo, tirada em Ipanema, no Rio de Janeiro, é Claudio Pracownik, vice-presidente de finanças do Flamengo  e sócio e diretor executivo do Brasil Plural Banco Múltiplo S.A. e das demais empresas financeiras do grupo.

Pracownik também foi vice-presidente da Brasif, empresa que bandou a jornalista Mirian Dutra, então amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no exterior

A foto se espalhou nas redes com críticas ao comportamento do casal, que compareceu aos atos acompanhado da babá, que levava seus dois filhos em carrinhos de bebê.

Em um post no Facebook, ele diz que paga seus impostos, não recebeu favores de empreiteiras, ganha seu dinheiro honestamente e que emprega "centenas de pessoas" em seu trabalho mais 4 funcionários em sua casa. "Todos recebem em dia", afirma.

Abaixo, a íntegra de seu post:
 "Sí Pasarán!"


"Ganho meu dinheiro honestamente, meus bens estão em meu nome, não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas), emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais.

"Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente

"A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto. Na manifestação ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro.

"A profissão dela é regulamentada. Trata-se de uma ótima funcionária de quem, a propósito, gostamos muito.

"Ela é, no entanto, livre para pedir demissão se achar que prefere outra ocupação ou empregador. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus.

"Sinto-me feliz em gerar empregos em um país que, graças a incapacidade de seus governantes, sua classe política e de toda uma cultura baseada na corrupção vive uma de suas piores crises econômicas do século.


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"Triste, só me sinto quando percebo a limitação da minha privacidade em detrimento de um pensamento mesquinho, limitado, parcial cujo único objetivo é servir de factoide diversionista da fática e intolerável situação que vivemos.

"Para estas pessoas que julgam outras que sequer conhecem com base em um fotografia distante, entrego apenas a minha esperança que um novo país, traga uma nova visão para a nossa gente. Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária.

"O ódio? A revolta? Estas, deixo para eles."




EM NOTA, NEGROS PROTESTAM CONTRA ONDA CONSERVADORA



247 – Os principais movimentos negros do País divulgaram nota, neste domingo, em que protestam contra a onda conservadora no País. Leia, abaixo, a íntegra:

Negras e negros se colocam contra a crise e a onda de conservadorismo que quer acabar com as conquistas sociais dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Diante da ofensiva das forças conservadoras e de direita em curso no Brasil, a CONEN participa e investe nas articulações dos partidos, movimentos populares do campo e da cidade, centrais sindicais, LGBT, de juventude, de mulheres, na construção de frentes de luta contra a direita, por mais direitos, pela superação das desigualdades e pela democracia.

É com esse objetivo que a CONEN - Coordenação Nacional de Entidades Negras tem contribuído, de forma prioritária, na criação da "Convergências da luta de combate ao racismo no Brasil" que unifica a maioria da entidades do movimento negro brasileiro (declaração em anexo) e assina a nota pública que encaminhamos em anexo. Solicitamos que essa nota seja divulgada amplamente.

Importante: a CONEN integra a Secretaria Operativa da Frente Brasil Popular. Para mais informações sobre a: Frente Brasil Popular.


Os escravocratas são gratos pelo regresso da senzala 





O site da Condor encontra-se sem atualização desde 2013
Boicotem os partidos que lucram com a violência, eles deixam isso bem claro em suas campanhas, lidam apenas com o ódio e medo porque não possuem projetos, ao menos os que poderiam apresentar à população.

Lista dos perversos:


Maioridade penal: 


  • O PL 4.471/2012 já entrou e saiu da pauta do Congresso diversas vezes. Há resistências em alguns partidos, como PSDB, PTB e PMDB – legenda do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que já se comprometeu com os movimentos de direitos humanos a colocar o projeto em votação por pelo menos três vezes.



Bob Dylan - Hurricane Lyrics





Pátria Armada


Uma crônica da sociedade brasileira - o que somos e não deveríamos ser; o que sabemos e o que não deveríamos esquecer!




O regresso da casa grande. Mãos ao auto Lula! Os provincianos reivindicam seus escravos de volta.







Não há fronteiras nesta luta demorte, nem vamos permanecer indiferentes perante o que aconteça em qualquer parte do mundo. A vitória nossa ou a derrota de qualquer nação do mundo, é a derrota de todos.❞ Ernesto Che Guevara 

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Pavarotti, Domingo & Carreras cantando Aquarela do Brasil (Ary Barroso).Regência: Maestro Zubin Mehta






 Contra tudo e contra todos, Luiz Inácio Lula da Silva irá mudar os livros de história que o reconhecerá mais cedo ou mais tarde como o maior herói da Republica Federativa do Brasil.





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