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Feriado em São Paulo (SP) teve atrações musiciais
e
protestos contra o governo Bolsonaro / Rodrigo Pilha
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Brasil de Fato - Por emprego, aposentadoria e "Lula Livre",
centrais sindicais fizeram atos unificados inéditos no Brasil
A proposta de reforma da Previdência e o
desemprego, queatingiu mais de 13,4 milhões de brasileiros no mês de março, foram os
principais alvos dos protestos e manifestações de 1º de Maio, Dia Internacional
de Luta dos Trabalhadores, no Brasil. Em atos unificados, inéditos no país, as
centrais sindicais confirmaram o indicativo de greve geral para o dia 14 de
junho, contra os retrocessos do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Confira como foram algumas das mobilizações pelo Brasil:
São Paulo
O ato político em São Paulo (SP) reuniu mais de 100 mil
pessoas, segundo organizadores. Dirigentes de todas as centrais sindicais
criticaram a equipe econômica do Bolsonaro e reforçaram a importância da greve
de 14 de junho. Subiram ao palco artistas como Leci Brandão, Ludmilla, Simone e
Simaria, Paula Fernandes, Toninho Geraes, Mistura Popular, Maiara e Maraísa,
Kell Smith, e Júlia e Rafaela.
O desempregado Gedson Medrado, de 31 anos, aproveitou o
movimento para trabalhar. Sem emprego há mais de um ano, ele vendia balas de
eucalipto ao público durante os shows.
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Trabalhadores se reúnem próximo ao palco montado
no Vale do
Anhangabaú. (Foto: Pedro Aguiar)
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Enquanto não encontra um emprego com carteira assinada,
Gedson vive na informalidade. Morador da Zona Leste da capital paulista, ele já
trabalhou como auxiliar de limpeza, vidraceiro e garçom. A irmã dele também
está desempregada. “Quando você arruma um emprego, não compensa, na verdade.
Trabalhar ganhando R$ 1 mil reais? É melhor fazer bicos”, conclui.
“As pessoas hoje trabalham como podem, para sobreviver. Esse
é o meu caso. Hoje vendo bala aqui, amanhã água no farol… Estou sempre na
luta”, finaliza.
Por seu caminho no Vale do Anhangabaú, Marialda Duarte
Silva, de 51 anos, coloca o nome em todos os abaixo-assinados que encontra que
são contra as reformas propostas pelo governo federal. Desempregada, a carioca está morando há um
mês em São Paulo, desde que a empresa terceirizada onde ela trabalhava perdeu o
contrato com uma escola e demitiu funcionários.
A cozinheira era responsável pela merenda escolar.
Marialda não pertence a nenhum partido ou sindicato, mas se
diz do “movimento contra a reforma da Previdência”. “Nós, mulheres, vamos ter que
trabalhar mais. Os homens também. Já pensou ter trabalhado 35 anos e ter que
trabalhar mais 15?”, questiona. Quando perguntada se deve se aposentar logo,
ela ri: “Quem dera!”.
Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST), destacou que a união de todos os trabalhadores e trabalhadoras
na greve geral será uma ação importante na defesa dos direitos da população:
“Aqui começa a luta que vai barrar a reforma da Previdência no dia 14 de junho
o Brasil vai parar contra esse projeto que quer destruir a previdência pública.
Eles não querem enfrentar privilégios, isso é mentira. Eles estão atacando
direitos”, disse.
Eide Menezes de Carvalho, de 31 anos, entende que a promessa
de que a reforma da Previdência vai melhorar economia do país é falsa. “Eles
estão falando só nisso, é só nessa reforma que o governo foca. Mas cadê os
empregos?”, questiona. “Eu acredito que o governo tem que gerar mais postos de
trabalho e melhorar a economia; tem que qualificar mais os profissionais. Focar
na saúde e educação. Tem muita gente desempregada e estou nessa estatística”,
lamenta.
Há dois meses, Eide sobrevive graças ao seguro-desemprego.
Ela busca alguma vaga na linha de produção de alguma fábrica em Jundiaí (SP).
Em Campinas (SP), a 90 km da capital, jovens integrantes do
MST que estavam indo participar das
comemorações de 1º de Maio foram parados e revistados pela Polícia Militar sem
justificativa no Largo da Catedral, região central da cidade.
Em Ribeirão Preto, o ato aconteceu no assentamento Mário
Lago, do MST, com entidades religiosas, partidos políticos e movimentos
sociais.
Cerca de 250 pessoas participaram dos protestos em São José
do Rio Preto (SP), que aconteceram no anfiteatro do Clube do Lago. A atividade
unificada reuniu organizações e movimentos populares do município.
Rio de Janeiro
Os Arcos da Lapa, na região central da cidade, amanheceram
com o rosto do ex-presidente Lula (PT), preso político desde abril de 2018.
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Logo pela manhã, o rosto de Lula estampava os arcos da
Lapa,
na região central. (Foto: Narciso Barreto)
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Perto dali, na Praça Mauá, aconteceu o ato unificado das
centrais sindicais, com cerca de 10 mil pessoas. O encontro dos trabalhadores
também contou com um samba para homenagear a cantora carioca
Beth Carvalho, quefaleceu na última terça-feira (30) e que costumava participar das celebrações
de 1º de Maio em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Em diferentes momentos, os manifestantes gritaram pela
liberdade de Lula.
Michele Alves, vice-presidente do Sindicato dos
Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc), esteve no ato e destacou que as
manifestações denunciam todas as formas de ataque à classe trabalhadora, mas
também são importantes para lembrar das referências que deixaram seu
legado.
“É importante lembrar de Marielle Franco e dizer que ela
vive, que é semente, que estamos lutando em prol do que ela foi. A gente sabe
quem a matou, mas precisamos saber quem mandou matar. Hoje também lembramos da
Beth Carvalho, tudo o que ela representou para o Brasil e para o samba. Ela
lutou pela nossa cultura, pela cultura negra”, disse.
Durante o ato a trabalhadora da educação Rosângela Castro
também alertou que a reforma da Previdência é mais prejudicial às mulheres e que
uma das mensagens do 1º de Maio tem que ser de luta pela igualdade.
“A eleição já acabou, não é tempo de polarização, é tempo de
unificar. Temos que estar juntos. Inclusive quem votou no Bolsonaro está
arrependido. Todos nós seremos atingidos com a reforma da Previdência, as
mulheres e professoras, principalmente, vão trabalhar mais 10 anos. Esse
governo não leva em consideração que nós mulheres trabalhamos dentro e fora de
casa. Temos que estar juntos para lutar contra mais esse retrocesso”, afirmou.
Ceará
Centrais sindicais, movimentos populares e entidades
estudantis se reuniram na avenida Beira Mar, em Fortaleza (CE). A luta em
defesa do direito à aposentadoria apareceu "casada" com a batalha
pela libertação do ex-presidente.
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Debaixo de chuva, manifestantes se reuniram na capital
cearense no final da tarde. (Foto: Camila Garcia)
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Depois de percorrerem a avenida, os trabalhadores
participaram de um ato cultural em frente ao Centro Belchior.
Paraná
A luta contra a reforma da Previdência também foi a
principal pauta neste 1° de maio em Curitiba e no interior paranaense.
Na capital, o tema apareceu estampado nas camisas, faixas e
adesivos das centenas de participantes do ato, que aconteceu na Vila Torres.
O ato reúne o Cômite Unificado do Paraná em defesa da
aposentadoria – estiveram presentes Pastoral Operária, PT, PCB, PSOL, PSTU,
centrais sindicais e movimentos populares, entre eles o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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Petroleiros também levaram suas pautas à manifestação
em
Curitiba. (Foto: Juliana Barbosa)
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A atividade começou com a concentração com café da manhã,
ato ecumênico e ato político com caminhada até o teatro Paiol, ciranda e o
encerramento feito pelas pastorais.
Paraíba
Em Campina Grande (PB), a Praça da Bandeira foi palco de
reivindicações desde o raiar do dia. Centenas de trabalhadores criticaram a PEC
da Previdência do governo Bolsonaro e pediram soluções para o problema do
desemprego.
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Ato político na Praça da Bandeira, no interior
da Paraíba.
(Foto: Divulgação/MST)
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Pernambuco
Na capital Recife e no interior, a juventude foi às ruas
contra a reforma da Previdência e contra os
ataques à educação promovidos pelogoverno Bolsonaro. Conforme o relato de Rosa Amorim, integrante do Levante
Popular da Juventude, o entendimento dos manifestantes é que, se a PEC for
aprovada, os jovens ingressarão em um mercado de trabalho "sem
direitos".
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Mulheres foram protagonistas das manifestações na
Praça do
Derby. (Foto: Brasil de Fato Pernambuco)
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Minas Gerais
O estado que foi vitimado pelos crimes socioambientais de
Mariana (MG) e Brumadinho (MG) também reuniu centenas de manifestantes massivas
na capital, Belo Horizonte (MG), e no interior.
Em Contagem (MG), depois da missa do trabalhador, que reuniu
cerca de cinco mil pessoas, a população seguiu em marcha até a Praça do
Trabalhador. Além de denunciar proposta de reforma da Previdência e ataques aos
direitos promovidos pelo governo Bolsonaro,os manifestantes empunharam faixas
com os dizeres "Lula Livre" e em apoio à greve geral que deve ser
deflagrada em junho.
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Trabalhadores protestaram contra o fim da aposentadoria em Minas Gerais. (Foto: Lidyane Ponciano/CUT Minas) |
Rio Grande do Sul
Manifestantes de várias centrais sindicais iniciaram a
concentração para o ato unificado às 15 horas, na região central da cidade.
Eles pediram o fim dos ataques à Previdência Social e exigiram respostas da
equipe econômica de Bolsonaro para o crescimento do desemprego.
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Diversidade de cores demonstrou a união das
centrais na capital
gaúcha. (Foto: Katia Marko)
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Pelo mundo
Brasileiros protestaram contra a reforma da Previdência e em
favor da liberdade do ex-presidente Lula em dez cidades europeias. As
manifestações ocorreram em
Estocolmo, na Suécia, em
Hamburgo,
Berlim,
Colônia e
Munique, na Alemanha, em
Barcelona, na Catalunha, em
Lisboa, em Portugal, em
Genebra, na Suíça, em
Copenhague, na Dinamarca, e em
Bruxelas, na Bélgica.
Na América do Norte, houve pelo menos duas manifestações de
rua com as pautas da conjuntura brasileira neste Dia Internacional de Luta dos
Trabalhadores: na
Cidade do México e em
Nova Iorque.
Em Cuba, o 1º de Maio foi mais uma vez uma demonstração de
força e compromisso, reunindo milhares de trabalhadores na capital Havana. Na
pauta das mobilizações estava o apoio ao governo cubano e a defesa da pátria,
diante de uma conjuntura de aprofundamento de ataques imperialistas à América
Latina.
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Bandeiras do Brasil e de Cuba apareceram lado a lado
durante
as manifestações em Havana.
(Foto: Raíssa Lazarini)
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Os manifestantes também manifestaram solidariedade ao
governo Maduro e ao povo venezuelano, após mais uma tentativa de golpe, e
exigiram a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
* Com informações dos correspondentes do Brasil de Fato.
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