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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Lula reage a acusações de Israel e nega pedido de desculpas: ‘não troco minha dignidade pela falsidade’


Presidente do Brasil reiterou que considera ação israelense na Faixa de Gaza como um ‘genocídio’ e que defende a criação do Estado palestino ‘que possa viver em harmonia com Estado de Israel’


Ricardo Stuckert / Presidência da República: Mensagem de Lula reforça postura mostrada na entrevista dada durante a Cúpula da União Africana

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, escreveu uma mensagem em suas redes sociais nesta sexta-feira (23/02), no que foi sua primeira reação aos ataques que vêm sofrendo por parte das autoridades de Israel.

Em suas primeiras palavras, o mandatário comparou sua postura atual com a que manteve durante o período em que ficou preso em Curitiba, por conta do lawfare promovido pela Operação Lava Jato.

“Da mesma forma que eu disse quando estava preso que eu não aceitaria acordo para sair da cadeia e que eu não trocava a minha liberdade pela minha dignidade, eu digo: não troco a minha dignidade pela falsidade”, alegou Lula.


 

 Em seguida, o presidente esclareceu que “sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa esse Estado Palestino viver em harmonia com o Estado de Israel”.

Na frase seguinte, Lula reiterou o principal conceito que afirmou no último domingo (18/02), durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia. “O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinados”, ressaltou.

O mandatário completou a postagem pedido para que “não tentem interpretar a entrevista que eu dei”.

“Leiam a entrevista e parem de me julgar a partir da fala do primeiro-ministro de Israel”, concluiu Lula.

A tensão entre Lula e o governo de Israel surgiu após o líder brasileiro declarar, durante a 37ª Cúpula da União Africana, que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existe em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”.

O comentário fez com que as autoridades de Tel Aviv reagissem atacando o mandatário sul-americano. Na segunda-feira (19/02), o premiê israelense Benjamin Netanyahu declarou Lula como “persona non grata” em seu país.

Os demais ataques realizados durante a semana partiram do chanceler Israel Katz e até da conta oficial do país na plataforma X (antigo Twitter), que passaram a tratar o presidente brasileiro como um “negacionista do Holocausto”, embora a declaração que originou o conflito não tenha questionado em nenhum momento o extermínio dos judeus.

Fonte: Opera Mundi


Lula

Eu sou favorável a criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa esse Estado Palestino viver em harmonia com o Estado de Israel. O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinadas.


 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Globo usa supostas declarações em off de diplomatas para atacar Lula e defender as posições de Israel em Gaza


Segundo o jornal, Lula teria criado "mal-estar no Itamaraty"


(Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Jonathan Ernst | Reprodução | REUTERS/Mohammed Salem)

O jornal O Globo publicou extensa reportagem nesta segunda-feira para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defender o governo de Israel, que vem perpetrando um genocídio contra o povo palestino em Gaza. A reportagem do Globo foi elaborada a partir de supostas declarações "em off", no anonimato, de diplomatas.

"Em conversas informais, trocas de mensagens e-mails, diplomatas brasileiros disseram ter compartilhado com colegas uma opinião profundamente negativa sobre as declarações de Lula na Etiópia, no fim de semana passado. Para um país como o Brasil, que busca ser mediador de conflitos, ter tomado partido da maneira como o presidente fez foi, segundo os diplomatas ouvidos, 'um tiro no pé difícil de ser contornado'", diz o texto do Globo, que não aponta uma única fonte na reportagem.

Fonte: Brasil 247

 

 

 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

"A dignidade humana falou pela boca do presidente Lula", diz Paulo Moreira Leite


Jornalista afirma que Lula tem a obrigação de seguir condenando o genocídio do povo palestino cometido por Israel: "ele é porta-voz dos povos oprimidos no mundo"


Paulo Moreira Leite, Lula e Benjamin Netanyahu (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters/Ibraheem Abu Mustafa | Reuters/Stringer | GIL COHEN-MAGEN/Pool via Reuters)
 

 O jornalista Paulo Moreira Leite afirmou que "a dignidade humana falou pela boca do [presidente] Lula (PT)" ao condenar mais uma vez o genocídio do povo palestino da Faixa de Gaza promovido pelo governo de Israel. Um trecho específico da última declaração de Lula, no qual ele compara o genocídio palestino ao massacre dos judeus por Hitler, tem gerado fortes reações tanto do governo de Benjamin Netanyahu quanto de setores sionistas da sociedade brasileira.

Para Leite, o objetivo desta mobilização é intimidar o governo brasileiro. "Lula tomou uma posição corajosa e o governo brasileiro tomou uma posição corajosa, politicamente inatacável, que é defender os direitos do povo palestino e, portanto, condenar a atitude imperial, criminosa do Estado de Israel. Estamos assistindo a um massacre que vai envergonhar a história por décadas, por séculos. Vai ficar nos livros registrados como aqueles momentos terríveis, tristes, inaceitáveis que a humanidade assistiu. E a história vai registrar aqueles que reagiram, aqueles que aplaudiram o massacre, aqueles que ficaram em silêncio e aqueles que se manifestaram".

O jornalista afirmou não haver dúvidas sobre o cometimento de genocídio por Israel - "o que se quer é eliminar um povo" - e disse que Lula tem o dever de reagir contra este crime. "O Lula demonstrou solidariedade àquele povo. Ele tem obrigação de fazer isso. Ele é porta-voz dos povos oprimidos no mundo, um porta-voz dos trabalhadores, aquele que fala pelos interesses daqueles que não têm voz. Então a voz dele nesse momento foi muito importante".

"O Lula hoje está demonstrando a dignidade humana. A dignidade humana falou pela boca do Lula. Outros chefes de Estado, que por razões de conveniência, acertos, não querem ser incomodados, o Lula - aquele homem que fala pelos interesses dos brasileiros mas também pelas grandes causas humanas - afirmou mais uma vez que hoje a luta contra o massacre do povo palestino, pelos direitos do povo palestino, contra esse genocídio, é uma causa humana. Quem não quiser enxergar isso, vai sentir a vergonha dos seus filhos, dos seus netos, dos livros de história que no futuro vão retratar esse episódio como um episódio lamentável, vergonhoso que a humanidade não precisava ter assistido", finalizou.



Fonte: Brasil 247



 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Manifesto de ex-ministros e intelectuais defende Lula por apoiar ação da África do Sul contra Israel


Signatários rebatem acusações de antissemitismo sofridas pelo governo brasileiro por apoiar denúncia contra genocídio na Palestina


Flickr/Palácio do Planalto - Presidente Lula manifestou apoio à petição da África do Sul em 10 de janeiro

Ex-ministros, intelectuais, parlamentares e ativistas dos direitos humanos enviaram uma carta aberta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta quarta-feira (17/01), defendendo o governo brasileiro por seu apoio à petição na Corte Internacional da ONU, feita pela África do Sul, contra Israel por genocídio contra os palestinos. 

A defesa, assinada por nomes como Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos; a professora Marilena Chaui; e o jornalista Breno Altman, vem de encontro a críticas "hipócritas" que a diplomacia brasileira tem sido alvo, sendo acusada de "deslegitimar Israel, quebrar a irmandade com o povo judeu" e "reforçar o antissemitismo". 

O documento alerta que tais acusações, como a instrumentalização política do termo 'antissemitismo' são um "flagelo perigoso" que "deve ser combatido vigorosamente". E defende que "condenar o apartheid e o desrespeito sistemático, por Israel, das decisões dos órgãos da ONU e de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, incluindo a não prevenção de genocídio", não significa ser "antissemita". 



"Qualquer referência à crise em Gaza deve ser examinada no contexto da história das relações entre Israel e o povo palestino", argumenta a carta, informando que o Estado israelense é uma potência ocupante diante de uma Palestina "submetida a anos de apartheid, 56 anos de ocupação militar e a 16 anos de bloqueio em Gaza". 

No final de dezembro passado, o governo da África do Sul apresentou a petição à Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU), acusando Israel de descumprir a Convenção de Prevenção e Punição do Genocídio de 1951.  

Já no dia 10 de janeiro, o presidente Lula por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, manifestou seu apoio à iniciativa do governo sul-africano. 


Leia a carta na íntegra:


Carta Aberta de apoio ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República Senhor Luiz Inácio Lula da Silva e ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira

17 de janeiro de 2024

O governo da África do Sul apresentou, em 29 de dezembro passado, uma petição à Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU), em Haia, órgão com 15 juízes que julga disputas entre Estados, com o apoio de 67 países, inclusive o Brasil. A petição acusa o Estado de Israel de descumprir a Convenção de Prevenção e Punição do Genocídio de 1951.

No dia 10 de janeiro, em uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o presidente da República relatou os esforços e ações que seu governo tem feito em inúmeros fóruns, em prol do cessar fogo, da libertação dos reféns e da proteção da população civil em Gaza. Destacou ainda a atuação incansável do Brasil no exercício da presidência do Conselho de Segurança para promover uma solução diplomática para o conflito. À luz da continuidade de flagrantes violações ao direito internacional humanitário em Gaza, o presidente Lula manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça, para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção de Genocídio.

A decisão do presidente da República suscitou críticas como a alegação de uma suposta falta de coerência da diplomacia brasileira ao apoiar a ida à Corte, que foi considerada em discordância com a política externa de equilíbrio entre Israel e a Palestina, e teria por objetivo a deslegitimação de Israel quebrando a irmandade(sic) com o povo judeu, reforçando o antissemitismo.

Não há incoerência alguma na diplomacia brasileira. Essas críticas ignoram que o Estado brasileiro tem se guiado, nas relações internacionais, pela primazia do respeito aos direitos humanos, conforme o artigo 4º da Constituição de 1988. A política externa brasileira sob a constitucionalidade democrática sempre respeitou a primazia das normas internacionais e das decisões de órgãos multilaterais. 

Qualquer referência à crise em Gaza deve ser examinada, como asseverou recentemente o secretário-Geral da ONU, no contexto da história das relações entre Israel e o povo palestino. A manutenção da equidistância nas relações do Brasil advém da situação das duas partes do conflito, sob o ângulo das obrigações do Brasil em face da legislação internacional: o Estado de Israel, como potência ocupante, e a Palestina ocupada, submetida a anos de apartheid, 56 anos de ocupação militar e a 16 anos de bloqueio em Gaza.

Muitas críticas apontam que o processo na Corte deixa de lado o exame dos ataques do Hamas em 7 de outubro. Porém, o Hamas não pode ser parte em um processo perante a Corte Internacional de Justiça, que examina apenas disputas entre Estados. A Corte examinará a defesa de Israel, que culpa o Hamas pelas mortes de civis e não pela sua própria conduta. Em qualquer hipótese, o órgão judicial que pode penalizar os crimes de guerra do Hamas é o Tribunal Penal Internacional (que investiga e processa indivíduos), mas Israel impediu o procurador do Tribunal de entrar em Gaza diante do risco de que ele pudesse investigar e processar autoridades oficiais de Israel.

A acusação de reforçar o antissemitismo faz parte da campanha de instrumentalização política do termo, ao considerar qualquer crítica ao Estado de Israel e seu governo como antissemita. O antissemitismo é um flagelo perigoso e deve ser combatido vigorosamente. Mas não significa ser antissemita condenar o apartheid e o desrespeito sistemático, por Israel, das decisões dos órgãos da ONU e de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, incluindo a não prevenção de genocídio. Conforme observado pela Declaração de Jerusalém e pelo The Nexus Document sobre antissemitismo, equiparar falsamente antissemitismo com crítica a Israel prejudica a importante luta conta o antissemitismo.

Lamentavelmente todas essas críticas hipócritas à decisão do governo em cartas jactanciosas, editoriais, avalanche de notas na mídia social não levam em conta natureza, âmbito e extensão dos ataques militares de Israel a Gaza, com um bombardeio contínuo durante 100 dias em uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, forçando a evacuação de 1,9 milhão de pessoas (85% da população de Gaza) de suas casas, deslocadas para áreas cada vez mais exíguas, sem abrigo adequado, onde continuam a ser bombardeadas, mortas, feridas e privadas de necessidades básicas para sobrevivência. Os ataques já mataram mais de 23 mil palestinos. Gaza se transformou em um cemitério de mais de 10 mil crianças, com milhares de feridos com amputações sem anestesia, desaparecidos, supostamente enterrados sob os escombros. Foram mortos 82 jornalistas, muitos com suas famílias extensas. Mais de 150 funcionários da ONU foram mortos, mais do que em qualquer outro conflito nos 78 anos de história da organização.

Israel destruiu vastas áreas de Gaza, incluindo bairros inteiros, danificou ou destruiu mais de 355 mil casas palestinas, terras agrícolas, padarias, escolas, quatro universidades, empresas, mesquitas e locais de culto, cemitérios, sítios culturais e arqueológicos, serviços municipais e instalações de água e saneamento e redes de eletricidade, sistema médico e de saúde palestinos. Israel continua a reduzir Gaza a escombros, matando, ferindo e destruindo a população e criando condições de vida que a petição da África do Sul alega serem calculadas para a destruição física dos palestinos como grupo étnico e nacional.

Os aqui abaixo assinados apoiam o governo democrático do Brasil e concordam com a decisão tomada pela diplomacia brasileira junto à Corte Internacional de Justiça. Nesse sentido, apoiamos o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira.

PAULO SÉRGIO PINHEIRO, Ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos

KENNETH ROTH, Ex-diretor Executivo da Human Rights Watch

EMBAIXADOR JOSÉ MAURÍCIO BUSTANI, Ex-diretor Geral da Organização para Proibição de Armas Químicas

JUAN E. MENDEZ, Ex-assessor Especial do Secretário-Geral da ONU para a Prevenção do Genocídio

FABIO KONDER COMPARATO, Professor Emérito da Faculdade de Direito, USP

EMBAIXADOR TADEU VALADARES, Ex-diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais, Ministério das Relações Exteriores

JAMES CAVALLARO, Ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, OEA

MARILENA CHAUI, Professora Emérita, Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, USP

PAULO VANNUCHI, Ex-ministro de Direitos Humanos

REGINALDO NASSER, Professor de Relações Internacionais, PUC-SP

ROGERIO SOTTILI, Ex-ministro de Direitos Humanos

LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA, Ex-ministro da Fazenda, Ex-ministro da Administração Federal e da Reforma do Estado

EMBAIXADOR EDUARDO ROXO

LUIZ EDUARDO SOARES, Antropólogo e Escritor, Ex-secretário Nacional de Segurança Pública

NILMA LINO GOMES, Ex-ministra da Igualdade Racial

EMBAIXADOR FRANCISCO ALVIM

JOSE´LUIZ DEL ROIO, Historiador, Ex-senador da Itália

IDELI SALVATI, Ex-senadora, Ex-ministra de Direitos Humanos

MILTON HATOUM, Escritor

ELEONORA MENICUCCI DE OLIVEIRA, Ex-ministra de Políticas para as Mulheres

BRENO ALTMAN, Jornalista

SALEM NASSER, Professor de Relações Internacionais, FGV-Direito

PEPE VARGAS, Deputado Estadual- RS e Ex-ministro de Direitos Humanos

LAURA GREENHALGH, Jornalista

MARIA DO ROSARIO, Deputada Federal, Ex-ministra de Direitos Humanos

MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES, Professora Emérita da Faculdade de Educação, USP

BRUNO HUBERMAN, Professor de Relações Internacionais, PUC-SP

EMBAIXADOR JOSÉ VIEGAS FILHO, Ex-ministro da Defesa


 Fonte: Ópera Mundi



 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A Lei da Usura no país da agiotagem financeira


No Brasil vivemos uma discrepância econômica e social que não condiz com a nossa realidade de riqueza em recursos naturais, humanos e em termos de investimentos


Auditoria Cidadã da Dívida


Somos um país rico com uma população extremamente pobre. A nona economia do mundo1, mas com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) lastimável. Ainda que tenha havido uma redução da desigualdade segundo o IBGE nos últimos 11 anos, continuamos no topo da concentração de renda no mundo. Comparando com dados mais recentes relativos ao índice de Gini, que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos, em comparação a outros países, o Brasil aparece como o décimo pior em desigualdade, apenas países africanos, como a África do Sul, se saem pior, encabeçando a lista. 2

Aliado a uma dívida pública nunca auditada e com indícios de inúmeras irregularidades como mostrou a CPI da Dívida (2009-2010)3,4, somos oprimidos pelos juros mais estratosféricos do planeta. E aí vem a pergunta: Cadê a Lei da Usura (Decreto-Lei 22.626/33)? Onde fica o artigo 406 do Código Civil que diz: Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. (Vide ADIN 5867) (Vide ADC 58) (Vide ADC 59) (Vide ADPF 131).5


“De acordo com o Novo Código Civil na ausência de estipulação entre as partes, foi estabelecida uma taxa de juros legais moratórios, equivalente à taxa de juros decorrente da mora no pagamento de impostos à Fazenda Nacional (art. 406). Em qualquer caso, a mora no pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional é definida pelo art. 161, § 1.°, do Código Tributário Nacional “Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês” e art. 5.° do Decreto 22. 626/33, o que se afirma na exata medida em que a taxa Selic, instituída por leis ordinárias (Leis 9.065/95 e 9.779/99), não pode ser aplicada em detrimento do art. 161, § 1. °, do CTN, em razão do princípio da hierarquia, vez que o Código Tributário Nacional foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 como lei materialmente complementar (art. 34 do ADCT)”.6


 Tentando se “ajustar” ao cenário caótico brasileiro, sem deixar de fazer as vezes do mercado financeiro, reduziu-se os juros do cartão de crédito de taxas que chegavam a 1000%7, aos agora 100%8, ainda absurdos, tendo-se como parâmetros inúmeros países com taxas bem mais condizentes com a civilidade. Grande parte dos países, incorpora o limite de juros à legislação – em 28 deles existem as chamadas “leis de usura” e em 24 há leis específicas de taxas de juros.9“Os juros do rotativo eram maiores do que os que qualquer consumidor de baixa renda pagaria a um agiota do bairro onde mora, por exemplo. Sei que a frase é forte, mas é uma verdade absoluta. Não tinha nenhum modelo de empréstimo que cobrava mais juros do consumidor e acredito que o crédito rotativo é o verdadeiro responsável pela inadimplência”, ressalta o fundador do Data Favela, Renato Meirelles.

Toda essa farra do sistema bancário se torna ainda mais nauseante quando nos damos conta que o Banco Central realiza operações chamadas “compromissadas” e “depósitos voluntários remunerados” com essas instituições, esterilizando, ou seja, deixando parados cerca de 1,4 trilhão de reais, que poderiam estar sendo investidos no país, mas que têm servido apenas para remunerar a sobra de caixa.11 Essas operações chegam a consumir quase 25% do PIB do país12com a falácia de enxugar a liquidez em um país onde não há circulação excessiva de moeda na economia, pelo contrário, o que existe é uma imensa escassez e também com o pretexto, já desmascarado, de controlar a inflação que advém de preços definidos pelo próprio governo (combustíveis, plano de saúde, escola, luz, água, aluguel, entre outros) e não de uma suposta demanda aquecida.

Não podemos viver subjugados a um sistema que só tem retirado recursos do país e dos indivíduos de formas que parecem não estar relacionadas para a maioria das pessoas mas sim, estão. Uma apenas diz respeito à macroeconomia (ex.: operações compromissadas, depósito voluntário remunerado, swap cambial) e outra à microeconomia (ex.: os altos juros que você paga e a carestia de tudo como resultado desse sistema de expropriação).

O artigo 192 da Constituição diz: O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) (Vide Lei nº 8.392, de 1991).13 E, ainda que o parágrafo terceiro tenha sido retirado do artigo 192, não há matemática ou economês que comprove que não existe limite, para além do interesse da banca financeiraque dita as regras da política econômica do país.

Se em 1988, taxas acima disso já eram consideradas usura, imagine agora num país de população de maioria assalariada, alguns com desconto de imposto de renda de 27,5% na fonte, enquanto uma minoria é isenta (conforme Tabela 1)14, pois a regressividade do sistema tributário brasileiro tem beneficiado rendimentos isentos e não tributáveis como lucros e dividendos. Citando um exemplo prático, quem declarou mais de 320 salários-mínimos mensais em rendimentos totais, aproximadamente 68% correspondem aos rendimentos isentos e não tributáveis e apenas 6,68% correspondem aos rendimentos tributáveis brutos. 15




Tabela 1- Nova tabela de dedução do IR

Fonte: Valor Econômico Brasil



É inadmissível conceber juros abusivos como os adotados no Brasil com a grande maioria da população ganhando de 1 salário (agora, R$ 1.421,00) a 2 salários e ainda segurando todo o peso da tributação que incide, principalmente, sobre o consumo.16

As taxas de juros impostas à população brasileira são simplesmente aviltantes e não têm parâmetros, teóricos, técnicos e econômicos, no planeta.

Para concluir, coloco um parágrafo do livro em pdf do Professor Ladislau Dowbor, “Juros extorsivos no Brasil: como o brasileiro perdeu seu poder de compra”, página 94: “Os juros elevados alimentam os intermediários financeiros, segundo os vários mecanismos que vimos acima. Manter os juros elevados em nome da proteção do povo contra a inflação gera ao mesmo tempo o elevado fluxo de recursos para os intermediários financeiros, e uma segunda fonte de recursos que é a própria inflação, já que os bancos ganham no “float”(denomina o prazo existente entre o dia do depósito de um pagamento ou cheque e a recepção deste valor no banco ou entidade financeira) de recursos não aplicados pelos clientes. A inflação em si constitui um poderoso instrumento de transferência de recursos dos que têm renda fixa, como os assalariados, aposentados ou até pequenos empresários que não têm como influenciar os preços, para os grandes grupos financeiros que fazem aplicações financeiras e escapam da erosão da capacidade de compra. O rentista tem o dinheiro aplicado e que rende muito, enquanto o assalariado espera a renegociação do salário a cada ano, e o que ele perde é indiretamente apropriado pelo sistema financeiro.”17Vale acrescentar que, além de “indiretamente apropriado”, poderíamos dizer imoralmente e injustamente e, o que tem sido feito, ainda é pouco diante da imenso deslocamento de renda de um grande estrato da população para um pequena parte que ganha apenas especulando.


Referências


1- “Brasil salta duas posições e se torna a nona economia do mundo em 2023”. 2023. Agência Brasil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-12/brasil-salta-duas-posicoes-e-se-torna-nona-economia-do-mundo-em-2023 (3 de janeiro de 2024).

2– Mali, Tiago. 2023. “Desigualdade do Brasil está a décadas de distância da Europa”. Poder360. https://www.poder360.com.br/economia/desigualdade-do-brasil-esta-a-decadas-de-distancia-da-europa/ (3 de janeiro de 2024).

3- https://www.auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Principais-Investiga%C3%A7%C3%B5es.pdf

4- https://auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2013/11/parecer-acd-1-versao-29-5-2013-com-anexos.pdf

5- “Art. 406 do Código Civil”. Jusbrasil. https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=art.+406+do+c%C3%B3digo+civil (3 de janeiro de 2024).

6- “Limites legais da cobrança de juros – Gilberto Melo”. https://www.gilbertomelo.com.br/limites-legais-da-cobranca-de-juros/

7- “Por que juros do cartão chegam a 1.000% mesmo com a Selic em 13,75%?” 2023. Estadão E-Investidor – As principais notícias do mercado financeiro. https://einvestidor.estadao.com.br/educacao-financeira/juros-cartao-de-credito-com-selic-a-13-75/ (3 de janeiro de 2024).

8- Dhiego. 2024. “Juros do rotativo passam a ser limitados a 100% da dívida a partir de hoje; veja simulação”. InfoMoney. https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/juros-do-rotativo-passam-a-ser-limitados-a-100-da-divida-veja-simulacao/ (3 de janeiro de 2024).

9- https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/cheque-especial-76-paises-limitam-juro-em-credito-diz-bc/

10- “Teto do rotativo reduz endividamento, mas juros continuam altos”. https://www.folhape.com.br/economia/teto-do-rotativo-reduz-endividamento-mas-juros-continuam-altos/309482/ (3 de janeiro de 2024).

11-“Capítulo 2 – POR QUE AS OPERAÇÕES COMPROMISSADAS ESTÃO TÃO ELEVADAS?” Auditoria Cidadã da Dívida. https://auditoriacidada.org.br/conteudo/capitulo-2-por-que-as-operacoes-compromissadas-estao-tao-elevadas/

12- “Depósito voluntário remunerado é Bolsa Banqueiro sem limite e sem causa’, por Maria Lucia Fattorelli”. Auditoria Cidadã da Dívida. https://auditoriacidada.org.br/conteudo/deposito-voluntario-remunerado-e-bolsa-banqueiro-sem-limite-e-sem-causa/

13- “Art. 192 da Constituição Federal de 88”. Jusbrasil. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10655792/artigo-192-da-constituicao-federal-de-1988.

14- “Veja nova tabela do Imposto de Renda e entenda o que mudou”. 2023. Valor Econômico. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/08/28/veja-a-nova-tabela-do-imposto-de-renda.ghtml

15- Palermo, Luiza. “Milionários pagam menos IR que classe média, enquanto também ficam mais ricos”. CNN Brasil. https://www.cnnbrasil.com.br/economia/milionarios-pagam-menos-imposto-de-renda-que-classe-media-enquanto-tambem-declaram-mais-lucros-e-dividendos/

16- “As distorções de uma carga tributária regressiva”. https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=3233

17- “Juros Extorsivos No Brasil: Como O Brasileiro Perdeu O Poder De Compra | Dowbor.org”. 2016. https://dowbor.org/2016/06/l-dowbor-juros-extorsivos-no-brasilcomo-o-brasileiro-perdeu-o-poder-de-compra-etica-sao-paulo-2016-108p.html



Por Glísia Mendes Tavares Gomes

Tecnologista em Saúde Pública, aposentada.

Fonte:  Auditoria Cidadã da Dívida


quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Brasil apoia denúncia da África do Sul contra 'atos genocidas' de Israel na Faixa de Gaza


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu nesta quarta-feira (10) o embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, em uma reunião para discutir a situação crítica dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.


© Foto / Lula Marques / Agência Brasil

O encontro ocorreu após mais de três meses desde o início da atual crise na região.

Durante a reunião, o presidente Lula reiterou a condenação imediata do Brasil aos ataques terroristas do Hamas ocorridos em 7 de outubro de 2023. No entanto, enfatizou que tais atos não justificam o uso indiscriminado, recorrente e desproporcional de força por parte de Israel contra civis.


Lula recebe telefonema de premiê 

japonês e dialoga sobre possível

 acordo Mercosul-Japão


A nota, publicada no portal do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou os números alarmantes, citando as mais de 23 mil pessoas que perderam a vida, sendo 70% mulheres e crianças, enquanto 7 mil permanecem desaparecidas.


A nota continua: "Mais de 80% da população foi objeto de transferência forçada, e os sistemas de saúde, de fornecimento de água, energia e alimentos estão colapsados, o que caracteriza punição coletiva."

 

Segundo o comunicado, o presidente brasileiro destacou os esforços pessoais realizados junto a diversos líderes internacionais em busca de um cessar-fogo, a libertação de reféns em poder do Hamas e a criação de corredores humanitários para a proteção dos civis.


Seis morreram em ataque israelense contra 

ambulância na Faixa de Gaza


Diante das evidentes violações ao direito internacional humanitário, o presidente expressou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça (CIJ).

A proposta visa determinar que Israel cesse imediatamente todas as ações e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados, conforme os termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.

"O governo brasileiro reitera a defesa da solução de dois Estados, com um Estado palestino economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", finaliza.


Venezuela expressa apoio à África do 

Sul em denúncia contra Israel

 por 'atos genocidas' em Gaza


O processo contra Israel no CIJ


O processo na CIJ alega "supostas violações de Israel de suas obrigações nos termos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio [a Convenção de Genocídio] em relação aos palestinos na Faixa de Gaza", conforme comunicado da entidade.

A África do Sul e a Autoridade Nacional Palestina, que também responde pela Cisjordânia — que tem outros 3,2 milhões de habitantes —, são signatários da convenção.

Fonte: Sputnik Brasil



AO VIVO: A África do Sul inicia seu caso de genocídio contra Israel na CIJ em Haia.

 

 

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Avião com 48 brasileiros que estavam em Gaza decola do Egito. Vídeos


Aeronave KC-30 da FAB com grupo de 48 repatriados deve pousar em Brasília na madrugada desta segunda-feira (11/12)



O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou do Cairo, capital do Egito, na tarde deste domingo (10/12) com os 48 brasileiros repatriados que estavam na Faixa de Gaza. A aeronave KC-30 deve pousar na Base Aérea de Brasília na madrugada desta segunda-feira (11/12).

O grupo conta com 27 crianças e adolescentes, 17 mulheres e quatro homens.

Confira:



Leia também



Os repatriados cruzaram a fronteira entre Gaza e o Egito por meio de Rafah, nesse sábado (9/12), e foram deslocadas para o Cairo por meio de vans, a viagem durou cerca de seis horas. Ainda na capital do Egito, o grupo foi examinado por profissionais da área da saúde.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, da lista de 102 brasileiros e famílias apresentada aos governos envolvidos para autorização da saída da Faixa de Gaza, 24 não foram autorizadas a deixar a região de conflito.

Os repatriados cruzaram a fronteira entre Gaza e o Egito por meio de Rafah, nesse sábado (9/12), e foram deslocadas para o Cairo por meio de vans, a viagem durou cerca de seis horas. Ainda na capital do Egito, o grupo foi examinado por profissionais da área da saúde.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, da lista de 102 brasileiros e famílias apresentada aos governos envolvidos para autorização da saída da Faixa de Gaza, 24 não foram autorizadas a deixar a região de conflito.

Ainda de acordo com o Itamaraty, dos 78 dos brasileiros autorizados para deixar a Faixa de Gaza, apenas 47 cruzaram a fronteira. O governo informou que uma jovem de 22 anos havia deixado a Faixa de Gaza com o marido canadense dias antes e se juntou ao grupo.

Conflito na Faixa de Gaza

O conflito na Faixa de Gaza se intensificou depois que membros do grupo extremista Hamas invadiram Israel e deixaram centenas de mortos e feridos, em 7 de outubro. Desde então, as Forças Armadas israelense realizaram uma série de ataques aéreos contra a região.

Segundo o governo de Israel, o ataque do Hamas vitimou cerca de 1.200 pessoas.

O Ministério da Saúde de Gaza informou, nesse sábado, que ao menos 17 mil palestinos morreram e 48 mil ficaram feridas desde de 7 de outubro.

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Fonte: Metrópoles


Força Aérea Brasileira


#OperaçãoVoltandoEmPaz O Governo Federal, por meio da Força Aérea Brasileira, completou com sucesso mais uma etapa da Operação Voltando em Paz. A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB 2902) pousou hoje (11/12) na Base Aérea de Brasília, às 3h47, proveniente do Aeroporto Internacional do Cairo (Egito). Na capital federal, desembarcaram 48 repatriados da região da Faixa de Gaza, após mais de 15 horas de voo. GOV BR e FAB

@govbr @presidencia_BR @DefesaGovBr @ItamaratyGovBr @ABCgovBr

#FAB #ANossaForçaOndeOBrasilPrecisar


 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Gigante da carne brasileira é criticada por supostamente enganar investidores

 

A JBS vendeu mais de US $ 3 bilhões em 'títulos verdes' nos EUA, mas um grupo de vigilância diz que seu impacto nas florestas amazônicas desmente suas promessas




Um pequeno grupo ativista chamado Mighty Earth está enfrentando a gigante brasileira de alimentos JBS para saber se seus títulos “verdes” merecem essa conotação ecológica.


Em 2021, a JBS, a maior empresa de carnes do mundo e gigantesca empresa de processamento de alimentos, vendeu US$ 3,2 bilhões em “títulos verdes” vinculados às metas de sustentabilidade da empresa. Se a JBS não atingir suas metas de emissões de gases de efeito estufa, será penalizada e pagará aos detentores de títulos um “valor elevado ou pagamento de prêmio”, diz a empresa.


Na terça-feira, a Mighty Earth apresentou uma reclamação à Securities and Exchange Commission alegando que a JBS já não está cumprindo suas metas de emissões. A Mighty Earth quer que a agência imponha penalidades e liminares à empresa brasileira, que diz ter contribuído ou ignorado o desmatamento realizado por seus fornecedores.


“Vemos a JBS como uma das três empresas fundamentais para mudar toda a indústria da carne”, disse Glenn Hurowitz, fundador e presidente-executivo da Mighty Earth. “Tem de longe as maiores emissões de qualquer empresa na agricultura.” As emissões de metano da empresa excedem o total combinado da França, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia, disse o grupo.


A JBS contesta as acusações. Ele disse que US$ 7 bilhões seriam “canalizados” para a sustentabilidade. Ela planeja adotar energia solar suficiente para todas as suas lojas Swift & Company, uma empresa americana adquirida em 2007. Ela firmou uma parceria com a empresa europeia de saúde e nutrição DSM para reduzir as emissões de metano de seus rebanhos bovinos. E a empresa planeja mais de US$ 1 bilhão em gastos de capital na próxima década para reduzir a intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 30%.


Nikki Richardson, porta-voz da JBS, disse por e-mail que a empresa espera reduzir suas emissões de Escopo 3 — impactos climáticos causados ​​por fornecedores e outras entidades que a empresa não controla diretamente.


“Embora reconheçamos a importância de medir e, finalmente, reduzir as emissões do escopo 3, um método amplamente aceito para medir as emissões do escopo 3 não existe atualmente para o nosso setor”, disse a JBS em um documento.


A reclamação desta semana ocorre quando a SEC deve revelar até abril novas regras sobre divulgações relacionadas ao clima. As organizações ambientais esperam que essas regras aumentem a transparência, exigindo que as empresas emitam relatórios periódicos sobre os riscos relacionados ao clima e seus impactos no meio ambiente.


Em alguns casos, a SEC já atuou nessa frente. Em novembro passado, a SEC acusou o Goldman Sachs Asset Management de deturpar dois de seus fundos mútuos e uma conta gerenciada separadamente que o Goldman havia comercializado, que apresentava investimentos ambientais, sociais e de governança. Para resolver as acusações, a GSAM concordou em pagar uma multa de US$ 4 milhões.


Mas as novas regras da SEC terão de lidar com a questão mais ampla de como as empresas calculam as emissões provenientes de fontes que não possuem ou controlam.


“Este é um ótimo exemplo de por que os investidores precisam desesperadamente de divulgações padronizadas de riscos financeiros climáticos”, disse David Shadburn, defensor de assuntos governamentais da League of Conservation Voters. “A empresa conseguiu se beneficiar de um título vinculado à sustentabilidade e fazer uma lavagem verde para potenciais investidores.” Ele disse que 90% das emissões da JBS vêm de sua cadeia de suprimentos.


Os desmatadores estão saqueando a Amazônia. O Brasil está deixando eles se safarem.


A JBS não contesta a necessidade de medidas corporativas para frear as mudanças climáticas. Em março de 2021, a empresa se comprometeu a atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040.


“A mudança climática é a questão mais premente que a sociedade enfrenta hoje e tem o potencial de impactar negativamente as gerações futuras se uma ação ousada não for tomada imediatamente”, disse a empresa separadamente em uma “estrutura” publicada para investidores em títulos em junho de 2021. “Esta questão também representa riscos significativos para nossos negócios, nossos parceiros produtores, clientes e consumidores”.


Mighty Earth defende mais divulgação. Ele diz que, para um processador de carne como a JBS, os números do abate total de animais são um “componente indispensável” das emissões totais de gases de efeito estufa da empresa. Apesar disso, a JBS escondeu seus números totais de abate de animais desde 2017, disse o grupo.


A JBS diz que não enganou os investidores. Richardson disse em um e-mail que seus títulos estavam vinculados apenas às emissões de escopo 1 e 2 e apenas à intensidade das emissões, o que significa que as emissões poderiam continuar a crescer se o negócio também crescesse.


“É importante ressaltar que esses títulos não se destinam a financiar todo o processo de descarbonização”, disse Richardson. Ela disse que eles foram “claramente projetados e estruturados” para atender às instalações da JBS sob controle da empresa.


“Devemos começar com elementos sobre os quais temos controle direto e que possuem diretrizes de medição robustas e confiáveis”, disse a empresa em um comunicado.


A JBS está buscando tempo, no entanto, para impedir a destruição das florestas tropicais causada pela produção de carne bovina. A empresa disse que eliminará o desmatamento ilegal da Amazônia de sua cadeia de suprimentos até 2025, mas não interromperá completamente o desmatamento globalmente em suas cadeias de suprimentos até 2035.


Lições da investigação do The Post sobre o desmatamento na Amazônia


Em novembro passado, a JBS admitiu ter comprado cerca de 9.000 cabeças de gado de fazendas ilegais na Amazônia. A JBS disse ter sido vítima de uma fraude.


Fundada em 1953 no oeste do Brasil, a JBS se expandiu do Brasil e da Argentina para os Estados Unidos e além. Embora não seja muito conhecida, adquiriu o negócio de suínos da Cargill, o negócio de carne bovina da Smithfield Foods e a maior parte da produção de frango da Pilgrim's Pride.


Em 2017, a JBS foi envolvida em investigações de financiamento e suborno no Brasil. Nos últimos cinco anos, resolveu quatro casos de fixação de preços nos Estados Unidos e pagou US$ 27 milhões por violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior.


A Mighty Earth diz que a JBS “escolhe e escolhe o que divulgará e para quem sobre suas emissões de gases de efeito estufa”.


A organização diz que a JBS está pensando em explorar os mercados de capitais dos EUA para uma oferta pública, mas a disputa sobre as emissões pode dificultar isso.


“A JBS quer dólares americanos de nossos mercados de capitais”, disse Kevin Galbraith, advogado da Mighty Earth. “Ao mesmo tempo, eles não querem o escrutínio regulatório que acompanhará isso.”


Fonte: The Washington Post


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Em seis anos, Brasil perde quase 30 mil empresas, aponta IBGE


Essas empresas ocupavam 7,6 milhões de pessoas, contingente que vem recuando neste mesmo período


Foto: Arquivo/Agência Brasil

O número de empresas industriais do país chegou a 306,3 mil em 2019, com queda acumulada de 8,5%, ou menos 28,6 mil empresas, desde 2013.

Essas empresas ocupavam 7,6 milhões de pessoas, contingente que vem recuando há seis anos, acumulando queda de 15,6%, com menos 1,4 milhão de trabalhadores

Os dados constam da Pesquisa Industrial Anual Empresa 2019 (PIA Empresa), divulgada nesta quarta (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As indústrias movimentaram R$ 3,6 trilhões de receita líquida de vendas e pagaram um total de R$ 313,1 bilhões em salários e outras remunerações. A atividade gerou um total de R$ 1,4 trilhão de valor de transformação industrial (VTI), sendo 90,1% decorrentes das indústrias de transformação.

Fonte: Metropole 


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