Ativista sueca detalha a forma como foi maltratada após a Global Sumud Flotilla ter sido sequestrada e seus membros presos pela ditadura israelense, por tentaram levar comida aos famintos em Gaza
Por Lisa Röstlund*
Espancamentos, chutes e ameaças de serem asfixiados com gás
dentro de jaulas.
Greta Thunberg e vários outros integrantes da flotilha agora
compartilham detalhes sobre seus cinco dias de cativeiro em Israel – e como
funcionários do Ministério das Relações Exteriores da Suécia os deixaram sem
ajuda.
A investigação do Aftonbladet mostra como o
ministério minimizou os abusos em suas comunicações.
A mala vermelha dela está no corredor. “Greta puta”, alguém
escreveu em grandes letras pretas. Ao redor do texto: uma bandeira israelense e
um pênis ereto. [Foto acima]
A bagagem foi confiscada no barco pelos militares
israelenses – e devolvida a ela desse jeito. Greta ri.
– São como crianças de cinco anos!
Encontramos Greta Thunberg em casa, no alojamento coletivo
onde vive com amigos. O sol de outono entra pelas janelas. Tomamos café. As
paredes estão cobertas de cartazes de manifestações ao redor do mundo.
Ela dormiu apenas meia hora na noite anterior. Um pesadelo
com barcos bombardeados a acordou.
Ela não quer manchetes sobre si mesma e sobre a tortura à
qual diz ter sido submetida. Essa foi uma das primeiras coisas que disse na
noite em que voltou para casa, em uma coletiva de imprensa na Sergels Torg,
junto com vários dos outros suecos que participaram da grande Global
Sumud Flotilla, que tentou levar ajuda emergencial a Gaza.
E ela mantém essa posição.
– Não se trata de mim nem dos outros da flotilha. Há
milhares de palestinos, centenas deles crianças, que estão sendo mantidos sem
julgamento neste momento, e muitos deles provavelmente estão sendo torturados,
diz Greta Thunberg.
Após troca de “prisioneiros”, mais de |
A história, ela enfatiza, é sobre solidariedade
internacional, sobre pessoas se unindo para fazer o trabalho que os governos
não fazem.
– E, acima de tudo, trata-se das pessoas que vivem em Gaza.
Mas há muito interesse público, e a forma como ela foi
tratada reflete algo.
– Isso mostra que, se Israel, com o mundo todo
observando, pode tratar dessa maneira uma pessoa famosa, branca, com passaporte
sueco, imagine o que fazem com os palestinos a portas fechadas.
Acaba de chegar a notícia de que um menino palestino da
Cisjordânia, da mesma idade de Greta, morreu sob custódia israelense.
– O que passamos é apenas uma parte minúscula do que os
palestinos vivem. Nas paredes das nossas celas, vimos buracos de bala com
manchas de sangue e mensagens gravadas por prisioneiros palestinos que estiveram
lá antes de nós.
Peço que ela descreva o bombardeio do barco, ocorrido na
costa da Tunísia, no início de setembro. Ela teria estado a bordo naquele exato
momento, não fosse chamada para ajudar em uma coletiva de imprensa. Agentes de
inteligência americanos declararam à CBS que o ataque foi ordenado pelo
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Ela menciona os produtos químicos lançados sobre os barcos e
diz que nunca mais conseguirá olhar para um céu estrelado sem pensar em drones.
Greta Thunberg quer destacar a tripulação de 500 pessoas das
42 embarcações que compunham a flotilha. Professores, médicos, pesquisadores,
estudantes, parlamentares, pequenos empresários. O mais jovem tinha 18 anos; o
mais velho, 78.
Todos eram pessoas com diferentes histórias de vida.
Ela conta a história de participantes judeus que conheceu e
que a tocaram profundamente.
– Vários cresceram em famílias muito pró-Israel. Eles
deixaram tudo para trás e foram, arriscando a vida e se posicionando para que o
que está acontecendo em Gaza não acontecesse em seu nome. Mas, em vários casos,
isso fez com que suas famílias cortassem contato com eles.
Greta Thunberg precisa comer algo e esquenta uma panela de
feijão que estava na geladeira. No balcão da cozinha há beterrabas e outros
vegetais de uma recente coleta em latas de supermercados – comida descartada,
resgatada e trazida para casa.
Avançamos para a noite em que o barco foi abordado pelos
militares israelenses. Homens de rostos cobertos e armas automáticas subiram a
bordo — a operação foi transmitida ao vivo pelos canais da flotilha e vista por
pessoas em todo o mundo. Várias testemunhas entrevistadas pelo Aftonbladet descrevem
como as armas foram apontadas para seus rostos. Eles foram levados ao convés
inferior e obrigados a sentar em círculo, sem se mover, enquanto o barco era
levado à costa.
– Estava extremamente quente lá embaixo. Mal conseguíamos
sentar. Os que não estavam nos vigiando andavam pelo barco, destruindo coisas e
jogando tudo ao redor.
Ela não sabe o que aconteceu com a comida, os remédios, as
fraldas e o leite infantil – a ajuda destinada a Gaza.
Depois de cerca de 20 horas, chegaram a Ashdod, o maior
porto industrial de Israel, a 40 quilômetros ao sul de Tel Aviv. Um soldado
apontou para Greta e disse: “Você primeiro, vamos!”, relata ela.
Ela não pôde usar a camiseta com os dizeres “Free Palestine”
e foi obrigada a trocar de roupa, explica. Vestiu uma camiseta laranja com o
texto “Decolonize”.
– E então coloquei meu chapéu de sapo. Quando estava
prestes a descer do barco, havia um monte de policiais me esperando. Eles me
agarraram, me jogaram no chão e atiraram uma bandeira israelense sobre mim.
A partir daí, tudo “foi do zero ao cem”, descrevem várias
testemunhas – a violência escalou.
Greta conta que foi arrastada para uma área pavimentada
cercada por grades de ferro. Essa é uma cena longa, que durou mais de seis
horas, segundo ela, e confirmada por vários participantes da flotilha
entrevistados pelo Aftonbladet.
– Era algo distópico. Vi talvez 50 pessoas ajoelhadas em
fila, algemadas, com a testa no chão.
Greta se levanta do sofá e deita no tapete listrado da sala,
mostrando a posição.
– Eles me arrastaram para o lado oposto de onde os outros
estavam e deixaram a bandeira sobre mim o tempo todo. Eles me batiam e
chutavam.
Greta ri.
– Depois arrancaram meu chapéu de sapo, jogaram no chão,
pisotearam e chutaram, como se estivessem tendo um acesso de raiva.
– Depois me moveram, de forma muito brutal, para um canto,
voltada para a parede. “Um lugar especial para uma dama especial”, disseram. E
tinham aprendido as palavras “Lilla hora” (putinha) e “Hora Greta” (Greta
puta) em sueco, que repetiam o tempo todo.
Toda vez que alguém levantava a cabeça do chão, era
derrubado novamente, contam Greta e os outros suecos. No canto onde Greta
estava sentada, os policiais colocaram uma bandeira.
– A bandeira foi colocada de forma que me tocasse. Quando
ela tremulava e encostava em mim, gritavam “Não toque na bandeira” e me
chutavam na lateral. Depois de um tempo, amarraram minhas mãos com
enforca-cabos, bem apertado. Uma fila de guardas se formou para tirar
selfies comigo enquanto eu estava sentada daquela forma.
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– Eles pegaram minha bolsa e jogaram fora tudo o que
interpretaram como relacionado à Palestina. Pegavam cada item e olhavam nos
meus olhos enquanto o cortavam lentamente com uma faca, enquanto dez pessoas
tiravam selfies.
De repente, o ministro da extrema direita Itamar Ben-Gvir
entrou na área e ficou diante de todos, conta Greta.
– Ele gritava: “Vocês são terroristas. Querem matar bebês
judeus.” Os que responderam foram levados para o lado e espancados.
Foram jogados no chão e agredidos. Mas eu só conseguia ver de relance,
porque toda vez que levantava a cabeça do chão, levava um chute do
guarda ao meu lado.
Ela descreve uma cena muito comovente.
– Eu precisava ir ao banheiro e pedi permissão. Então tive
que ser conduzida por entre as pessoas sentadas, e elas me viram.
Uma integrante sueca da delegação disse: “Estamos com você,
Greta.”
– Então ela foi levada de lado e agredida, diz
Greta.
– Quando continuo passando pelas fileiras de pessoas, elas
dizem “Slay!”.
(Slay originalmente significa “matar
violentamente”. Mas, como gíria da internet, quer dizer fazer algo de forma
incrível. Greta usa essa palavra o tempo todo.)
– Eles diziam “Slay” porque sabiam que é uma palavra minha.
E quem dizia “Slay” apanhava dos guardas. Continuei andando e alguém
gritou “Slaaaay”. E então mais e mais pessoas começaram a gritar “Slay”, e
quando todos gritavam, eles não conseguiam bater em todo mundo. Foi…
Ela faz uma pausa e sorri.
Greta foi então levada para dentro de um prédio, para ser
revistada e despida.
– Os guardas não têm empatia nem humanidade, e continuavam
tirando selfies comigo. Há muita coisa que eu não lembro. Muita coisa acontece
ao mesmo tempo. Você está em choque. Está com dor, mas tenta manter a calma.
De repente, ela foi arrastada para um armário de limpeza,
onde foi forçada a ajoelhar-se.
– Então Ben-Gvir e sua equipe de mídia entraram, ficaram ali
filmando, e ele disse: “Eu vou pessoalmente garantir que você seja tratada como
terrorista e apodreça na prisão. Você é Hamas. Você é terrorista. Quer matar
bebês judeus.” Enquanto ele gritava, eu me mantive o mais calma possível e
citei convenções da ONU, dizendo que Israel não é imune e deve respeitar o
direito internacional. Achei que estavam gravando isso para divulgar, mas nunca
vi esse vídeo sendo publicado.
– Talvez você tenha respondido bem demais, diz uma das
amigas de Greta.
O próprio Ben-Gvir depois contou à imprensa sobre sua visita
à prisão – e se gabou do tratamento duro dado aos prisioneiros. Ele descreveu
isso como uma política que ele mesmo havia ordenado.
– “Tenho orgulho de que tratemos os ativistas da flotilha
como apoiadores do terrorismo”, disse ao jornal Yedioth Ahronoth.
“Eles devem experimentar as condições da prisão de Ketziot e pensar duas vezes
antes de voltar a Israel. É assim que funciona.”
Após esse encontro no armário de limpeza, Greta relata
intermináveis reuniões com autoridades que queriam que ela assinasse papéis
declarando, entre outras coisas, que havia entrado ilegalmente em Israel – o
que se recusou a fazer. Então suas mãos foram novamente amarradas com
enforca-cabos, ela foi vendada e colocada em uma pequena cela dentro de um
carro, onde passou uma noite fria com outros prisioneiros.
– Estava gelado. Estávamos de camiseta.
Depois foi levada para a prisão. Lá fora, foi
novamente obrigada a se despir, conta.
– Era zombaria, tratamento bruto, e tudo era filmado.
Tudo o que faziam era extremamente violento. Jogavam os medicamentos das
pessoas no lixo na frente delas – remédios cardíacos, medicamentos contra o
câncer, insulina.
Dentro da prisão, havia um grande mural cobrindo uma parede, mostrando uma Gaza bombardeada e pessoas fugindo, com um texto em árabe: “A nova Gaza”, ao lado de uma grande bandeira israelense, diz ela.
Na prisão, ela foi mantida em diferentes celas. Às vezes, em
uma de cerca de 15 metros quadrados com outras 13 pessoas. Foram muitos dias —
quatro, talvez? O tempo se confundia, não havia relógios. Quase não recebiam
comida nem água potável durante todo o cativeiro, sendo obrigados a beber da
torneira do lavabo do banheiro, de onde saía algo marrom. Vários
ficaram doentes.
– Você sentia que não podia “se dar ao luxo” de chorar
porque estava desidratado demais.
– Estava tão quente, tipo 40 graus. Pedíamos o tempo todo:
“Podemos ter água? Podemos ter água?” No fim, gritávamos. Os guardas passavam
diante das grades o tempo todo, rindo e exibindo suas garrafas de água.
Jogavam as garrafas cheias no lixo, na nossa frente.
Em certo momento, cerca de 60 pessoas foram colocadas em uma
pequena jaula ao ar livre, sob o sol, segundo vários participantes da flotilha.
A maioria não tinha espaço nem para se sentar.
– Quando as pessoas desmaiavam, batíamos nas grades e
pedíamos por um médico. Então os guardas vinham e diziam: “Vamos asfixiar vocês
com gases.” Era algo padrão para eles. Erguendo um cilindro de gás, ameaçavam
nos atingir com ele.
Durante as noites, os guardas passavam regularmente
balançando as grades, apontando lanternas, e várias vezes por noite nos
obrigavam a ficar de pé.
Greta relata que foi colocada em uma cela de
isolamento cheia de insetos. Hora após hora, sem saber quanto tempo se
passava. Ela cantava uma música para se acalmar.
– Mas precisei parar depois de um tempo, porque cantar
aquela música era fisicamente exaustivo.
Greta foi levada para reuniões particulares com várias
autoridades, diplomatas e políticos, inclusive representantes do governo.
– Eles disseram: “Oferecemos você ao Hamas em troca de
reféns”, e ficaram me encarando em silêncio. Quando perguntei depois de um
tempo “Do que se trata isso?”, responderam: “Estávamos brincando.” Outros
repetiam: “Isto não é genocídio. Confie em nós – se quiséssemos cometer um
genocídio, poderíamos fazê-lo.”
Por cinco minutos no porto, os suecos puderam encontrar um
advogado; depois disso não houve assistência jurídica. Só na sexta-feira é que
três funcionários da embaixada sueca em Tel Aviv apareceram para ver os suecos
— em uma jaula, ao ar livre.
– Estávamos juntos e contamos a eles sobre o tratamento que
recebemos. Sobre a falta de comida, de água, sobre os abusos. A tortura.
Mostramos nossas lesões físicas — hematomas e arranhões. Deixamos todos os
nossos contatos — dei o número do meu pai e o número do nosso contato na
organização. Fomos claros: tudo o que dissermos agora deve ser divulgado à
mídia.
Segundo Greta Thunberg, a resposta foi que o trabalho deles
era nos escutar.
– Eles não fizeram nada, disseram apenas: “Nosso trabalho é
ouvi-los. Estamos aqui e vocês têm direito a apoio consular.”
– Dissemos repetidas vezes: precisamos de água. E eles viam
que os guardas tinham garrafas d’água. O pessoal da embaixada disse: “Vamos
tomar nota disso.” Um de nós, Vincent, disse: “Da próxima vez que nos
encontrarmos, vocês devem trazer água.”
Demorou então dois dias até que o pessoal da embaixada
voltasse a aparecer.
– Eles não trouxeram água, exceto uma garrafinha pequena
pela metade, que era deles — Vincent, que estava em pior estado, conseguiu
bebê-la. Continuávamos pedindo aos guardas “Podemos ter água?”, mas eles só
andavam com suas garrafas e não respondiam.
Finalmente, o grupo sueco decidiu, na presença do pessoal da
embaixada, recusar voltar às celas até que lhes dessem água, segundo várias
testemunhas ouvidas pelo Aftonbladet. Mas então o pessoal da
embaixada quis sair da prisão, alegam.
– Eu disse: “Vocês vão nos deixar assim? Se saírem agora,
vão nos espancar.” Mas eles continuaram andando.
Vários participantes relataram que uma ativista ficou
furiosa e chutou a lixeira onde os guardas haviam jogado as garrafas de água.
As garrafas se espalharam pelo chão; Greta e os outros se atiraram ao chão e
apressaram-se a abrir as garrafas para beber o que restava.
“O pessoal da embaixada vê isso e segue andando.”
No mesmo dia em que os participantes foram libertados após
cinco dias de cativeiro, o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson disse à
mídia sueca que foi “muito estúpido” viajar para Gaza apesar dos avisos.
Quando o Aftonbladet compara os e-mails
enviados pelo Ministério das Relações Exteriores a parentes com o que os
detidos dizem ter contado ao pessoal da embaixada, fica claro que a gravidade
da situação foi minimizada.
O Ministério descreve a cena no porto, onde Greta foi
espancada por horas, assim: “Ela nos falou sobre tratamento duro e que esteve
sentada sobre uma superfície dura por muito tempo.”
No sábado, vários meios publicaram depoimentos de que Greta
havia sido submetida à tortura.
Em um e-mail visto pelo Aftonbladet, seu pai
Svante Thunberg relatou isso ao Ministério das Relações Exteriores:
– Quando o que me enviaram por e-mail não corresponde ao que
ela lhes disse, sinto que toda a resposta e o contato são uma traição e pura
provocação. Parecia que eu era uma peça em uma guerra cultural, enquanto ao
mesmo tempo li que o ministro israelense responsável admitia abertamente que
foram submetidos a tortura, de acordo com as leis aplicáveis, diz seu pai,
Svante Thunberg.
O Aftonbladet conversou com três outros
membros da flotilha que confirmam em grande parte o relato de Greta e que
também sofreram vários tipos de abuso e humilhação. Falamos também com
parentes. Todos criticam fortemente a atuação do pessoal da embaixada sueca.
Uma delas é Marita Rodriguez, cujo marido Tomas esperava em
casa com o filho Malik.
– Pedimos que nos repassassem todas as informações que lhes
demos e que notificassem nossos familiares. Por que omitiram as coisas mais
importantes que dissemos?
Marita tem dupla cidadania, sueca e chilena.
– Vimos um cônsul do Chile. Quando não lhe foi permitido
entrar, ele tentou ultrapassar os guardas. Foi um contraste enorme com o
pessoal do Ministério das Relações Exteriores sueco, que não parecia protestar.
Ali havia alguém tentando desafiar os guardas, dizendo: “Oi, sou seu cônsul do
Chile. Só quero saber: como vocês estão?”
Outro prisioneiro foi Vincent Storm, que descreve abuso e
humilhação.
– Eles não fizeram nada. Estou tão decepcionado. Vimos
delegações de outros países, como a França, enviando seus embaixadores, e eles
podiam beber água e comer biscoitos nas reuniões. A embaixada sueca não fez
nada, diz ele.
O Aftonbladet teve acesso à correspondência
por e-mail entre a parceira de Vincent, Rebecca Karlsson, e o Ministério. Em um
dos e-mails, o Ministério escreve, entre outras coisas, que Vincent recebeu
água: “Durante a visita, ele pôde beber uma garrafa de água que a embaixada
trouxe com eles.”
– Mas era uma garrafinha pequena e pela metade que o pessoal
da embaixada trouxe para si — e mais ninguém recebeu água. Eles embelezaram a
realidade, diz Rebecca Karlsson.
Todos os participantes da flotilha e parentes ouvidos
pelo Aftonbladet descrevem de forma semelhante que os
testemunhos dos detidos sobre suas experiências foram amaciados pelo Ministério
das Relações Exteriores nas comunicações com os familiares. Vários parentes não
receberam nenhum relato de seus entes detidos.
“Vamos denunciar o Ministério das Relações Exteriores ao
Comitê de Ombudsman Parlamentar por não defender os direitos dos cidadãos
suecos”, diz Rebecca Karlsson, que trabalha como gestora em serviços
municipais.
O Aftonbladet contatou o primeiro-ministro
Ulf Kristersson, cujo secretário de imprensa remeteu ao Ministério das Relações
Exteriores. Ninguém na embaixada sueca em Tel Aviv quis conceder entrevista.
Em um e-mail ao Aftonbladet, a ministra das
Relações Exteriores Maria Malmer Stenergard escreve:
“Os cidadãos suecos se expuseram a grande risco. A Global
Sumud Flotilla navegou para Gaza novamente com o mesmo resultado da última vez;
nenhuma ajuda emergencial chegou à população civil em Gaza com seus navios.”
O Aftonbladet conversou com vários
especialistas críticos à atuação do governo. Um deles é o advogado Linus
Gardell, que aponta que o ataque às embarcações de ajuda constituiu crime
segundo a lei sueca e o direito internacional.
– O silêncio do governo é espantoso, diz ele.
– É difícil de entender, diz Said Mahmoudi, professor
emérito de direito internacional na Universidade de Estocolmo.
* Jornalista sueca. Reportagem publicada no jornal Aftonbladet em 15/10/2025.
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) October 15, 2025
Fonte: FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil
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