O Ministério Público Militar revelou verdadeiro esquema de
organização criminosa nas forças armadas para traficar drogas para o exterior.
Dois de quatro militares presos eram membros do Gabinete de Segurança
Institucional na época do tráfico de cocaína para a Espanha
Avião da FAB e o Segundo-sargento da Aeronáutica Manoel
Silva Rodrigues (Foto: Reprodução)
Dentre quatro militares presos pela Justiça, dois estavam no
GSI quando traficantes usarem aeronaves oficiais para transportar drogas,
aproveitando-se de “brechas” no controle de bagagens e as permissões
privilegiadas dos militares para transitar em aeroportos pelo mundo, segundo
reportagem do G1.
Organização criminosa e enriquecimento ilícito
A prisão dos militares foi efetuado após pedido do promotor
Enilson Pires, do Ministério Público Militar (MPM), que acusou o sargento
Márcio Gonçalves da Silva, então funcionário da GSI, de ser “responsável pela
escala dos comissários na ‘Presidência’” - o que era fundamental para colocar
homens de confiança nos vôos para transportar entorpecentes.
Pires afirmou que Gonçalves da Silva, o possível líder do
esquema, “começou a apresentar uma situação financeira diferenciada”. O
sargento tinha remuneração de R$ 4 mil, mas contra-cheques apreendidos na
investigação mostraram que ele comprou dois carros de luxo. Em depoimentos ao
promotor, colegas militares disseram que ele “chegou na lona, com carro velho,
e hoje está com carrão”.
Outro preso foi o tenente-coronel Alexandre Piovesan, que
ingressou, em 2013, no Grupo de Transporte Especial (GTE) da FAB, “unidade responsável
pelo transporte aéreo do Presidente da República, Ministros de Estado,
Secretários da Presidência da República, e autoridades dos Poderes Legislativo
e Judiciário, bem como o Alto-Comando da Aeronáutica, sendo o segundo mais
antigo da unidade”.
Piovesan e Gonçalves da Silva foram exonerados do GSI logo
após o flagrante na Espanha.
Segundo reportagem do G1, após a prisão de Manoel na
Espanha, Piovesan encontrou a ex-mulher do militar logo após a apreensão na
Espanha e “era tido como amigo próximo do sargento preso e, de acordo com
outros militares ouvidos, dava benefícios para o sargento durante o trabalho”.
Ele ainda é acusado pelo MPM de dificultar investigação ao apagar conversas
suspeitas em seu telefone.
Avião da FAB apreendido com cocaína na Espanha
Em junho de 2019, Manoel foi preso após ser encontrado mais
de 30 kg de cocaína em sua bagagem num avião da Aeronáutica no aeroporto de
Sevilha, na Espanha.
Polícia Federal cumpre 15 mandados de busca e apreensão.
Em 2019, sargento brasileiro foi preso com cocaína em voo da Força Aérea
Brasileira (FAB), na Espanha.
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (2),
a Operação Quinta Coluna, para aprofundar as investigações sobre uma associação criminosa que
usou aeronaves da FAB enviar drogas para a Espanha. A operação também investiga
lavagem de ativos obtidos em razão dos crimes, relata o jornal Estadão.
Estão sendo cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e
dois mandados que restringem a comunicação dos investigados, contra 10
investigados. Militares da FAB também participam do cumprimento das
medidas.
Por determinação judicial, os alvos da operação foram
impedidos de deixar o Distrito Federal. Os agentes da PF encontraram drogas na casa de um dos suspeitos.
Os endereços não foram informados, nem a identidade dos envolvidos ou se houve
prisões em flagrante.
Voo da FAB com cocaína
Em junho de 20149, o sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues
foi preso em Sevilha, na Espanha, com 39 quilos de cocaína quando viajava como parte da
tripulação de apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a investigação, outras pessoas se associaram ao
militar para a prática do crime de tráfico de drogas, tendo sido apresentado à
Justiça elementos que indicam pelo menos mais uma remessa de entorpecentes para
a Espanha.
Além de investigar os outros supostos integrantes da
associação criminosa, a PF mira crimes de lavagem de dinheiro. A PF frisou que
as investigações não se confundem com os processos por tráfico internacional de
drogas que tramitam na Justiça Militar. Os crimes de associação para o tráfico
e lavagem de dinheiro têm penas que vão de três a dez anos de prisão.
A Polícia da Espanha divulgou novas fotos da mala com 39 quilos de cocaína, apreendida com um sargento da Força Aérea Brasileira, durante uma imagem oficial da comitiva de Bolsonaro ao Japão, onde o Brasil participou da cúpula do G-20. O militar está preso em Sevilha desde o início da semana passada
Filho de Deca do Atacadão morre em desastre aéreo. Avião
carregava 300 quilos de cocaína (Imagem: Divulgação/Polícia
Filho de famoso empresário paraibano e ex-senador pilotava
avião que caiu neste sábado em São Paulo. Avião carregava 300 quilos de cocaína
Marcelo Gonzaga pilotava um avião de pequeno porte que caiu
neste sábado (14), em São Pedro, interior do Estado de São Paulo. Ele estava
sozinho na aeronave e morreu na tragédia.
Marcelo é filho do empresário e ex-senador Deca do Atacadão
(PSDB). Na aeronave, a polícia encontrou cerca de 300 quilos de cocaína. Dois
irmãos de Marcelo já saíram da Paraíba e foram para São Paulo fazer a
identificação do corpo.
O avião caiu em uma área próxima a Rodovia Geraldo de Barros
(SP-304). O caso está sendo registrado na Delegacia de São Pedro, mas a
investigação tem o apoio da 2ª Dise (Delegacia de Investigações Sobre
Entorpecentes) da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais).
Deca do Atacadão
José Gonzaga Sobrinho, mais conhecido como Deca do Atacadão
ou simplesmente Deca, é um empresário e político Brasileiro filiado ao Partido
da Social Democracia Brasileira (PSDB). Proprietário do Grupo Atacadão do Rio
do Peixe, Deca é um dos homens mais ricos da Paraíba.
Deca foi eleito em 2010 como primeiro-suplente do senador
Cássio Cunha Lima (PSDB). Em setembro de 2016, o empresário tomou posse no
Senado Federal após o pedido de licença de Cássio até o final do ano para
tratamento de saúde.
O ministro venezuelano do Interior assegurou que o país
está em "alerta permanente" para evitar o tráfico de drogas a partir
da Colômbia.
O ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Néstor
Reverol, informou que uma aeronave usada por traficantes com matrícula
norte-americana foi "inutilizada" após entrar ilegalmente no espaço aéreo
venezuelano, na fronteira com a Colômbia.
Inutilizada aeronave do narcotráfico com matrícula
norte-americana, que ingressou ilegalmente ao espaço aéreo venezuelano pelo
estado de Zulia.
"Os agentes do Exército bolivariano, após detectar a
unidade aérea ilegal por meio dos radares do Comando de Defesa Aeroespacial
Integral, ativaram todos os protocolos estabelecidos na Lei de Controle para a defesa Integral do Espaço Aéreo",
explicou o ministro.
O ministro especificou ainda que "a inutilização
ocorreu próximo de uma pista clandestina, no município de Machiques de
Perijá".
Logrando la inutilización cerca de una pista clandestina, en el municipio Machiques de Perijá. pic.twitter.com/TUFUm1RpG6
A inutilização ocorreu próximo de uma pista clandestina, no
município de Machiques de Perijá.
"Estamos em alerta permanente, vigiando nosso espaço
aéreo para evitar que seja utilizado para o tráfico de drogas a partir da
Colômbia", ressaltou.
Nos mantenemos en alerta permanente, vigilando nuestro espacio aéreo para evitar que sea utilizado para el tráfico ilícito de drogas desde Colombia como mayor productor de cocaína del mundo. #LaVerdadDeVenezuelapic.twitter.com/oyHkMZf1c9
Mantemo-nos em alerta permanente, vigiando nosso espaço
aéreo para evitar que seja utilizado pelo tráfico ilícito de drogas a parte da
Colômbia, como maior produtor de cocaína do mundo.
Desde julho de 2019, a Venezuela apreendeu 44 toneladas de drogas. O país compartilha mais de 2.000
quilômetros de fronteira com a Colômbia, país que produz 70% da cocaína
consumida no mundo, segundo a ONU.
Em palestra, no ano de 1988, o agente da CIA e fuzileiro
naval dos EUA relata a guerra contra o terceiro mundo praticada pela CIA
";nós estávamos atacando pessoas no 3º mundo e eu irei
rapidamente, para poupar tempo, dar a vocês um pequeno sentido do que significa
essa guerra contra o 3º mundo".
Na década de 1930, durante a grande depressão econômica, a
Skid Row, rua localizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, já era um reduto
de pessoas sem emprego, desabrigadas e alcoólatras. Nos anos 70, a situação
piorou e a região passou a aglomerar milhares de sem-teto. Hoje em dia, o local
deixa de atrair turistas por sua situação de violência e degradação. Cerca de 4
mil dependentes químicos vivem no local, muito frequentado por traficantes. #RedeTVNews
O sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), Manoel Silva
Rodrigues, preso desde junho de 2019 na Espanha, continua como um quadro da
ativa na instituição e segue recebendo salário.
A informação foi publicada neste domingo (2) pelo site UOL, que revelou
a situação através de levantamento junto ao Portal da Transparência. Segundo o
site, o sargento recebe R$ 8,1 mil por mês e desde a prisão na Espanha recebeu
R$ 97,5 mil reais em salários, verbas indenizatórias e gratificações.
Rodrigues é réu no Brasil por tráfico de drogas de R$ 6,3
milhões, conforme aponta o site com informações do Ministério Público Militar.
O site mostra ainda que não houve pedido de bloqueio na Justiça Militar e que o
processo de exclusão do sargento da FAB já foi aberto, mas demanda o trânsito
em julgado das acusações para ser concluído.
Pacote de cocaína
O sargento foi preso em junho de 2019 em meio à comitiva que
acompanhava o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante viagem à cúpula do
G20. Rodrigues viajava em uma aeronave de apoio e não estava junto com o
presidente. A cocaína foi encontrada
pela Guarda Civil da Espanha na bagagem do sargento da FAB durante uma
vistoria no aeroporto de Sevilha. À época os espanhóis disseram ter encontrado
39 kg, mas a investigação no Brasil apontou que eram 37 kg, valor considerado
na denúncia brasileira.
Rodrigues foi
condenado na Espanha a seis anos de prisão com multa fixada de dois
milhões de euros (cerca de R$ 12 milhões). No Brasil, a promotoria, através de
Lei de Drogas, pede pena de 15 anos de prisão para o sargento por tráfico de
drogas. O período pode aumentar em dois terços em função do delito
internacional e pelo fato de Rodrigues ter tirado vantagem de seu cargo. Ainda
segundo o site, dentro do código penal militar, a pena máxima é de cinco anos
para o crime.
País investiga qual destino final da droga, descoberta em
mala de mão durante escala do avião reserva da Presidência em Sevilha
A Guarda Civil espanhola deteve nesta terça-feira no
aeroporto de Sevilha o militar brasileiro Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos,
que havia transportado 39 quilos de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) integrado à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, segundo
confirmaram fontes da corporação policial ao EL PAÍS.
A prisão do sargento da FAB ocorreu durante uma escala do
avião reserva da presidência em Sevilha, no sul da Espanha, rumo a Osaka, onde Bolsonaro participará da reunião do G-20. O ministério brasileiro de Defesa
emitiu nota confirmando a detenção do militar por tráfico de entorpecentes, e anunciou
a abertura de um inquérito para apurar o ocorrido. Bolsonaro também escreveu um
tuíte sobre o fato.
Fontes da Guarda Civil disseram que a detecção da droga e a
posterior detenção do militar ocorreram quando os membros da tripulação e suas
bagagens passaram pelo controle alfandegário obrigatório após a chegada a
Sevilha. Ao abrir a mala de mão os agentes encontraram 37 tijolos de pouco mais
de um quilo cada. "Não estava nem mesmo escondido entre as roupas",
disseram fontes da Guarda. As autoridades da Espanha agora querem saber qual
era o destino final da droga.
O militar foi levado para o comando da Guarda Civil na
capital andaluza. Nesta quarta-feira, o Tribunal de Instrução número 11 de
Sevilha ordenou nesta quarta-feira a prisão provisória do militar, sem fiança.
Inicialmente, ele está sendo investigado por um suposto crime contra a saúde
pública.
O Ministério da Defesa disse em seu comunicado que “repudia”
os atos do militar e que colaborará com as autoridades espanholas na
investigação. No Twitter, Bolsonaro disse que pediu ao ministro da Defesa que
preste "imediata colaboração" à polícia espanhola.
Após o incidente em Sevilha, a Presidência alterou a rota da
viagem de Bolsonaro ao Japão, segundo o portal UOL. Após decolar de Brasília,
Bolsonaro fará escala em Lisboa em vez de Sevilha, segundo constava na sua
agenda no final da noite de terça. O gabinete de imprensa do presidente não
explicou o motivo da mudança.
Não é a primeira vez que membros da Aeronáutica usam sua
condição de militares para traficar drogas. Em abril, o Tribunal Superior
Militar decretou a expulsão da corporação de um comandante pelo transporte de
33 quilos de cocaína numa aeronave militar que se dirigia à França com escala
nas ilhas Canárias. Outros dois colegas do comandante já tinham perdido o posto
por sua participação no caso, ocorrido em 1999. O comandante foi condenado a 16
anos da prisão por integrar “uma rede especializada no tráfico internacional de
cocaína" com a ajuda de aviões da FAB.
“Sargento preso com cocaína na Espanha fez 29 viagens e acompanhou três presidentes”
Mas foi com governo Bolsonaro que carregou cocaína https://t.co/KpRSK2VuXW
Conheça a real “Felicidade” da Coca-Cola | Sequestros, torturas e desvio de água (São Paulo)
“Obrigado por compartilhar a felicidade”, diz-se no último anúncio da Coca-Cola (em espanhol), mas olhando de perto parece que a Coca-Cola de felicidade compartilha bem pouco. Se pensam que não, perguntem aos trabalhadores das fábricas que a multinacional pretende fechar agora no Estado Espanhol ou aos sindicalistas perseguidos, e alguns, até sequestrados e torturados na Colômbia, na Turquia, no Paquistão, na Rússia, na Nicarágua ou às comunidades da Índia que ficaram sem água após a saída da companhia. Isso para não falar da péssima qualidade dos seus ingredientes e do impacto na nossa saúde.
Em cada segundo consomem-se 18,5 mil latas ou garrafas de Coca-Cola em todo o mundo, segundo os dados da própria empresa. O império Coca-Cola vende as suas 500 marcas em mais de 200 países. Quem garantiria isso a John S. Pemberton, quando em 1886, elaborou tão exitosa poção numa pequena farmácia de Atlanta. Hoje, pelo contrário, a multinacional já não vende apenas uma só bebida mas muito mais. Através de campanhas multimilionárias de marketing, a Coca-Cola vende-nos algo tão desejado como “a felicidade”, “a faísca da vida” ou “um sorriso”. Todavia, nem o seu Instituto de la Felicidad [ou a Fábrica da Felicidade, em português]é capaz de esconder toda a dor que a empresa provoca. O seu currículo de abusos sociais e laborais corre, tal como os seus refrigerantes, todo o planeta.
Agora, chegou a vez do Estado Espanhol. A Companhia acaba de anunciar uma reorganização que implica o encerramento de quatro das suas onze fábricas, o despedimento de 1.250 trabalhadores e a recolocação de outros 500. Uma medida que, segundo a multinacional, é tomada “por causas organizativas e produtivas”. Pelo contrário, um comunicado da central sindical CCOO desmente esta informação e assinala que a empresa tem enormes lucros de cerca de 900 milhões de euros e um faturamento de mais de 3 bilhões de euros.
As más práticas da empresa são tão globais como a sua marca. Na Colômbia, desde 1990, oito trabalhadores da Coca-Cola foram assassinados por paramilitares e outros 65 receberam ameaças de morte, segundo “El informe alternativo de Coca-Cola” da organização War on Want. O sindicato colombiano Sinaltrainal denunciou a multinacional por detrás destas ações. Em 2001, o Sinaltrainal, através da International Labor Rights Fund e da United Steel Workers Union, conseguiu interpor nos Estados Unidos um processo contra a empresa por estes casos. Em 2003, o tribunal indeferiu a petição alegando que os assassinatos ocorreram fora dos Estados Unidos. A campanha do Sinaltrainal, de qualquer maneira, tinha já conseguido numerosos apoios.
O rastro de abusos da Coca-Cola se encontra praticamente em cada canto do planeta onde ela está presente
Encontramos o rastro de abusos da Coca-Cola praticamente em cada canto do planeta onde ela está presente. No Paquistão, em 2001, vários trabalhadores da fábrica do Punjab foram despedidos por protestar e as tentativas de sindicalização dos seus trabalhadores em Lahore, Faisal e Gujranwala se chocaram com a oposição da multinacional e da administração. Na Turquia, os seus empregados, em 2005, denunciaram a Coca-Cola por intimidação e torturas e por utilizar um setor especial da polícia para estes fins. Na Nicarágua, no mesmo ano, o Sindicato Único de Trabalhadores (Sutec) acusou a multinacional de não permitir a organização sindical e ameaçar com despedimentos. E encontramos casos semelhantes em Guatemala, Rússia, Perú, Chile, México, Brasil, Panamá. Uma das principais tentativas para coordenar uma campanha de denúncia internacional contra a Coca-Cola foi em 2002 quando sindicatos da Colômbia, da Venezuela, do Zimbábue e das Filipinas denunciaram conjuntamente a repressão sofrida pelos seus sindicalistas na Coca-Cola e as ameaças de sequestros e assassinatos que receberam.
Cabe destacar ainda que a companhia não é unicamente conhecida pelos seus abusos laborais mas também pelo impacto social e ecológico das suas práticas. Como a própria empresa reconhece: “A Coca-Cola é a empresa da hidratação. Sem água, não há negócio”. E onde se instala, ela suga a água até à última gota. De fato, para produzir um litro de Coca-Cola, são precisos três litros de água. E não só para a bebida mas também para lavar garrafas, máquinas… Água que a posteriori é descartada como água contaminada, com o consequente prejuízo do meio ambiente. Para saciar a sua sede uma engarrafadora da Coca-Cola pode chegar a consumir até um milhão de litros de água por dia, a empresa toma unilateralmente o controle de aquíferos que abastecem as comunidades locais deixando-as sem um bem essencial como a água.
Na Índia, vários Estados (Rajastán, Uttar Pradesh, Kerala, Maharastra) encontram-se em pé de guerra contra a multinacional. Vários documentos oficiais assinalam a diminuição drástica dos recursos hídricos onde a empresa está instalada, acabando com a água para o consumo, a higiene pessoal e a agricultura, sustento de muitas famílias. Em Kerala, em 2004, a fábrica de Plachimada da Coca-Cola foi obrigada a fechar depois do município ter negado a renovação da sua licença acusando a Companhia de esgotar e contaminar a sua água. Meses antes, o Tribunal Supremo de Kerala sentenciou que a extração massiva de água por parte da Coca-Cola era ilegal. O seu encerramento foi uma grande vitória para a comunidade.
Casos similares aconteceram também em El Salvador e Chiapas, entre outros. Em El Salvador, as fábricas de engarrafamento da Coca-Cola esgotaram os recursos hídricos após décadas de extração e contaminaram aquíferos ao desfazer-se da água não tratada procedente das fábricas da empresa. A multinacional sempre se recusou a responsabilizar-se pelo impacto das suas práticas. No México, a Companhia privatizou inúmeros aquíferos, deixando as comunidades locais sem acesso aos mesmos, graças ao apoio incondicional do Governo de Vicente Fox (2000-2006), antigo presidente da Coca-Cola do México.
O impacto da sua fórmula secreta sobre a nossa saúde está também extensamente documentado. As suas altas doses de açúcar não nos beneficiam e convertem-nos em “viciados” da sua poção. E o uso do aspartame, edulcorante não calórico substitutivo do açúcar, colocado na Coca-Cola Zero, está demonstrado que consumido em altas doses pode ser cancerígeno, como assinalou a jornalista Marie Monique Robin no seu documentário “O nosso veneno cotidiano”. Em 2004, a Coca-Cola da Grã-Bretanha viu-se obrigada a retirar, após o seu lançamento, a água engarrafada Desani, depois de se ter descoberto no seu conteúdo níveis ilegais de brometo, substância que aumenta o risco de cancro. A empresa teve que separar meio milhão de garrafas, do que havia anunciado como “uma das águas mais puras do mercado”, apesar de um artigo na revista The Grocer assinalar que a sua fonte era água tratada das torneiras de Londres.
Os tentáculos da Coca-Cola, assim mesmo, são tão grandes que, em 2012, uma das suas diretoras, Àngela López de Sá, chegou à direção da Agência Espanhola de Segurança Alimentar. Que posição vai ter, por exemplo, a Agência face ao uso do aspartame quando a empresa, que até poucos dias lhe pagava o salário como sua atual diretora, o usa sistematicamente? Conflito de interesses? Já o assinalamos antes com o caso de Vicente Fox.
A marca que nos diz vender felicidade, reparte antes pesadelos. A Coca-Cola é assim diz o anúncio. Assim é e assim a descrevemos.”
Em Jundiaí – SP, está situada a MAIOR fábrica da Coca-Cola do mundo
Foto: Alexandre Machado
A localização privilegiada e a boa infraestrutura de Jundiaí foram determinantes para que o município paulista se tornasse a sede da maior fábrica da Coca-Cola no mundo em volume de produção. A unidade tem quase 180 000 metros quadrados de área, emprega mais de 1.000 funcionários e produziu 1,7 bilhão de litros de bebidas em 2013. Os produtos que saem de lá abastecem a maior parte do Estado de São Paulo, inclusive a capital, e parte de Minas Gerais. Recentemente, a fábrica montou um gigantesco armazém vertical com 23 metros de altura, 100 de largura e 75 de profundidade. A estrutura é capaz de armazenar a produção de quatro dias da fábrica, o que simplifica a logística e encurta os prazos de distribuição. (Gabriel Castro, de Jundiaí)
Existe uma investigação da Promotoria de São Paulo que apura o desvio de um rio para atender a fábrica. Isso mesmo, um rio. A capacidade desse desvio é de 500 litros por segundo. Fazendo um cálculo rápido chega-se a quantia de 30.000 litros por minuto, 1.800.000 por hora e 43.200.000 litros por dia de água roubada.
O MP indica que, em caso de seca, esse volume de água desviado causaria sério risco de escassez de água na região.
Ora, temos a maior fábrica da bebida mais vendida do mundo que utiliza 3 litros de água para cada 1 litro do veneno preto. Acredito que essa fonte de água da empresa está sobrecarregada e a seca está prejudicando as reservas mais abaixo. Eu não sou geógrafo, mas racionando sobre o rumo das águas que desembocam no mar, acredito que isso pode afetar o sistema da cantareira.
Na própria apuração do MP, indica que “em tempo de estiagem mais de 1 milhão de pessoas podem ficar sem abastecimento de água em Campinas”. ( Verdade Mundial )