Cerca de 300 balsas foram vistas às margens do Rio Madeira (AM) em direção a terras indígenas. Extração de minério é proibida na região
Balsas de garimpo são vistas no rio Madeira (Foto: Bruno
Kelly/Amazônia Real)
247- O Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas (Ipaam) está apurando denúncias de invasão do Rio Madeira, próximo à
comunidade de Rosário, no município de Autazes, distante 113 quilômetros de
Manaus, por garimpeiros. Em um vídeo publicado no Twitter, o perfil Fiscal do
Ibama mostra cerca de 300 balsas e dragas descendo o rio em direção a terras
indígenas para a extração ilegal de ouro. (veja o vídeo ao final da reportagem)
De acordo com reportagem do G1, as embarcações começaram a chegar ao
local há cerca de 15 dias, quando surgiu a informação de que havia ouro na
região.
O rio Madeira percorre cerca de 3.300 km desde sua nascente
na Bolívia através da floresta no Brasil até desaguar no rio Amazonas.
As balsas de dragagem navegaram rio abaixo da área de Humaitá, onde houve um aumento na extração ilegal de ouro, e foram vistas pela última vez a cerca de 650 quilômetros de distância em Autazes, um município a sudeste de Manaus.
Em entrevista à Reuters, uma porta-voz do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disse que a dragagem ilegal no rio Madeira não é responsabilidade do governo federal, mas do Estado do Amazonas e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
O chefe do Ipaam, Juliano Valente, disse que seu órgão instruiu as forças de segurança estaduais a agirem, mas insistiu que o rio é de jurisdição federal e que a fiscalização cabe à Polícia Federal e à Agência Nacional de Mineração (ANM).
A Polícia Federal e a ANM não responderam de imediato a
pedidos de comentário.
Em nota, o Ipaam afirma que além da extração ilegal outros
crimes estão sendo cometidos. “Em atividades como a citada, pode haver outras
possíveis ilegalidades que devem ser investigadas, tais como: mão de obra
escrava; tráfico; contrabando; problemas com a Capitania dos Portos. E, ainda,
de ordem econômica, social e fiscal, o que requer o envolvimento de diversas
forças para um enfrentamento efetivo do problema”, lista o comunicado.
O texto informa, também, que atividades de exploração
mineral naquela região não estão licenciadas, portanto, se existindo de fato,
são irregulares.
Leia a nota na íntegra:
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam)
informa que tomou conhecimento das denúncias sobre a movimentação de dragas
(balsas) de garimpo na região entre os municípios de Autazes e Nova Olinda do
Norte, e que será feito um diagnóstico apurando a real situação no local.
O Ipaam informa, também, que atividades de exploração
mineral naquela região não estão licenciadas, portanto, se existindo de fato,
são irregulares.
Vale ressaltar que há competência de órgãos federais na
referida situação, considerando a Lei Federal Complementar 140/201, que trata
sobre as ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas.
O Instituto também destaca que, em atividades como a
citada, pode haver outras possíveis ilegalidades que devem ser investigadas,
tais como: mão de obra escrava; tráfico; contrabando; problemas com a Capitania
dos Portos. E, ainda, de ordem econômica, social e fiscal, o que requer o
envolvimento de diversas forças para um enfrentamento efetivo do problema.
Desta forma, o Ipaam está buscando informações, com
intuito de planejar e realizar as devidas ações no âmbito de sua competência,
integrado aos demais órgãos estaduais e federais.
Veja o vídeo:
Tudo isso é BALSA pra GARIMPAR.
São mais de 600, prontas pra entrar numa terra indígena no Amazonas.
Área destruída é equivalente a quase nove vezes o município
de São Paulo ou 11 vezes a cidade do Rio de Janeiro.
A área desmatada na Amazônia no último ano divulgada hoje
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 13.235 km².
Os dados divulgados por meio do Projeto de Monitoramento de Desmatamento da
Amazônia (Prodes) representam um aumento de 21,97% na taxa de
destruição em relação ao ano anterior, que foi de 10.851 km². Esta é a maior
taxa já registrada desde 2006. Os dados são referentes a medições entre agosto
de 2020 e julho deste ano.
A má notícia chega na semana seguinte ao encerramento da COP
26, onde o governo brasileiro tentou limpar sua imagem, mesmo sabendo que mais
um recorde de desmatamento já havia sido batido. O documento divulgado hoje tem
data de 27 de Outubro de 2021, ou seja, o governo adiou a divulgação dos dados
para depois antes da Conferência do Clima. O anúncio também ocorre ao mesmo
tempo que o cerco para o desmatamento começa a se fechar: a
comissão da União Europeia publicou ontem (17) o projeto da nova legislação do
bloco que veda a compra de produtos ligados ao desmatamento.
Na média, houve um aumento de 52,9% na área
desmatada nos três anos de governo Bolsonaro (média de 11.405 km² entre 2019 e
2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre
2016 e 2018). Os estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia foram
responsáveis por 87,25% do desmatamento na Amazônia Legal.
Só no Amazonas o desmatamento aumentou em 55% no último ano.
O estado tem se destacado no avanço da destruição da floresta. O desmatamento
tem avançado cada vez mais perto de áreas antes conservadas da Amazônia.
Inclusive em expedição recente
ao sul do estado, o Greenpeace realizou uma série de três reportagens especiais
para mostrar como essa dinâmica de destruição tem se dado na região. destruição
na região.
Ao longo do último ano, o Brasil foi um dos poucos países
que aumentaram a emissão de gases de efeito estufa, apesar dos efeitos da
pandemia de Coronavírus.O país emitiu 9,5% a mais de gases, enquanto o restante
do mundo reduziu em 7%. 46% das emissões do Brasil são oriundas de desmatamento
e de acordo com um estudo da Carbon Brief, o Brasil
foi o quinto país que mais contribuiu com emissões de gases desde 1850.
“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua
imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não
surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão
ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a
proteção do meio ambiente. Fica evidente que as ações necessárias por parte do
Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste
governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como
empecilho ao desenvolvimento”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da
campanha da Amazônia do Greenpeace
“O governo atual, com sua política antiambiental, elevou
drasticamente o patamar de desmatamento na maior floresta tropical do planeta.
Estes são níveis inaceitáveis perante à emergência climática que vivemos no
Brasil e no mundo, com extremos climáticos e seus impactos cada vez mais
devastadores e frequentes”, comenta Cristiane. “E essa situação só vai piorar, se
o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e
incentiva ainda mais desmatamento”, completa.
No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de
desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo
frequente de grilagem de terras. A última audiência pública do Senado para
discutir o PL 2633/2020, já aprovado na Câmara dos Deputados deve acontecer na
próxima semana, com isso a matéria pode ser votada em Plenário logo na
sequência.
Para entender melhor a dimensão da destruição, fizemos
algumas comparações. Os 13.235km² desmatados em apenas 1 ano equivalem à:
3.6 árvores perdidas por cada um dos 212 milhões de
brasileiros
O colunista Josias de Souza comentou hoje, durante a
participação no UOL News, sobre a divulgação de dados do INPE sobre o
desmatamento da Amazônia. "Consolida o sucesso das duas prioridades de
Bolsonaro para o setor do Meio Ambiente: a devastação consentida da Amazônia e
a institucionalização da mentira como política ambiental", analisou.
Os 13.235 km² de #Amazônia destruídos no último ano equivalem a: 9 cidades de São Paulo 1/2 estado de Sergipe 2x o território da Palestina maior do que o Líbano, Qatar e Jamaica. O governo de @jairbolsonaro tem que parar com suas falsas promessas e começar a proteger a floresta. pic.twitter.com/QOgY3gWJGm
Segundo levantamento, em 4 meses, Syngenta e Bayer registram
autorização para exportar ao Brasil 2,2 mil toneladas de pesticidas com
substâncias com uso banido na União Europeia
O Brasil é o destino de mais da metade dos registros de
exportações da União Europeia de agrotóxicos proibidos na Europa e associados à
morte de abelhas. São inseticidas à base de três neonicotinóides: tiametoxam,
imidacloprido e clotianidina. Entre setembro e dezembro de 2020, mais de 3,8
mil toneladas dessas substâncias foram registradas para serem exportadas
na Agência Europeia das Substâncias Químicas (ECHA) — o Brasil era o
destino de 2,2 mil toneladas, 58% do total.
Os dados inéditos, obtidos com exclusividade pela Agência
Pública e a Repórter Brasil, são resultado de um levantamento da Public Eye, organização suíça,
em parceria com a Unearthed, braço de jornalismo investigativo do
Greenpeace. É a primeira vez que são revelados números sobre a
quantidade dos pesticidas neonicotinoides enviados ao exterior por países
europeus. As substâncias imidacloprido, clotianidina e tiametoxam foram banidas
na União Europeia em 2018. Desde setembro de 2020, empresas de lá são obrigadas
a notificar exportações de produtos com esses princípios ativos. As
notificações são estimativas emitidas antes de o produto ser despachado.
Os produtos registrados para serem enviados ao Brasil foram
produzidos por duas empresas: Syngenta e Bayer. Ao todo, eles continham 318
toneladas das substâncias ativas proibidas.
O principal deles foi o Engeo Pleno S, produzido pela
Syngenta na Bélgica — a empresa registrou mais de 2,2 milhões de litros do
produto para ser enviado para o Brasil. Ele é o mais vendido pela Syngenta no
país e costuma ser utilizado principalmente por produtores de soja. O Engeo
contém uma mistura do neonicotinóide tiametoxam e do inseticida
lambda-cialotrina, também altamente tóxico para as abelhas.
Às organizações, a Syngenta respondeu que “seus produtos são seguros e
efetivos quando usados dentro das recomendações” e que “a empresa atua sempre
de acordo com a legislação e regulamentação local”. A Syngenta ainda afirmou
que “atesta a segurança e a eficácia do tiametoxam” e que, “sem pesticidas, as
perdas [na produção agrícola] seriam catastróficas”.
Já a Bayer respondeu que “apesar de aceitar a decisão da
União Europeia de cessar a aprovação aos neonicotinoides, a empresa destaca que
agências reguladoras por todo o mundo confirmaram o uso seguro desses produtos
após revisões cuidadosas.”. A empresa, contudo, confirmou que “a pulverização
deve ser estritamente evitada em plantações que atraiam abelhas durante a
floração para evitar exposição desses insetos”.
Além do Brasil, outros 59 países estão na lista de destinos
dos produtos proibidos na União Europeia. Os principais são a Rússia, Ucrânia,
Argentina, Irã, África do Sul, Indonésia, Gana, Mali e Cingapura. Já a lista
dos maiores exportadores é encabeçada pela Bélgica, França e Alemanha, seguidos
por Espanha, Grécia, Reino Unido, Dinamarca, Áustria e Hungria.
Morte de meio bilhão de abelhas no Brasil esteve relacionada
à pesticida do grupo dos neonicotinóides
Os neonicotinóides são quimicamente semelhantes à nicotina e
matam insetos atacando seu sistema nervoso central. Eles foram introduzidos na
década de 1990 e são os inseticidas mais usados no mundo. Altamente solúveis
em água, eles podem ser facilmente transportados para lagos, rios e lençóis
freáticos, além de se acumularem no solo.
No Brasil, MPF tenta barrar pulverização com
neonicotinóides
Os dados obtidos pela Unearthed e Public
Eye foram publicados no momento em que a Comissão Europeia avalia pôr
fim à fabricação dos produtos para exportação, um passo adiante após a
proibição do uso das substâncias na Europa.
Em resposta às organizações que realizaram a investigação, a
Hungria e o Reino Unido afirmaram que o sistema atual é baseado no
consentimento prévio dos países importadores. Bélgica, Dinamarca e França
afirmaram apoiar uma proibição local de exportação. Na França, a proibição de
exportação de pesticidas proibidos na União Europeia já foi imposta e entrará
em vigor em 2022. Esta medida “deve ser adotada e implementada” na região, diz
o governo francês, porque “não é aceitável expor o meio ambiente e a saúde em
outros países” a estas substâncias. A Espanha também sinalizou proposta nesta
direção. Já a Alemanha diz estar “ansiosa” por propostas concretas da Comissão
Europeia sobre o tema.
No Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, em
agosto deste ano, uma ação civil pública contra o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que o órgão
ambiental proíba a pulverização aérea de agrotóxicos com as três substâncias
neonicotinóides exportadas pela Europa (imidacloprido, clotianidina e
tiametoxam), além do pirazol.
O Ibama já havia proibido a pulverização aérea dessas
substâncias em 2012. O órgão, no entanto, liberou provisoriamente a aplicação dos
pesticidas em lavouras de algodão, arroz, cana-de-açúcar, soja e trigo até que
fossem encerrados os processos de reavaliação dos efeitos sobre o meio ambiente
— o que até hoje não ocorreu.
O procurador da República Matheus Baraldi Magnani, autor da
ação civil pública, considera o número de mortes de abelhas um caso
“extremamente grave, subdimensionado e silencioso” e analisa que a omissão do
Ibama consolidou, na prática, a autorização para o uso dos pesticidas. “Tal
problema é diariamente agravado pela inconstitucional escolha do Poder Público
em priorizar fortes setores econômicos em detrimento do meio ambiente”,
argumentou Magnani no documento. “A pulverização aérea de neonicotinóides e
pirazol é, numa analogia, uma assassina silenciosa para as abelhas, assim como
o monóxido de carbono é para os humanos”, disse.
Os pedidos do MPF restringem-se à aplicação dos produtos com
uso de aviões. Caso a Justiça Federal acolha os requerimentos, ainda será
permitida a pulverização terrestre.
Meio bilhão de abelhas mortas em três meses
Em 2019, um levantamento da Pública e Repórter
Brasil mostrou que mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas
mortas em quatro estados brasileiros em apenas três meses, entre
dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7
milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso
do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de
Agricultura e pesquisas realizadas por universidades.
Em Cruz Alta, município de 60 mil habitantes no Rio Grande
do Sul, mais de 20% de todas as colmeias foram perdidas apenas
entre o Natal de 2018 e o começo de fevereiro de 2019. Cerca de 100 milhões de
abelhas apareceram mortas, segundo a Apicultores de Cruz Alta (Apicruz).
O principal causador das mortes das abelhas é o contato com
agrotóxicos à base de neonicotinóides e de pirazol, proibido na Europa há mais
de uma década. Um estudo de 2018 da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) demonstrou que 67% das
mortes em coletas de abelhas analisadas em São Paulo — estado que representa
10% da produção nacional de mel — ocorreram devido ao uso incorreto dos
inseticidas.
As abelhas são as principais polinizadores da maioria dos
ecossistemas do planeta e promovem a reprodução de diversas espécies de
plantas. No Brasil, das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação
humana e produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização
deste inseto. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo
dependem das abelhas.
Sem abelhas, sem alimentos; insetos são responsáveis pela
polinização e reprodução de diversas espécies de plantas
Cada espécie é mais propícia para polinização de
determinadas culturas, explica Carmem Pires, pesquisadora da Embrapa e doutora
em Ecologia de Insetos. O resultado é que, se as abelhas fossem extintas,
deixaríamos de consumir frutas como a mangaba. Ou elas ficariam mais caras, já
que o trabalho de polinização para produzi-la teria que ser feito manualmente
pelo ser humano.
A estudiosa conta que até em lavouras que não são
dependentes da ação direta dos polinizadores, a presença de abelhas aumenta a
safra. “Na de soja, por exemplo, é identificado um aumento em 18% da produção.
É importante destacar também o efeito em cadeia. As plantas precisam das
abelhas para formar suas sementes e frutos, que são alimento de diversas aves,
que por sua vez são a dieta alimentar de outros animais. A morte de abelhas
afeta toda a cadeia alimentar.”
No Brasil, há mais de 300 espécies de abelhas nativas —
entre elas Melipona scutellaris, Melipona quadrifasciata, Melipona fasciculata,
Melipona rufiventris, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula. Em
todo país, contando com as estrangeiras, há cerca de 1,6 mil espécies do
inseto, segundo relatório do Ibama.
O UOL News repercute a reportagem publicada pelo UOL sobre
fazendeiros que jogam agrotóxicos sobre a Amazônia e outros biomas para
acelerar o desmatamento, segundo um levantamento inédito feito pela Repórter
Brasil e Agência Pública.
Ecologistas, advogados e cientistas estrangeiros vão
denunciar o presidente no Tribunal Penal Internacional nesta terça-feira
(12/10)
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) será denunciado nesta terça-feira (12/10) por
crimes ambientais no Tribunal Penal Internacional (TPI), o órgão judiciário da
Organização das Nações Unidas (ONU). Essa é a sétima denúncia contra Bolsonaro
que se conhece no TPI.
“O presidente brasileiro Jair Bolsonaro está governando um
sistemático e difundido ataque à Amazônia. Suas ações nos ameaçam a todos”, diz
o texto do grupo All
Rise, cujo lema é “O planeta contra Bolsonaro”.
De acordo com o colunista Jamil Chade, do UOL, a denúncia tem 300 páginas, das quais
200 são de argumentos legais e cem outras com dados científicos.
A ação da entidade dedicada a litígios ambientais é apoiada
por sir Howard Morrison, juiz da Corte Penal Internacional entre 2011 e 2021, e
Nema Milaninia, que trabalhou previamente como advogada de Defesa para o
Ministério Público na Corte Penal Internacional.
O caso será apresentado nesta terça-feira à procuradoria da
Corte, com sede em Haia. Na primeira etapa, a procuradoria vai avaliar se a
denúncia é válida, antes de abrir um processo preliminar de investigação.
O caso é apresentado às vésperas da cúpula do Clima, em
Glasgow, na Escócia. Na COP 26, que ocorre entre 31 de outubro e 12 de
novembro, o Brasil deverá ser cobrado pela comunidade internacional para dar
garantias de que adotará medidas para reduzir emissões e o desmatamento.
Bolsonaro durante abertura da 74º assembleia geral da Nações Unidas, em 2019
Outras denúncias
É a sétima denúncia que o presidente Bolsonaro enfrenta no
Tribunal de Haia. Três dizem respeito ao combate à pandemia e a quarta aborda
direitos das populações indígenas. Só no ano de 2020, o chefe do Executivo
brasileiro foi denunciado três vezes por genocídio em razão da gestão diante da
pandemia do coronavírus.
A denúncia citava recordes de desmatamento desde o início do
governo Bolsonaro, recorde também de assassinatos de lideranças indígenas em
2019 e descreve o desmantelamento de agências responsáveis pela proteção ambiental.
Bolsonaro é denunciado Haia por desmatamento na Amazônia;
'fez prova contra si mesmo', diz Josias
Ambientalistas, ex-juízes e cientistas devem apresentar hoje
um denúncia contra o presidente no Tribunal Penal de Haia por crimes contra a
humanidade e a destruição da Amazônia. No UOL News, o colunista Josias de Souza
fala sobre a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro, que, para ele, já
"começa errada" e vê que há elementos contra o presidente: "Fez
prova contra si mesmo"
O local havia sido montado para receber a cerimônia de
entrega das Obras de Modernização do Aeroporto de Maringá
Em decorrência de uma frente fria que avança do Rio Grande
do Sul em direção ao Paraná, a estrutura que havia sido montada no aeroporto de
Maringá, para receber a cerimônia de entrega das Obras de Modernização do
Aeroporto de Maringá e de Inauguração da Hidrelétrica de Bela Vista, foi
totalmente danificada por uma ventania.
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) partirá para o município, na tarde desta
sexta-feira (1º/10).
Veja o vídeodo momento em que a estrutura é totalmente
levantada pelo vento:
O deputado federal Ricardo
Barros (PP-PR), líder do governo federal na Câmara dos Deputados,
acompanhará o presidente na agenda, já que é natural de Maringá. Nas redes
sociais, ele disse, ao lado do chefe do Executivo, que mesmo após o imprevisto,
o evento estaria mantido.
“Amigos de Maringá, estamos aqui com o presidente, daqui a
pouco estaremos aí na cidade para a inauguração do aeroporto, que é um
investimento na ordem dos R$ 100 milhões e agradecer o presidente que publicou
o aviso de edital do Contorno sul-metropolitano que é uma obra tão esperada por
Maringá e região. Vamos decolar daqui a pouco, o evento vai ser transferido
para o Pavilhão Azul do Parque de Exposições, então todo mundo se movimenta pra
lá”, disse Barros.
Bolsonaro afirma que Maringá é o estado que ele mais visita
e que tem “um carinho todo especial” pelo moradores de lá. “Se Deus quiser,
estaremos pousando às 14h30 no aeroporto de Maringá, onde iniciaremos uma série
de eventos, levando entregas e anunciando novas obras”, informou o presidente.
O acontecimento ficou entre os assuntos mais comentados no
Twitter. Veja alguns posts:
Isso é praga do Marreco de Maringá? Ou são as forças da natureza dominadas pelo comunismo e o globalismo? pic.twitter.com/BLEAAbf567
— rodrigo vianna 🇧🇷🇺🇾🇦🇷🇵🇾🇧🇴🇻🇪🇨🇺🇨🇴 (@rvianna) October 1, 2021
Ventos fortes derrubam estrutura que iriam receber o Bolsonaro no Aeroporto de Maringá. A natureza também é Fora Bolsonaro! pic.twitter.com/D9RPyTiLFl
Direto dos Biomas do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica
confira três experiências da Rede de Viveiros Populares da Reforma Agrária, que
integram o Plano Nacional "Plantar Árvores, Produzir Alimentos
Saudáveis"
Aliado à produção de alimentos saudáveis, plantio de árvores
se tornou importante símbolo político na luta do MST. Foto: MST MG
Ainda entre as atividades da semana da árvore, realizada
pelo MST entre os dias 20 a 25 de setembro em todo país, com ações de
recuperação da biodiversidade, direto dos Biomas do Cerrado, da Caatinga e na
transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica apresentamos três experiências de
viveiros de mudas, desenvolvidas em territórios de Reforma Agrária nas regiões
Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que se somam à construção de Rede de Viveiros
Populares da Reforma Agrária, vinculados ao Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis“.
De modo geral, nas regiões e estados as atividades do
plantio de árvores do MST seguem durante todo o ano, no enraizamento e na
massificação de ações voltadas à organização de viveiros, casas de sementes,
coleta e plantio de sementes, produção e doação de mudas, com plantios de
árvores para recuperação de áreas degradadas, em nascentes de águas, Sistemas
Agroflorestais, entre outras formas e sistema produtivos em equilíbrio com a
biodiversidade.
Como aponta Bárbara Loureiro, da coordenação nacional do MST
e da coordenação do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos
Saudáveis”, o plantio de árvores pelos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra
tem se tornado um importante símbolo político na luta do Movimento, que aliado
á produção de alimentos saudáveis é parte do cotidiano das famílias nos
territórios de assentamentos e acampamentos, escolas, centros de formação,
entre outros.
Viveiro contribui na transição agroecológica e
diversificação dos cultivos
A partir de 2018 as famílias do MST criaram o Viveiro Popular Terra de Quilombo, em Campo do Meio. Fotos: MST MG
Em Minas Gerais no município de Campo do
Meio localiza-se o acampamento Quilombo Campo Grande, antiga fazenda que antes
possuía apenas uma usina de cana-de-açúcar, que faliu e deixou os/as
trabalhadores/as e a terra abandonados no final da década de 1990, que hoje
respira vida e resistência das famílias do MST, com a produção de alimentos e
recuperação ambiental, que abriga 465 famílias acampadas e 105 famílias
assentadas na comunidade Quilombo Campo Grande. As famílias Sem Terra resistem
no local há 22 anos, enfrentando vários despejos, o último foi no ano passado
durante a pandemia, e destruiu a Escola do Campo da comunidade, várias moradias
e plantações.
No território de 4 mil hectares, vivem mais de 2 mil
pessoas, que produzem mais de 2 milhões de pé de café, e trabalham com mais de
mil hectares de lavoura, produzindo cultivos diversos, que somam mais de 130
variedades de alimentos, entre grãos, cereais, frutas e verduras, conta Tuira
Tule, assentada no Quilombo Campo Grande, que integra o Coletivo de Mulheres
Raízes da Terra e a Cooperativa Camponesa.
No espaço da cooperativa, a partir de 2018 foi criado o
Viveiro Popular Terra de Quilombo, que segundo a assentada, faz parte da
estratégia de desenvolvimento das famílias do MST na região e tem contribuído
na organização da produção das famílias Sem Terra para transição agroecológica
e diversificação dos cultivos, com por exemplo, a produção agroflorestal,
juntamente com o café e outras culturas.
“Então, o viveiro é parte importante dessa composição da
diversificação da produção, do cuidado com a terra, com o meio ambiente, com a
natureza, mas também pra nós que produzimos o alimento saudável e pra quem
consome. Com a experiência do viveiro nosso objetivo maior é a questão da
diversificação da produção e cuidado dos nossos territórios, das nossas
nascentes”, explica Tuira.
Além de recuperação da biodiversidade, Tuira explica que viveiro auxilia na subsistência e geração de renda das famílias Sem Terra. Fotos: MST MG
A assentada explica que boa parte da produção das mudas
nativas do viveiro é destinada para a doação às próprias famílias do
assentamento e acampamento e as entidades vizinhas. E outra parte, como as
mudas de café, algumas de madeira e frutíferas são comercializadas, colaborando
com a geração de renda das famílias Sem Terra.
Porém, por ser um espaço de produção coletivo, a área do
viveiro também tem colaborado na produção do conhecimento, como conta Tuira. “O
nosso Viveiro Popular Terra de Quilombo, a gente acredita que é essa força
viva, esse polo aglutinador, que ajuda a gente na questão da formação, do
conhecimento, das trocas das mudas, sementes, de ser um local de referência.”
No tempo de funcionamento a assentada pontua que o viveiro
também tem sido fundamental para diversificar as mudas nativas e frutíferas,
que já chegam a mais de 150 mil árvores no território. Além do envolvimento da
Juventude Sem Terra. “No três anos iniciais a gente tinha um envolvimento
direto na produção das mudas com cinco jovens. Hoje a gente consegue envolver
os jovens em outras atividades: no plantio da árvores, na produção de
alimentos. E também nas ações de colheitas de sementes florestais”, afirma
Tuira.
Localizado em um território de transição do Bioma, entre o
Cerrado e a Mata Atlântica, o viveiro produz mudas das seguintes espécies:
Eucalipto, Pupunha, Ameixa, Açaí, Sanção do campo, Campi xingui, Tamboril,
Paineira, Ingá, Cedro australiano, Pinha, Acácia major, Palmeira leque,
Abacate, Fruta do Conde, Jabuticaba, Pitaya, Araçá, Mogno Africano, Pau Brasil,
Palmeira de jardim, Figo e Teca.
Juventude Sem Terra assume organização de viveiro no Rio
Grande do Norte
Juventude Sem Terra na organização de viveiro de mudas no assentamento Oziel Alves, em Mossoró, RN. Fotos: setor de comunicação do MST RN
A partir do Plano Nacional do MST “Plantar Árvores Produzir
Alimentos Saudáveis”, desde o final do ano passo o coletivo de juventude do MST
no Rio Grande do Norte definiu como atividade central o
plantio de árvores e a organização de viveiros para a produção de mudas. Um
viveiro foi implantado no assentamento Oziel Alves, no município de Mossoró,
Oeste do Estado, explica Aguailton Fernandes, do coletivo estadual de juventude
do MST no estado.
“Estamos nos desafiando desde o finalzinho de 2020 a
contribuir com a tarefa de produção de mudas, que faz parte da nossa campanha
nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Primeiro dizer a
importância da nossa contribuição com o nosso plano, que vai além da
produção das mudas, mas também é uma contribuição pro meio ambiente, que
estamos nos propondo com essa iniciativa de produção de mudas”, relata.
Após algumas reuniões entre o coletivo de jovens do MST no
estado e definições de linhas de ações, a juventude está organizando viveiros
com a produção de mudas nativas e frutíferas, que tem contribuído para a
organização da própria juventude Sem Terra, como relata Aguailton.
“Adotamos formas organizativas a partir de cada região. Aqui
da região Oeste a gente fez uma primeira parte de formação com os jovens e nos
dividimos pra ficar no acompanhamento, a manutenção de todo processo, de
irrigação, de limpeza, os mutirões. Desde a construção, até o produto final,
que a gente já está hoje, doando mudas. Além da doação de mudas também
precisamos em uma pequena parte, comercializar pra poder dar condições de
manter o viveiro. Então, a gente está muito animado pra contribuir com a nossa
meta de 100 milhões de árvores”, conclui ele.
Viveiro popular da Reforma Agrária produz mudas nativas e frutíferas no RN. Foto: setor de comunicação do MST RN
Viveiro tem papel central na organização da juventude e
recuperação de biomas
No Mato Grosso do Sul, o viveiro do Centro de
Formação e Pesquisa Geraldo Garcia (CEPEGE), localizado no assentamento Ernesto
Che Guevara, em Sidrolândia teve início em junho do ano passado com massiva
participação da juventude Sem Terra.
“Iniciamos a construção do viveiro no Centro de Formação com
a proposta de ser um espaço de trabalho e de formação, realizando um trabalho
de base com as juventudes do campo e da cidade que contribuem no viveiro.
Entendemos que a partir da construção do viveiro conseguimos ampliar não só a
materialidade do Plano Nacional “Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis”,
mas também a organicidade da juventude nas áreas, assumindo a tarefa do
plantio, da produção de alimentos saudáveis, da solidariedade e da importância
da formação”, relata Thainá Regina Caetano, assentada no Ernesto Che Guevara e
integrante do setor de comunicação do MST no estado.
Viveiro do CEPEGE, no assentamento Ernesto Che Guevara, em Sidrolândia conta com participação da juventude Sem Terra. Fotos: MST MS
Segundo a assentada, o local no CEPEGE já contava com um
espaço de produção agroecológica com produção de alimentos saudáveis, e passou
também a produzir grande parte das mudas, do Plano Nacional de plantio de
árvores do MST no estado, que são distribuídas às áreas de assentamentos e
acampamentos de Reforma Agrária no Mato Grosso do Sul, além de aldeias
indígenas e ações de plantio nas cidades. Contribuindo assim, com a denúncia da
destruição do agronegócio na região, e a consequente, recuperação da natureza e
do bioma.
“Na [região] Centro-oeste, o coração do agronegócio, se
torna ainda mais necessário ações de cuidado do meio ambiente, e o viveiro foi
pensando nesse sentido, de produzir árvores do bioma Cerrado, Mata Atlântica e
Pantanal, predominantes em nossas regiões, realizando a preservação e o cuidado
com os bens comuns“, explica Thainá.
Considerando a importância do plantio de árvores para a
produção de alimentos saudáveis e a viabilidade dos sistemas agroecológicos, a
assentada e comunicadora conta que os jovens Sem Terra do MST assumiram como
tarefa central o desenvolvimento do viveiro no CEPEGE.
Nesse sentido, o trabalho da juventude no viveiro funciona
da seguinte forma: “nos dividimos em brigadas dos assentamentos e de parceiros
organizados na cidade, contribuindo não só na construção do viveiro, mas também
na produção agroecológica do Centro e na doação dos alimentos realizada pelo
CEPEGE. Estamos produzindo no viveiro há cerca de um ano, organizando as
brigadas, compostas por 3 a 7 jovens, articulados para irem uma vez a cada mês
para realizar o manejo e o plantio de novas mudas, e também se organizando em
suas localidades para a coleta das sementes nas áreas”, detalha ela.
Até o momento o viveiro já conta com o plantio de sementes
de árvores nativas como Aroeira, Ipê, Moringa, Cedro rosa, e mudas de
frutíferas como Graviola, Abacate, Barú, Jatobá, entre outras dezenas de
espécies.
Essa é mais uma reportagem de uma série que mostra
experiências sobre a Rede de Viveiros Populares da Reforma Agrária,
desenvolvidas pelas famílias do MST nas cinco regiões do país. Acompanhe!
Modos de restaurar as florestas - 20 de jan. de 2016
Com o início do Programa de Regularização Ambiental, os
proprietários rurais serão obrigados a restaurar áreas desmatadas ilegalmente
no passado. O professor da Esalq-USP Ricardo Rodrigues e o diretor do Instituto
de Botânica de São Paulo Luiz Mauro Barbosa apresentam uma nova metodologia de
recobrimento de floresta, mais eficiente e com menor custos.
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira
(27), a meteorologista do Climatempo Dóris Palma afirmou que tempestades de
areia, como a
que se viu neste domingo (26) em cidades da região de Ribeirão Preto,
no interior de São Paulo, podem acontecer mais vezes.
De acordo com ela, o fenômeno é comum em regiões áridas e
semiáridas espalhadas pelo mundo, apesar de no Brasil não acontecer com
frequência. “É algo que pode acontecer mais vezes e que não está relacionado às
mudanças climáticas”, diz.
Dóris Palma explicou ainda como a combinação de fatores resultou na densa nuvem de poeira que assustou moradores.
“Estávamos passando mais de cem dias consecutivos sem chuva
significativa, aquela que consegue acumular mais de 10 milímetros em 24 horas,
na região de Ribeirão Preto. Por conta disso, o solo na região ficou muito
seco, e o retorno da chuva no último final de semana resultou num grande choque
de massas de ar quente e seco. Isso intensificou bastante as rajadas de vento
pela região, que chegaram a quase 100 km/h por hora e levantaram poeira”,
comenta.
A areia seguiu no sentido do norte do estado de São Paulo,
atingindo as cidades de Ribeirão Preto, Guaíra, Franca, Orlândia, Jardinópolis
e Viradouro.
“Depois choveu bastante e os acumulados finalmente superaram
os 50 milímetros em 24 horas em Ribeirão Preto.”
Tempestade de areia faz avião virar em pista de aeroporto de SP
A tempestade de areia que acometeu o interior de São Paulo neste domingo (26) fez um avião virar no meio da pista do Aeroporto Estadual Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto. pic.twitter.com/B0sTFFFMG2
Pesquisadores destacam ativismo de ultradireita em discurso,
com islamofobia e mentiras sobre meio ambiente
Steve Bannon e Jair Bolsonaro
A participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na
Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (21) reforça o isolamento do Brasil,
derruba a tese de uma suposta moderação do novo ministro das Relações
Exteriores e demonstra o uso da religião como arma política, afirmam
professores de relações internacionais ouvidos pela Brasil de Fato.
Ao abrir a 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova
York, Bolsonaro disse "não entender" porque outros países não apoiam
o "tratamento precoce" contra a covid-19, afirmou que acredita em
Deus e distorceu dados sobre a realidade econômica brasileira e a política
ambiental de seu governo.
O presidente brasileiro disse que oferecerá visto
humanitário para "cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos" do
Afeganistão. O país atravessa um período turbulento após o
fim da invasão dos Estados Unidos e a retomada do poder pelo grupo
fundamentalista Talibã.
Para Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de
Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a proposta reforça a
afinidade ideológica de Bolsonaro com Steve Bannon, estrategista da campanha do
ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e articulador da extrema direita
global.
Em 2020, a conta de Bannon no Twitter foi suspensa após ele
sugerir a decapitação de Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas dos
Estados Unidos.
Bolsonaro segue a "lógica da cartilha do Steve Bannon,
de tal modo que ele quer disputar os valores religiosos mundo afora. A ideia de
que os afegãos que ele vai receber primeiro têm que mostrar não estar vivendo
ou sofrendo uma situação humanitária lamentável, primeiro qual é a fé que ele
propaga", avalia Menezes.
O professor de relações internacionais da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), Luís Alexandre Fuccille, destaca a islamofobia
da proposta bolsonarista.
"O que se percebe nesse discurso, com relação ao
Afeganistão especificamente, é a islamofobia do presidente Bolsonaro, ou seja,
o que está presente aí é que muçulmanos são terroristas, então muçulmanos
não são bem vindos no Brasil, cristãos sim seriam, entre aspas, pessoas de bem.
Então mulheres, juízes, contanto que sejam cristãos, poderiam pedir refúgio
nesse maravilho país tropical", analisa o professor da Unesp.
Os dois analistas concordam que a participação do Brasil na
Assembleia Geral da ONU reforça o isolamento diplomático nacional.
Discurso sobre meio ambiente não convence
Bolsonaro também tentou pintar o Brasil como exemplo de
preservação da Amazônia, dizendo que o país tem uma "moderna e sustentável
agricultura de baixo carbono" ao mesmo tempo que defendeu sua política ambiental.
Apesar da fala de Bolsonaro sobre uma suposta conservação da
Amazônia, a destruição avança nesse importante bioma do clima global. De acordo
com dados compilados pelo Observatório do Clima, o desmatamento cresceu por
dois anos consecutivos na gestão em curso e deve registrar nova alta anual.
Diretamente ligada a conflitos de terra, grilagem impulsiona
desmatamento das florestas brasileiras / Daniel Beltra / Greenpeace
"Nos cinco anos anteriores ao governo Bolsonaro, a
média de desmatamento na Amazônia foi de 6.719 km2, segundo o Inpe.
Já nos dois primeiros anos da atual gestão a média foi de 10.490 km2,
um aumento de 56%. Os dados de 2021 serão divulgados apenas no fim do ano, mas
devem ficar novamente em torno de 10 mil km2, como já admitiu o
vice-presidente Hamilton Mourão", registra o Observatório do Clima.
Para Menezes, Bolsonaro segue sendo "percebido
internacionalmente como um inimigo do meio ambiente", afinal o presidente
brasileiro cogitou tirar o Brasil do Acordo de Paris e o Fundo Amazônia está
suspenso.
"Mais uma vez o Brasil desperdiça a oportunidade de
abrir a Assembleia Geral da ONU, ter uma audiência mundial para simplesmente
afirmar o que mundo inteiro já sabe: Bolsonaro é um mentiroso", avalia o
professor da UnB.
Após chamar atenção ao circular por Nova Iorque sem estar vacinado, o chefe
de Estado brasileiro declarou oficialmente na abertura do evento que
"os recursos para fiscalização, nos órgãos ambientais, foram dobrados. E
os resultados já começam a aparecer.”
Em abril, o governo aprovou corte de 24% no orçamento do
meio ambiente para 2021 em relação ao ano passado.
Bolsonaro também mentiu sobre dados de desmatamento na
Amazônia em agosto. Ele falou em 32% de redução em relação ao mesmo mês de
2020. Segundo o Imazon, houve aumento de 7%, um recorde desde 2012.
“Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão
completa quanto a nossa. Nossa agricultura é sustentável e de baixo
carbono", afirmou o presidente brasileiro. Bolsonaro acrescentou
que “indígenas desejam utilizar suas terras para agricultura e outras
atividades.”
O discurso reforçou a polarização política interna, mentindo
que as manifestações pró-governo do último dia 7 foram "as maiores da
história do país."
“Estávamos à beira do socialismo. Apresento agora um novo
Brasil, com credibilidade reconhecida em todo o mundo”, disse o presidente. Em
seguida, mentiu mais uma vez, dizendo que não houve nenhum caso de corrupção em
seu governo – apesar de todos os indícios levantados pela CPI da Covid.
Sobre a pandemia, ele disse que sempre defendeu
"combater o vírus e o desemprego com a mesma responsabilidade."
Para o capitão reformado, “as medidas de lockdown deixaram
um legado de inflação”, e as pessoas foram "obrigadas a ficar em
casa" por prefeitos e governadores.
Bolsonaro foi obrigado a usar máscara nas dependências do
prédio / John Minchillo / POOL / AFP
O discurso durou, ao todo, 13 minutos.
Jair Bolsonaro valorizou os números da vacinação no
Brasil, embora nunca tenha feito um pronunciamento incentivando os
cidadãos a se imunizarem.
"Fiz tratamento inicial [contra a covid]. Nosso governo
é contra a vacinação obrigatória", ressaltou.
“Meu governo recuperou a credibilidade, e hoje o Brasil se
apresenta como um dos melhores destinos para investimentos”, disse ainda o
capitão reformado, citando os programas de concessão e privatização no setor de
infraestrutura.
A reportagem do Brasil de Fato selecionou as principais
informações falsas do pronunciamento do presidente brasileiro na manhã desta
terça (21) em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
A reportagem do Brasil de Fato selecionou as principais informações falsas do pronunciamento do presidente brasileiro.
😳 Especialistas ouvidos pelo BdF afirmam que o presidente mentiu "descaradamente" várias vezes na tribuna da ONU. Confira! 📽️ pic.twitter.com/ESnYYfMP70
Na manhã de 12 de setembro de 2021, os fiordes das Ilhas
Faroé, um território dinamarquês no Atlântico Norte, amanheceram com mais de
1400 golfinhos mortos na costa. A caça desses
animais, que é tradicional na ilha e recebe o nome de Grindadráp, causou
revolta na população e em grupos de defesa dos animais na Europa. – Sob muitos protestos, está aberta a temporada de caça às
baleias na Islândia
Matança de baleias em 1947 nas Ilhas Faroé; anualmente, é
comum que o mar fique vermelho por conta da matança de cetáceos no território
dinamarquês
‘Grande erro’
A caça de baleias nas Ilhas Faroé é uma prática tradicional.
O arquipélago é o único local em toda a Europa onde a prática é permitida sob a
justificativa de ser uma tradição dos povos autóctones daquela região.
Basicamente, os pescadores arrebanham grupos sociais de
baleias e golfinhos para dentro dos fiordes (estreitos de água) e assassinam os
cetáceos. Todos os anos, a caça mata mais ou menos 800 golfinhos e é
considerada útil para a subsistência alimentar do local.
Entretanto, nesse ano, em apenas um dia, os pescadores foram
capazes de assassinar mais golfinhos do que o necessário.
Confira imagens:
On Sunday night a super-pod of 1428 Atlantic White-Sided Dolphins was driven for many hours and for around 45 km by speed boats and jet-skis into the shallow water at Skálabotnur beach in the Danish Faroe Islands, where every single one of them was killed. https://t.co/uo2fAPhCDq
Até o próprio presidente da associação de baleeiros das
Ilhas Faroé reconheceu que a caça foi um ‘um grande erro’.
“Foi um grande erro. Quando o grupo foi encontrado, eles
estimaram que eram cerca de 200 golfinhos”, disse à BBC. Entretanto, ele
afirma que a caçada não quebrou as leis do país, que regulamentam o Grindadráp.
Uma das questões que envolveram o fato foi o de que os
animais mortos não eram as baleias-piloto, presas usuais da prática. Todos os
cetáceos mortos eram golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico. Usualmente,
menos de 100 animais desse tipo são vitimados na Grindaráp.
Manifestantes da PETA protestam pelo fim da caça das baleias
nas Ilhas Faroé
Pesquisas de opinião pública mostram que a própria população
é contra a morte dos golfinhos, mas não vê problema na caça às baleias no
geral. Os baleeiros justificam que a prática não é cruel porque as baleias
morrem em questão de segundos. Mas grupos defensores dos animais dentro das
Ilhas Faroé discordam.
“As caçadas de Grindadrap podem se transformar em massacres
prolongados e frequentemente desorganizados. As baleias-piloto e golfinhos
podem ser mortos por longos períodos na frente de seus parentes enquanto estão
encalhadas na areia, nas rochas ou apenas lutando em águas rasas”, afirmou
um representante do grupo Sea Shepherd à BBC.
A prática da caça de golfinhos nas Ilhas Faroé (território
autônomo da Dinamarca) está em xeque depois da morte de mais de 1.400 dos
mamíferos, um patamar de captura recorde.
O grupo de golfinhos-de-faces-brancas foi conduzido para o
maior fiorde do território do Atlântico Norte no domingo (12/09).
Os barcos os levaram a águas rasas na praia Skalabotnur em
Eysturoy, onde foram mortos a facas. E as carcaças foram transportadas para a
terra e distribuídas aos moradores para consumo.
A pratica gerou revolta após matança de 1.400 golfinhos em
um dia na Europa.
Honraria é concedida a cada quatro anos em reconhecimento
por serviços à natureza; presidente francês saudou brasileiro
Cacique Raoni: 90 anos de vida e uma vida em defesa da
natureza - Ricardo Stuckert
Ropni Metyktire, mais conhecido como Cacique Raoni,
liderança mundialmente conhecida do povo indígena Kayapó, recebeu o título de
Membro Honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O anúncio foi feito na última quarta-feira (8) durante a programação do
Congresso Mundial da União, que acontece em Marselha, na França, até 11 de
setembro, quando se celebra, no Brasil, o Dia Nacional do Cerrado.
Na cerimônia de abertura do evento internacional, o
presidente francês Emmanuel Macron saudou o premiado ao lado do ator Harrisson
Ford e do fotógrafo Sebastião Salgado.
A honra é concedida a cada quatro anos como reconhecimento
pelo excepcional serviço para a conservação da natureza e dos recursos
naturais. Cacique Raoni foi homenageado ao lado de outras três personalidades:
o ornitólogo de Fiji Richard John Watling, o ambientalista libanês Assad
Serhal, e a cientista britânica Jane Goodall, cuja contribuição revolucionou a
compreensão sobre a relação entre primatas e humanos.
A indicação de Cacique Raoni ao prêmio foi feita pelo
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), com intenção de ampliar o
conhecimento sobre a grande contribuição da liderança para o equilíbrio
climático global.
“Indicamos Raoni como representante da importância dos Povos
Indígenas e das Comunidades Tradicionais para a conservação da natureza”,
comenta Fabio Vaz, coordenador-geral do ISPN. Vaz destaca que essa importância
foi reiterada recentemente em um estudo publicado pela Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Achamos que a contribuição histórica do Cacique Raoni nas
lutas pela conservação da natureza e na defesa dos direitos indígenas foi, e
continua sendo, fundamental para o campo socioambientalista”, parabeniza o
coordenador.
Como forma de agradecimento, a liderança Kayapó, que habita
uma região de transição entre Amazônia e Cerrado, no estado do Mato Grosso,
enviou sua mensagem pedindo o fim da guerra contra indígenas e o fim do
desmatamento.
"Não quero que a guerra volte entre nós. Eu só quero
que convivamos em paz", diz Raoni na gravação. Ela lembra que seus
antepassados chegaram primeiro na região das Américas e que os colonizadores
europeus retiraram todas as riquezas dos povo originários.
"Eu não gosto de coisa ruim de verdade. O que é ruim?
Ameaça. Vocês, brancos, se matam. Desmatam a floresta, que é algo ruim. Isso é
ruim para nós indígenas. Para vocês, brancos, isso é bom", prossegue o
cacique.
Ele conclui pedindo um basta na destruição da floresta e dos
recursos naturais. "Por isso que eu digo: 'me ouçam!'. Parem com isso,
para que possamos conviver em paz. Esse é o meu trabalho. Muito obrigado".
Aos 91 anos, Cacique Raoni coleciona uma trajetória de
resistência em busca da paz. Nacionalmente, teve destaque na década de 1970,
quando liderou protestos contra a construção da BR-080 (hoje MT-322) em defesa
da demarcação da TI Capoto Jarina. Em 1987 e 1988, teve protagonismo, ao lado
de outras lideranças indígenas, na garantia dos direitos dos povos indígenas na
Constituição Federal.
Politicamente, ao longo dos anos, reuniu-se com líderes
políticos para visibilizar a causa indígena. Lutou contra a Usina de Belo Monte
e, em 2020, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz (saiba mais). Neste ano de
2021, contraiu covid-19, chegou a ser internado, mas se recuperou e segue uma
inspiração para todas as pessoas que lutam pela conservação ambiental em todo o
mundo.