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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Nova denúncia: governo Bolsonaro teria pedido propina para compra de AstraZenca


"Dariam 200 milhões de doses de propina que eles queriam, com R$ 1 bilhão", afirmou representante de vendas à Folha


Mais letal que o vírus, Bolsonaro contribuiu ativamente para a disseminação da Covid-19 - Sergio LIMA© / AFP

Uma nova denúncia de desvio de verbas para a compra da vacinas atinge o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta terça-feira (29), desta vez envolvendo a aquisição do imunizante da AstraZeneca.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresentou como representante da Davati Medial Supply afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de cada vacina vendida em troca de fechar o contrato com o ministério, quando a empresa tentava negociar a venda de 400 milhões de doses da vacina.

"Dariam 200 milhões de doses de propina que eles queriam, com R$ 1 bilhão", afirmou Pereira ao jornal.

A cobrança da propina teria sido feita por Roberto Ferreira Dias, diretor de logística da pasta indicado ao cargo por Ricardo Barros (PP-RR), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

"Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma", teria dito ele, segundo 


Caso Covaxin

O deputado federal Luis Claudio Fernandes Miranda (DEM-DF) e o irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do ministério da Saúde, trouxeram um ingrediente explosivo para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que investiga os responsáveis pelos números exorbitantes de casos e óbitos durante a pandemia no país. 

Em depoimento aos senadores, os irmãos apontam para um suposto esquema de fraude na negociação para a compra de 20 milhões de doses do imunizante Covaxin, envolvendo o Ministério da Saúde e a empresa brasileira Precisa Medicamentos, que seria a responsável pela venda da vacina no Brasil, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. 

Edição: Leandro Melito

Fonte: Brasil de Fato


CNN Brasil

A farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos, que intermediava as negociações da vacina indiana Covaxin com o governo federal, previa faturar até US$ 200 milhões - ou R$ 1 bilhão no câmbio atual - revendendo o imunizante para clínicas privadas.

Documentos enviados à CPI da Pandemia, aos quais a CNN teve acesso, revelam as condições pelas quais a empresa intermediaria a venda de cinco milhões de doses para essas clínicas.

Assista ao VÍDEO


No Twitter


 

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Com agravamento da crise, Guedes já admite prorrogar auxílio por "mais 2 ou 3 meses"


Informação foi dada pelo ministro em encontro com empresários; para entidades sociais, é preciso mais do que isso


Atualmente, auxílio emergencial está na segunda rodada e teve valor reduzido para uma média que varia de R$ 150 a R$ 375; oposição quer retorno dos R$ 600 - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Prevista para acabar em julho deste ano, a atual rodada do auxílio emergencial já é alvo de novo debate para discutir a prorrogação do benefício. Em meio às pressões que surgem contra o governo por conta do agravamento da crise socioeconômica, o ministro Paulo Guedes afirmou, nesta terça (8), que o benefício será renovado por “dois ou três meses”.

Segundo o mandatário, os governadores disseram que a população adulta estaria integralmente vacinada até setembro, quando, na visão do governo, poderia acabar o prazo do auxílio, que pode vir a ser prorrogado por mais um mês. A declaração foi dada pelo mandatário durante evento com a iniciativa privada.

::Auxílio emergencial: confira os saques liberados nesta semana::

A duração da próxima rodada do benefício apontada por Guedes é vista como insuficiente por entidades civis que acompanham o tema da pobreza no país. É o caso dos integrantes da campanha Renda Básica que Queremos, uma articulação que aglutina dezenas de organizações. O grupo defende a liberação de parcelas durante toda a crise sanitária, que segue em alta e sem previsão de acabar.

“Não dá pra prever muito até quando deveria ser, mas, lembrando que essa crise não é só da pandemia, o auxílio deveria ser uma política permanente de renda básica porque a crise do trabalho, a crise do capitalismo que a gente vive mostra cada vez mais essa necessidade”, afirma Marcelo Edmundo, da coordenação da Central de Movimentos Populares (CMP).

O dirigente destaca a expectativa que se cria, entre a população de baixa renda, em relação a um socorro estatal diante do aprofundamento do cenário de crise.

“Por isso nossa pressão no governo será permanente, até porque a necessidade das pessoas também é permanente, e isso se junta às pressões sobre outras coisas que atingem os mais pobres, como despejo e falta de moradia. O auxílio seria algo mínimo pra dar um pouco de alívio pra essas pessoas porque, todo mundo sabe, o custo de vida aumentou, há muitos desempregados, etc.”, argumenta Edmundo.


Legislativo

A possibilidade de prorrogação da atual leva do auxílio emergencial está prevista na Medida Provisória (MP) 1039, por isso a questão não careceria de análise do Congresso Nacional, ficando na dependência apenas de um ato formal do Poder Executivo. A proposta ventilada nesta terça pelo ministro Paulo Guedes ainda não foi oficializada.

Do outro lado do jogo político, a oposição segue em coro por um aumento no valor das fatias. Em geral, o grupo defende que o pagamento volte a ser de R$ 600, com possibilidade de se liberar R$ 1.200 para mães chefes de família, como ocorreu no primeiro bloco do auxílio, em 2020. A gestão Bolsonaro tem rechaçado a possibilidade desde então, vivendo um embate com o segmento.

“Essa discussão dos R$ 600 hoje é unificadora do campo de esquerda. O que vejo é que a direita acha que não dá pra ficar sem uma resposta, se o governo quiser ser competitivo eleitoralmente”, registra o deputado Ivan Valente (SP), vice-líder da bancada do Psol.

A menção do parlamentar se refere a uma articulação de bastidor envolvendo atores do centrão que apoiam a ideia de reeleição de Bolsonaro e pressionam a gestão pela implementação de algum programa de apelo popular nos moldes do Bolsa Família. A ideia, já sinalizada pelo governo em momentos anteriores, seria reformular a política atual, mas a medida ainda não saiu do discurso.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por exemplo, tem feito coro contrário à ideia de extensão do auxílio emergencial. Na segunda (7), ele defendeu que, em vez de deliberar a prorrogação do beneficio, o governo aprove um novo programa social até julho no Congresso.

Há, no grupo dos parlamentares aliados a Bolsonaro, quem defenda a implementação de um valor mensal de R$ 400 até o pleito de 2022, para tentar turbinar o capital eleitoral do presidente, hoje desgastado pelas crises sanitária e socioeconômica.


Queda de braço

Na época da votação do primeiro auxílio, marcada pelo início da pandemia no país, a gestão vinha sendo duramente pressionada a socorrer especialmente trabalhadores informais e defendeu um benefício no patamar de R$ 200. Uma queda de braço com opositores e partidos de siglas do centrão resultou na fixação do valor de R$ 600 para o primeiro auxílio, a contragosto do governo Bolsonaro.

“Por que o Lira não coloca em votação? Porque, se colocar, vai acontecer a mesma coisa que aconteceu ano passado: de R$ 200, que foi a proposta do governo, vai pra R$ 600. E precisa ir ao menos pra R$ 600, sendo R$ 1.200 pra monoparentais. Isso ajudou, no ano passado, o comércio e a indústria a gerarem emprego e a não se deixar o povo morrer de fome”, afirma o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), ao sugerir que Lira e o governo temem a aprovação de valores mais robustos.  

Atualmente o benefício está na segunda rodada e teve valor reduzido para uma média que varia de R$ 150 a R$ 375. O pagamento hoje também é mais restrito e atende 22,6 milhões de trabalhadores a menos que em 2020, atingindo 45,6 milhões de pessoas.

Edição: Vinícius Segalla

Fonte: Brasil de Fato


Jornal da Gazeta

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou hoje que o Governo vai estender o pagamento do Auxílio Emergencial. 8 de jun. de 2021

Assista ao vídeo



terça-feira, 1 de junho de 2021

Na mira da privatização, Eletrobras, Correios e Caixa deram lucro de R$ 21 bi em 2020


Balanços das empresas públicas desmentem principal argumento utilizado em favor da privatização


Criada em 1962, Eletrobras atua nos ramos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no país - Arquivo/Agência Brasil

O pressuposto básico daqueles que defendem a privatização é que as estatais seriam ineficientes, causando prejuízo aos cofres públicos. Em última instância, esses custos seriam repassados para o bolso do contribuinte. Mas um olhar atento sobre os balanços apresentados por empresas públicas como a Eletrobras, os Correios e a Caixa Econômica Federal (CEF), desmentem esse argumento. As três empresas, que estão na mira do governo Bolsonaro, registraram lucros que somam R$ 21 bilhões somente no ano passado.

A bola da vez é a Eletrobras. A Medida Provisória (MP) 1.031/2021, que amplia a participação do capital privado na estatal do sistema elétrico, foi aprovada na Câmara dos Deputados, no mês passado. Atualmente no Senado, a MP publicada em em 23 de fevereiro tem prazo de 60 dias (prorrogável por igual período) para ser votada, antes de perder a validade. A partir do 45º dia, toda MP passa a trancar a pauta de votações da Casa Legislativa onde está tramitando.

A estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia tem capacidade instalada de 42.080 megawatts e 164 usinas, sendo 48 hidrelétricas, duas termonucleares e dezenas de outras fontes, como gás natural, eólicas ou a carvão e óleo. Tem também mais de 58 mil quilômetros de linhas de transmissão, o que corresponde a 57% do total nacional.

De acordo com balanço financeiro divulgado em março, a Eletrobras registrou lucro de R$ 6,387 bilhões em 2020. A própria direção da estatal afirma que esse resultado demonstra “a robustez e a liquidez da companhia mesmo em um ano marcado pela pandemia de covid-19”. No ano anterior, os resultados foram ainda maiores, totalizando R$ 11,133 bilhões.


Correios

Ocupando o segundo lugar na fila das privatizações, os Correios tiveram lucro líquido de R$ 1,53 bilhão em 2020. Os números, que não foram divulgados oficialmente, constam de uma comunicação enviada pelo presidente da estatal, Floriano Peixoto Vieira Neto, ao Ministério da Economia. As receitas com encomendas, por exemplo, tiveram crescimento de 9% em relação ao ano anterior, por conta do aumento do comércio eletrônico em decorrência da pandemia. Desde 2017, a empresa fecha no azul.

Apesar dessa trajetória de alta – ou justamente em função disso –, o governo Bolsonaro apresentou, em fevereiro, o Projeto de Lei (PL) 591/2021, que inclui a empresa pública mais antiga do Brasil, fundada há 358 anos, no Programa Nacional de Desestatização. Os Correios estão presentes nos 5.570 municípios, entregando em média, 15,2 milhões de objetos postais por dia, serviço realizado por cerca de 100 mil trabalhadores.

Além da sua capilaridade, a estatal oferece sempre as menores tarifas, quando comparado com os valores cobrados pelas empresas privadas de logística. Por outro lado, de acordo com auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o Índice de Entrega no Prazo (IEP) subiu de 87%, em 2015, para 97% em 2019.


Caixa

Outro alvo da sanha privatista, a Caixa Econômica Federal (CEF) registrou lucro líquido de R$ 13,17 bilhões em 2020. Só no ano passado, o banco público pagou auxílio emergencial no total de R$ 293,1 bilhões para 67,9 milhões de pessoas. Também foi responsável pela liberação de R$ 36,5 bilhões do Saque Emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), valor pago a 51,1 milhões de pessoas. Além disso, a Caixa detém a liderança do mercado habitacional com 68,8% de participação no financiamento da casa própria.

Dado o seu papel estratégico, e a inviabilidade política de propor a privatização na íntegra, o governo Bolsonaro tem adotado a estratégia de fazer a venda fatiada da Caixa. Essa estratégia foi tentada no ano passado, com a publicação da MP 995/2020. Contudo, graças à mobilização dos trabalhadores, essa medida acabou caducando. Ainda assim, a direção do banco conseguiu manobrar para realizar a abertura de capitais da Caixa Seguridade, concluída no mês passado.


Motivos e riscos

Se essas empresas públicas estão dando lucro, quais seriam então os reais motivos para a privatização? “De maneira muito simples, eles querem que esses lucros sejam apropriados pelo setor privado”, afirma o economista André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além disso, há a “crença” de que essa lucratividade pode ser ainda maior nas mãos da iniciativa privada.

“Em tese, o setor privado seria um melhor gestor. Teria mais visão de mercado e maior flexibilidade. O que traria lucros ainda maiores. Na visão deles, isso seria gerar riquezas pra toda a sociedade. Porque eles confundem sociedade com os acionistas das empresas, o que é uma metonímia (a parte pelo todo) bastante simbólica dessa visão de sociedade.”

::A política econômica de Bolsonaro: entre o nacionalismo de fachada e o neoliberalismo::

Para Roncaglia, a privatização “é sempre uma promessa”. Contudo, alguns dados da realidade contrariam esse desejo. Ele cita, por exemplo, o próprio sistema elétrico, que foi parcialmente privatizado (em especial, as antigas empresas estaduais de distribuição de energia). Ainda assim, o Brasil detêm hoje a segunda maior tarifa de energia do mundo. “De maneira bem clara, não consigo dizer que o setor privado vai ser mais produtivo e oferecer melhores serviços. Não tem absolutamente nada que garanta isso”.

Outro complicador, segundo ele, é a questão da regulação. A privatização de serviços públicos exige a existência de agências reguladoras atuantes. Contudo, devido à dimensão bilionária desses negócios, é sempre latente o risco dos reguladores serem “capturados” pelos interesses privados. No final, quem vai pagar essa conta é o cidadão.

Fonte: Brasil de Fato


TV GGN

O consultor em energia e ex-ministro interino de Minas e Energia do governo Lula, Nelson Hubner, explica as consequências e interesses por trás da privatização da Eletrobras. 25 de mai. de 2021

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sábado, 29 de maio de 2021

29M: Polícia Militar reprime com bombas ato pacífico contra Bolsonaro no Recife (PE)


Governo do Estado de Pernambuco não autorizou a ação policial e abriu apuração sobre o caso



 

O Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco reprimiu com bombas e spray de pimenta o ato das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, na manhã deste sábado(29), no Recife (PE).

Os policiais dispararam balas de borracha contra os manifestantes nas proximidades da ponte Duarte Coelho, na área central da cidade, no momento em que a mobilização se encaminhava para o final.

Confira pelo país: 29M: Acompanhe em tempo real as manifestações deste sábado pelo "Fora Bolsonaro"

O ato seguia de forma pacífica, cumprindo as recomendações de segurança com uso de máscaras e distanciamento, pela Avenida Conde da Boa Vista, principal corredor do Centro da capital pernambucana, quando foi interrompido pelos policiais, no trecho entre a Rua da Aurora e Avenida Conde da Boa Vista.


“Isso é um absurdo. Nós estamos aqui protestando contra o Governo Bolsonaro, cobrando vacina e auxílio emergencial e somos recebidos dessa forma pela Polícia Militar. Não podemos admitir isso”, disse a vereadora Dani Portela (Psol), que estava presente no ato.

Parlamentares, líderes sindicais e dos movimentos populares presentes no ato tentaram dialogar com o comando da equipe do Batalhão de Choque e com o Governador do Estado, Paulo Câmara, por telefone, mas não foram recebidos e atendidos para iniciar uma negociação.


Agressão contra parlamentar

Um vídeo que circula na internet mostra a vereadora Liana Cirne (PT) sendo atingida por um spray após se aproximar de uma viatura da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE). 



 Reações contrárias

No momento da repressão, o dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Pernambuco, Paulo Mansan, fez críticas ao Governo do Estado de Pernambuco.  

"É inadmissível o que o governo [de Pernambuco] fez. Usar da força desproporcional contra um ato pacifico, que estava respeitando todas as normas. Não podemos aceitar ser recebidos dessa forma pela polícia", Paulo Mansan, da Coordenação do MST.

A vereadora Dani Portela seguiu a mesma linha. Ela destacou que a mobilização popular cumpria o distanciamento social e cobrava vacinação a segurança alimentar.

 


O vereador Ivan Moraes (Psol) destacou que os atos estavam sendo concluídos e sem nenhum registro de problemas até o momento da abordagem policial.




 Posição do Governo de Pernambuco

O governador Paulo Câmara (PSB) publicou vídeo no Instagram às 15h55 afirmando ter determinado a apuração de responsabilidades por parte da Polícia Militar de Pernambuco diante do caso. Anteriormente, a vice-governadora, Luciana Santos (PCdoB) tinha informado que Paulo Câmara não autorizou a repressão.  

"A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação", informou.



 Ministério Público

Na véspera da mobilização, a 34ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, com atribuição na Promoção e Defesa da Saúde do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), expediu uma recomendação orientando a não realização de eventos presenciais que possam promover aglomerações.

O documento do MPPE se baseou nas novas medidas de restrições adotadas pelo Governo do Estado por causa do aumento de casos de Coronavírus em Pernambuco. 


Polícia Militar de Pernambuco

Entramos em contato com a Polícia Militar de Pernambuco e aguardamos uma resposta sobre os fatos citados. 

Edição: Daniel Lamir

Fonte: Brasil de Fato


Poder360

O Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco usou balas de borracha e gás lacrimogênio para dispersar a manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, em Recife (PE), neste sábado (29.mai.2021).

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quinta-feira, 27 de maio de 2021

ONU fala em possível "crime de guerra" nos ataques de Israel contra palestinos


A alta comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, afirmou nesta quinta-feira (27) que os bombardeios realizados por Israel na Faixa de Gaza durante 11 dias neste mês de maio podem ser classificados como "crimes de guerra", caso "se verifique" uma desproporcionalidade nos ataques.


Capturaregtrhw.JPGEdifício é atingido durante um ataque aéreo israelense contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 20 de maio de 2021 - Foto: Said Khatib/AFP


Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, 243 pessoas morreram por conta dos bombardeios, incluindo 66 crianças. Foram registrados, também, mais de 2 mil feridos. Já do lado israelense, 12 pessoas morreram – dentre elas, uma criança.

:: Após 11 dias consecutivos de bombardeios contra Gaza, Israel aceita cessar-fogo ::

"Se for verificado que o impacto sofrido por civis e seus bens materiais foi indiscriminado e desproporcional, esses ataques podem se constituir como crimes de guerra", disse Bachelet durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos.

Segundo a chilena, apesar de o governo de Tel Aviv afirmar que os prédios atingidos em áreas de população civil abrigavam o que Israel chama de "terroristas do Hamas", o país "não apresentou provas a respeito". Bachelet ainda lembrou que diversas das estruturas atingidas por bombas "eram edifícios governamentais, casas, edifícios residenciais, de organizações humanitárias, instalações médicas e estradas".

:: Entenda a interferência norte-americana no conflito entre Israel e Palestina ::

Durante os ataques israelenses, que ocorreram entre 10 e 21 de maio, Tel Aviv recebeu apoio de diversos governos – incluindo o norte-americano, liderado pelo democrata Joe Biden -, que afirmavam que Israel "tinha o direito de se defender" dos foguetes lançados pelos grupos Hamas e Jihad Islâmica, mas que a resposta "deveria ser proporcional". 

Estes apoios, no entanto, ignoram o fato de que Israel ocupa ilegalmente regiões palestinas, como a Cisjordânia, e a resistência local. Em Gaza, apesar de controlar o espaço aéreo e a costa marítima, Tel Aviv se considera mais uma força ocupante. Diversos países contestam esta afirmação.

Apesar do cessar-fogo, a polícia israelense atacou, ainda no dia 21, palestinos que estavam rezando e comemorando a interrupção dos bombardeios na frente da mesquita de Al-Aqsa, local sagrado aos muçulmanos que fica em Jerusalém oriental. 

:: Entenda as origens e extensão dos ataques de Israel contra palestinos; veja vídeo ::

"Eles estavam cantando quando um contingente da polícia israelense entrou no complexo e começou a usar medidas de controle de multidão que eles usam, como de costume, incluindo granadas de choque, bombas de fumaça e gás lacrimogêneo", relatou o jornalista de Al Jazeera Imran Khan.

O Departamento de Negociações da Palestina informou ainda que cinco jornalistas foram agredidos na ocasião, incluindo um produtor da CNN.


AFP Português

Os bombardeios israelenses sobre Gaza poderiam ser considerados crimes de guerra. Foi o que afirmou nesta quinta-feira a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.




Mais detalhes do conflito no Twitter: #FreePalestine


 

 

 

 

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Em luta contra extrema pobreza, China assentou população que vivia em barcos


Correspondente na China visita o povoado de Xiaqi, no sudeste do país, para ver como a vida dos moradores se transformou


 Até 2013, todas as famílias que viviam em barcos foram instaladas no vilarejo de Xiaqi, que agora tem mais de seis áreas habitacionais e 3,6 mil moradores - Hector Retamal

Durante gerações, a água foi tanto casa quanto algoz para os moradores das casas flutuantes na vila de Xiaqi, na cidade costeira de Ningde, na China. Os barcos de pesca eram o local em que viviam e trabalhavam os moradores que não tinham um lar em terra e estavam à mercê do mar e das condições climáticas.

Embora o processo de realocação dos aldeões para o continente tenha começado nos anos 90, só em 2013, como parte dos programas para erradicar a extrema pobreza na China, foi que a maioria dos habitantes dos barcos Xiaqi, estimados em quase 800 famílias, foram realocados.

::Em plena pandemia, prefeitura de SP reduz níveis do auxílio-aluguel a valores de 2014::

Para mantê-los em terra e evitar que voltassem à pobreza, o governo local forneceu lotes de terra gratuitos e um subsídio para construção de moradias. Também forneceu água, eletricidade, instalações médicas, escolas e auxílio para a criação de empregos relacionados ao mar.

Nos últimos anos, os pescadores deixaram de participar exclusivamente no setor pesqueiro para se unirem aos setores da agricultura, construção ou serviços.

Saiba mais sobre a transformação do vilarejo no vídeo da correspondente da teleSUR na China, Iramsy Peraza.

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Fonte: Brasil de Fato

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terça-feira, 25 de maio de 2021

Artigo | Apesar da crise, super-ricos ficaram ainda mais ricos


Riqueza nacional diminuiu 425 bilhões de dólares no ano passado, enquanto número de bilionários aumentou


Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92% - Astrid Schmidt

O segundo ano do governo Bolsonaro confirmou o crescimento da dissociação entre o desempenho econômico brasileiro e o aumento da  riqueza extrema. Tendência, aliás, acelerada justamente a partir do golpe de 2016, que retirou o PT do governo federal.

Na recessão de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB), que é  a soma de toda a riqueza gerada no ano, encolheu 4,1%, medido pela régua da moeda nacional (real), ou 22,7% considerando o dólar. A economia nacional caiu do 9º lugar para o 12º lugar na lista dos países mais ricos do mundo, em 2020.

Mesmo assim, os super-ricos brasileiros se deram bem. No ranking da revista Forbes, indicador das grandes fortunas em dólares no mundo, o Brasil foi o sétimo país a mais adicionar bilionários à sua população.

Apesar da riqueza nacional ter diminuído 425,5 bilhões de dólares, no ano passado, o Brasil assistiu ao aumento de 46,7% no número de bilionários – passou de 45 (2019) para 66 (2020).

::Distribuição de renda deve vir também em tributação de super-ricos, diz pesquisadora ::

A fortuna dos super-ricos aumentou 73,4%, era 127,1 bilhões de dólares (2019) e saltou para US$ 220,4 bilhões, em 2020. Com isso, o somatório das fortunas dos bilionários, em relação à riqueza nacional, se multiplicou 2,2 vezes e passou a ser 15,2% do PIB brasileiro de 2020 (a maior participação da história do capitalismo no país), contra 6,8%, em 2019.

Mas o que poderia permitir esta explosão no crescimento dos super-ricos e suas riquezas em meio aos destroços atuais da economia nacional? Teria sido a sorte que bateu a porta deste minúsculo agrupamento da sociedade?

O beneplácito não decorreu da mão invisível do mercado, muito menos, para a maioria deles, do desempenho econômico pelas empresas das quais são acionistas. Na realidade, a ação do governo Bolsonaro e de sua equipe econômica “sonho do mercado financeiro” tem sido recorrentemente voltada ao favorecimento de ricos, poderosos e privilegiados.

De certa forma, é o resultado direto das opções desde o retorno do receituário neoliberal providenciado com a pomposa denominação de “uma ponte para o futuro”. Assim, o padrão de responder à crise mudou, para manter protegidos os super-ricos no Brasil.

O papel do Banco Central, atualmente independente, tem sido chave para explicar a pujança mais recente dos bilionários frente ao desmonte neoliberal da economia nacional. Com a torneira monetária aberta, a política pública do dinheiro fácil convergiu para ricos e poderosos, quase que excluindo a parte maior da sociedade do orçamento governamental.

A injeção do dinheiro público no mercado financeiro impulsionou um conjunto de medidas corporativas na recompra de ações, negociações de derivativos e outras operações de captura da volatilidade de curto prazo que terminaram por favorecê-los e evitar o colapso eminente da bolsa de valores.

Esse apoio governamental direcionado e sem contrapartidas reais tornou possível aos bilionários a obtenção do crescimento significativo de suas fortunas, independente do comportamento negativo vislumbrado no conjunto das atividades econômicas do país.

::Personagem em quadrinhos discute tributação dos super-ricos de forma didática::

Além disso, os super-ricos contaram também com a política pública de auxílios  patrocinados pelo governo Bolsonaro, novamente sem contrapartida social, fiscal e ambiental. Também contou favoravelmente para a camada prioritária dos bilionários, a sua reprodução associada à prática dos subsídios, isenção e sonegação tributária.

Assim, numa das mais graves recessões da história do capitalismo brasileiro, não se soube da morte de nenhum tubarão econômico (grande empresa, banco ou fundo financeiro). Fundamentalmente, com a política bolsonarista, o que ocorreu foi a quebradeira de milhares de micro e pequenos negócios e da generalização na casa dos milhões de desempregados de trabalhadores por conta própria e de assalariados com e sem carteira.

Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92%, tendo o lucro líquido de sua operadora (B-3) registrado o crescimento de 53% em 2020. Nesse mesmo ano, o conjunto dos quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto tiveram alta de 24,4% no lucro líquido.

Diferentemente do cenário econômico atual, cuja crise não se apresenta para todos os brasileiros, as duas recessões anteriores do século 21 atingiram, também, e fortemente, os super-ricos.

Na crise financeira global de 2008 e na recessão de 2015 e 2016, por exemplo, os bilionários não ficaram imunes à crise econômica e contabilizaram prejuízos consideráveis.

Em 2009, quando o PIB registrou queda de apenas 0,1%, a quantidade de bilionários declinou 27,2%, passando de 18 super-ricos, em 2008, para somente 13, em 2009.

Da mesma forma, houve a queda de 36,8% na participação das fortunas em relação ao PIB, que caiu de 3,8%, em 2008, para 2,4% da riqueza nacional, em 2009.

No biênio de 2015 e 2016, por força da recessão econômica, o PIB acumulou o encolhimento de 6,9%, enquanto o número de bilionários diminuiu 52,3% e a soma das fortunas dos super-ricos em relação ao PIB caiu 5,4%. Isso porque em 2016, o Brasil tinha 31 bilionários, cuja somatória das fortunas equivalia a 7,5% do PIB, ao passo que em 2014 eram 65 bilionários para um total de fortunas que representava 7,9% da riqueza nacional.

 

* Marcio Pochmann é economista, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais da UNICAMP, ex-presidente do IPEA, autor de vários livros e artigos publicados sobre economia social, trabalho e emprego.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Teoria Política


Galãs Feios

Bilionários brasileiros ficam mais ricos na pandemia | Galãs Feios - 27 de jul. de 2020

Mesmo em meio a pandemia do coronavírus, os 42 bilionários brasileiros (entre eles Luciano Hang, o Veio da Havan, Jorge Paulo Lemann e André Esteves) viram o conjunto de suas fortunas crescer US$ 34 bilhões nos meses da pandemia. De acordo com a ONG Oxfam com base em dados do ranking de bilionários da revista Forbes, esse é o desempenho vencedor dos nossos ultra ricos. Helder e Bezzi comentam.

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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Yanomamis denunciam morte de duas crianças durante ataque de garimpeiros em Roraima


Crianças de 1 e 5 anos foram encontradas no Rio Uriracoera depois de fugirem dos disparos


Neila Yanomami e outros 8 lideranças indígenas da Comunidade Palimiu em Boa Vista (RR) no último sábado (15) - Reprodução /Divulgação


 Duas crianças Yanomami, de 1 e 5 anos, foram encontradas mortas após ataque de garimpeiros ilegais na última segunda-feira (10) na comunidade Palimiu, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. 

"Na segunda-feira, muitas crianças correram pro mato, pro outro lado e pro rio [pra fugir dos tiros]. E as duas crianças ficaram lá pra beira do rio. Todo mundo na hora tava num clima muito ruim, estava se defendendo, e as crianças foram se esconder no mato", explica Dário Kopenawa, vice-presidente da associação Hutukara.  

"No dia 11 começaram a procurar e acharam as crianças, mas sobrou duas [que não foram localizadas]. Então no dia 12 as crianças boiaram no Rio Grande. Eles foram recolhidos às 15h. As lideranças confirmaram que as crianças morreram durante o tiroteio fugindo dos tiros".

Em vídeo gravado pelos indígenas, é possível ver o exato momento em que as embarcações se aproximam e começam a atirar. Mulheres e crianças que estavam sentadas próximas à beira do rio correm para dentro da comunidade. Na correria, duas crianças se perderam na mata e acabaram caindo no rio.


Brasil de Fato

Garimpeiros armados chegam de barco e atacam comunidade indígena em Roraima

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Em nota, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) informou que os indígenas estão muito tristes e de luto pela perda das crianças, além de estarem muito cansados - já que não conseguem dormir direito por conta dos ataques dos garimpeiros. 

No último sábado (15), 9 lideranças indígenas da comunidade Palimiu estiveram em Boa Vista, capital de Roraima, para conversar com a imprensa e se reunir com o Ministério Público Federal. Na ocasião, as lideranças puderam dar mais detalhes do que a comunidade vem vivendo por conta dos ataques. 

"Nós estamos muito preocupados com nossos parentes do Palimiu, que estão sofrendo ameaças contra suas vidas. Nesse momento, a comunidade de Palimiu está sem nenhuma assistência de saúde: os profissionais de saúde foram removidos por conta dos tiroteios", diz a nota da associação.

 No texto a HAY também afirma que não há nenhuma força pública de segurança permanente no local e que os garimpeiros continuam amedrontando a comunidade."Os garimpeiros estão circulando ao redor da comunidade armados em barcos. Na noite do dia 14 de maio entraram na comunidade, mas os Yanomami tinham fugido do mato para se proteger".

"Nós Yanomami queremos viver em paz na nossa terra, com a floresta. As autoridades brasileiras precisam cumprir sua responsabilidade e agir urgentemente para garantir a segurança dos Yanomami e dos Ye’kwana, e para proteger a Terra Indígena Yanomami e a floresta do garimpo ilegal", conclui a nota. 

Com base em pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), a  Justiça Federal determinou na última sexta-feira (14), que a União mantenha efetivo armado, de forma permanente, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes.

Na decisão, foi estabelecido prazo de 24 horas para que a União informe e comprove nos autos o envio de tropa para a comunidade sob pena de multa a ser fixada. Também foi determinada à Fundação Nacional do Índio (Funai) que auxilie as forças de segurança no contato com os indígenas e no gerenciamento das relações interculturais.

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) na quarta-feira (12), na Ação Civil Pública ajuizada no ano passado, na qual pediu a total desintrusão de garimpeiros na região.

Em nota, o  Ministério da Saúde, por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, informa que "os profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) que se encontravam no Polo Base da comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, foram retirados, pelo DSEI, por falta de segurança no local, na terça-feira, 11 de maio".

A pasta afirma que a retirada foi  acompanhada por agentes da Polícia Federal e pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami "para garantir a integridade física dos profissionais de saúde".

"A unidade de atendimento será reaberta tão logo seja possível atuar em segurança na localidade. Em caso de urgência ou emergência durante este período, o DSEI realizará atendimento pontual e a comunidade não ficará desassistida".

O Brasil de Fato também procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Defesa, mas não obteve resposta até o momento desta publicação.


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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Parlamento de Rondônia reduz em 90% reserva Jaci-Paraná em prol da pecuária ilegal


Redução recorde de áreas de conservação premia invasores e ameaça biodiversidade


Da órbita terrestre, é possível ver a barreira contra o desmatamento exercida pelas unidades de conservação - Aqua/Nasa/Reprodução

Dias antes da abertura da Cúpula do Clima, quando aumentaria a pressão internacional sobre o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a Assembleia Legislativa de Rondônia “passou a boiada” e promoveu a maior redução de unidades de conservação já aprovada por um parlamento estadual.

Os deputados decidiram na terça-feira (20) praticamente extinguir a Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná, uma das mais desmatadas do país, em benefício da pecuária ilegal. Dos 193 mil hectares, sobrarão apenas 22 mil, pouco mais de 10% do território original.

Já o Parque Estadual de Guajará-Mirim perderá 55 mil dos 216 mil hectares e terá a própria sede excluída da área de conservação. A área total desafetada ultrapassa os 200 mil hectares, equivalente a quase 300 mil campos de futebol.

Caso seja sancionada pelo governador bolsonarista coronel Marcos Rocha (sem partido), o projeto vai permitir a legalização de terras griladas, além de comprometer seringueiros, extrativistas, povos em isolamento e indígenas cuja população ainda se recupera de ataques inciados na época da extração da borracha.

O presidente da Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé, organização com 33 anos de atuação em prol da conservação de áreas protegidas em Rondônia, classifica a medida como um estímulo a crimes ambientais.

“Mesmo que as invasões sejam de 15 ou 20 anos atrás, o recado é que em algum momento esses invasores serão regularizados. Essa é a mensagem que está sendo passada para esses grupos organizados que invadem áreas de conservação e terras indígenas”, alerta Paulo Bonavigo.


Povos ameaçados

Da órbita terrestre, é possível visualizar a olho nu uma imensa massa de floresta amazônica preservada a oeste de Rondônia. Cercados pelo desmatamento, moradores da imensidão verde, cada vez mais encolhida, articulam-se para sobreviver.

É o caso dos karipuna, autodenominados ahé (“gente verdadeira”) e quase exterminados no século passado por epidemias e conflitos. Segundo o Instituto Sócio Ambiental (ISA), em 2004 restavam 14 deles.

Por segurança, Adriano Karipuna, ativista e liderança do povo, prefere não divulgar em quantos são atualmente. Especialmente agora, com a iminência da desafetação – perda de vínculo jurídico - das unidades de conservação que formam um “cinturão” de proteção em volta da Terra Indígena (TI) Karipuna, homologada em 1998 e alvo de violações constantes.

Adriano Karipuna viajou o mundo denunciando o genocídio contra seu povo / Guilherme Cavalli/Cimi/Reprodução

“Estamos muitos preocupados porque as Unidades de Conservação e a Reserva Extrativista estão todas no entorno da TI, em um raio de 10 km. Para os invasores, essa distância é fichinha, é a coisa mais fácil do mundo adentrar na terra Indigena”, afirma Adriano.

“Nós estamos na luta contra esse projeto genocida dos povos indígenas. Vai haver uma facilidade imensa para aumentar a invasão nos territórios indígenas e loteamentos, como já vinha ocorrendo”, preocupa-se.

A desafetação ameaça também indígenas em situação de isolamento voluntário.“Eles são nômades, não têm as fronteiras definidas, então transitam com muita frequência na área que envolve o parque Guajará-Mirim e a Terra Indígena Uru-eu-wau-wau”, explica Edjales Benício de Brito, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

“As Unidades de Conservação (UCs), junto com as terras indígenas, formam verdadeiros corredores etnoambientais. No momento que você desafeta uma unidade que integra um corredor ecológico, você retira uma barreira de proteção, você impacta tanto esses povos, como a biodiveridade”, completa.

Divida entre os municípios de Porto Velho, Buritis e Nova Mamoré, a TI Karipuna é alvo constante da exploração ilegal de madeira. Conforme Adriano, madeireiras localizadas nos distritos de União de Bandeirantes, Jacinópolis e Nova Dimensão funcionam a todo vapor com matéria prima retirada da TI.

“Nesses municípios há um surto muito grande de serrarias que roubam madeira do território Karipuna. Por aí a gente vê que toda essa madeira que está abastecendo esses três distritos está saindo da Terra Indigena, da Unidade de Conservação Jaci Paraná e de parques naturais”, conclui.


Grilagem premiada

“A desafetação da Reserva Extrativista Jaci-Paraná automaticamente afeta também a Terra Indígena que está do lado”, explica Joadir Luiz de Lima, assessor da Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), solidarizando-se com o povo Karipuna.

O geógrafo relembra um momento de calmaria na história da Jaci-Paraná, criada em 1996, quando mais de 50 famílias de seringueiros já viviam na beira do rio Jaci, com base na pesca e extração de castanha e borracha.

Principalmente a partir de 2005, um exército de grileiros foi tomando a área protegida, expulsando de forma violenta a população local, hoje substituída por 120 mil cabeças de gado, conforme apontam lideranças locais.

“Agora não tem nenhuma dessas famílias lá, o impacto foi muito grande. Em 96 não tinha invasão. E o governo usa justamente essas invasões como desculpa para desafetar a área”, diz o assessor da OSR.

“Existem duas reservas do lado de Jaci que já estão todas devastadas, que juntas somam 140 mil hectares. Estão numa situação pior que a dela”, completa.


Legislando em causa própria

Na Assembleia Legislativa, os danos irreversíveis à sociobiodiversidade brasileira foram justificados por um fim aparentemente nobre: a proteção a pequenos agricultores que ocupam as áreas preservadas.

“Nós reconhecemos que o esteio da economia de Rondônia é o homem e a mulher da roça, o povo da mão calejada, e é pra esses que nós devemos a obrigação de apoiar em todas as ações necessárias (...)”, bradou o líder do governo, deputado Luizinho Goebel (PV).

“Na verdade esse discurso é mentiroso porque a grande maioria não é de pequenos produtores. Existem, de fato, produtores que vivem daquela terra, mas são minoria”, rebate Paulo Bonavigo, da Ecoporé.

Ele atuou como coordenador das unidades de conservação de Rondônia pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam) entre 2011 e 2013 e conhece de perto a Resex Jaci-Paraná.

“Quando eu andava por lá, o pessoal falava: ‘essa propriedade aqui é de um senador, essa de um deputado, essa é do prefeito, essa aqui é o dono da casa agropecuária”, narra.

“Tem gente grande, muito laranja. É difícil você provar quem é o dono da terra. Mas uma reserva que tem mais de 100 mil cabeças de gado em área de invasão, não é de pequeno produtor rural”, diz Bonavigo.

Na Assembleia Legislativa, durante a sessão que aprovou o Projeto de Lei Complementar em duas votações, o deputado Ezequiel Neiva (PTB) buscou conscientizar os colegas da importância de agilizar a votação.

“Uma das últimas oportunidades [de aprovar o projeto] estamos tendo hoje, haja vista que em muitos poucos dias acontecerá a grande cúpula do clima lá nos Estados Unidos", afirmou no plenário.

Mapas revelam as invasões que expulsaram violentamente seringueiros da Reserva Extrativista Jaci-Paraná / OSR/Divulgação

Contrapartida contestada

Ciente dos impactos negativos, os parlamentares incluíram na proposta a criação de seis Unidades de Conservação (UCs) que, juntas, somam 120 mil hectares. A contrapartida, no entanto, pode não surtir efeito.

Segundo a Ecoporé, algumas das UCs já haviam sido formalmente criadas no governo anterior, mas a implementação foi travada por contestações judiciais.

“A inclusão dessas unidades acabou sendo moeda de barganha em troca das áreas invadidas da Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim. Barganharam unidades que já haviam sido criadas por eles mesmos”, analisa o presidente da Ong.

O Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO) encaminhou à Procuradoria-Geral de Justiça um pedido de Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a alteração dos limites das áreas de conservação.

Para o MP-RO, os espaços territoriais protegidos não podem ser reduzidos por legisladores infraconstitucionais, como os deputados de Rondônia.

Entidades que representam extrativistas e indígenas também se articulam para barrar judicialmente a iniciativa.

“A gente teme que esses ataques estejam só começando. Nós temos outras florestas estaduais invadidas e outras unidades de conservação que a gente já recebeu denúncia que estão sendo invadidas”, prevê o presidente da Ecoporé.

Fonte: Brasil de Fato


Greenpeace Brasil

Amazônia Explicada - A Amazônia pode acabar algum dia? #4

A floresta amazônica é tão grandiosa, que é difícil imaginar o mundo sem ela. Mas estudos vêm mostrando que se o desmatamento atingir um ponto limite, é possível que ela nunca mais consiga se recuperar por completo, o que mudaria o planeta como conhecemos.

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