O número total de pessoas na extrema pobreza deve chegar a
17,3 milhões em 2021. Bolsonaro afirmou no Palácio da Alvorada que o auxílio
para a população durante a pandemia de Covid-19 é emergencial, e não
“duradouro” ou “vitalício” como uma aposentadoria
247 - Jair Bolsonaro, em conversa com apoiadores
no Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira, 25, afirmou que o auxílio
emergencial para a população durante a pandemia do novo coronavírus é
emergencial, e não “duradouro” ou “vitalício” como uma aposentadoria.
Ignorando o aumento contínuo de casos de Covid-19 no Brasil,
ele disse que “a palavra é emergencial. O que é emergencial? Não é duradouro,
não é vitalício, não é aposentadoria. Lamento muita gente passando necessidade,
mas a nossa capacidade de endividamento está no limite”.
Assim, Bolsonaro deve empurrar 3,4 milhões de pessoas para
extrema pobreza, de acordo com uma pesquisa divulgada em reportagem do jornal
Estado de S.Paulo.
O número total de pessoas na extrema pobreza chegaria a 17,3
milhões em 2021, segundo os conceitos da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
SEM AUXÍLIO EMERGENCIAL BOLSONARO SEGURA O IMPEACHMENT?
Bolsonaro nega auxílio emergencial, diz que não é aposentadoria. Isso pode prejudicar a população, mas também vai prejudicar sua popularidade. Será que o Impeachment não tomar força a partir daí?
Mobilizações são grandes em várias capitais e levam carros
às ruas, com buzinaço, também em cidades do interior. Manifestantes gritam
“Fora Bolsonaro” e intensificam debate para o impeachment em meio à gravidade
da pandemia
Carreata por Fora Bolsonaro em Brasília (23/01/2021) (Foto: Reprodução)
247- Cidades de todo o Brasil foram palco neste
sábado (23) de carreatas em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro em meio ao
agravamento da pandemia do coronavírus, com aumento do número de mortes. As
manifestações, que começaram cedo, também pediram vacina para todas e
todos e defenderam a continuidade do auxílio emergencial.
Em algumas capitais, como Brasília, São Paulo e Rio de
Janeiro, as mobilizações foram enormes, levando centenas de carros às ruas, com
buzinaço e muitos gritos e bandeiras. Mas os protestos aconteceram também em
centenas de cidades do interior de todos os estados. Confira abaixo imagens
postadas nas redes sociais:
Carreata pelo impeachment do genocida Jair Bolsonaro em Brasília foi enorme.
Rio, Brasília, Belém e Rondônia já se levantaram contra Bolsonaro em grandes carreatas pedindo por #impeachmentJa! A nossa aqui em Porto Alegre é daqui a pouco! Nos encontramos às 16h no Largo Zumbi. pic.twitter.com/3jBG16kXjQ
Em Fortaleza, grupos que pedem a saída de Bolsonaro se reúnem neste momento na Rua Dragão do Mar para início da carreata. Nossa equipe está no local enviando informações. Acompanhe.
Em Porto Velho, carreata pede impeachment de Bolsonaro e vacina pra todos e todas! Ato percorreu o centro da capital de Rondônia. Vídeo: Luciana Oliveira pic.twitter.com/tSD40BFXMX
Carreata Fora Bolsonaro: ato pelo país pede impeachment do
presidente
Carreatas organizadas em várias cidades do Brasil saíram às ruas neste sábado (23) pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os atos foram convocados em protesto pelo agravamento da crise do coronavírus e dificuldade do governo federal de agilizar uma ampla campanha de vacinação no país.
A agência também destacou que o fim do auxílio emergencial
poderia representar alguns riscos para a recuperação
Os atrasos contínuos do Brasil na distribuição de uma vacina
contra o coronavírus irão aumentar os riscos negativos para a recuperação
econômica projetada para este ano, afirmou hoje (13) a principal analista para
o Brasil da agência de classificação de risco Moody’s.
O governo brasileiro está sob pressão em meio ao ritmo lento
do lançamento de vacinas no país. A imunização ainda não foi iniciada no maior
país da América Latina, e a agência reguladora de saúde Anvisa ainda não
aprovou nenhuma vacina para uso.
Em uma entrevista à imprensa virtual abordando as
perspectivas econômicas do Brasil, Samar Maziad disse que a vacinação em todo o
país limitará o escopo de medidas adicionais de distanciamento social e
fechamento de negócios, apoiando assim a economia.
“À medida que vemos atrasos, isso aumentará o risco negativo
para a recuperação”, disse Maziad.
A Moody’s espera que a economia do Brasil cresça 3,3% este
ano, após uma contração esperada de 5,7% em 2020, com a maior parte da
recuperação atribuída à base fraca de comparação e não a um processo
autossustentável de retomada.
Maziad disse ainda que o fim do auxílio emergencial pago a milhões de famílias no ano passado, no valor de quase R$ 300 bilhões, um dos programas de transferência de renda mais generosos do mundo como proporção do tamanho economia, pode desacelerar a recuperação e talvez fomentar a agitação social.
“A retirada da ajuda representa algum risco para a agitação social …(e) com o alto desemprego, há alguns riscos (para a economia). Mas não um risco elevado”, disse ela. “Os (principais) riscos continuam do lado fiscal.”
Maziad disse que o abandono do teto de gastos do governo, principal âncora fiscal do país, teria implicações negativas para o perfil de crédito soberano do Brasil.
Os gastos para combater a crise no ano passado abriram um buraco recorde nas finanças públicas, ameaçando a regra que limita o crescimento dos gastos à taxa de inflação. Muitos analistas dizem que uma violação em algum momento do futuro próximo é altamente provável.
A Moody’s tem um rating de Ba2 para o crédito soberano do Brasil, abaixo do chamado grau de investimento, com perspectiva estável. (Com Reuters)
Número de famílias em extrema pobreza cadastradas no
CadÚnico superou a casa de 14 milhões e alcançou o maior índice desde o final
de 2014
O total de pessoas na miséria no Brasil hoje equivale a
cerca de 39,9 milhões de pessoas, de acordo com dados do Ministério da
Cidadania. Entram na conta de famílias de baixa renda aquelas que têm renda de
até R$ 89 por pessoa (renda per capita).
Além destas, até outubro, havia no país outras 2,8 milhões
de famílias em situação de pobreza, com renda per capita média de moradores
entre R$ 90 e R$ 178.
De acordo com informações do repórter Carlos
Madeiro, para o UOL, o número de famílias em extrema pobreza cadastradas no
CadÚnico (Cadastro Único para programas sociais do governo federal) superou a
casa de 14 milhões e alcançou o maior número desde o final de 2014.
O cadastro é atualizado constantemente e reflete as mudanças
na condição de vida no país. O objetivo é que o governo saiba a renda das
famílias e pague um valor complementar para superação da extrema pobreza no
valor de R$ 41 a R$ 205, caso a família esteja inscrita e aprovada no Bolsa
Família.
A tendência para este mês é que a pobreza cresça no país com
o fim de auxílio emergencial e outros programas que auxiliaram
pessoas, entes e empresas por conta da pandemia.
Com o fim do auxílio emergencial, a média do valor pago vai
baixar de R$ 329,19 para R$ 190, como era antes da pandemia.
Olha isso: até a TV Globo admite que o desemprego era menor
nos tempos de Lula e Dilma. O vídeo mostra Christiane Pelajo, apresentadora do
Jornal da Globo na época, falando da taxa de pessoas sem emprego no fechamento
de 2014. Repare, no fim do vídeo de 30 segundos, o gráfico mostrando claramente
como o desemprego foi caindo, caindo, caindo, desde a posse de Lula, em 2003.
O resto da história infelizmente conhecemos. A partir de 2
015, o triplex do golpe, formado por Aécio, Temer e Cunha,
conseguiu abrir o processo de impeachment contra Dilma e sabotou o seu governo,
até a queda definitiva, em 2016.
O desemprego, com Temer, voltou àquelas taxas monstruo
Carteira de trabalho, Bolsonaro com Paulo Guedes e fila por
emprego (Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Publicas | Reuters)
"É fundamental que o Congresso Nacional discuta novo
arcabouço fiscal, em linha com a experiência internacional", defende a
deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, que alerta que o cenário
econômico e social no País "tende a se tornar ainda mais grave" no
próximo ano
O negacionismo e o fanatismo fiscal que marcam o governo
Bolsonaro são os maiores responsáveis pela situação social e sanitária do país,
aproximando o Brasil das 200 mil mortes decorrentes da Covid-19.
O cenário tende a se tornar ainda mais grave em 2021, com a
retomada do teto de gastos, que reduzirá a despesa do governo federal em 8% do
PIB, na contramão do que fazem diversos países, que estão aprovando pacotes de
estímulos à economia, transferência de renda e investimentos em saúde. Diante
da crise, o aumento da dívida pública é um fenômeno mundial.
No atual contexto, o programa austericidade Guedes não
encontra justificativa na situação fiscal do pais, sendo ainda mais nocivo do
ponto de vista social. Com a volta do teto de gasto, o auxílio emergencial será
extinto, retirando renda de 40% dos domicílios brasileiros, que recebem auxílio
emergencial, segundo a Pnad COVID19 (no Nordeste, este percentual é superior a
50%). Cerca de 10 milhões de pessoas saíram da força de trabalho entre 2019 e
2020, segundo os dados da Pnadc para o terceiro trimestre. Com o fim do
auxílio, o aumento da procura por trabalho elevará ainda mais o desemprego, que
já afeta mais de 14 milhões de brasileiros.
A retirada da renda do auxílio sem recuperação dos
rendimentos do trabalho implicará aumento da desigualdade e da pobreza. Os mais
vulneráveis, sem a renda garantida pelo Estado, buscarão sua sobrevivência
material e ampliarão o risco de contágio pelo vírus, pressionando ainda mais a
rede pública de saúde, que também sofrerá o impacto da austeridade em 2021.
Há diversas fontes de pressão sobre o SUS para o ano que
vem. Entre elas, vale citar: o crescente patamar de casos de Covid; a
necessidade de aquisição de produtos de saúde (equipamentos de proteção
individual aos trabalhadores, medicamentos de UTI, vacina, entre outros) e de
manutenção de leitos; as demandas represadas em 2020; e a redução da clientela
dos planos de saúde, diante do elevado desemprego, fazendo com que cerca de 80%
da população só tenha acesso à saúde por meio do SUS. Mesmo assim, o SUS
perderá cerca de R$ 40 bilhões entre 2020 e 2021 se o orçamento ficar no piso
congelado da EC 95, conforme proposta do governo.
No caso brasileiro, a dívida é emitida na moeda que o país
emite, não havendo risco de inadimplência, e os juros estão extraordinariamente
baixos, reduzindo o custo da dívida. Por fim, as reservas internacionais
acumuladas nos governos do PT constituem ativos do setor público que funcionam
como um colchão de proteção da economia e reduzem nossa dívida líquida.
A combinação de ampliação da demanda e redução abrupta de orçamento
pode levar ao colapso do sistema em 2021, em função das restrições de oferta de
serviços e do “desfinanciamento” da saúde, com impactos, por exemplo, sobre a
disponibilidade de leitos de UTI, que já estão sendo desativados. Convém
lembrar que, em meio à crise, é reduzida a capacidade de estados e municípios
ampliarem suas despesas, pois, diferente da União, não emitem dívida soberana.
A Medida Provisória recentemente editada, com R$ 20 bilhões
para a vacina, demonstra como, para o atual governo, a crença no fiscalismo
está acima da defesa da vida. O crédito extraordinário, não contabilizado no
teto, foi editado com o propósito de ser reaberto em 2021. No entanto, créditos
extraordinários só podem ser abertos se, entre outros requisitos, houver imprevisibilidade,
o que não é o caso, diante da expectativa de registro de vacinas contra a
Covid. Inclusive, o governo ajustou a meta de resultado primário em 2021,
prevendo a execução dos recursos da vacina e explicitando que não se trata de
gasto imprevisível.
Como o orçamento de 2021 ainda não foi aprovado, seria
suficiente incluir os valores na programação do Ministério da Saúde. No
entanto, o teto de gasto não permite ampliação dos recursos. Deste modo, o
governo se vale de um truque fiscal, autorizando crédito extraordinário dentro
do estado de calamidade para acomodar o gasto com vacina no orçamento e
manter/burlar o teto de gasto. No entanto, não há qualquer demonstração que os
R$ 20 bilhões sejam suficientes para vacinar toda a população. Nesta hipótese,
manifestando a cruel hierarquia entre controle de gasto e defesa da vida,
restará escolher quem poderá se vacinar e quem ficará à espera de nova brecha
fiscal.
Conforme lembrou Marcos Nobre, Bolsonaro e Guedes estão unidos na tarefa de desconstrução das instituições erigidas na Constituição de 1988. A austeridade não é apenas um equívoco econômico. O liberalismo primitivo do governo vislumbra uma sociedade regida pelo individualismo selvagem em que cada um é responsável por si e não há instituições de garantia de direitos.
É contra esta visão que precisamos lutar, em defesa da adoção de medidas emergenciais que atendam ao interesse da população, especialmente os trabalhadores e os mais vulneráveis. Ainda há tempo de evitar o caos sanitário e social em 2021. Basta a prorrogação do estado de calamidade, o que suspenderá as regras fiscais e viabilizará gastos emergenciais para combate à pandemia.
Estruturalmente, é fundamental que o Congresso Nacional discuta novo arcabouço fiscal, em linha com a experiência internacional. O congelamento de despesas com elevado efeito multiplicador e redistributivo, combinado a um sistema tributário regressivo, implica um regime fiscal duplamente concentrador de renda. Para o Brasil reencontrar o caminho do crescimento com inclusão social, é preciso tributar a renda e o patrimônio dos mais ricos e revogar o teto de gastos, permitindo canalizar os ganhos de arrecadação, especialmente, para o financiamento de políticas sociais que garantam direitos universais.
NOBRE, Marcos. Ponto final - a guerra de Bolsonaro conta a democracia. São Paulo: Todavia, 2020.
Gleisi Hoffmann, deputada federal (PR) e presidenta nacional do PT; Bruno Moretti, assessor no Senado Federal; Francisco Funcia, Consultor do CNS e Carlos Ocké, pesquisador do Ipea.
Fim do auxílio emergencial: Mães que sustentam o lar relatam
preocupação
Chefes de família de diversas regiões do país contam como
usaram o auxílio para sustentar os filhos durante o isolamento social e a crise
econômica, e o que farão sem a ajuda do governo.
Em abril de 2020, com a crise do coronavírus, o governo
começou a pagar um auxílio de R$ 600 a pessoas de baixa renda sem emprego
formal. Mulheres que sustentam o lar sozinhas e têm algum dependente menor de
idade receberam o pagamento em dobro --foram cinco parcelas de R$ 1.200.
O governo prorrogou o auxílio até o final do ano, com no
máximo quatro parcelas extras. Mas o valor caiu pela metade, e as chefes de
família passaram a receber R$ 600. Agora, com o final do auxílio e a economia
ainda em crise, as mães-solo temem passar por dificuldades ainda maiores.
A taxa de desocupação chegou em 14,2% em novembro, um
aumento de 38,6% em relação a maio, quando iniciou a série histórica da Pnad
Covid
Jornal GGN – São 14 milhões de brasileiros
desempregados, em meio a pandemia da Covid-19, revelou os dados divulgados
nesta quarta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A taxa de desocupação de 14,2% registrada em
novembro representa um novo recorde, com um aumento de 38,6% em relação a
maio, quando iniciou a série histórica da Pnad Covid.
No entanto, apesar dos novos dados, houve estabilidade na
comparação com outubro, quando o percentual foi de 14,1%.
Segundo a pesquisa, 13,7 milhões de desempregados não
procuraram trabalho em razão da pandemia ou por falta de trabalho na região,
embora desejassem trabalhar.
De acordo com o próprio IBGE, o anúncio do fim do Auxílio
Emergencial pode estar relacionado com o aumento da desocupação. A ajuda paga
pelo governo às famílias de baixa renda, em decorrência da pandemia, termina
este mês.
População ocupada
Em contrapartida, a população ocupada teve a primeira alta
desde maio. Agora são 84,7 milhões de brasileiros ocupados, um aumento de 0,6%
em relação a outubro.
Desemprego atinge 14 milhões de brasileiros em novembro
A taxa de desemprego chegou a 14,2%, atingindo 14 milhões de
brasileiros em outubro, segundo a Pnad Covid (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Covid), divulgada nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
2020 chega ao fim, covid cresce e nada do governo pensar no trabalhador, são 11,3 milhões de vagas a menos. Combinação c/ fim do auxílio emergencial e alta da comida será fatal, mais pobreza. Bastava alongar o estado de calamidade. Não faz pelo fanatismo fiscal e o teto de gastos pic.twitter.com/pSf9tJxe35
Temos assistido à falta de dinheiro para áreas essenciais
como educação e saúde; também sob alegação de falta de recursos o auxílio
emergencial destinado a milhões de brasileiros e brasileiras que estão vivendo
o drama da miséria, do desemprego e desespero em plena pandemia foi rebaixado
para míseros R$300 ao mês; patrimônio público essencial e lucrativo está sendo
privatizado sob a alegação de que precisaríamos de recursos advindos dessa
entrega; a PEC 32, que destrói a estrutura de Estado se baseia na necessidade
de reduzir gastos públicos.
Porém, em meio a toda essa escassez, o Senado anunciou
terça-feira, 20/10/2020, que irá votar nesta quarta, 22/10/2020, projetos
para “legalizar” a doação de dinheiro público para bancos, através da
remuneração parasita de centenas de bilhões de reais anuais aos bancos e,
adicionalmente, tornar o Banco Central um ente à parte, autônomo, livre para
obedecer aos mandamentos do mercado financeiro.
Tudo isso está acontecendo em plena pandemia, quando as
mobilizações sociais e as visitas aos gabinetes de parlamentares
estão prejudicadas.
O PL 3877/2020, do Senador Rogério Carvalho – PT/SE, cria a
figura do “depósito voluntário remunerado” pelo Banco Central aos bancos,
“legalizando” a remuneração da sobra de caixa dos bancos que tem sido feita
mediante o abuso na utilização das chamadas “operações compromissadas”.
Em agosto/2020 o volume dessas operações, que se equiparam
ao antigo overnight, atingiram R$ 1,6 trilhão, quase 23% do PIB, e
geram falsa escassez de moeda na economia, empurrando os juros de mercado para
os patamares altíssimos praticados no Brasil.
Assim, ao mesmo tempo, essas “operações compromissadas”
provocam o crescimento do estoque da dívida pública, pois usam títulos públicos
para justificar a remuneração aos bancos; representam um rombo ao orçamento
público de centenas de bilhões todo ano; além de causarem danos também a toda a
economia do país, pois provocam aumento dos juros de mercado que impedem a
circulação do crédito em patamares saudáveis, conforme explicamos vídeo
recente.
O projeto do senador Rogério Carvalho propõe que, em vez
de usar títulos da dívida pública para justificar a remuneração diária aos
bancos, essa remuneração se torne LEI, de tal forma que não mais sejam
utilizados os títulos da dívida pública, e a remuneração diária parasita
continue sendo paga aos bancos!
A justificação do referido PL 3877/2020 está repleta de
erros, cabendo ressaltar que ao contrário de servir para mitigar efeitos da
crise econômica que vivemos desde 2014 no Brasil, a remuneração da sobra de
caixa dos bancos foi a principal causa da fabricação dessa crise, como temos
denunciado há anos, conforme artigo publicado em janeiro de 2016.
Erra feio o senador Rogério Carvalho ao dizer que em 2020 a
elevação das operações compromissadas teria se dado “em razão da necessidade de
enxugar a liquidez criada pela utilização dos recursos da Conta Única para
enfrentamento da pandemia”, ignorando que o Banco Central injetou R$ 1,2
trilhão de liquidez nos bancos em 23/3/2020, conforme amplamente noticiado.
O senador Rogério Carvalho deveria pedir a sua
assessoria para estudar os documentos que embasaram a injeção de R$ 1,2 trilhão
nos bancos, conforme disponível no site do Banco Central, detalhadas em relatório
do próprio Banco Central, as quais demonstram que tal injeção de liquidez nos
bancos não tem absolutamente nada a ver com recursos da Conta Única do Tesouro,
como constou erradamente no relatório que embasa o PL 3877/2020.
A justificativa para o pacote de ajuda de R$ 1,2 trilhão aos
bancos foi a necessidade de aumentar a liquidez dos bancos (volume de dinheiro
disponível) para que estes pudessem ampliar as linhas de crédito para empresas
e reduzir os juros. No entanto, o que se verificou na prática foi o contrário:
os empréstimos para as empresas se tornaram ainda mais difíceis e os juros
dobraram, conforme diversas notícias nesse sentido, o que levou milhões de
empresas, principalmente as pequenas e médias empresas à demissão de seus
empregados e até a falência.
Em vez de serem punidos por terem recebido o pacote de
liquidez e não terem emprestado às empresas, aprofundando a crise já
suficientemente desastrosa por si só, os bancos acabaram sendo premiados, pois
segundo o próprio ministro Paulo Guedes, o dinheiro ficou empoçado nos bancos,
e aumentou o volume das chamadas “operações compromissadas”, que passaram a aumentar
exponencialmente e alcançaram o patamar de R$ 1,6 trilhão em agosto de 2020!
Esse dinheiro decorrente da liquidez injetada pelo Banco
Central a partir de 23/3/2020, conforme amplamente noticiado e documentado no
próprio site do BC, é que foi responsável pela elevação exponencial das
“operações compromissadas” e não os gastos com a pandemia, como constou no
relatório do senador Rogério Carvalho. Só se engana quem quer, pois está
tudo documentado e publicamente divulgado até pela grande mídia!
Além desse rombo, outro projeto também altamente nocivo ao
país está na pauta de votação do Senado: PLP 19/2019, que visa dar liberdade
total ao Banco Central para continuar praticando essa política monetária
suicida.
O PLP 19/2019 recebeu parecer do relator senador Temário
Mota (Pros/RR) em 19/10/2020 e transforma o Banco Central em um ente autônomo,
independente dos demais poderes, pois seu presidente e diretores não poderão
sequer ser demitidos pelo presidente da República e deverão “assegurar a
estabilidade de preços”.
O PLP 112/2019 ainda “legaliza” as escandalosas operações de
swap, que garantem aos bancos e grandes investidores a variação do dólar, às
custas de mais dívida pública ilegítima que tem sido paga pelo povo através de
contrarreformas e privatizações aviltantes.
Não podemos aceitar tanto privilégio à banca, que segue
lucrando muito em plena pandemia, não por “eficiência”, mas devido a esses
mecanismos perversos que, em vez de serem corrigidos, o Senado irá dar um
jeitinho e anuncia que “legalizar” de vez!
Na matéria, três famílias foram entrevistadas em Japeri, na
Baixada Fluminense. O repórter Marcelo Canellas lembra que é o segundo estado
mais rico do país. Cada uma delas mostra a geladeira ou despensa e relata a
dificuldade para conseguir comida. Os entrevistados questionados disseram que
não conseguiram o auxílio emergencial.
A reportagem lembra que o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) mostrou, no mês passado, que 10,1 milhões de pessoas estão
na situação de ficar ao menos um dia por semana sem ter o que comer, chamado de
“insegurança alimentar grave”. E isso em 2018.
E fez questão de relembrar frase do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) no ano passado, em entrevista a correspondentes
estrangeiros, em que ele negou que houvesse fome no país.
A matéria mostrou a sequência inteira, legendada. Nela,
Bolsonaro afirma: “Falar que se passa mal no Brasil é uma grande mentira.
Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome? Não. Você não
vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com o físico esquelético como a gente vê em
alguns países aí pelo mundo”.
Relatos
Em uma das casas, a dona de casa Andressa Garcia
Oliveira, com sete filhos, confirma que fica às vezes um dia inteiro sem comer.
Ela contou que seu arroz tinha acabado naquele dia e ia buscar o alimento na
casa da mãe. Ela recebe o Bolsa Família, que dura apenas dez dias.
A dona de casa Maria de Lourdes Silva teve o pagamento
reduzido por empréstimos consignados. Ela mostra a geladeira com uma panela com
arroz e garrafa de água, apenas. “Amanhã eu não sei se vou comer.”
Outra entrevista foi com o catador de latinha Irapuã de
Oliveira Barros. Ele e a mulher estão morando com os quatro filhos de favor nos
fundos de uma igreja evangélica e mostram a despensa, com menos de cinco
pacotes de comida. Sua renda mensal é de R$ 20 a R$ 40. “Por mês?”, pergunta o
repórter, espantado. O casal faz macarrão para as filhas e não come. A mais
velha chora antes de começar a comer.
Isabela Alves Oliveira, a mulher do catador de latinhas, diz
que não conseguiu o auxílio emergencial e não tem o Bolsa Família.
Fora do mapa da fome com Dilma
Na reportagem, é lembrado que o Brasil já foi muito elogiado
pelo programa da Organização das Nações Unidas premiado com o Nobel. E que o
país foi retirado do mapa da fome mundial em 2013. O programa da Rede Globo não
mencionou, mas naquele ano o Brasil era presidido por Dilma Rousseff e fazia
dez anos que o PT estava governando o país.
Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos
(WFP, na sigla em inglês) no Brasil disse que desde lá, número voltou a
crescer.
No mapa da fome, figuram países que têm mais de 5% de sua
população na situação de “insegurança alimentar grave” – que ficam ao menos uma
vez por semana sem comer. Com 10 milhões de pessoas nessa situação em 2018, o
pior índice desde 2004. “O número do IBGE mostra que estava no limiar do mapa
da fome. E nós acreditamos que o número hoje é maior”, disse Belaban.
Não sei se vou comer amanhã". Veja relatos dos
brasileiros que passam fome
Dez milhões de brasileiros ficam pelo menos um dia da semana
sem comer. Na semana em que o Prêmio Nobel da Paz foi entregue ao Programa
Mundial de Alimentação da ONU, o repórter Marcelo Canellas mostra como é a vida
de quem não tem o que comer.
Dez milhões de brasileiros ficam pelo menos um dia da semana sem comer. O repórter @MarceloCanellas mostra como é a vida de quem não tem o que comer. Saiba como ajudar em: https://t.co/QK3BEhZ3dN#Fantástico
Cada família teria de ter recebido em média R$ 5.420 do
governo para se ter o valor que Bolsonaro afirmou ter concedido
Logo após o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ)
afirmar no discurso
que fez na abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (22), que
“concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente
1.000 dólares para 65 milhões de pessoas”, o termo “mil dólares” virou meme e
passou a ser repetido nas redes.
O blog
do Rovai lembra em artigo desta terça-feira que “o valor de hoje do dólar
é de R$ 5,42. Ou seja, cada família teria de ter recebido em média R$ 5.420 do
governo para se ter o valor que Bolsonaro afirmou ter concedido. De maneira
marota, o presidente do Brasil não disse se esse valor era mensal ou total.
Mesmo sendo um valor total do auxílio, até o momento foram pagas 4 parcelas de
600 ou 1.200. Mesmo que todos os beneficiários tivessem recebido os R$ 1.200 (e
só aproximadamente 20% receberam isso) o valor total seria de R$ 4.800. A
verdade é que a média total dos pagamentos não chega sequer a 500 dólares”.
Além das piadas com o discurso de Bolsonaro, internautas
subiram também a hashtag #Mentiroso, com referência ao discurso.
Veja abaixo algumas reações aos mil dólares de Bolsonaro:
Esse lance dos mil dólares é real mesmo. Conheço gente que recebeu 89 mil reais.
Sério, que utilidade tem uma imprensa incapaz de denunciar que um presidente mentiu quando disse ter pago auxílio de mil dólares aos brasileiros na pandemia? A projeção de Bolsonaro é reflexo direto da mediocridade dessa mídia hegemônica incompetente e covarde do país. pic.twitter.com/H3qJMbMKkq
Bolsonaro não errou no discurso, somos um país cristão e conservador sim! Chega de cristofobia! Chega de índios colocando fogo na Amazônia e no pantanal! e pode chegar os mil dólares de auxílio na minha conta 😋 https://t.co/Dr5b3FizZz
MIL DÓLARES convertido em Real equivale a R$ 5.400,00. Bolsonaro acabou de dizer em seu discurso na ONU que o Brasil concedeu Auxílio Emergencial de U$ 1.000,00. Esse homem é um mal caráter, dissimulado, mentiroso.
Biroliro: o povo brasileiro quer saber quem ficou com o restante dos mil dólares do auxilio emergencial pq o povo só recebeu 600 e nem juntando todas as parcelas dá mil dólares!!! pic.twitter.com/WMb9lltkBF
Bancada do PT apresentou na Câmara dos Deputados o projeto
de lei 2632/20 com objetivo de tornar permanente o atual auxílio emergencial
aprovado pelo Congresso Nacional para diminuir os efeitos econômicos e sociais
da pandemia de coronavírus.
Formado em economia pela Universidade de São Paulo, o líder
da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT/SP), destacou
que os efeitos econômicos da pandemia serão profundos na economia e a
recuperação poderá ser lenta diante da “incompetência” do governo federal.
“Bolsonaro não trabalha, não libera recursos para micro e pequenas empresas.
Ele só gera o caos para alimentar sua guerra ideológica. Com esse cenário de
instabilidade política, o Brasil terá dificuldades para uma retomada rápida da
economia. A incompetência de Bolsonaro está gerando um exército de
desempregados e o auxílio emergencial poderá ser a única saída para tirar
milhões da miséria e da fome”.
Segundo o líder do PT, Enio Verri (PR), não são suficientes
os pagamentos de apenas três parcelas ao longo de um trimestre, “diante da
perspectiva de grande duração da pandemia e de suas consequências”. Segundo ele,
“a fome não vai esperar a retomada da economia”.
A bancada justifica que é esperada uma queda na renda de
toda a sociedade para o período pós pandemia, além da desestruturação do
mercado de trabalho e, em decorrência, o maior empobrecimento e ampliação dos
setores mais vulneráveis social e economicamente.
Período de transição
Segundo a Bancada do PT, evolução dos fatos decorrentes da
pandemia e a falta de condições reais de resgatar trabalhadores e trabalhadoras
informais, bem como dos microempreendedores individuais resgatarem o potencial
de suas atividades, “torna o período de 3 meses previsto para o pagamento do
auxílio insuficiente”.
A previsão de intensa contaminação pela Covid-19 ainda em
julho ou agosto, além da necessidade de um período de transição entre o choque
do isolamento e a efetiva retomada da atividade, com a responsabilidade
necessária, deverá ser lenta para o mercado de trabalho reagir após os momentos
de crise.
Distanciamento social
A Lei 13.982, de 2 de abril de 2020, recentemente sancionada,
foi fruto de um amplo esforço do Congresso Nacional para garantir uma renda
emergencial e temporária a toda a população que teve sua existência diária e
segurança alimentar atingidas com a abrupta interrupção das atividades
econômicas em virtude da orientação de auto isolamento e distanciamento social
necessários para enfrentar a pandemia do novo coronavírus
A lei aprovada pelo Congresso Nacional garante R$ 600,00 por
pessoa ou até R$ 1.200,00 por família. O governo Bolsonaro propunha um auxílio
de apenas R$ 200,00 por família.
Poupança digital
Pela proposta da bancada do Partido dos Trabalhadores na
Câmara, o auxílio será operacionalizado e pago em prestações mensais, por
instituições financeiras públicas federais, que ficam autorizadas a realizar o
seu pagamento por meio de conta do tipo poupança social digital, de abertura
automática em nome dos beneficiários.
A instituição financeira que receber o recurso para realizar
o pagamento do auxílio emergencial não poderá usar total ou parcialmente o
valor para cobrir eventuais débitos em nome do beneficiário, propõe a bancada.
Ainda segundo a proposta, o poder público, em conjunto com
órgãos e entidades vinculados ao Sistema Único de Assistência Social, realizará
busca ativa e assistirá os trabalhadores que enfrentem dificuldade ou
impossibilidade de utilização da plataforma digital criada para a
autodeclaração e solicitação do auxílio emergencial de que trata esta Lei.