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sábado, 29 de maio de 2021

A revelação da trama do supervilão de Bolsonaro é estranhamente emocionante


SÃO PAULO, Brasil — Não é sempre que um inquérito do Congresso pode levantar o ânimo. Mas a investigação do Senado brasileiro sobre a gestão da pandemia do governo, que começou em 27 de abril e tem rebitado minha atenção por semanas, faz exatamente isso.


Ilustração de Nicholas Konrad/The New York Times; fotografia de Andressa Anholete / Getty Images

Como a pandemia continua a ira através do país, alegando cerca de 2.000 vidas por dia, o inquérito oferece a chance de responsabilizar o governo do presidente Jair Bolsonaro. (Tipo de.) Também é uma grande distração da realidade sombria. Transmitido ao vivo online e transmitido pela TV Senado, o inquérito é uma exibição estranhamente fascinante de evasão, inaptidão e mentiras.

Aqui está um exemplo do tipo de intriga oferecida. Em março do ano passado, como a pandemia foi desenrolando, um campanha de mídia social chamado "Brasil Não Pode Parar" foi lançado pela unidade de comunicação do presidente. Instando as pessoas a não mudarem suas rotinas, a campanha alegou que "as mortes por coronavírus entre adultos e jovens são raras". A campanha fortemente criticada foi eventualmente banido por um juiz federal e em grande parte esquecido.

Então o enredo engrossou. O ex-diretor de comunicações do governo, Fabio Wajngarten, disse ao inquérito que não sabia "Com certeza" que tinha sido responsável pela campanha. Mais tarde, tropeçando em suas palavras, ele parecia se lembrar que seu departamento havia desenvolvido a campanha - no espírito de experimentação, é claro - que foi então lançada sem autorização. Um senador chamado para a prisão do Sr. Wajngarten, que jogou um contemplativa, quase poética olhar para o horizonte. A câmera até tentou ampliar. Foi selvagem.

Isso é apenas um episódio; não é à toa que o inquérito chama a atenção de muitos brasileiros. Até agora, fomos tratados com depoimentos de três ex-ministros da saúde — um deles teve grandes problemas com sua máscara, inspirando inúmeros memes — assim como o chefe do regulador federal de saúde do Brasil, o ex-ministro das Relações Exteriores, o ex-diretor de comunicação e gerente regional da empresa farmacêutica Pfizer.

O resultado de suas contas é óbvio, mas ainda totalmente ultrajante: o presidente Jair Bolsonaro aparentemente pretendia levar o país à imunidade de rebanho por infecção natural, quaisquer que sejam as consequências. Isso significa - assumindo uma taxa de letalidade de cerca de 1% e tomando 70% de infecção como um limiar provisório para a imunidade do rebanho - que o Sr. Bolsonaro efetivamente planejou pelo menos 1,4 milhão de mortes no Brasil. Na perspectiva dele, os 450 mil brasileiros já mortos pelo Covid-19 devem parecer um trabalho que nem sequer é meio feito.

Escrito desta forma, o esforço parece chocante. Mas para os brasileiros que vivem sob o governo do Sr. Bolsonaro não é surpresa. Afinal, o presidente parecia fazer tudo o que podia para facilitar a propagação do vírus. Ele passou o último ano falando e agindo contra todas as medidas cientificamente comprovadas para conter a propagação do vírus. O distanciamento social, disse ele, era para "idiotas Eduardo Pazuello". Máscaras eram "ficção". E vacinas podem transformá-lo em um crocodilo.

Em seguida, houve a hidroxicloroquina antimalária, que o sr. Bolsonaro promoveu como tratamento precoce e cura milagrosa para o Covid-19 — apesar de todas as evidências científicas em contrário e do conselho expresso de dois ex-ministros da saúde. Durante o inquérito, duas testemunhas diferentes confirmaram sombriamente que tinham visto o rascunho de um decreto presidencial estipulando que o folheto da droga deveria ser alterado para incluir seu uso contra Covid-19.

Está piorando. De acordo com o Sr. Wajngarten e Carlos Murillogerente regional da Pfizer, a empresa farmacêutica se ofereceu repetidamente para vender sua vacina Covid-19 ao governo brasileiro entre agosto e novembro do ano passado — mas não obteve resposta nenhuma. (Talvez o Ministério da Saúde tivesse coisas mais importantes para fazer, como aprender a usar máscaras corretamente.) Considerando que o Brasil foi um dos primeiros países a ser abordado pela empresa, uma resposta rápida teria garantido aos brasileiros até 1,5 milhão de doses no final de 2020, com mais 17 milhões no primeiro semestre de 2021.

Em vez disso, depois de recusar outras três ofertas, o governo finalmente assinou um contrato em março, um impressionante sete meses após a primeira oferta. As primeiras doses chegaram no final de abril. A implantação, como resultado da negligência do governo na garantia de vacinas, vem parando, com escassez regular de vacinas e falta de suprimentos levando a atrasos na produção.

Será que faz parte do plano? Quando o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde do Brasil, entre maio de 2020 e março de 2021, foi questionado por que o Ministério da Saúde solicitou a menor quantidade de doses de vacina do Covax, iniciativa de compartilhamento de vacinas da Organização Mundial da Saúde — eles poderiam ter pedido doses suficientes para imunizar até 50% da população, mas preferiu ir para 10% — ele nem sequer pestanejou. O processo, explicou ele,era muito arriscado e as vacinas eram muito caras. Então é isso.

Parece cada vez mais claro que a imunidade do rebanho, através de obstrução, desinformação e negligência, sempre foi o objetivo. A amarga ironia é que pode ser impossível alcançar. Em Manaus, onde 76% da população havia sido infectada até outubro, o resultado não foi imunidade de rebanho: era uma nova variante.

O inquérito, de forma lenta e constante, está revelando um enredo clássico de supervilões, ao mesmo tempo nefasto e absurdo, mortal e terrível. Se o vilão encontra sua complacência é outra história.

O Times está empenhado em publicar uma diversidade de cartas ao editor. Gostaríamos de ouvir o que você pensa sobre isso ou qualquer um de nossos artigos. Aqui estão algumas dicas. E aqui está nosso e-mail: letters@nytimes.com.

Siga a seção de opinião do The New York Times no Facebook, Twitter (@NYTopinion) Instagram.

Vanessa Bárbara é editora do site literário A Hortaliça, autora de dois romances e dois livros de não ficção em português, e escritora de opinião contribuinte. 


quarta-feira, 26 de maio de 2021

PM de Brasília, que permite manifestações bolsonaristas toda semana, tentou impedir ato com boneco “Capitão Cloroquino”


Boneco inflável usado para criticar Bolsonaro foi produzido pelo Movimento Acredito, que teve que realizar o ato em outro local após negativa da PM, mesmo com autorização de órgãos competentes


Fotos: Divulgação/Movimento Acredito
 

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que quase semanalmente permite manifestações em apoio a Jair Bolsonaro em Brasília, tentou impedir nesta terça-feira (25) um ato contra o presidente na Esplanada dos Ministérios.

O ato, organizado pelo Movimento Acredito, contava com um boneco inflável representando Bolsonaro, batizado de “Capitão Cloroquino”. A PM, no entanto, não deixou os manifestantes encherem o boneco sob a alegação de que eles não teriam autorização para fazê-lo.

O Movimento Acredito, no entanto, ressalta que obteve, nos dias anteriores, autorizações do governo do Distrito Federal e da Secretaria de Segurança Pública para realizar a manifestação. “Apesar disso, quando o grupo chegou à região da Esplanada dos Ministérios na frente do Congresso Nacional, a Polícia Militar do Distrito Federal barrou a manifestação, argumentando que o boneco inflável, Capitão Cloroquino, seria um balão e que balões não poderiam ser soltos naquele local por conta da segurança nacional. O grupo então realizou o ato em outro ponto da cidade”, dizem os organizadores do ato.

Fonte: Revista Fórum


INCLIVEL FORA DA HORA

Grupo de manifestantes é impedido de erguer boneco inflável em protesto contra Bolsonaro

Membros do Movimento Acredito foram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, hoje, para protestar contra o presidente Bolsonaro, mas acabaram impedidos pela Polícia Militar do Distrito Federal. Eles traziam consigo um boneco inflável do presidente de cerca de 10 metros que seria enchido de ar no local.

Assista ao VÍDEO



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terça-feira, 11 de maio de 2021

Churrasco de Bolsonaro tem picanha de R$ 1.799,99 o quilo, diz jornal


Segundo colunista da Folha de S.Paulo, uma peça tem em média 350g e custa cerca de R$ 600. Almoço do presidente teve ao menos duas peças



O churrasco realizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último domingo (9/5), em homenagem ao Dia das Mães, contou com uma picanha de R$ 1.799,99 o quilo. As informações são da coluna Cozinha Bruta, do jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com a reportagem, uma peça tem em média 350 gramas e custa cerca de R$ 600. O almoço de Bolsonaro teve pelo menos duas dessas peças, totalizando R$ 1.200 em 700 gramas de carne.

O churrasqueiro contratado, que aparece nas fotos com o presidente, veio de Belém do Pará para fazer o churrasco no Alvorada, segundo o colunista Marcos Nogueira. Ele atende pelo apelido Tchê – o “Churrasqueiro dos Artistas”.

Em seu perfil no Instagram, Tchê justifica a alcunha com imagens ao lado de personagens como o pintor Romero Britto, o ator Eri Johnson e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Tchê apareceu em um post no domingo posando com Bolsonaro e dois pacotes de carne. Na embalagem, uma charge do presidente, o slogan de campanha de Bolsonaro e o nome do frigorífico. A mesma foto está no perfil do Frigorífico Goiás, e a legenda anuncia: picanha Mito.

Nogueira ligou para o frigorífico, em Goiânia. A picanha Mito estava em falta, mas era possível comprar a mesma carne com outra embalagem. Picanha de gado da raça wagyu, de origem japonesa, por R$ 1.799,99 o quilo.

A reunião, que contou com cerca de 10 pessoas, ocorreu após Bolsonaro realizar, na manhã de domingo, um passeio de moto por mais de uma hora. Centenas de motociclistas participaram.

Ao retornar para o Alvorada, o presidente ainda causou aglomeração e, sem máscara, cumprimentou apoiadores que estavam em frente à residência oficial.

Em uma publicação nas redes sociais, um churrasqueiro, amigo do presidente, contratado para a comemoração, compartilhou uma foto, ao lado de Bolsonaro. Na imagem, os dois seguram embalagens de carne personalizadas com o slogan usado pelo chefe do Executivo na campanha: “Brasil, acima de tudo, Deus acima de todos”.

Nas imagens compartilhadas nas redes sociais de familiares e amigos, é possível ver que não houve distanciamento social. Além disso, nenhum convidado usou máscara de proteção. As medidas são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo próprio Ministério da Saúde como ações de enfrentamento à pandemia do coronavírus.


Fonte: Metrópoles


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Entenda por que o orçamento secreto de Bolsonaro não é ‘emenda impositiva’


BRASÍLIA - Pressionados pela opinião pública a explicarem a utilização de um orçamento secreto para obtenção de apoio no Congresso, governistas disseminam nas redes sociais, incluindo o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, uma versão falsa sobre o esquema revelado pelo Estadão. Segundo essa tese, o dinheiro viria das emendas impositivas, a que todos os parlamentares têm acesso, e teria sido distribuído de maneira igualitária aos congressistas. Não é verdade.




 Como mostra a série de reportagens sobre o caso que ficou conhecido como "tratoraço", o governo de Jair Bolsonaro entregou a um grupo o direito de direcionar R$ 3 bilhões liberados em troca de apoio, em uma iniciativa que desrespeitou exigências da legislação e compromissos de campanha e de mandato do presidente Jair Bolsonaro.

Trata-se, na verdade, de um dinheiro paralelo ao reservado para as emendas individuais a que todos os congressistas têm direito - aliados e opositores - e que o Executivo tem a obrigação de pagar. Ao longo do ano, cada parlamentar pode indicar R$ 8 milhões por meio de emendas individuais. E outros R$ 8 milhões devem ir obrigatoriamente para a saúde. No caso do orçamento secreto, as verbas são de outra natureza. Pelas regras, elas deveriam ser gastas pelo governo por meio da seleção de projetos com critérios técnicos e levando em consideração as condições socioeconômicas das localidades beneficiadas.

Em síntese, o Executivo, por meio dos ministérios, deveria ter critérios técnicos para investir em uma cidade e não em outra. Na prática, os R$ 3 bilhões, do Ministério do Desenvolvimento Regional, acabaram servindo para indicações pessoais de deputados e senadores aliados, com cotas individuais muito superiores aos R$ 8 milhões das emendas individuais.

Enquanto as emendas individuais e de bancadas são de pagamento obrigatório e com valores e regras fixas, o mesmo não se aplica às emendas de relator-geral, origem do esquema revelado pelo Estadão. As emendas individuais são registradas no Orçamento sob o código identificador de resultado primário (RP) 6, enquanto as emendas de relator recebem o RP 9. O RP 9 é uma categoria nova no Orçamento, criado já no governo Bolsonaro.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), definiu a aplicação de R$ 277 milhões de verbas públicas do Ministério do Desenvolvimento Regional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-PI), direcionou outros R$ 114 milhões.

Líder do Centrão, Lira venceu a eleição para a presidência da Câmara. Alcolumbre costurou acordos para eleger o seu sucessor, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O poder de congressistas sobre a vultosa quantia aparece em uma centena de ofícios obtidos pelo Estadão nos quais deputados e senadores determinavam como os recursos deveriam ser usados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e por órgãos vinculados à pasta.

Esses ofícios, com o direcionamento de obras e compras de tratores, por exemplo, são recebidos diretamente pelo governo, sem serem submetidos à ampla publicidade. Daí, a expressão "orçamento secreto".

Curiosamente, o presidente Bolsonaro havia vetado a tentativa do Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (chamada RP9), criado no seu governo. O veto segue em vigor.

Ao explicar o veto em mensagem ao Congresso, Bolsonaro afirmou que "o dispositivo investe contra o princípio da impessoalidade que orienta a administração pública ao fomentar cunho personalístico nas indicações e priorizações das programações decorrentes de emendas, ampliando as dificuldades operacionais para a garantia da execução da despesa pública".

Outro argumento usado por governistas é o de que senadores petistas foram contemplados, o que esvaziaria o fato de que a verba serviu a parlamentares aliados. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, usou as redes sociais para citar o senador Humberto Costa (PT-PE) como um dos contemplados.

Contudo, a inclusão de petistas se deu em razão de um movimento de Davi Alcolumbre. Após ver frustrada sua tentativa de ter a reeleição como presidente do Senado pelo Supremo Tribunal Federal, ele buscou o apoio do PT para Rodrigo Pacheco.

Foi nessa circunstância que o demista arranjou dinheiro do orçamento secreto para Humberto Costa e também para os oposicionistas Rogério Carvalho (PT-SE), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Weverton Rocha (PDT-MA). Na época, houve estranhamento sobre o motivo de a oposição ter defendido o candidato de Bolsonaro.

Fonte: Estadão


TV Afiada

ORÇAMENTO SECRETO OU CORRUPÇÃO? BOLSONARO GASTOU R$ 3 BILHÕES EM TROCA DE APOIO DO CENTRÃO

Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" (Estadão), Bolsonaro criou "orçamento secreto" de R$ 3 bilhões em troca de apoio do Congresso.

Desse valor, pelo menos R$ 271 milhões foram para tratores, retroescavadeiras e equipamentos agrícolas a cima do preço de mercado.

Usuários das redes sociais começaram a denunciar que não se trata de um "orçamento secreto", mas sim de um "Bolsolão" ou "Tratoraço", um bolo de recursos que Bolsonaro utilizou para comprar o apoio de parlamentares.

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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Réu confesso, crime 4: Cloroquina para enganar e matar brasileiros


A cloroquina foi peça fundamental na propaganda negacionista de Bolsonaro e um dos motivos de ele trocar médicos por um general no comando do Ministério da Saúde



CPI da Covid, no Senado, começa nesta semana a colher os primeiros depoimentos, ouvindo os ex-ministros da Saúde de Bolsonaro — Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello —, além do atual ocupante da pasta, Marcelo Queiroga, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.

As audiências serão uma oportunidade de, entre outras coisas, explicar ao país por que Jair Bolsonaro defendeu tanto o uso da hidroxicloroquina e outras drogas sem eficácia, o famigerado Kit Covid. Hoje, já ficou claro que o atual presidente nunca se importou com o fato de os remédios funcionarem ou não contra o novo coronavírus. A principal função desses medicamentos sempre foi dar aos brasileiros uma falsa sensação de segurança.

Como já mostrado aqui na série Réu Confesso, Bolsonaro implementou a assassina estratégia de “imunização de rebanho”. Por isso precisava que a população acreditasse no engodo da cloroquina e não se protegesse em casa, ajudando-o a alcançar logo a meta de infectar “60% ou 70% das pessoas”, como não se cansou de repetir. Em outras palavras, a cloroquina era uma peça chave da propaganda negacionista posta em prática pelo atual presidente.


PT - Partido dos Trabalhadores

Crime 4: Pressão para uso de remédio sem eficácia

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“Não vou manchar minha história”

Dessa maneira, Bolsonaro passou a pressionar o Ministério da Saúde para recomendar oficialmente o uso da cloroquina. O problema é que nem mesmo Luiz Henrique Mandetta nem Nelson Teich, médicos que aceitaram participar de um governo cuja política de saúde passava pelo desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela extinção de programas como o Mais Médicos, quiseram sujar suas reputações recomendando um remédio sem eficácia e que, ainda por cima, representa riscos à saúde.

Assim, tanto Mandetta quanto Teich deixaram o cargo quando a pressão pela recomendação oficial da cloroquina ficou muito grande. E a exposição desse motivo preocupa o governo, tanto que a Casa Civil da Presidência da República, ao elaborar a lista de crimes pelos quais Bolsonaro poderia ser acusado na CPI da Covid, anotou, no item 21: “O Presidente Bolsonaro pressionou Mandetta e Teich para obrigá-los a defender o uso da Hidroxicloroquina”.

Ora, a pressão foi clara. Nelson Teich, ao deixar o governo após ficar menos de um mês no ministério, afirmou em entrevista ao jornal O Globo, em 24 de maio de 2020: “É óbvio que antecipar o uso da cloroquina teve peso (na minha saída). O presidente achava que era melhor antecipar, e eu achava que não”. Nove dias antes, ao sair do cargo, havia dito: “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”.

Quatro meses mais tarde, em setembro de 2020, Mandetta lançou o livro Um paciente chamado Brasil, no qual expôs todo o plano de Bolsonaro para usar a cloroquina como armas da imunização de rebanho:


  • “Nunca na cabeça dele houve a preocupação de propor a cloroquina como um caminho de saúde. A preocupação dele era sempre ‘Vamos dar esse remédio porque, com essa caixinha de cloroquina na mão, os trabalhadores voltarão à ativa. (…) O projeto dele para combate à pandemia é dizer que o governo tem o remédio e quem tomar o remédio vai ficar bem. Só vai morrer quem ia morrer de qualquer maneira”.

Bolsonaro troca médico por general

Teich e Mandetta aceitaram conviver com os absurdos de Bolsonaro até chegar ao ponto em que precisaram escolher entre manter-se em um governo assassino e preservar a reputação como médicos. Percebendo isso, o presidente decidiu colocar à frente do Ministério da Saúde Eduardo Pazuello, que não é médico, mas um general que se mostrou disposto a ajudá-lo em sua política de morte.

Cinco dias apenas depois da saída de Teich, Pazuello, ainda como ministro interino, assinou um protocolo para ampliar a recomendação do uso da cloroquina por pacientes com Covid-19. A droga sem eficácia chegou a ser incluída no aplicativo oficial Trate-Cov, fato investigado pelo Ministério Público.

O resultado da gestão Pazuello, todos conhecem. No período que ficou à frente do Ministério da Saúde, o Brasil recusou a oferta de vacinas, assistiu a pacientes morrerem por falta de oxigênio, tornou-se incubadora de novas cepas e ameaça global, e viu o número de mortes por Covid-19 saltar de 15 mil para 290 mil, no dia de sua saída, em 19 de março deste ano.

Fonte: PT Brasil


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Bolsonaro pagou R$ 17,8 mi a TVs para falar da campanha "Brasil imunizado"


O governo pagou R$ 1,6 milhão para divulgar campanha da vacinação nos intervalos do JN


O país não apenas está muito longe de estar imunizado, como nunca foi tão dividido - Carolina Antunes/PR

Não foi pouco o dinheiro “investido” pelo governo de Jair Bolsonaro, em veículos de comunicação, para a campanha de vacinação contra a covid-19 intitulada “Brasil imunizado, somos uma só nação”, duplamente falaciosa.

O país não apenas está muito longe de estar imunizado, como nunca foi tão dividido. A publicidade foi veiculada de 16 de março a 6 de abril deste ano.

De acordo com dados da Lei de Acesso à Informação, nesse período o governo gastou R$ 17,8 milhões para promover a campanha em jornais, novelas, humorísticos, filmes exibidos na TV, em programas de jornalismo policial de baixíssimo nível, Big Brother Brasil, programas como Fantástico e Domingo Espetacular, entre outros. A campanha foi criada pela agência Nova/SB.

A TV Globo ficou com a maior fatia do bolo: R$ 4 milhões. Em seguida, a TV Record de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (R$ 3,9 milhões). Segue-se o SBT de Sílvio Santos (R$ 3,8 milhões).

Mais de meio milhão de reais foram desembolsados somente para três programas “jornalísticos”. Cidade Alerta (Record), com Luiz Bacci, levou quase R$ 395 mil. O programa Brasil Urgente (Band), de José Luiz Datena, ficou com R$ 110 mil. Por fim, o de Sikêra Junior, Alerta Nacional (RedeTV), recebeu R$ 65 mil, segundo matéria de Dioclécio Luz para o Brasil Popular.

Não por acaso, os três apresentadores apoiam, ou apoiaram, o presidente. Datena – que defendeu a flexibilização do acesso a armas e a reforma da Previdência – demonstrou indignação ao ver, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, dizer que a Band queria dinheiro do governo.

Bacci comemorou a eleição de Bolsonaro nas redes sociais e tem defendido a abertura do comércio na pandemia. E Sikêra Junior é claramente defensor do presidente e suas ideias. Não é, como se vê, por acaso que acontecem as “entrevistas exclusivas” que Bolsonaro costuma lhes conceder, que parecem mais conversa entre amigos do que pautas jornalísticas.


Globo é favorita

A maior parte dos recursos públicos para divulgar a falsa ideia de vacinação dos brasileiros foi para os noticiários da TV Globo. O governo pagou R$ 1.619.560,00 para divulgar a campanha de vacinação nos intervalos do Jornal Nacional e R$ 1.253.620,00 nos do Fantástico. O BBB faturou R$ 950 mil.

A TV Record recebeu R$ 850 mil para veicular a campanha no Jornal da Record e mais R$ 505 mil para o Domingo Espetacular. O Jornal da Band embolsou R$ 345 mil. O SBT recebeu R$ 112 mil para veicular a campanha no humorístico A Praça é Nossa e R$ 347 mil para o Programa Sílvio Santos.

Esse estado de coisas está em completo desacordo com a Constituição Federal de 1988. Como se sabe, os meios de comunicação por rádio e TV são concessão pública, conforme seu artigo 223.

“Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal”, diz o dispositivo.


Ligações sombrias

A campanha “Brasil imunizado, somos uma só nação” ter sido veiculada pelo governo de um presidente que claramente incentivou a disseminação do vírus – combatendo máscaras, a vacinação e a ciência – esconde um aspecto mais sombrio.

Não só por proclamar a tal unidade que não existe. Desde a campanha à presidência, Bolsonaro faz uso do bordão “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A expressão faz lembrar a frase alemã Deutschland uber alles (“Alemanha acima de tudo”).

É o primeiro verso da canção nacionalista Das Lied der Deutschen (“A canção dos alemães”), de 1841. Hitler adorava a música, explica matéria do Deutsche Welle, edição Brasil. Em 1936, ela foi entoada na abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim, quando Hitler e seguidores entraram no Estádio Olímpico.

Fonte: Brasil de Fato


quinta-feira, 29 de abril de 2021

'Vi famílias dizimadas': relatos dramáticos da pandemia que deixou 400 mil mortos no Brasil


Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, no fim de fevereiro de 2020, a rotina dos profissionais de saúde mudou. Com o aumento de infecções e mortes pela doença, médicos e enfermeiros na linha de frente dos atendimentos passaram a viver o período mais difícil de suas carreiras.



 "Existe uma exaustão entre esses profissionais de saúde há mais de um ano. É um estresse 24 horas, como a gente nunca viveu. É uma exaustão física e emocional. Estamos trabalhando 24 horas salvando vidas", diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração em São Paulo.


Nesta quinta-feira (29/04), o Brasil atingiu a marca de 400 mil mortes pela covid-19, em meio ao seu mês mais letal da pandemia — em abril já foram registradas mais de 75 mil mortes pela doença, enquanto em março deste ano, até então o período com mais óbitos, foram 66 mil.

Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus.

Despedidas, mortes por falta de recursos básicos e óbitos de diferentes integrantes da mesma família são algumas das situações que marcam os trabalhadores na linha de frente.

"É o pior período para a saúde mental dos profissionais de saúde. Muitos médicos pararam de dar plantão ou diminuíram o ritmo de trabalho porque estavam muito estressados. Tem sido um período muito grande de estresse", relata o médico intensivista José Albani de Carvalho.

Os profissionais de saúde relatam que cenas difíceis de serem esquecidas se tornaram cada vez mais comuns em meio à pandemia. Para dimensionar a tragédia vivida no país de 400 mil mortes pela doença, a BBC News Brasil pediu para médicos relatarem algumas das situações mais dramáticas que presenciaram desde o ano passado.

'Vimos um paciente morrer atrás do outro'

Em janeiro, Manaus viveu tragédia da falta de oxigênio medicinal. Caso se tornou alvo de investigação

O médico cirurgião Pierre Oliva Souza nunca esquecerá as cenas que presenciou no plantão que começou da noite de 14 de janeiro até o dia seguinte, em uma unidade de saúde em Manaus, no Amazonas.

Ele chegou para o plantão no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias por volta das 19h. Na unidade, logo foi informado por um colega que não havia estoque de oxigênio medicinal — item fundamental para auxiliar pacientes com dificuldades respiratórias, como aqueles com quadro grave de covid-19.

"Havia apenas dois cilindros de oxigênio, que durariam por algumas horas somente, porque a unidade estava lotada. Normalmente, havia 20 pacientes com suspeita de covid-19 que precisavam desse oxigênio, mas naquele período tinha mais de 40", relata o médico.

Ele conta que alguns gestores da região falaram que logo chegaria um caminhão carregado com oxigênio. "Deram falsas esperanças, porque isso não era verdade. Não havia oxigênio em lugar nenhum de Manaus, porque também faltou no mesmo dia em outras dezenas de unidades do Amazonas", comenta.

Na madrugada de 15 de janeiro, o oxigênio acabou completamente no SPA Joventina Dias. "Ninguém tinha avisado, dias antes, que o estoque de oxigênio estava acabando no Estado. Foi muito chocante para todo mundo", diz Souza.

"A gente sabia o quanto essa falta de oxigênio seria danosa e grave. O governador chegou a comentar, na semana anterior, que o Estado estava à beira de uma crise de oxigênio, por causa do aumento de casos de covid-19. Mas nós, profissionais de saúde, não tínhamos noção de como, de fato, a situação estava", diz o médico.

"Por causa da falta de oxigênio, a equipe de saúde teve que assumir a difícil decisão de quem vai sobreviver ou morrer por conta da absoluta falta de estrutura. Vimos um paciente morrer atrás do outro naquela madrugada. Eles definhavam, buscavam respirar, ficavam com a coloração azulada e morriam asfixiados na nossa frente. Não tínhamos o que fazer", relata Souza.

Segundo Souza, somente no SPA Joventina Dias foram contabilizadas oito mortes naquela madrugada. O médico relata que, normalmente, havia duas ou três mortes por plantão. "Sei de lugar que registrou mais de 20 mortes por causa da falta de oxigênio", comenta.

A situação no Amazonas se tornou notícia em todo o mundo. Diversos pacientes foram transferidos para outros Estados. Posteriormente, a cidade recebeu abastecimentos de oxigênio. "A situação foi normalizada depois. Hoje as coisas estão bem, principalmente porque os números de internações caíram nas últimas semanas", diz o médico.

Apurações apontam que a falta de oxigênio causou dezenas de mortes no Amazonas em meados de janeiro.

Então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou, na época, que foi avisado por volta de 8 de janeiro que o alto número de internações em Manaus até quintuplicou o uso do oxigênio medicinal. Em razão disso, segundo ele, o Ministério da Saúde logo passou a tomar providências junto com o governo estadual e a prefeitura.

De acordo com a CNN Brasil, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, alegou, em depoimento à Polícia Federal que a falta de oxigênio ocorreu porque a principal fornecedora do insumo no Estado informou somente dias antes que não teria capacidade de atender a demanda na região, em razão do aumento de internações.

Segundo o secretário, o governo local logo comunicou o Ministério da Saúde e foram adotadas todas as medidas necessárias para o "enfrentamento de uma crise de saúde sem precedentes na história do Amazonas".

Em meados de abril, o Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas apresentou uma ação de improbidade administrativa por omissão sobre a crise no fornecimento de oxigênio medicinal no Amazonas. Entre os alvos do procedimento estão três secretários do Ministério da Saúde e o então responsável pela pasta, general Eduardo Pazuello, e dois integrantes do governo do Amazonas, entre eles o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campelo.

O MPF apontou falhas como omissão no monitoramento da demanda de oxigênio medicinal e adoção de medidas para evitar o desabastecimento, além de demora nas transferências de pacientes para outros Estados. O caso segue na Justiça Federal do Amazonas.

Mais de três meses depois, as cenas de meados de janeiro agora fazem parte das piores lembranças da pandemia para os profissionais de saúde do Amazonas.

"Eu vou superar, porque nosso trabalho pede, mas não vou esquecer nunca. Apesar de todo ensinamento que tivemos na faculdade, nunca pensei que fosse viver em tempos de paz aquilo que só acontece na guerra, que é escolher quem vai viver ou morrer", desabafa Souza.


'Vi famílias dizimadas'

O médico intensivista José Albani de Carvalho, que atua em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da grande São Paulo, comenta que algumas das situações mais tristes que presenciou envolvem as mortes de membros de uma mesma família pela covid-19.

"Ver famílias inteiras morrendo foi uma das coisas que mais me marcaram. Não foi uma, nem duas, nem três. Foram vários casos de irmãos, pais e filhos ou outros parentes morrendo com diferenças de horas ou dias. A grande verdade é que na minha vida inteira nunca tinha visto isso tão frequentemente", desabafa o médico, que trabalha em UTIs há mais de 30 anos.

"Teve uma família em que morreram três irmãos em dois dias. Dois deles estavam em leitos próximos. Isso impacta muito, porque você vê uma família ser dizimada", diz o médico.

Ele detalha o caso de três mortes de pessoas na faixa dos 40 anos que eram da mesma família. "O rapaz foi intubado com covid-19. A mulher dele foi internada, mas parecia que evoluiria bem e não precisaria ser intubada. Mas é muito difícil saber, porque às vezes um paciente demora 10 dias na UTI e você não sabe para onde ele vai, se vai melhorar ou piorar", comenta Albani.

"O rapaz acabou morrendo. A mulher dele, que a gente achava que daria alta em poucos dias, piorou também e foi intubada. Dias depois, ela morreu. Depois, a irmã dela, que estava internada no hospital, também faleceu", relata o médico.

O intensivista foi o responsável por contar sobre as mortes à família. "Nunca é fácil comunicar isso, porque você acompanha essas famílias e aquele sofrimento durante as internações, que muitas vezes duram dias ou semanas", diz.

"Por incrível que pareça, esse comunicado para as famílias acaba sendo algo que a gente se acostuma. Não é ser insensível, mas é que há mais de 30 anos na UTI isso acaba se tornando algo do cotidiano. Mas claro, quando você vai comunicar três mortes para uma mesma família, como tem acontecido em alguns casos, é mais difícil", acrescenta Albani.

O médico comenta que os familiares dos pacientes sempre reconhecem o trabalho dos profissionais de saúde.

Enquanto precisam enfrentar números de internações e mortes como nunca tinham presenciado em período recente, os profissionais de saúde também enfrentam o estresse causado pela falta de cuidados de muitos em relação ao coronavírus.

"Do ponto de vista da sociedade em geral os profissionais de saúde não são reconhecidos. Enquanto vemos as dificuldades, as mortes e trabalhamos sob muito estresse, há muitas pessoas nas ruas que falam que máscara é bobagem e fazem aglomerações. Olhar essas situações causa ainda mais estresse a esses profissionais", desabafa Albani.

'Ficamos com medo de dar a notícia da morte da esposa'

'Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes', diz médica

Para a médica Luisa Frota Chebabo, um dos momentos mais tristes da pandemia envolveu uma família completamente afetada pela covid-19. Ela conta que foram internados mãe, pai e filho no mesmo dia em um mesmo hospital público da capital do Rio de Janeiro, em novembro passado.

"A mãe (de 60 anos) chegou muito grave e foi intubada no momento da admissão (no hospital). O pai e o filho estavam um pouco mais estáveis", diz Luisa.

Ela comenta que os leitos de covid-19 estavam sobrecarregados na unidade de saúde, por isso os três integrantes da mesma família tiveram de ficar na área de emergência.

"O filho foi mantido em observação, sem precisar de oxigênio suplementar. O pai necessitou do oxigênio. Os dois ficaram ao lado da mãe, intubada em estado grave", detalha a médica.

Luisa conta que o pai, que tinha 62 anos, dizia para todos os médicos que o filho havia frequentado festas e transmitiu a covid-19 para a família.

No dia seguinte à internação, o pai foi internado em um leito que ficou vago na enfermaria de covid-19. O filho, por volta dos 30 anos, se recuperou e logo teve alta hospitalar. A mãe continuava em estado grave na emergência.

"O pai foi internado com piora progressiva. Todos os dias, ele perguntava pela esposa, que também estava piorando cada vez mais", detalha a médica.

Dois dias após chegar na unidade de saúde, a mãe da família morreu. "O marido dela, cada vez mais precisando de suplementação de oxigênio, continuava perguntando pela esposa", diz Luisa.

"A gente falava para ele que não tinha como ver muitos detalhes sobre ela, já que estava internada em outro setor. Mas a gente falava que ela continuava intubada, mesmo após a morte dela", relata a médica.

"Esse paciente era bem ansioso, então ficamos com medo de dar a notícia do falecimento e precipitar uma descompensação da parte respiratória. A própria família falou que era melhor não dar a notícia enquanto ele não melhorasse, por causa desse componente de ansiedade importante", diz Luisa.

A equipe médica optou por informar sobre a morte da companheira somente quando o homem apresentasse melhora clínica. Cinco dias após o falecimento da esposa, ele foi intubado. Três dias depois, morreu. "Somente o filho ficou bem", diz Luisa.

A médica comenta que histórias como a da família que ela acompanhou em novembro demonstram a gravidade da covid-19 em comparação a outras enfermidades. "Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes", diz a médica.

Jovens internados

'No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente'

O cardiologista Roberto Kalil, que está há mais de três décadas na Medicina, não tem dúvidas de que tem vivido o período mais dramático de sua carreira.

"O que impacta é a agressividade do vírus, que até então (antes do início da pandemia) era algo inesperado. É uma agressividade tanto na fase hospitalar como até, em alguns casos, depois da alta", relata o médico, que atua em hospitais de São Paulo.

Uma das situações que mais impactaram Kalil foi quando notou, neste ano, a explosão de casos de covid-19 e a gravidade que a doença passou a ter também entre muitos pacientes mais jovens, que foram parar na UTI ou até morreram.

"No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente", diz à BBC News Brasil.

Ele comenta que o agravamento do quadro entre os mais jovens é em razão da variante P.1, descoberta em janeiro em Manaus. A maior incidência entre os mais novos é uma das características associadas à nova variante.

A maioria dos casos registrados em 2021 em São Paulo, por exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos. Na Grande São Paulo, dados do início de março mostraram que 80% dos pacientes haviam sido infectados pela P.1.

Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de doenças crônicas. Agora, 60% das vagas são ocupadas por pessoas de 30 a 50 anos, a maioria sem doença prévia.

Essa variante do coronavírus é mais contagiosa, entre outros motivos, por causa de mutações que facilitaram a invasão de células humanas. Essa característica pode estar ligada a duas hipóteses que estão próximas de serem confirmadas por cientistas: agravamento mais rápido do quadro de saúde e maior letalidade.

Conforme mostrado em reportagem da BBC News Brasil em 19 de abril, uma das principais hipóteses para que a nova variante afete duramente os mais jovens é a busca tardia por atendimento, quando a doença está bastante agravada, muitas vezes de forma silenciosa.

Um dos principais benefícios da busca por atendimento antecipado é o uso do oxigênio medicinal, que pode ajudar a evitar um maior comprometimento dos pulmões. Além disso, o acompanhamento médico logo nos primeiros sintomas pode evitar maiores complicações em outros órgãos.

Para o cardiologista Roberto Kalil, o cenário da pandemia no Brasil pode melhorar, aos poucos, com a vacinação. Porém, diante da falta de prazo para o avanço da imunização, que ainda está na fase dos grupos prioritários, ele avalia que os trabalhadores na linha de frente ainda devem enfrentar muito estresse em decorrência da sobrecarga no sistema de saúde.

"Espero que o cenário melhore a cada semana, mas ainda estamos longe de sair da pandemia', diz Kalil.

A pediatra em estado grave

'Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo bem', relata especialista

Entre as histórias que acompanhou desde o início da pandemia, o médico Lucas Antony se recorda do caso de uma pediatra aposentada que foi internada com a covid-19 em janeiro deste ano.

A idosa, de 85 anos, chegou ao hospital particular, na capital Rio de Janeiro, com dificuldades respiratórias. "Ela foi internada e usamos uma máscara de ventilação não-invasiva nela. Mas a paciente não estava respondendo bem. Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo bem", diz Antony.

O quadro da aposentada se agravou e ela precisou ser intubada no dia seguinte à chegada ao hospital. Antony afirma que a situação se tornou mais difícil por se tratar de uma paciente que era médica e sabia da gravidade de seu próprio quadro.

"Ela estava falando com a gente com a máscara de oxigênio e debatendo o caso dela quando informamos que ela precisaria ser intubada. Em certo momento, ela parou de falar, ficou olhando para frente e disse que só queria ir para casa", relembra o médico.

Enquanto era intubada, a pediatra reparou em uma enfermeira que a auxiliou. "Ela perguntou se a enfermeira já havia sido, na infância, atendida em um determinado serviço médico. A enfermeira disse que não que ela soubesse, mas a pediatra falou que lembrava dela", relata Antony.

Horas após a pediatra ser intubada, a enfermeira entrou em contato com a mãe. "A mãe da enfermeira disse que ela levava a filha para ser atendida naquele serviço (citado pela médica aposentada) na infância. Então, provavelmente essa pediatra atendeu a enfermeira em algum momento", conta o médico.

Dois dias após ser intubada, a pediatra aposentada não resistiu às complicações da covid-19. O médico relata que ficou comovido com o caso da paciente por ser uma médica que sabia que não resistiria à doença e pela lembrança que ela teve da enfermeira. "Foi uma história que me marcou", diz.

Fonte: BBC News Brasil


UOL

400 mil mortos por covid-19 no Brasil: luto atinge milhões de pessoas

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domingo, 25 de abril de 2021

Programa de Michelle Bolsonaro, Pátria Voluntária gasta R$ 9,3 milhões em publicidade


Gasto do governo Bolsonaro com publicidade supera em mais de R$ 3 milhões o valor repassado por Michelle Bolsonaro a entidades - a maioria em cestas básicas. TCU investiga "prejuízo ao erário" em doação destinada à compra de testes da Covid que foi parar na conta do programa


Michelle Bolsonaro no lançamento do Pátria Voluntária (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Reportagem de André Shalders, na edição deste domingo (25) do jornal O Estado de S.Paulo, revela que à frente do programa Pátria Voluntária, Michelle Bolsonaro gasta mais com dinheiro público fazendo publicidade do que repassa em doações que recebe de empresas públicas para organizações da sociedade civil.


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Até o mês de março, o governo Bolsonaro gastou R$ 9,3 milhões em recursos públicos para fazer publicidade do programa, além de pagar R$ 359 mil para manter o site no ar.

O valor supera em mais de R$ 3 milhões o montante – de R$ 5,89 milhões – repassado a entidades que atendem pessoas carentes, a maioria com distribuição de cestas básicas.

Somente na semana passada, Michelle esteve em Presidente Prudente, Araçatuba e São José do Rio Preto, no interior paulista, para visitar instituições de caridade e divulgar o programa, levando sete mil cestas de alimentos.


Prejuízo ao erário


Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de “potencial prejuízo ao erário” na doação de R$ 7,5 milhões pelo frigorífico Marfrig para o governo federal comprar testes rápidos da Covid-19 que foram parar na conta do programa Pátria Voluntária.

A doação foi feita em 23 de março de 2020 ao Ministério da Saúde “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.

Em julho, após a transferência do dinheiro, o governo Bolsonaro pediu para a empresa para que o dinheiro não fosse utilizado na compra de testes, mas em outras ações da pandemia. Os R$ 7,5 milhões então foram transferidos para o projeto Arrecadação Solidária, que é comandado por Michelle no Pátria Voluntária.

Fonte: Revista Fórum


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sábado, 10 de abril de 2021

PT denuncia médico bolsonarista de MG que disse “petista em plantão eu mato”


Membros do PT de Muriaé pretendem acionar a Justiça contra Bernardo Oliveira por conta de supostas ameaças contra simpatizantes do partido feitas em grupo de WhatsApp; médico disse à Fórum que era "brincadeira" e que fala "foi retirada de contexto"



Petistas de Muriaé (MG) têm denunciado um médico da cidade que, segundo relatos, estaria ameaçando simpatizantes do partido. Em um grupo de WhatsApp, o profissional de saúde, que se chama Bernardo Pinto de Oliveira Souza, afirmou que “petista em plantão eu mato”.

“Caça um jeito de arrumar um plano de saúde pq petista eu mato em plantão, viu”, diz o médico em uma das mensagens enviadas no grupo. “Quando c tiver morrendo lá, quero que vc grita luladrao e eu enfio o dedo no seu cu pra ver a lágrima escorrendo nos zoi (sic). Petista trata-se assim”, escreveu ainda Souza.

Fórum teve acesso ao print que mostra as mensagens. Confira abaixo.


As supostas ameaças vêm sendo denunciadas por militantes do PT de Muriaé. Em contato com a Fórum, membros do diretório municipal do partido informaram que vão denunciar o médico ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG). Segundo os relatos recebidos pela reportagem, o profissional de saúde atenderia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Manhuaçu, que fica a duas horas de Muriaé.

Pelas redes sociais, Bernardo mostra ser apoiador de Jair Bolsonaro e antipetista. Ele ostenta fotos com frases como “o Lula tá preso, babaca”, “PT não” e “Bolsonaro 17”.


Fórum entrou em contato com o médico, que confirmou ser ele mesmo o autor das mensagens. Ele afirma, entretanto, que a fala foi feita em um contexto de “brincadeira” em um grupo de amigos.

“Foi uma brincadeira entre amigos num grupo de WhatsApp. Com quem eu brinquei, tenho muita intimidade para isso. Mas, como tudo é possível na internet, tiraram a minha fala do contexto e fizeram isso comigo. Uma irresponsabilidade”, afirmou.

“Moro numa cidade pequena de interior e isso está causando uma exposição muito grande. Inclusive eu não trabalho fazendo plantão, o que prova mais uma vez que não tem fundamento ser sério o que está escrito. Eu friso que foi uma brincadeira entre amigos com muita intimidade, sem nenhuma conotação política ou profissional”, disse ainda.


quinta-feira, 18 de março de 2021

Deputados derrubam veto e permitem perdão a dívidas de igrejas


Por acordo, os deputados federais derrubaram, nesta quarta-feira (17/3), em sessão do Congresso Nacional, o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao dispositivo que impedia o perdão de dívidas tributárias contraídas por templos religiosos.


Este veto foi alvo de polêmica entre Bolsonaro e a bancada evangélica. O presidente vetou em setembro de 2020 o perdão da dívida das igrejas a pedido da equipe econômica, mas sugeriu a parlamentares da bancada que derrubassem o veto.


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Devido à pandemia da Covid-19, a sessão do Congresso ocorre em duas fases: primeiro, somente com deputados; depois, com os senadores. A decisão ainda precisa ser confirmada pelo Senado.

O artigo que havia sido vetado por Bolsonaro concede isenção às igrejas em relação ao pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e às multas por não quitação do tributo. Na ocasião, o Ministério da Economia estima que o perdão seria na ordem de R$ 1 bilhão.

Há vetos publicado com mais de 30 dias e, portanto, trancam a pauta de votação do Congresso, o que prejudicaria a votação do Orçamento prevista para 24 de março.

Fonte: Blog do Esmael


Sabedoria Revela

Silas Malafaia e Bispo Macedo - Como roubar os Fieis.

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Migalhas

Pastor Valdemiro fala sobre feijões "mágicos" que curam covid-19

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quarta-feira, 10 de março de 2021

PEC Emergencial gera nova crise entre Bolsonaro e policiais


Integrantes da União dos Policiais do Brasil se dizem traídos por Bolsonaro, que teria prometido poupá-los dos congelamentos realizados pela PEC Emergencial, que foi aprovada no Senado, onde o senador Flávio Bolsonaro votou contra a exclusão dos policiais


(Foto: Reuters | Alan Santos/PR)


247 Policiais entraram em uma nova crise com o governo de Jair Bolsonaro. Segundo o painel da Folha de S.Paulo, delegados, peritos, agentes da Polícia Federal, policiais rodoviários federais e outras 20 carreiras da segurança pública ameaçam realizar protestos em cidades de todo país na quarta-feira, 10.

Integrantes da União dos Policiais do Brasil se dizem traídos por Bolsonaro, que teria prometido poupá-los dos congelamentos realizados pela PEC Emergencial, que foi aprovada no Senado, onde o senador Flávio Bolsonaro votou contra a exclusão dos policiais.

O texto congela salários e proíbe progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%.

Na época da Reforma da Previdência, sem conseguir abrandar regras da reforma para policiais, Bolsonaro foi chamado de “traidor” e alvo de protestos em Brasília.


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