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terça-feira, 14 de julho de 2020

Distraído pela pandemia e os roubos dos gestores da saúde, o Brasil sofre um golpe mortal



  • "O noticiário distrai a população com os desvios criminosos dos gestores da saúde, pseudo-licitações e superfaturamentos, que não passam de migalha inexpressiva, se comparados ao gigantesco escândalo que é o fim da Petrobras", escreve a jornalista Hildegard Angel


Por Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia - O Governo quer e vai enfim privatizar a Petrobras. É uma ação contínua, desestabilizadora e demolidora contra a maior estatal do país, orgulho brasileiro em todos os aspectos – do econômico ao científico. Uma conquista de há 70 anos, desde a campanha “O Petróleo é nosso”. E há 70 anos hienas vorazes tentam privatizá-la, desmembrá-la, despedaçá-la. Uma delas, o senador José Serra, perseguiu obstinadamente esse objetivo de destroçar nosso maior orgulho nacional. Os governos do PSDB não conseguiram embutir tal meta no balaio de sua questionável “Privataria tucana”. Fracassado nas eleições e com essa ideia fixa em mente, o tucanato participou do conluio golpista de 2016 contra o Brasil.

E um fato histórico: o maior plano de Privatização da Petrobras foi o de US$ 57 bilhões de Aldemir Bendine, presidente no governo de Dilma, que foi salva pelo tempo, dada a sorte de sua derrocada, que a impediu de implementar esse projeto, preservando sua biografia de tal calamidade. O Governo Temer colaborou com esse processo, escalando Pedro Parente para fazer o serviço sujo, no que ele se esmerou.

A Lava Jato entrou feito um trator para cumprir o projeto destrutivo, lesa-pátria. A mídia corporativa apoiou, mentindo deslavadamente sobre uma suposta “Petrobras quebrada”. Pura ficção, com os jornalistas “economistas” de aluguel distorcendo resultados, inventando prejuízos, mentiras e mentiras e mentiras descaradas. Quanto essa mídia e esses mercenários da pena não botaram nos bolsos em prejuízo do nosso país?

O Ministério da Economia uiva de contentamento, estoura champagne, esfrega as mãos de cobiça, prenunciando o momento de passar o rodo geral. O que restou da empresa será 35% reduzido. Equipes técnicas, compostas por engenheiros, geólogos, cientistas, pesquisadores, formadas ao longo de décadas, serão desmontadas com um peteleco. Nunca mais teremos outras iguais. Essa redução de pessoal fará a empresa, que no Governo Lula chegou a empregar 80 mil, voltar aos 35 mil funcionários do tempo de FHC.

Contudo, o que esses grandes vilões do capitalismo pretendem mesmo é zerar a Petrobras. Terra arrasada. O objetivo é acabar com tudo, vender todos os ativos rentáveis, e deixar uma casca vazia. Restará um belo prédio ocioso, bonito por fora, oco por dentro. O popular “bambu florido”.

A Petrobras não pode ser toda vendida no balcão porque, do tamanho que ela é hoje, não há empresa no mundo nem consórcio com capacidade de compra. Por isso, esse seu fatiamento, como se faz com o filet mignon do açougue.  E o povo brasileiro nem informado é a respeito. O noticiário distrai a população com os desvios criminosos dos gestores da saúde, pseudo-licitações e superfaturamentos, que não passam de migalha inexpressiva, se comparados ao gigantesco escândalo que é o fim da Petrobrás.

Não vamos, porém, ser injustos. Todos os nomes aqui citados são meros peões de um grande xadrez em que o rei não usa coroa, usa uma cartola listrada de vermelho e branco, com estrelinhas no fundo azul.

Com as manifestações populares inviabilizadas pela pandemia, passa tranquila a revoada da águia e dos urubus. As aves de rapina de sempre. Ficará a carniça.




Conheça o plano de negócios até 2019 que expõe desinvestimentos, fatiamento da empresa e venda de ativos. Um plano macabro para privatização lenta da nossa Petrobras.

O artigo é de Lena Azevedo, na revista Caros Amigos Nª223/2015 ( artigo na íntegra)

Adaptação, vídeo/edição e narração: Cibele Laura

Vamos Lutar Pela Nossa Petrobras!


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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Em 2011, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. publicou A Privataria Tucana sobre a corrupção de políticos do PSDB nas privatizações nos anos 1990. José Serra e sua filha estão nelas encalacrados até o pescoço.




Por: Pedro Simonard

  • Antropólogo, documentarista, professor do programa de Pós-graduação Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas da UNIT/AL.

A Lava Jato só chegou ao José Serra hoje?! Em 2011, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. publicou A Privataria Tucana sobre a corrupção de políticos do PSDB nas privatizações nos anos 1990. José Serra e sua filha estão nelas encalacrados até o pescoço. O livro tem cópias de documentos que comprovam a corrupção. Por que só chegaram nele agora?

É claro que os procuradores da Lava Jato e Sérgio Moro sabiam deste caso. Não foram a fundo nele porque blindavam os políticos do PSDB, partido do qual o pai de Sérgio Moro é dirigente no Paraná e pelo qual Moro quer se candidatar a presidente em 2022.

Agora, neste vai e vem desta guerra entre setores da classe dominante brasileira, a coisa está virando uma briga de foice no escuro. Bolsonaro ataca a Lava Jato para minar uma possível candidatura do Moro em 2022. O PSDB está participando do acordão para domesticar Bolsonaro, logicamente porque a política econômica do Paulo Guedes é a mesma dos segmentos de classe que o PSDB representa. Para o PSDB é uma situação tranquila porque sabe que essa política econômica é muito impopular e vai desgastar Bolsonaro e os tucanos ganham duas vezes: a política econômica que defendem é implementada e um candidato para a eleição de 2022, Bolsonaro, sairá desgastado.

Para a Lava Jato, Bolsonaro é inimigo e todos aqueles que lhe dão suporte político também o são. Minar o Serra é minar Bolsonaro e mandar um recado para o PSDB. PSDB e lavajatistas disputam a primazia como representantes de um mesmo segmento de classe. Quem ganhar esta queda de braço poderá indicar o candidato liberal (Moro, Huck, Doria?) para as eleições de 2022.

Se o processo contra o Serra avançar, a Lava Jato terá o cuidado de personalizar tudo no Serra, evitando queimar o PSDB, permitindo que Moro utilize o partido para lançar sua candidatura.



Entrevista genial com Amaury Ribeiro Jr. que fala sobre as denúncias do livro que caiu como uma bomba no PSDB. José Serra é personagem principal da obra que revela corrupção nas privatizações de estatais durante o governo FHC.



No Twitter



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domingo, 17 de fevereiro de 2019

Clã Bolsonaro negocia migrar para nova UDN





Filhos do presidente articulam deixar PSL e ingressar em sigla em formação que pretende reeditar antiga União Democrática Nacional, símbolo da centro-direita no País


Com o PSL em crise e sob suspeita de desviar verba públicapor meio de candidaturas “laranjas” nas eleições de 2018, os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) negociam migrar para um novo partido, que está em fase final de criação. Trata-se da reedição da antiga UDN (União Democrática Nacional).

Segundo três fontes ouvidas pela reportagem em caráter reservado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu na semana passada em Brasília com dirigentes da sigla para tratar do assunto. Ele tem urgência em levar adiante o projeto. Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família Bolsonaro buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido.



Enquanto ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jair Bolsonaro acionou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para que determinasse investigações sobre o caso.

As suspeitas atingiram o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e foram pano de fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, GustavoBebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias de crise, Bebianno deve serexonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por Bolsonaro.

Além de afastar a família dos problemas do PSL, a nova sigla realizaria o projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com o liberalismo econômico e com a pauta nacionalista e conservadora, defendida pelo clã Bolsonaro.

No começo do mês, Eduardo foi ungido por Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano Donald Trump, como o representante naAmérica do Sul do The Movement, grupo que reúne lideranças nacionalistas antiglobalização.

O projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. Em 2018, a UDN foi um dos partidos – embora ainda em formação e sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – sondados por interlocutores do presidente para que ele disputasse a eleição, mas a articulação não avançou. Depois de anunciar a adesão ao Patriota, Jair Bolsonaro acabou escolhendo oPSL.

Assinaturas. A nova UDN é um dos 75 partidos em fase de criação, conforme o TSE. Segundo seu dirigente, o capixaba Marcus Alves de Souza, apoiadores já reuniram 380 mil assinaturas – são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido já tem CNPJ e diretórios em nove Estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação. Ela tem em Brasília um de seus principais articuladores, o advogado Marco Vicenzo, que lidera o Movimento Direita Unida e coordena contatos com parlamentares interessados em aderir ao novo partido. A articulação envolveria ainda o senador Major Olímpio (PSL-SP), que nega.

Souza prefere não comentar as tratativas do partido que estão em curso. Ele, porém, admitiu que a intenção é criar o maior partido de direita do País. Como se trata de uma sigla nova, a legislação permite a migração de políticos sem que eles corram o risco de perder seus mandatos. “O único partido que tem o DNA da direita é a UDN. A gente não pode ter medo de crescer, mas com responsabilidade”, afirmou.

Souza deixou o Espírito Santo, onde atuou na Secretaria da Casa Civil do ex-governador Paulo Hartung, e mudou-se para São Paulo para concluir a criação da nova UDN, que adotou o mesmo mote de sua versão antiga: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. “Nosso sonho é que a UDN renasça grande e se torne o maior partido do Congresso”, afirmou seu presidente. Ele disse ainda que a legenda pretende apoiar o governo Bolsonaro e está aberta “para receber pessoas sérias do PSL e de qualquer partido”.

Palácio. Procurada pelo Estado, a assessoria do Palácio do Planalto informou que não ia se manifestar sobre o assunto. A reportagem procurou ainda as assessorias do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), do deputado Eduardo Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro, mas nenhuma delas se manifestou.

Bivar, presidente da legenda, também foi procurado, mas não respondeu ao Estado.

  • ‘Sigla tem forte apelo popular’, diz historiador


Em processo de homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a UDN, sigla que pode abrigar o clã Bolsonaro, foi inspirada no partido que nasceu em 1945 para aglutinar as forças que se opunham à ditadura de Getúlio Vargas.

Com o discurso de moralização da política e contra corrupção, a frente unia originalmente desde a Esquerda Democrática – que romperia um ano depois com a sigla e fundaria o Partido Socialista Brasileiro – a antigos aliados de Vargas, como o general Juarez Távora e o ex-governador gaúcho Flores da Cunha, rompidos com o ditador.

Em 1960, o partido apoiou a eleição de Jânio Quadros, eleito presidente, e, em 1964 , a deposição do governo de João Goulart. “O PSL é um partido de aluguel, já a UDN tem um apelo histórico e popular. Os Bolsonaros podem usar isso”, disse o historiado Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Líderes. Ele lembra que a antiga UDN, embora “muito ideologizada”, tinha um perfil heterogêneo. O mesmo pode acontecer com a nova versão do partido. Enquanto a versão original da UDN tinha líderes como o brigadeiro Eduardo Gomes, o jurista Afonso Arinos e os ex-governadores Carlos Lacerda (Guanabara), Juracy Magalhães (Bahia) e Magalhães Pinto (Minas), a nova legenda tem potencial para atrair lideranças do DEM ao PSDB, passando pelo MBL.

Entre os políticos que são vistos como “sonho de consumo” da UDN em 2019 está o governador de São Paulo, João Doria, que descarta a ideia de deixar o PSDB.








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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Advogado do diabo cotado para assumir o Ministério da Justiça



Por: O TEMPO


Em delação premiada, Delcídio acusa o tucano de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios, e também de receber propinas em esquema de corrupção de Furnas


AGÊNCIA ESTADO


Cotado para assumir o Ministério da Justiça, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso é amigo e atua como advogado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, de quem não cobra honorários, nos dois inquéritos que o tucano responde perante o Supremo Tribunal Federal como desdobramento da operação Lava Jato.

Velloso afirma que os casos em que atua para Aécio não têm relação com a Lava Jato. "Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio. E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade. Mais até como conselheiro", afirmou Velloso, por e-mail, à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Ele admitiu ainda atuar para o tucano sem cobrar nada.

As duas investigações contra Aécio tem origem na delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT e ex-PSDB, atualmente sem partido) que foi preso em novembro de 2015 acusado de tramar contra a Lava Jato. Para se livrar da cadeia, Delcídio fez delação premiada.

O ex-senador acusou Aécio de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPMI dos Correios (presidida por Delcídio) que poderiam atingir membros do PSDB e também de receber propinas em um esquema de corrupção em Furnas.

Os dois inquéritos estão sob relatoria do ministro Gilmar Mendes Em dezembro do ano passado o tucano prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a CPI dos Correios - na época, Aécio era governador de Minas.

Também são investigados neste inquérito Clésio Andrade, que era vice-governador do tucano, e o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que era filiado ao PSDB. No caso de Furnas, o tucano é investigado por suposto recebimento de propina de empresas terceirizadas que mantinham contrato com a estatal.

As vantagens indevidas seriam pagas pelas empresas ao ex-diretor da companhia, Dimas Toledo, que as repassava para o tucano. O senador e os demais investigados nos inquéritos rechaçam as acusações de Delcídio.

Lava Jato


Além de Aécio, Velloso tem um cliente deputado que é investigado no âmbito da operação Zelotes. Em relação à Lava Jato, contudo, o ex-presidente do STF diz que nunca atuou para os investigados da operação.

Ele conta que chegou a ser procurado por outro advogado que atua no caso para emitir um parecer. "Cheguei a ser procurado, logo no início, por mais de um advogado, a fim de estudar a possibilidade de emitir parecer. Em razão do sigilo profissional, só posso dizer-lhe que não emiti nenhum parecer em caso da Lava Jato", disse.

Caso assuma o Ministério da Justiça, Velloso terá que deixar de atuar como advogado, seguindo o Estatuto da Advocacia. "Sou advogado, na companhia de outros advogados, de um advogado, que é deputado, num caso da denominada Operação Zelotes, em curso no Supremo Tribunal Federal, ora distribuído ao ministro Ricardo Lewandowski. Aceitando assumir o Ministério da Justiça, me afastarei do caso, na forma do Estatuto da OAB."

Via:




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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A mafia dos transplantes e o xadrez do “nosso” Sérgio Moro





Peça 1 – o Sérgio Moro anti-tucano


“Pau que dá em Chico dá em Francisco”, diz o Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Mas não dá em Aécio, Serra, Alckmin, Aloisio – porque não são Chico nem Francisco.

A parcialidade do Procurador Geral da República e da Lava Jato, leva parte da opinião pública a procurar um juiz de direito para chamar de seu, alguém que tenha a mesma parcialidade de Sérgio Moro, o mesmo espírito persecutório, o exercício permanente do sadismo blindado pelos instrumentos de Estado,  contra os que são enquadrados como adversários.

Que sirva de aviso para tucanos e petistas o que se passou em Poços de Caldas, no episódio conhecido como “a máfia dos transplantes”.


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Lá, o alvo foi tucano, o ex-deputado federal Carlos Mosconi, ligado a Aécio Neves. E o Sérgio Moro de Poços foi o juiz de direito Narciso Alvarenga Monteiro de Castro.

Peça 2 – os antecedentes


Em abril de 2.000 ocorreu o incidente envolvendo um menino, Paulo Veronesi Pavesi,  que teve uma queda e morte cerebral. O menino foi acudido no Hospital Pedro Sanches, particular. O pai aceitou doar os órgãos. O corpo foi encaminhado, então, para a Santa Casa. Nesse ínterim, o Hospital Pedro Sanches enviou uma conta salgada para o pai, incluindo os gastos com o transporte até a Santa Casa.

O pai, sujeito claramente desequilibrado – como tive condições de comprovar na época – reagiu com uma campanha virulenta, acusando a Santa Casa de ter retirado os órgãos do menino em vida.

Na época, o Fantástico tinha descoberto o filão dos escândalos com procedimentos médicos mais complexos. Tentou criminalizar a atuação do notável doutor Pasquini, da Santa Casa de Curitiba, criou o personagem da enfermeira assassina, também no Paraná, e investiu contra o grupo de transplante de Poços. O então Ministro da Saúde José Serra se valeu do episódio para acertos de conta político e para aproveitar a onda lançada.

O grupo de transplante da Santa Casa de Poços de Caldas surgiu antes da nova lei do transplante. Houve uma adequação da lei que se prolongou até 2006.

Em 2002, o Ministério Público Federal investigou o caso Pavesi e não encontrou nenhum indício de atividade criminosa.

  • Em 2006, uma sentença do TRF 1 (Tribunal Regional Federal da 1a Região) esclareceu a situação. O desembargador federal Olindo Menezes, relator, liquidou com a teoria conspiratória da organização criminosa que assassinava pacientes para comercializar seus órgãos:


Mostrou que o grupo de transplantes trabalhava pioneiramente desde 1992. Quando foi promulgada a nova lei, “somente a Santa Casa de Poços de Caldas, em todo estado de Minas Gerais, cumpriu o prazo para o pedido de renovação, mas o enviou ao órgão estadual, em lugar do federal”.

“Portanto, o que foi exposto na inicial como indício de séria irregularidade, do desejo de realizar transplantes mesmo sem autorização, supostamente por tratar-se de prática lucrativa, pois investigava-se denúncia de tráfico de órgãos, pode ser entendido de outra forma. Uma equipe pioneira, que vinha realizando transplantes em Poços de Caldas há anos, teve dificuldade em adequar-se à novas formalidades do setor, embora tenha demonstrado preocupação em atender ao que manda a lei”.

“(...) Enfim, quando se põe de lado a suspeita de má-fé, os fatos ganham contornos mais nítidos e mais próximos da realidade. É mais fácil imaginar médicos pioneiros em técnica avançada de cirurgia, e por isso mesmo estudiosos e dedicados à profissão, enfrentando dificuldades com a crescente normatização da atividade, do que mercenários inescrupulosos, capazes de traficar órgãos por ganância, ou desidiosos irresponsáveis que permitem que o tráfico ocorra sem mover uma palha.

“(...) A longa investigação levada a cabo a partir da iniciativa do Ministério Público Federal não comprovou a ocorrência de tráfico de órgãos, de enriquecimento dos médicos que realizavam os transplantes pelo SUS em Poços de Caldas ou de lesão ao patrimônio público. Foram encontradas irregularidades, como serão sempre que for feita investigação com igual profundidade em qualquer serviço público de saúde do país, que, para dizer o mínimo, não prima pela qualidade desses serviços”.

Peça 3 – chega o juiz Narciso


Em 2012, o juiz Narciso chegou à cidade e,  de ofício (isto é, sem ser provocado), decidiu desarquivar o caso. Era um caso federal, ele transformou em estadual. O promotor da cidade não viu motivos para oferecer nova denúncia. Narciso o denunciou ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), dizendo que fazia parte da mafia.

De imediato, denunciou 15 médicos por formação de quadrilha. E ordenou que a sentença fosse publicada em todos os jornais da cidade, expondo todos os médicos mencionados.

Não se ficou nisso. Na época, houve o suicídio de Carlão, diretor da Santa Casa. O juiz Narciso pretendeu incriminar outro médico. Conseguiu uma testemunha, doente assistido na hemodiálise, para acusar o médico de assassinato.

As chapas dos exames de arteriografia - que atestavam a morte cerebral do menino -foram recolhidas pela Polícia Federal nas investigações de 2002, mas sumiram do inquérito. Em vez de mandar apurar o sumiço das chapas, já que havia documentação comprovando que a PF havia retirado da Santa Casa, o juiz Narciso ignorou a mais importante prova da defesa.

“Como já disse e reafirmo: eu próprio, juiz desse caso e do processo do júri, NUNCA vi tais chapas em nenhum dos autos mencionados e conforme certificado nos autos (f.4508 do vol.18) também não se encontram nas dependências da Secretaria. Nunca apareceram realmente” (fls. 46 da sentença, doc. 1).

Ignorou o sumiço das chapas e também as explicações do Complexo MG Transplante:
 

“A equipe de transplante renal e o estabelecimento Santa Casa de Poços de Caldas encontravam-se corretamente autorizados para realizar retirada e transplante de rim pelo Ministério da Saúde/SNT - Sistema Nacional de Transplantes. Estas autorizações foram suspensas após o inicio dos questionamentos divulgados pela imprensa”.

(...) As notificações de potenciais doadores da cidade de Poços de Caldas sempre foram comunicados ao MG Transplantes em Belo Horizonte, inclusive com disponibilização para a referida CNCDO Estadual de outros órgãos sólidos (fígado e coração), cujos transplantes não eram realizados na regional Sul. As notificações e as doações preenchiam os quesitos básicos legais e eram sempre acompanhadas pelo plantonista do MG Transplantes em Belo Horizonte”.

O MG Transplantes acompanhava e coordenava as doações ocorridas em Poços de Caldas, assim como a distribuição dos órgãos, atendendo às listas de espera ,e a viabilidade da utilização do órgão ou tecido. considerando a distância entre os estabelecimentos de retirada e transplante e o local onde se encontrava o receptor mais adequado. na forma da lei, inscrito na Lista de Espera. As equipes credenciadas eram designadas de acordo com escala previa e/ou vinculação legal do paciente com as mesmas”.

 Nessa mesma direção se manifestou a Associação Médica de Minas Gerais:



“Vale dizer que o Conselho Regional de Medicina de MG e o Conselho Federal de Medicina, já analisaram os casos que estão sendo julgados e em nenhum deles foi encontrado evidencia de infração ética ou de condutas que abreviassem ou colocassem em risco vidas de pacientes”.

 Peça 4 – o exercício continuado da crueldade


De nada adiantaram os laudos.

Três médicos foram condenados a penas de 14 a 18 anos de reclusão. Em 2014 foram presos no Presídio de Poços.

A partir daí sua vida foi transformada em um inferno. O médico Cláudio Fernandes foi preso três vezes, passou dois meses em um presídio em Três Corações. Tem quatro filhos e uma esposa médica. Para visitar o marido, a esposa tinha que tirar toda a roupa e passar por revista humilhante.

A perseguição aos médicos prosseguiu no próprio Presídio.

A perseguição foi tanta que, temendo pela própria vida, os médicos pediram, para serem transferidos para Três Corações. Narciso exigiu imediatamente a volta dos prisioneiros a Poços.

Foi tal o assédio sobre o diretor do Presídio de Poços, Adriano Souza Silva, visando retaliar os médicos – que este entrou com uma representação contra o juiz junto ao CNJ.

Depois de rebeliões e superlotação no presídio, assim que assumiu a direção Adriano tentou implementar uma política de reeducação de detentos. Montou um projeto de fabricação de móveis de junco sintético, fabricado por um reeducando.

Como represália, o juiz Narciso denunciou o diretor adjunto Baruk Francisco Pinto como responsável pela “remoção de órgãos e tecidos”, incluindo no inquérito da suposta “máfia dos transplantes”.

 Disse o juiz:



“O Baruk do Presídio64 e o condenado PAULISTA (um dos envolvidos com a morte de Andreia, que depois ficava posando de bom moço para a direção, fazedor de móveis de bambu, mas, na verdade, um bandido de quatro costados, que já cumpriu pena em diversos presídios do país) tentaram emplacar uma história para confundir os julgamentos a mando possivelmente do vereador Local”.

Na representação enviada ao CNJ, o diretor do presídio relata visitas de Narciso, ocasião em que ordenou que os médicos fossem mudados de cela periodicamente, para impedi-los de dormirem em camas. Ordenava também que os médicos “fossem colocados no seguro” (?) comprometendo a saúde e a integridade físicas dos detentos”.

Quando os médicos foram transferidos para Três Corações, o juiz Narciso ameaçou o diretor do Presídio em Poços, caso não os trouxesse volta.

Conclusão do diretor:


“Diante da conduta externada pelo magistrado, não há dúvida de que, além de julgar , processar ou absolver, vem desenvolvendo supostas manobras  em desfavor dos três sentenciados contaminando os princípios da Legalidade, Moralidade, Eficiência e, sobretudo, o princípio da Impessoalidade”.

Ao mesmo tempo, Narciso absolveu o antigo diretor do presídio, Marcelo Henrique de Souza, de um processo por tortura. Na sentença, escreveu que “ de fato, o diretor Marcelo, principal réu neste processo, não rezava pela cartilha tradicional  corrente nesta Comarca: do beija-mão aos pretensos  donos da cidad ; de comparecer  a programas de TV “laranjas” do coronelato”.

Os advogados dos médicos recorreram ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Mas a repercussão do caso na mídia local e nacional amarrou os desembargadores. Foram até o Conselho Nacional de Justiça. De Nancy Aldrighi ouviram comentários acerca de juiz polêmico. Mas ela própria não quis entrar em dividida, em um caso que ganhara repercussão na mídia, devolvendo ao TJMG.

Peça 5 – a fabricação de provas


Um dos pontos mais polêmicos da atuação do juiz Narciso, foi sua atuação no levantamento de provas, como se fosse um auxiliar da acusação – precursor de Sérgio Moro.

O clima conspiratório chegou até a morte de Carlão. Aproveitando o clima persecutório implantado pelo juiz, um certo José Alexandrino Apolinário apresentou-se como testemunha ocular do suposto assassinato de Carlão.

Narciso incluiu o testemunho na ação sobre os transplantes, embora constasse de um inquérito distinto.

“Também o inquérito policial reaberto que investiga a morte do administrador da SANTA CASA, Carlos Henrique Marcondes, ‘Carlão’, (...), vem avançando, mas ainda não na velocidade que seria a ideal” (fls. 27/28 da sentença, doc. 1). “Também descreve a já citada morte de ‘Carlão’, apontada como ‘queima de arquivo’ no dia em que teria uma reunião com a Mesa Diretora da IRMANDADE. Ficou constatado que ‘Carlão’ fazia gravações dos médicos e saberia de fatos escusos envolvendo os transplantes, venda de remédio e estaria para entregar o cargo e fazer denúncias à Polícia Federal quando foi morto” (fls. 38 da sentença, doc. 1).

A Corregedoria Geral da Polícia Civil resolveu investigar o que havia ocorrido. E aí conseguiu um depoimento espantoso de Apolinário. Narciso já havia sido informado por um repórter que Apolinário teria informações sobre a morte de Carlão.

Quando saía da Santa Casa, Apolinário recebeu uma carona do juiz Narciso. Depois, a esposa do juiz forneceu-lhe passagens de ônibus, de ida e volta a Belo Horizonte, a fim de prestar depoimento na Corregedoria Geral.

No depoimento, Apolinário admitiu que não havia testemunhado nada e que mentira no depoimento ao juiz Narciso. Atribuiu sua delação à inimizade que mantinha com o médico acusado.

A reação do juiz Narciso foi atribuir a mudança de depoimento à “máfia”.
 
“A Máfia demonstrou também que ainda está em atividade atualmente, pois `plantou` uma testemunha, JOSÉ ALEXANDRINO APOLINÁRIO, que em depoimento prestado perante o coordenador do CAOCRIM, disse ter assistido ao assassinato de ‘Carlão’, chegou a citar o nome de MOSCONI22 e que temia ser assassinado pelo médico nefrologista, já condenado no CASO 1, João Alberto Goes Brandão”.
 
Paciente renal, Apolinário morreu logo depois.


Peça 6 – o desfecho
 

Enquanto esteve em atividade em Poços, o CNJ nada fez para impedir seus esbirros autoritários. Narciso acabou sendo transferido para Uberaba, alegando stress pós-traumático.

Lá, abriu um blog para continuar atacando os médicos. O TJMG mandou fechar.

Houve uma desestruturação financeira e familiar dos médicos vitimados pelo furor do juiz Narciso. Seus nomes saíram em vários veículos nacionais. As suspeitas foram reforçadas por reportagens continuadas da EPTV – a afiliada da Globo na região.

Pior: uma comunidade relativamente tranquila passou a conviver com o fantasma da suspeita. Era praticamente impossível a tese de uma organização criminosa atuando por anos em uma cidade de 170 mil habitantes, com todos se conhecendo, assassinando pessoas e traficando seus órgãos. Mas o juiz Narciso e os veículos da região trataram de espalhar as suspeitas.

Hoje em dia, a extrema parcialidade da Lava Jato e da PGR estimulam a visão da revanche.


Mas é difícil saber qual a maior ameaça ao país, se a parcialidade do sistema judicial, que permite a derrubada de uma presidente eleito, e a blindagem dos tucanos, ou se o poder selvagem que permite a alguns juízes de 1a instância praticarem o exercício ilimitado do sadismo.


Amigos Famosos



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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Doria faz uso indevido da imagem de sem teto, promete almoço e desaparece


Gerson e Doria


“Eu poderia processar ele”: exposto sem autorização no Facebook, o sem teto Gerson espera o almoço que Doria prometeu. Por Zambarda


A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) fica na Rua Libero Badaró, a poucos metros da Prefeitura de São Paulo.

Ali em frente vive o mendigo Gerson, de 41 anos, que ficou famoso após estrelar uma publicação do prefeito João Doria Jr. no Facebook.

Doria passava pela área, viu Gerson e achou que a cena renderia. Câmeras flagraram o “encontro”. Sua equipe fez o resto do serviço.

O nome de sua filha foi citado. “A mãe dela a proibiu de ver o pai por conta do alcoolismo”, lê-se.

O post de 13 de janeiro teve 186 mil curtidas e mais de 40 mil compartilhamentos na rede. Um público equivocado de esquerda pagou mico inventando que ele era “fake”, alguém fantasiado. A realidade é pior.

Gerson não autorizou o uso de sua imagem como peça de propaganda política. Ele contou ao DCM que não gostou do comportamento de Doria, do assédio da mídia e de como a fotografia foi divulgada sem o seu consentimento.

“Quando o prefeito passou por aqui, eu pedi pra ele parar de tirar os moradores de rua. Eu tava bravo porque o ‘rapa’ tava levando os cobertores de todo mundo. Mas, depois, ele disse que me ajudaria”, afirma.

“Nunca pedi nada pro Doria. Só peço dinheiro sempre porque vivo na rua, como peço agora pra você. Ele prometeu almoçar conosco, algo que não cumpriu até agora”.

Gerson possui problemas psiquiátricos e recebe tratamento. “Estou bem melhor hoje porque tenho assistência”, declara.

Tem dois amigos. Um deles é Paulo César Vieira Sousa, que foi também fotografado por Doria sem camisa e ilustrou uma reportagem da Veja sobre doações de sabonete e xampu a abrigos. O outro é o senhor Natalino, o “Natal”.

Paulo César

“Foi só a foto girar na internet que vieram a Globo, o SBT e a Veja aqui. Só que nenhum deles ouve direito a história e chegaram a divulgar que eu era um mendigo falso. Dividimos a comida e temos ajuda da Secretaria de Direitos Humanos”, comenta.

“Eu poderia processar o prefeito por ter tirado foto sem a minha autorização. Mas não vou fazer isso. Dá muito trabalho”.

No Facebook, Doria elogia uns tais “Espaços Vida, que vão ajudar o Gerson e as mais de 16 mil pessoas que vivem nesta situação a terem oportunidades de uma vida mais digna”. Um factoide.

Há um pedido da Secretaria de Direitos Humanos para que o retrato seja retirado do Facebook por causa da exposição indevida de uma pessoa em situação de rua.

A Secretaria de Comunicação teria concordado, mas a imagem continua na rede social. A tramitação do requerimento está emperrada por conta da transição da gestão Haddad para a atual. A equipe de DH deve ser substituída em breve.

Ainda que o apelo de Direitos Humanos chegue ao gabinete do prefeito, é pouco provável que ele seja respeitado. O estilo populista de Doria é baseado nesse tipo de estratégia barata, de vale tudo eleitoreiro.

Os amigos Paulo César e Natal reclamaram que a prefeitura não foi ajudá-los com as chuvas recentes na cidade. “Não fizeram nada por nós ainda. Eu tomei banho é na chuva”.


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Brasil retoma vocação de súdito dos EUA com Temer




As pedras e os perigos da aproximação de Washington desejada pelo atual governo


Donald Trump assume a Casa Branca nesta sexta-feira 20, e logo a partir de fevereiro burocratas norte-americanos e brasileiros começam a reunir-se para preparar uma agenda capaz de ajudar mutuamente o crescimento econômico dos dois países, artigo escasso lá e aqui.

Ao menos foi esse o combinado entre o magnata e Michel Temer em um telefonema em dezembro, ligação de iniciativa do Palácio do Planalto. Na conversa, o peemedebista disse contar com investimentos dos Estados Unidos, que os empresários dos dois países se conhecem bem e gostariam de ampliar os negócios.

A ligação não foi capaz, porém, de levar Trump a convidar Temer para a posse, indiferença que teria incomodado o brasileiro. É verdade que o costume em Washington é chamar apenas embaixadores para a posse, mas a falta de deferência do bilionário com o peemedebista é sintomática.

O Brasil não está no centro das preocupações de Trump, a nutrir desprezo pelos latino-americanos, vide sua intenção de expulsar mexicanos e construir um muro para impedi-los de entrar. Para Brasília, contudo, os EUA são prioridade, embora não haja uma estratégia clara para atingir o objetivo e traduzir isso em questões concretas. Temer e o chancelerJosé Serra buscam desde o início uma relação carnal com o país, visto como fonte de legitimação internacional do governo e de capitais capazes de empurrar o PIB.

O descompasso é apenas uma das pedras no caminho da aproximação, uma trilha cheia de perigos aos interesses nacionais, como a secreta retomada das negociações sobre a Base de Alcântara.

Serra é uma das pedras. Torceu abertamente pela candidata democrata, Hillary Clinton. Os tucanos construíram boas relações com os Clinton na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O escolhido por Serra para embaixador em Washington, Sergio Amaral, foi porta-voz de FHC.

Antes do triunfo de Trump, Serra comentara a hipótese: “Não pode acontecer”, seria um “pesadelo”. Mais: “É preciso ser muito masoquista para ficar imaginando que o Trump vá ganhar”. Consumado o “pesadelo”, resignou-se. “Nas democracias, as decisões do eleitorado se respeitam e se cumprem não apenas por quem vence.” Viu, Aécio Neves (PSDB)?

Arriscou-se ao torcer por Hillary (Foto: Jales Valquer/Fotoarena)

Resignação à parte, Serra tende a merecer desdém por Trump. Vizinhos dos EUA, México e Canadá mudaram seus chanceleres às vésperas da posse do magnata. A mexicana Claudia Ruiz Massieu, por exemplo, tinha reclamado de o presidente Enrique Peña Nieto convidar o xenofóbico bilionário para uma conversa. Será que Serra corre o risco de perder o cargo? E que choque seria para o tucano, autor de discretas juras de amor aos EUA em certas entrevistas.

No namoro com o Tio Sam, Serra ressuscitou uma ideia polêmica e numa área sempre sedutora para os norte-americanos, a defesa. Mandou recolocar na mesa de negociações um acordo para ceder aos EUA uma base de lançamento de foguetes no Maranhão, a de Alcântara, em troca de recompensas.

Sergio Amaral conversou sobre o tema com o subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, Thomas Shannon. Mantida em sigilo, uma proposta foi elaborada e apresentada pelo Itamaraty a autoridades dos EUA. Teria sido rejeitada, segundo CartaCapital apurou.

Alcântara é tida como a base mais bem localizada do mundo para lançar foguetes. A partir dali, conseguem colocar satélites em órbita mais rapidamente, com economia de combustível e, portanto, de dinheiro. No fim da gestão FHC, houve um acordo, cujos termos foram ao Congresso, para ratificação. Logo em 2003, primeiro ano de mandato, Lula enterrou o projeto.

Um dos ministros a defender o arquivamento foi Roberto Amaral, então na Ciência e Tecnologia. Por seus termos, relembra ele, era um “crime de lesa-pátria”.

Os Estados Unidos impunham várias proibições ao Brasil: lançar foguetes próprios de base, firmar cooperação tecnológica espacial com outros países, apoderar-se de tecnologia americana usada em Alcântara, usar dinheiro obtido ali para desenvolver satélites nacionais. Além disso, só pessoal norte-americano teria acesso à base.

“O acordo contrariava os interesses nacionais e afetava nossa soberania”, afirma Amaral. “Os EUA não queriam nosso programa espacial, isso foi dito por eles à Ucrânia.”

Sepultada a negociação, a Ucrânia foi o parceiro escolhido em 2003 para um acordo espacial. Herdeira da União Soviética, tinha tecnologia para fornecer. Brasil e Ucrânia desenvolveriam conjuntamente foguetes para lançamentos em Alcântara, com o compromisso de transferência de tecnologia. A proposta da chancelaria de Serra aos EUA teria espírito parecido.

Os EUA pretendiam botar o bedelho na base de Alcântara. Lula enterrou o projeto

O Brasil alugaria a base em troca de grana e tecnologia. As proibições do acerto de 2002, chamadas “salvaguardas”, seriam flexibilizadas. Teria sido esse o motivo da atual recusa norte-americana de agora. A propósito: o entendimento com a Ucrânia foi desfeito em 2015, após consolidar-se por lá um governo pró-EUA.

Ao contrário de Serra, Temer não chegou a exibir paixão em público, mas em privado mostrou-se interessado, e útil, aos EUA. Em 2006, ano da reeleição de Lula, encontrou duas vezes o cônsul-geral americano no Brasil, Christopher McMullen, para conversar. Uma em 9 de janeiro, outra em 19 de junho, ambas em São Paulo.

As reuniões foram relatadas por McMullen a Washington em telegramas secretos, tornados públicos pelo WikiLeaks, especializado em vazar documentos, em 13 de maio passado, um dia após Temer chegar ao poder por causa do afastamento provisório de Dilma Rousseff.

Os telegramas deixam a impressão de que a indicação do peemedebista para vice de Dilma na eleição de 2010 foi um erro de Lula e do PT. A menos que tenha prevalecido a tese da conveniência de, em política, manter os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda.

No primeiro encontro, segundo o telegrama, Temer não mostrara objeção à Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), ideia enterrada no ano anterior por líderes progressistas sul-americanos, Lula entre eles, por ameaçar a economia e a soberania locais.

Teria dito que a vitória de Lula em 2002 fora “fraude eleitoral”, que o governo dele era “desapontador” e com “foco excessivo” no social, que o PT se corrompera. Diante das pauladas, McMullen anotou “com aliados assim...”, em referência à posição de Temer sobre Lula.

No despacho seguinte, sobre a conversa de junho, Temer foi descrito como “anti-Lula”, por suas críticas à política econômica, ao petista e a peemedebistas tidos como lulistas, caso de Renan Calheiros, hoje presidente do Senado. O PMDB era então dividido no apoio ao governo. Presidente da sigla, Temer pertencia à ala claudicante e reclamou “causticamente”, escreveu McMullen, “das recompensas miseráveis” do governo. Em bom português: um fisiológico descontente.

Ao divulgar no Brasil o filme sobre Snowden, Oliver Stone aventou que a espionagem da NSA de 2013 poderia ter abastecido a Lava Jato inaugurada em 2014 (Foto: Lotta Hardelin/AFP)

Temer e seus colegas deputados só mergulhariam no governo após o novo triunfo de Lula. Uma reeleição que provocaria uma guinada do petista no segundo mandato, sem as amarras ortodoxas do primeiro, previra Temer a McMullen, seu único interlocutor a traçar tal prognóstico.

Fundador do WikiLeaks, asilado na embaixada do Equador em Londres, o hacker australiano Julian Assange analisou o comportamento de Temer em uma entrevista ao escritor brasileiro Fernando Morais, divulgada na terça-feira 10.

Para Assange, o peemedebista revelou um grau “preocupante de conforto”. “O que ele terá como retorno? Ele está claramente dando informações internas à embaixada por alguma razão. Provavelmente, para pedir algum favor aos Estados Unidos, talvez para receber informações deles em retorno.”

A guinada de Lula no segundo mandato, prevista por Temer, ocorreu e foi embalada pela descoberta pela Petrobras, logo em 2007, de petróleo em águas ultraprofundas. A partir dali, o Brasil despontou como player em duas áreas delicadas para os americanos, a militar e a petrolífera. No fim de 2008, o governo lançaria uma Estratégia Nacional de Defesa, a amarrar o desenvolvimento do País ao reforço da segurança nacional.

Em 9 de janeiro de 2009, em telegrama confidencial a Washington, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, dizia que o Brasil caminhava para tornar-se uma “potência mundial moderna” e, mesmo que a Estratégia não vingasse na íntegra, seria capaz de “desenvolver uma força militar moderna com capacidade maior”.

A Marinha destacava-se no plano, reforço impulsionado particularmente pelo pré-sal, cujo controle inspirava cuidados, sobretudo após o anúncio norte-americano, em 2008, de reativação da IV Frota, força naval atuante ao Sul do Oceano Atlântico, pertinho do petróleo descoberto. Com a expansão desenhada para a Marinha, o Brasil sairia da 19a posição entre as forças navais mais poderosas do planeta e chegaria à 9a no fim da década de 2020, conforme o livro As Garras do Cisne, de 2014, do jornalista Roberto Lopes.

Não por acaso que o presidente da Exxon, Rex Tillerson, é secretário de Estado de Trump (Foto: Christy Bowe/Globe Photos)

O marco no salto naval viria com o submarino movido a energia nuclear, capaz de deslocar-se com mais velocidade e ficar mais tempo sob o mar do que o convencional. “O mais importante instrumento de ameaça que o País jamais possuiu”, escreve Lopes. Só os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) detêm tecnologia de construção desse submarino. O projeto brasileiro é parceria com a França, acordo negociado em 2008 e selado em 2009. Custará 8,5 bilhões de reais e já consumiu 1,8 bilhão. Segundo as últimas estimativas da Marinha, deve ficar pronto em 2027 e entrar em operação para valer em 2029.

Chanceler de Lula e ministro da Defesa de Dilma Rousseff, o embaixador Celso Amorim diz que com pré-sal, investimento militar e uma política externa independente de Washington, a priorizar as relações com a Ásia, a África e a integração latino-americana, o Brasil atraiu a ira do Tio Sam. “Havia uma percepção do sistema político nos Estados Unidos de que o Brasil começava a colocar as manguinhas de fora e de que era preciso nos deter.”

A máxima “aos amigos tudo, aos inimigos a lei” dá uma pista de como pode ter ocorrido tal contenção do Brasil por parte dos EUA. Segundo um ex-ministro de Dilma, muitas informações da Operação Lava Jato contra multinacionais brasileiras, casos de Petrobras e Odebrecht, chegaram ao Ministério Público e à Polícia Federal graças aos serviços americanos de inteligência e seus aliados.

Condenado a 43 anos de cadeia por fraudes na Eletronuclear, o pai do programa nuclear da Marinha, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, teria sido vítima de um agente infiltrado do Mossad, o serviço secreto de Israel, tradicional parceiro dos Estados Unidos.

Sócia da estatal francesa DCNS na construção do submarino nuclear, a Odebrecht acabou enredada abertamente pelo Tio Sam. Em 21 de dezembro, o Departamento de Justiça americano e a empreiteira anunciaram um acordo de leniência pelo qual a empresa pagará cerca de 7 bilhões de reais como punição (uns 5 bilhões serão pagos no Brasil) por distribuir 788 milhões de dólares em propinas (55% a autoridades estrangeiras) entre 2001 e 2016 em mais de 20 países. Várias nações latino-americanas já estudam processar a construtora, um pepino para os negócios da empresa.

As informações prestadas pela Odebrecht nos EUA serão aproveitadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no Brasil. Em fevereiro de 2015, Janot viajou a Washington com a força-tarefa da Lava Jato para conversas sobre temas incertos e não sabidos. Sabe-se apenas que não aceitou a presença de representantes do governo, na figura da Advocacia-Geral da União, nas reuniões.

No ano passado, o cineasta Oliver Stone lançou um filme sobre Edward Snowden, denunciante da espionagem em massa praticada pela NSA, agência de bisbilhotagem dos americanos que alvejou Dilma e a Petrobras. Em passagem pelo Brasil para divulgar o filme em novembro, Stone sugeriu que a espionagem da NSA, revelada em setembro de 2013, abasteceu a Lava Jato, deflagrada em março de 2014.

“Essa informação vai para algum lugar, não fica lá guardada. É usada para destruir, mudar governos, grandes empresas, a Petrobras, a empresa petrolífera da Venezuela. Isso pode levar à guerra”, afirmou, convicto de envolvimento dos EUA na queda de Dilma Rousseff.

Na entrevista a Fernando Morais, Assange revela os pecados de Serra

Na recente entrevista, Assange também cita o papel dos Estados Unidos no impeachment. Disse ter identificado “robôs” a convocar pessoas nas redes sociais da web para participar de protestos anti-Dilma. “Pensando em como são os programas americanos, vemos que essas coisas não acontecem na América Latina sem apoio americano”, disse.

E “considerando a intenção do Departamento de Estado americano em maximizar os interesses da Chevron e ExxonMobil”, o pré-sal teria sido a razão para o Tio Sam querer derrubar o PT, patrono da lei que garantia a presença da Petrobras na exploração em todos os campos.

O controle do pré-sal pela Petrobras era a base de um plano de desenvolvimento que passava pelo estímulo à indústria naval (fornecedora de navios-sonda), a construtoras de refinarias e às Forças Armadas.

Em 2009, um ano antes de concorrer ao Planalto pela segunda vez, o hoje chanceler Serra reunira-se com dirigentes da Chevron e prometera mudar a lei e liberar a exploração do pré-sal por estrangeiros sem a Petrobras, caso ganhasse a eleição. A promessa foi cumprida com a ascensão de Temer, responsável por sancionar, em novembro, lei proposta por Serra no Senado em 2015.

Foi na Exxon Mobbil que Donald Trump pinçou seu homem para o Departamento de Estado, Rex Tillerson, até aqui presidente da companhia. Pelo menos aí Serra deverá ter facilidades, caso Tillerson nutra sentimentos do tipo “gratidão”. Perspectivas de negócios não faltam no pré-sal.


Produzir ali é uma mina de ouro, com custos de extração dignos dos sauditas. Metade da produção da Petrobras no ano passado saiu de águas ultra-profundas, 1 milhão de barris por dia, alta de 33% ante 2015. O presidente da estatal, Pedro Parente, manteve o saldão inaugurado no governo Dilma e acaba de anunciar a venda de 21 bilhões de dólares em ativos entre 2017 e 2018.

O investimento de capitais talvez seja o que há de oportunidade econômica em uma aproximação do Brasil com os EUA, quem sabe algo em comércio exterior, já que a pauta de exportações do Brasil para o mercado americano é de boa qualidade, centrada em manufaturados, ao contrário do que ocorre com a China.

O problema, diz o economista Marcio Pochmann, um estudioso das relações globais, é que os EUA são uma economia decadente e que, sob Donald Trump, tendem a adotar uma postura protecionista para brigar com a China, o grande parque fabril do planeta hoje.

O Planalto, ressalta Pochmann, poderia até tirar proveito político de uma briga dessas, com jogadas parecidas com as de Getúlio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial, oscilante entre a Alemanha nazista e o bloco formado por ingleses, franceses, russos e americanos. Foi dessa artimanha que o Brasil arrancou dos EUA capitais para construir a primeira siderúrgica nacional. “Usar os Estados Unidos para negociar com a China não seria de todo ruim. Mas nós precisaríamos de um estadista.”

Não é o caso.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Reflexões de uma batedora de panela, seis meses depois





Vânia olhou para a sua panela tramontina roxa ali guardada no fundo do armário da cozinha.

Foi um olhar em que havia ao mesmo tempo melancolia e frustração.

Não era uma panela qualquer. Era aquela que Vânia usara nos protestos contra Dilma. Escolhera-a por ser leve e barulhenta. Perfeita, portanto, para a ocasião.

A panela remetia a Dilma. Vânia, naqueles dias de panelaço, abominava Dilma.

Dilma era um obstáculo para o Brasil, para os brasileiros. Quando gritava “Fora Dilma”, Vânia tinha certeza de que bradava pelo progresso nacional.

Vânia era gerente de uma loja da Riachuelo. O dono da cadeia dissera à imprensa que, Dilma saindo, as coisas logo se ajeitariam na economia nacional. Questão de dias.

Era o que todo mundo dizia, aliás. Vânia lia a Veja toda semana. Não perdia um Jornal Nacional. Deixava horas e horas a GloboNews ligada na tevê de sua casa. No trânsito, a rádio de seu carro oscilava entre CBN e Jovem Pan.

Considerava-se, modéstia à parte, uma mulher muito bem informada.

Todo mundo que ela admirava na imprensa concordava em que Dilma tinha que cair.

Vânia pegou a tramontina roxa nas mãos e como que voltou no tempo. Sentia que estava fazendo história ao participar dos panelaços. Com a panela nas mãos, naquelas noites, era tomada de uma euforia quase sexual.

Tinha que dar certo — e deu. Dilma enfim caiu.

Todos os problemas agora estavam resolvidos.

Ou não?

Ali, na sua cozinha, tramontina na mão, naquele momento de rememoração e reflexão, já se tinham passado mais de seis meses desde a queda de Dilma.

Mas e o paraíso prometido, onde fora parar?

Vânia batera a panela contra a corrupção, mas Temer e a turma que tomara o poder não significavam exatamente um choque de ética política.

Na economia, as coisas não podiam estar piores. Vários colegas de Vânia de gerência na Riachuelo tinham sido demitidos nos últimos dias. Cada vez que o chefe a chamava ela tinha um tremor. Achava que chegara a sua hora de ser despedida.

Naquele dia do reencontro com a tramontina roxa, Vânia pensou também em Dilma.

Será que ela era mesmo aquele monstro que pintaram?

Vira algumas entrevistas com ela depois do impeachment. Chamou sua atenção a forma como ela, Dilma, se referia aos pobres. Era uma simpatia que parecia ser genuína, e que como que tinha o poder de contagiar.

“Um país tão rico com tantos pobres não pode dar certo”, Vânia se pegou um dia refletindo. Isso nunca aconterera antes.

Vânia passara a ver Dilma de outra forma.

Teria sido vítima de uma trama de homens corruptos e muito ricos, como ela dizia?

Talvez sim, talvez não, pensou Vânia, panela na mão.

De repente, num impulso irresistível, atirou a tramontina contra a parede.

E lhe ocorreu que caso encontrasse Dilma na rua lhe daria um abraço.

Não um abraço de desculpa, mas um gesto de solidariedade de mulher para mulher. “Acho que me usaram para te pegar”, talvez dissesse.

A história acima é uma mistura de ficção leve e realidade brutal.

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Filho de FHC envolvido com propinas da Petrobras é denunciado por Nocaute



Por: Nocaute

Quem foi que atravessou o negócio das turbinas e abocanhou a propina de US$ 10 milhões que caberia ao Delcídio?


Perguntar, como se sabe, não ofende. Quem foi que atravessou o negócio das turbinas e abocanhou a propina de US$ 10 milhões que caberia ao Delcídio?
Foi o filho do Lula? Nããããããããããão!
Foi a filha da Dilma? Nããããããããããããao!
Foi o filho do FHC? Fooooooooooooiii!
E ele já foi coercitado? Nããããããããããooo!






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Prisão absurda de Boulos, marca de um governo autoritário e anti democrático




Boulos prestava solidariedade às famílias que foram despejadas pela polícia em uma área ocupada em São Mateus, zona leste de São Paulo


Boulos prestava solidariedade às famílias que foram despejadas pela polícia em uma área ocupada em São Mateus, zona leste de São Paulo

O companheiro Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), foi detido pela Polícia Militar de Geraldo Alckmin nesta manhã de terça-feira (17) enquanto resistia a reintegração de posse de 700 famílias em São Mateus, em São Paulo.

Boulos foi conduzido ao 49º DP, onde presta depoimento neste momento. Segundo seu advogado ao jornal Folha de S. Paulo, "antes do despejo, o líder tentou negociar com os policiais para que a ação fosse adiada", mas não adiantou.

Para justificar a prisão harbitrária, a polícia de Alckmin disse que houve "desobediência", porém o advogado contesta a versão e afirma que não houve desobediência. Boulos prestava solidariedade às familias que foram despejadas pela PM de uma área ocupada na zona leste da capital paulista.

A prisão de Boulos é um claro sinal à política de repressão de Alckmin e João Dória que pretendem a partir de agora perseguir os movimentos sociais e de esquerda.

Veja a nota do MTST

Prisão absurda de Guilherme Boulos

O companheiro Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, que estava acompanhando a reintegração de posse da ocupação Colonial, visando garantir uma desfecho favorável para as mais de 3000 pessoas da ocupação, acaba de ser preso pela PM de São Paulo sob a acusação de desobediência civil.

Um verdadeiro absurdo, uma vez que Guilherme Boulos esteve o tempo todo procurando uma mediação para o conflito.
Neste momento, o companheiro Guilherme está detido no 49ª DP de São Mateus.

Não aceitaremos calados que além de massacrem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajuda-los.

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

A Revista Fórum vai acompanhar o caso. A informação é de que ele está preso no 49o DP, em São Mateus.


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sábado, 17 de dezembro de 2016

Investigado pela PF esquema de corrupção envolvendo royalties da exploração mineral


Em 2015, o município Parauapebas (PA) teve a maior arrecadação de royalties por exploração mineral no país / Jeremy Bigwood/Agência Pública



As prefeituras de Parauapebas, Oriximiná e Canãa dos Carajás no Pará tiveram mandados de busca e apreensão


O filho do governador Simão Jatene (PSDB) do estado do Pará e o pastor evangélico Silas Malafaia, líder religioso da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, são um dos alvos de investigação na operação Timóteo, nome dado ao esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. A Polícia Federal (PF) realizou nesta sexta-feira, 16, ações de buscas e apreensões em 11 estados e no Distrito Federal.

Segundo a PF, uma organização criminosa fazia parte de um esquema que era realizado junto com as prefeituras para obter parte dos 65% da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), contribuição que em 2015 acumulou uma faixa de R$ 1,6 bilhão.

Segundo a assessoria de comunicação da PF ao todo há 52 mandados de buscas e apreensões em diferentes endereços que possuem alguma relação com o esquema. A PF cumpre, por determinação da Justiça Federal, 29 conduções coercitivas, 4 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de 3 imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões.

Silas Malafaia teve mandado de condução coercitiva para prestar esclarecimentos sobre suspeita de lavagem de dinheiro e Alberto Jatene, filho do governador Jatene, teve mandado de prisão temporária e compareceu na sede da Superintendência Regional no Pará na tarde do dia 16.

Esquema


De acordo com as investigações da PF o diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) fornecia informações privilegiadas sobre dívidas de royalties de exploração mineral a dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria. Os suspeitos então entravam em contato com os municípios que tinham créditos do CFEM junto a empresas de exploração mineral para oferecer seus serviços.

A PF informa que até onde pode mapear, a organização se dividia em 4 grandes núcleos:  captador, operacional, político e colaborador.

-  Núcleo captador: era formado por um diretor do DNPM e pela mulher dele, na qual, conforme a PF, realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema.

- Núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria registrada no nome da esposa do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos;

- Núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema;

- Núcleo colaborador, era responsável por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro. Entre uns dos investigados por este apoio na lavagem do dinheiro está uma liderança religiosa que recebeu valores do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema. A PF investiga se o líder religioso cedeu contas bancárias da instituição religiosa da qual faz parte com a intenção de ocultar a origem ilícita do dinheiro.

A operação Timóteo iniciou ainda em 2015, quando a Controladoria-Geral da União enviou à PF assinalava incompatibilidade patrimonial de um dos diretores do DNPM, autarquia federal, ligada ao Ministério de Minas e Energia e responsável pela fiscalização da exploração mineral no país. Conforme ainda a PF somente este diretor pode ter recebido valores que ultrapassam os R$ 7 milhões.

As ações realizadas na operação ocorreram nos estados Goiás, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins, além do Distrito Federal.

Pará


No Pará foram decretadas 21 buscas, 13 foram efetivadas; oito prisões temporária, até o momento um servidor Assembleia Legislativa (Alepa) do estado foi preso; e 11 conduções coercitivas, sendo efetivadas oito até o a fechamento desta matéria.

As prefeituras de Oriximiná, Canãa dos Carajás e Parauapebas tiveram mandado de busca e apreensão. A PF informou que o prefeito de Parauapebas se encontra foragido.  Em 2015 o município que mais teve arrecadação de royalties por exploração mineral no país, segundo informações do próprio DNPM, foi Parauapebas.

De acordo com o economista e professor da Universidade Federal do Pará, Raimundo Trindade, os municípios ficam com a maior parte dos royalties da exploração mineral, para a união é repassado 12% e os estados 23%. O CEFEM deveria ser destinado para possibilitar a implementação de uma política de transição de uma economia de exploração mineral para uma nova forma de desenvolvimento econômico para o município.

DNPM


Em nota publicada no site do DNPM informou que o órgão prestou assistência o Departamento de Polícia Federal para que fosse cumprido o mandado de busca e apreensão expedido pelo Juízo da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal.

Ainda segundo a nota o mandado se restringiu ao âmbito da Diretoria de Procedimentos Arrecadatórios – DIPAR/DNPM, nas instalações da sede do DNPM em Brasília e que ainda está tomando conhecimento sobre as investigações para, se necessário, tomar as providências administrativas.

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