Em suas primeiras medidas, o presidente empossada contraria
políticas adotadas pelo antecessor, Donald Trump
Em seu primeiro dia como presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden já emitiu três decretos que vão na contramão da política de seu
antecessor, o republicano Donald Trump.
O primeiro diz respeito ao meio ambiente. Biden determinou o
retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, que diz respeito ao combate ao
efeito estufa no planeta. Trump havia abandonado o acordo em 2017.
Outra medida foi a obrigatoriedade do uso de máscaras em
todas as propriedades federais. Trump havia minimizado essa política,
necessária para a contenção da disseminação do Sars-Cov-2, vírus que provoca a
Covid-19.
A terceira pauta diz respeito à igualdade racial, ainda não
detalhada. No ano passado explodiram protestos antirracistas nos Estados Unidos
através do movimento Vidas Negras Importam. O ex-presidente tentou criminalizar
os atos.
Em declaração dada a jornalistas Biden afirmou que vai assinar “algumas ordens executivas nos próximos dias e semanas. “Não há tempo para perder. Precisamos trabalhar imediatamente”, declarou.
Devem ser assinados 17 decretos nos próximos dias.
Governo do presidente dos EUA, Joe Biden, deverá se
distanciar criadas por Donald Trump e outros líderes populistas, como Jair
Bolsonaro. Objetivo é se afastar da “defesa de agendas religiosas, políticas
ultraconservadoras, ataques às instituições multilaterais e de desmonte dos
pactos de direitos humanos"
247- O governo do novo presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, deverá se distanciar “das alianças formais e informais que
tinham sido criadas nos últimos anos” entre seu antecessor, Donald Trump, e
outros líderes populistas, como Jair Bolsonaro. Segundo reportagem do
jornalista Jamil Chade, no UOL, o objetivo é se afastar da “defesa de
agendas religiosas, políticas ultraconservadoras, negacionismo ambiental,
ataques às instituições multilaterais e de desmonte dos pactos de direitos
humanos”.
De acordo com Chade, um dos indicativos da mudança de agenda
que deve ser imposta por Biden foi feito pelo novo chefe da diplomacia dos EUA.
“Questionado por mais de quatro horas, o experiente negociador que irá assumir
o Departamento de Estado norte-americano foi explícito em dizer que será uma de
suas prioridades lidar com a ameaça do populismo”.
Dentre os planos expostos por ele, está “a ideia da
realização no segundo semestre do ano de uma cúpula para a promoção da
democracia, reunindo países aliados”. O encontro seria uma espécie de “resposta
ao movimento mundial de extrema direita, assim como um marco de sua presidência
diante de ditaduras pelo mundo”, ressalta o jornalista. “Diplomatas brasileiros
interpretaram a referência ao projeto como um sinal claro de que o tema da
"democracia" estará presente nas decisões de Biden e que isso,
potencialmente, pode ser uma pressão sobre o governo Bolsonaro”, afirma.
Ainda conforme Jamil Chade, “Blinken ainda deixou claro que
a agenda ambiental do novo governo americano será implementada
"imediatamente". Isso inclui a volta ao Acordo Climático de Paris e o
engajamento de Washington em negociações em diferentes fóruns”.
Chade também destaca que o governo Biden ‘colocará
"atenção sustentável" nas questões das Américas e que a região será
uma "área de foco"’.
Joe Biden faz o 1° discurso como presidente dos EUA: "A democracia prevaleceu" O democrata Joe
Biden tomou posse como presidente dos EUA nesta quarta-feira (20). Ele assume presidência em cerimônia com segurança reforçada e sem a presença de Donald Trump. "Este é o dia da América ... Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa - a causa da democracia", afirmou. "Eu serei um presidente para todos os americanos", disse na posse.
O Twitter bloqueou a conta do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (8) de forma permanente "devido ao
risco de mais incitação à violência".
Usuários da rede social vinham pressionando o Twitter a
congelar a conta do presidente norte-americano após os eventos da última
quarta-feira (6), quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio dos EUA para
impediar a sessão de aprovação da vitória de Joe Biden nas eleições.
De acordo com a nota publicada pelo Twitter, as contas de
líderes mundiais e autoridades não podem estar acima das regras da plataforma
para incitar a violência. A página de Trump na rede social possuía cerca de 89
milhões de seguidores.
"Após uma análise cuidadosa das postagens
recentes do @realdonaldtrump e do contexto que o cerca, congelamos a conta de
forma permanente devido ao risco de mais incitação à violência", disse a rede social em um comunicado.
A decisão do Twitter de suspender a página do presidente
norte-americano rapidamente repercutiu nas redes sociais, com internautas
destacando fotos da conta suspensa.
A conta do presidente americano Dond Trump, suspensa do twitter por quebrar os termos de uso da plataforma pic.twitter.com/zQEjRl1iUd
A página de Trump chegou a ser temporariamente bloqueada
no dia da invasão do Congresso, sendo reativada na última
quinta-feira (7).
"No contexto dos horríveis eventos nesta semana,
deixamos claro na quarta-feira que violações adicionais das regras do Twitter
potencialmente resultariam neste mesmo curso de ação [...] Há anos deixamos
claro que essas contas não estão totalmente acima de nossas regras e não podem
usar o Twitter para incitar a violência, entre outras coisas. Continuaremos a
ser transparentes em relação às nossas políticas e sua aplicação",
completa a nota.
Outras redes sociais como Facebook e Instagram também
anunciaram a suspensão da conta de Donald Trump por 24 horas no dia
da invasão do Capitólio. No entanto, na quinta-feira (7), Mark Zuckerberg
anunciou que a página do presidente dos EUA ficaria bloqueada em ambas as redes
pelo menos até a posse de Joe Biden, que será realizada em 20 de janeiro.
O venezuelano Juan Guaidó telefonou na
manhã desta quinta-feira (7) para Donald
Trump sugerindo que o republicano —apesar
do desfecho no Congresso— se autoproclame presidente reeleito dos Estados
Unidos.
Na manhã desta quinta, o Congresso americano certificou a
vitória do democrata Joe Biden como 46º presidente eleito. Ele
irá assumir o cargo no próximo dia 20 de janeiro.
A sugestão de Guaidó para Trump se autoproclamar “presidente
reeleito” ocorreu menos 24 horas depois da União Europeia comunicar
que não reconhece mais o venezuelano como presidente paralelo do país
caribenho.
A UE deixou de reconhecer Guaidó como “governo
autoproclamado” e, a partir de agora, só o vê como um líder de oposição ao
governo constitucional de Nicolás Maduro.
Trump parece que não deu ouvidos para o golpista
venezuelano. Em breve comunicado, o ainda presidente dos EUA disse que ‘haverá
uma transição ordenada em 20 de janeiro’.
‘Embora isso represente o fim do maior primeiro mandato da
história presidencial, é apenas o começo de nossa luta para tornar a América
grande de novo’, garantiu o presidente americano, rejeitando a “solução Guaidó”
de se autoproclamar reeleito.
“Mesmo que eu discorde totalmente do resultado da eleição, e
os fatos me confirmem, haverá uma transição ordenada em 20 de janeiro”, disse
Donald Trump.
Guaidó e Trump merecem a lata do lixo da história.
"A violência no Congresso reflete o quão agressivo é o
governo dos EUA"
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, considerou que os violentos acontecimentos ocorridos em 6 de janeiro no Congresso dos Estados Unidos são a causa da política de ameaças e agressões promovida pelo presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele defendeu que o povo americano superasse a polarização e alcançasse o entendimento e o diálogo. teleSUR
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está
considerando conceder um perdão a si mesmo. A informação foi publicada nesta
quinta-feira (7) pelo jornal norte-americano New York Times.
A ideia de conceder o perdão a si mesmo – o que seria
inédito na história norte-americana – é se blindar de possíveis futuras
investigações e acusações conduzidas pela equipe de Joe Biden. O perdão, neste
caso, seria utilizado de forma preventiva.
O jornal citou duas pessoas não identificadas que teriam
conhecimento de conversas de Trump com assessores sobre o que seria um uso
extraordinário do poder presidencial.
"Em várias conversas desde o dia da eleição,
Trump disse aos assessores que está considerando se perdoar e, em outros casos,
perguntou se deveria [conceder perdão a si mesmo] e qual seria o efeito legal e
político sobre ele, de acordo com as duas pessoas", noticiou o New York Times.
Ainda segundo o New York Times, Trump considera dar o perdão
não só a si mesmo, mas também aos seus três filhos mais velhos: Donald Trump
Jr., Eric Trump e Ivanka Trump. Além deles, também estariam na lista Jared
Kushner, conselheiro da Casa Branca, e Rudolph Giuliani, advogado de Trump.
O jornal disse que não estava claro se ele havia discutido o
assunto com assessores depois da invasão ao Capitólio nesta quarta-feira (6).
Donald Trump no colégio eleitoral de Nova York
O mandato de Trump termina em 20 de janeiro e, segundo a
Reuters, o presidente enfrenta ações judiciais que não seriam cobertas por um
perdão federal. Elas incluem uma investigação criminal, feita pelo promotor
distrital de Manhattan Cyrus Vance Jr., e uma investigação civil pela
procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que apuram se Trump teve
benefício financeiro pessoal em negócios realizados pela Casa Branca.
Em 2018, Trump escreveu um tweet em que diz ter o
"direito absoluto" de se perdoar.
As has been stated by numerous legal scholars, I have the absolute right to PARDON myself, but why would I do that when I have done nothing wrong? In the meantime, the never ending Witch Hunt, led by 13 very Angry and Conflicted Democrats (& others) continues into the mid-terms!
Como foi declarado por vários estudiosos do Direito, eu
mesmo tenho o direito absoluto de me PERDOAR, mas por que eu faria isso se não
fiz nada de errado? Nesse ínterim, a caça às bruxas sem fim, liderada por 13
democratas muito irritados e conflituosos (e outros), continua a avançar
durante este período!
Os advogados constitucionais dizem que não há uma resposta
definitiva sobre se um presidente pode legalmente conceder um perdão a si
mesmo.
"Quando as pessoas me perguntam se um presidente
pode perdoar a si mesmo, minha resposta é sempre: 'Bem, ele pode tentar’. A
Constituição não dá uma resposta clara sobre isso”, disse à Reuters Brian Kalt,
professor de Direito Constitucional da Universidade do Estado de Michigan.
Alguns especialistas jurídicos disseram que o perdão pessoal
seria inconstitucional porque viola o princípio de que ninguém deve ser o juiz
em seu próprio caso.
Presidente Trump com sua filha Ivanka, deixa Casa Branca
para visitar base aérea de Andrews
Nesta quinta-feira (7), a presidente da Câmara dos
Representantes, Nancy Pelosi, pediu a "destituição imediata" de Donald Trump da
presidência dos EUA após o episódio de invasão ao Capitólio. Além dela, o
presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, Jerry Nadler, pediu o impeachment imediato do presidente.
Invasão ao Congresso dos EUA: dia de tumulto e caos no
coração da democracia
No momento da invasão, o Congresso estava reunido para o
processo de certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden, que chamou
o ato de "insurreição".
Os manifestantes haviam participado antes de uma grande
manifestação com a presença do atual presidente, Donald Trump, em frente à Casa
Branca. Em seu discurso, ele voltou a falar em fraude, apesar da falta de
provas, e afirmou que seus simpatizantes "nunca concederiam" a
vitória a Biden.
Após a invasão, as sessões no Congresso foram suspensas e os
acessos aos corredores do Senado e da Câmara foram bloqueados. Os trabalhos
foram retomados após a retirada dos manifestantes, à noite. A vitória de Biden
foi confirmada pelos parlamentares.
Subiu para cinco o número
de mortos em decorrência do ataque de
apoiadores do presidente Donald Trump ao Capitólio dos Estados Unidos na
quarta-feira (6). Autoridades confirmaram nesta quinta (7) a morte de um
policial que trabalhava no momento da invasão.
O protesto pró-Trump, que contestava o resultado das
eleições dos Estados Unidos e a vitória do democrata Joe Biden, descambou para
a violência e invasão do Congresso norte-americano.
O chefe da polícia do Capitólio, Steven Sund, renunciou ao
cargo após ser criticado pela resposta desastrosa à invasão. A renúncia passa a
valer a partir do dia 16 de janeiro.
A segurança do local tem dois mil funcionários, mas o
efetivo era bem menor na quarta-feira.
Sund chegou a dizer que muitos integrantes da equipe de
segurança estavam afastados porque foram infectados pelo novo coronavírus ou
porque tiveram contato com alguém infectado.
No entanto, policiais disseram à imprensa norte-americana
que não tiveram orientação para agir durante todo o ataque à sede do Congresso
do país.
Tendo Washington sido palco de confrontos no dia 6 de
janeiro que resultaram em mortes durante a certificação dos resultados
presidenciais pelo Congresso, a Rússia desejou que os americanos "vivessem
com dignidade este momento dramático" de sua história, lembrando que 'foi
um "assunto interno" dos Estados Unidos.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia,
Maria Zakharova, comentou sobre os confrontos em Washington .
“É um assunto interno dos EUA”, enfatizou ela.
Nesse contexto, ela “chamou mais uma vez a atenção” para o
fato de o sistema eleitoral norte-americano ser “arcaico”.
Este sistema “não atende aos padrões democráticos
modernos e permite muitas violações, enquanto a mídia americana se tornou um
instrumento de luta política. Essa é, em grande parte, a razão da atual
cisão da empresa nos Estados Unidos ”, disse ela.
Maria Zakharova acrescentou que Moscou deseja “que o
fraterno povo americano passe por este momento dramático de sua história com
dignidade”.
No dia anterior, o presidente cessante Donald Trump falou em
um comício que reuniu vários milhares de pessoas e mais uma vez afirmou que a
votação havia sido fraudada. Seus apoiadores foram ao Capitólio e
invadiram o prédio. A polícia usou gás lacrimogêneo e granadas de
choque. Quatro pessoas morreram : uma veterana da Força Aérea
dos Estados Unidos foi baleada por um policial e morreu no hospital, enquanto
outras três morreram perto do Capitólio quando precisaram de tratamento médico.
cuidados médicos.
As reuniões do Senado e da Câmara dos Deputados foram
interrompidas. Os membros do Congresso e o vice-presidente Mike Pence
foram evacuados.
Os manifestantes não foram violentos e basicamente apenas
filmaram o que estava acontecendo e tiraram selfies. Donald Trump
despachou a Guarda Nacional para a capital e apelou por paz e ordem a seus
partidários.
Horas depois, os manifestantes foram expulsos do prédio e
ambas as câmaras retomaram suas sessões. O Congresso finalmente
aprovou a eleição de Joe Biden como presidente .
Donald Trump prometeu por sua vez que a transferência do
poder será pacífica, embora não concorde com o resultado das
eleições. Suas páginas no Twitter e no Facebook foram bloqueadas devido a
mensagens que ele endereçou aos manifestantes.
Dia sem precedentes nos EUA: manifestantes invadiram o
Capitólio
Os Estados Unidos vivem um dia inédito e muito
convulsionado, com violentos protestos no Capitólio e em meio à certificação de
votos que ratificariam a vitória eleitoral de Joe Biden. Na sede do Legislativo
ocorreram confrontos com a Polícia e momentos de forte tensão.
Invasão ao Capitólio, nos EUA (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
| Reprodução)
Em protesto histórico nos Estados Unidos, no dia em que a
vitória de Joe Biden seria homologada, manifestantes defensores de Donald Trump
invadiram o prédio do Congresso e interromperam a sessão que discutia os votos.
Toque de recolher vale até 18h na capital (vídeos)
247- A prefeita de Washington DC, capital dos
Estados Unidos, decretou toque de recolher na cidade até 18h desta quarta-feira
(6) após a invasão de ativistas pró-Donald Trump ao prédio do
Capitólio, onde fica o Congresso. Apenas trabalhadores de serviços essenciais
têm autorização para estar nas ruas.
Em um protesto inédito na história dos EUA, os trumpistas,
que estavam reunidos em frente ao Congresso no dia da homologação da vitória de
Joe Biden, confrontaram policiais, derrubaram as barreiras e entraram no
prédio.
O grupo, de dezenas de milhares de pessoas, foi inflamado
pelo próprio presidente, que incitou as pessoas a irem às ruas protestarem
contra o resultado das eleições. Após a violência, porém, Trump foi ao Twitter dizer que não concorda com a
violência e defendeu um movimento pacífico.
O vice-presidente, Mike Pence, que presidia a sessão
conjunta do Congresso que vai certificar a vitória de Biden, foi retirado do
prédio do Capitólio. Ele foi pressionado por Trump a não chancelar a
derrota do republicano.
Apoiadores de Donald Trump abriram um extintor de incêndio no Capitólio para dispersar a polícia. Situação totalmente fora de controle. pic.twitter.com/pndw8Kwdcc
#ENVIDEO🔴📹| Los partidarios de Trump han violado el edificio del Capitolio, derribando 4 capas de vallas de seguridad y están tratando de ocupar el edificio, luchando contra la policía federal #EEUU🇺🇸👉🏿https://t.co/tqMKHfl0b4pic.twitter.com/j5uM8mt7gB
O presidente Donald Trump pediu ao colega republicano
Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, para que "encontrasse"
votos suficientes para reverter sua derrota no estado. A conversa aconteceu
neste sábado (2), e a ligação foi gravada.
O resultado das eleições presidenciais dos Estado Unidos
continua sendo alvo de polêmicas. Neste domingo (3),
uma reportagem de um jornal em Washington revelou que o presidente Donald
Trump teria ligado pessoalmente para pressionar as autoridades da Geórgia para
que manipulassem a apuração no estado.
De acordo com as informações, há uma gravação da conversa em que o
presidente dos EUA repreendeu Brad Raffensperger, pedindo ação e fazendo
ameaças com consequências criminais se o secretário se recusasse a
prosseguir com o que chamou de "falsas alegações". O presidente
disse, em determinado momento da conversa, que Raffensperger estava assumindo
"um grande risco".
"O povo da Geórgia está com raiva, o povo do país
está com raiva. Não há nada de errado em dizer que, você sabe, que você
recalculou [os resultados]", disse Trump ao secretário de Estado da
Geórgia.
Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro-geral de
seu escritório rejeitaram as afirmações de Trump, explicando que o presidente
está contando com teorias da conspiração e que a vitória do
presidente eleito Joe Biden com 11.779 votos na Geórgia foi justa e precisa.
Foto de 13 de novembro de 2019 com homem demonstrando
sistema de votação da empresa Dominion Voting Systems, que o estado da Geórgia
usará em Atlanta, EUA
Após falar na possibilidade de recálculo, o presidente
norte-americano acrescentou: "Tudo o que quero fazer é isso. Apenas
queremos encontrar 11.780 votos, porque ganhamos no estado."
"Não há como eu perder a Geórgia", disse Trump,
uma frase que repetiu várias vezes na ligação. "Não tem jeito. Ganhamos
por centenas de milhares de votos".
O presidente dos EUA comentou a polêmica em suas redes
sociais:
"Não há como eu perder a Geórgia", disse
Trump, uma frase que repetiu várias vezes na ligação. "Não tem jeito.
Ganhamos por centenas de milhares de votos".
O presidente dos EUA comentou a polêmica em suas redes
sociais:
I spoke to Secretary of State Brad Raffensperger yesterday about Fulton County and voter fraud in Georgia. He was unwilling, or unable, to answer questions such as the “ballots under table” scam, ballot destruction, out of state “voters”, dead voters, and more. He has no clue!
Falei com o secretário de Estado Brad Raffensperger ontem
[2] sobre o condado de Fulton e a fraude eleitoral na Geórgia. Ele não queria
ou não conseguia responder a perguntas como o golpe das "cédulas embaixo
da mesa", destruição das cédulas, "eleitores" de fora do estado,
eleitores mortos e muito mais. Ele não faz ideia!
Vale lembrar que a Geórgia já realizou duas recontagens de votos, que terminaram com o mesmo
resultado: vitória de Joe Biden. A derrota nesse estado, considerado reduto
tradicional do partido Republicano, foi uma das grandes responsáveis por
frustrar os planos de Trump de se reeleger como presidente dos Estados Unidos.
Áudio: Trump repreende Ga. Secretário de estado, exorta-o a
‘encontrar’ votos
In a one-hour phone call on Saturday with Georgia election
officials, President Trump insisted he won the state and threatened vague legal
consequences if the officials did not act. These are excerpts from the call.
Read more: https://wapo.st/3rSLzAa. Subscribe to The Washington Post
on
Trump pediu ao colega republicano Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, que "encontrasse" votos suficientes para reverter sua derrota no estado; informações são do jornal The Washington Posthttps://t.co/Q4LXN1B4lw
O jornalista Moisés Mendes opina que o recado do comandante
do Exército a Bolsonaro é de que não tente confundir o Exército com o
bolsonarismo. "Significa que o governo pode continuar militarizado, mas
sem suporte político dos militares da ativa e sem apoio da farda muito menos
aos blefes de Bolsonaro. Pujol falou pelos comandantes das três armas"
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas
pela Democracia - Bolsonaro sempre soube que não tinha
pólvora. Agora não tem mais generais quietos diante das besteiras que diz.
Talvez também nem tenha mais um jipe com um soldado e um cabo dispostos a
segui-lo incondicionalmente.
Bolsonaro está dependurado no galho seco e inconfiável do
centrão, e o que vê lá embaixo é um penhasco que o espera de boca aberta.
O lastro militar que vai sobrar para o governo pode ser
apenas o institucional e funcional, com seus nove ministros generais e os
oficiais subalternos que arranjaram emprego nas repartições de Brasília.
Bolsonaro ficará dias medindo os estragos das advertências
do chefe do Exército, que esfarelaram a base militar que o sujeito imaginava
ter.
O general Edson Pujol poderia ter usado uma fala meio ao
acaso, em um evento virtual, para dizer que a política não entra nos quartéis.
Seria uma frase solta, forte, mas em apenas um momento. Algo pontual.
Mas Pujol repetiu a frase em outro evento, na sequência, e
advertiu que o Exército é instituição de Estado, não de governo ou de partido.
Foi incisivo duas vezes, quando até agora estava calado.
Que significado pode ter o recado para um governo
militarizado e com mais de 6 mil oficiais empregados por Bolsonaro? Pode ser a
fixação de um limite. Os que estão no governo não estão mais nos quartéis. E
dos quartéis eles devem ficar afastados.
Que não tentem confundir o Exército com o bolsonarismo.
Significa que o governo pode continuar militarizado, mas sem suporte político
dos militares da ativa e sem apoio da farda muito menos aos blefes de
Bolsonaro. Pujol falou pelos comandantes das três armas.
O general e o vice-presidente Hamilton Mourão, que reafirmou
a fala do comandante do Exército, estão puxando um freio. Eles sabem,
constrangidos, que colegas cortejaram Bolsonaro em atos fascistas. Todo mundo
sabe.
Quando Bolsonaro ampliou os blefes de que poderia fechar o
Supremo, no primeiro semestre, generais foram aos atos da terrorista Sara
Winter na Esplanada do Ministério. Em agosto, Bolsonaro chegou a reunir seus
generais, para que fosse traçado um plano de ocupação do STF.
E Pujol conhece um a um os 16 generais que Bolsonaro mandou
embora do governo. Se outros saírem, quantos mais estariam dispostos a
substituí-los, agora que está cada vez mais claro que são usados como
trincheira de Bolsonaro?
Quem correrá o risco de ser humilhado e dispensado pelos
filhos de Bolsonaro, como aconteceu com o ex-ministro Santos Cruz, que na rua
decidiu atacar o ex-patrão?
Santos Cruz não deve ter descoberto só agora que esse é um
governo de “embuste, fanfarronice e desrespeito”, como escreveu no Twitter.
Quem mais, entre os demitidos, poderia dizer a mesma coisa
de Bolsonaro, mas prefere ficar quieto? Por que afundam na resignação e não
dizem também que o projeto de Bolsonaro não é e nunca foi um plano estratégico
das Forças Armadas?
É difícil admitir que o antipetismo, o antiesquerdismo e até
o anticomunismo tardio levaram os militares ao colo de Bolsonaro. O
bolsonarismo foi uma armadilha para civis e generais.
É interessante que, aos poucos, na tentativa de saltar fora,
além das mensagens diretas, como a do comandante do Exército, há indiretas com
algum grau de sutileza.
Como essa sugestão de Hamilton Mourão, o indemissível, em
entrevista à Rádio Gaúcha, ao alertar que as pessoas devem prestar atenção mais
às ações do que às palavras do presidente.
Mourão deixou escapar que as palavras de Bolsonaro só geram
confusão, divisão, ressentimentos, inveja e ódios. Seria preciso prestar
atenção no que ele faz. Mas o que ele faz mesmo ninguém sabe direito, nem ele
próprio.
Canais de TV aberta dos EUA cortaram o sinal e desmentiram o
presidente; assista
O discurso de Donald Trump, atual presidente dos Estados
Unidos e candidato à reeleição pelo Partido Republicano, feito durante coletiva
de imprensa realizada na noite desta quinta-feira (5) foi tirado do ar por
canais de televisão aberta dos EUA antes de ser encerrado. Nessa fala, o
candidato propagou teses falsas de que houve fraude nas eleições daquele país e
proclamou sua suposta vitória.
“Tivemos que interromper o presidente porque ele fez uma
série de falsas acusações que davam a entender que houve uma fraude nas
eleições e não há nenhuma evidência disso”, disse Lester Holt, âncora do NBC
Nightly News logo após a emissora cortar a fala do presidente.
A CBS e a ABC também cortaram a transmissão e desmentiram
informações apresentadas pelo presidente logo após o discurso. “Simplesmente
não há nenhuma evidência apresentada em qualquer um desses estados de que haja
votos ilegais”, afirmou o jornalista Jonathan Karl, correspondente da ABC na
Casa Branca.
Durante o discurso, o mandatário voltou a autoproclamar sua
suposta vitória eleitoral e disse que os democratas estariam tentando roubar
sua vitória. “Na contagem dos votos legais, a minha vitória é clara. Nos votos
ilegais, eles podem tentar roubar a eleição”, declarou”.
Donald Trump: "Ganhei com muitos votos na Pensilvânia. Na Geórgia, ganhei por muitos votos."
Isso é falso. Nenhum veículo projetou vitória de um candidato nesses estados porque os votos ainda estão sendo contados e, matematicamente, ainda não há nenhum vencedor.
Dilma e Biden em foto de 2015; na época, governo americano
se aproximou de países latino-americanos com abertura de documentos históricos
sobre violações de direitos humanos
Se havia alguma dúvida de que o presidente brasileiro
Jair Bolsonaro e o presidenciável democrata Joe Biden estão em lados políticos
opostos, o debate entre Biden e o presidente Trump na última semana tratou de
dissipá-las. Na ocasião, Biden, favorito para vencer o pleito de 3 de novembro
pelas atuais pesquisas, criticou a devastação da Amazônia e aventou até sanções
econômicas ao país.
O meio ambiente, no entanto, está longe de ser o único tema
de discordância entre Biden e Bolsonaro. O
ex-vice-presidente americano está no centro de uma das empreitadas pelas quais
o atual presidente brasileiro mais demonstrou desprezo e resistência: a
apuração, pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), de crimes e violações cometidos
por agentes públicos durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985.
Em 17 de junho de 2014, Biden, o então vice-presidente na
gestão Barack Obama, desembarcou em Brasília com um objeto especial na bagagem:
um HD com 43 documentos produzidos por autoridades americanas entre os anos de
1967 e 1977. A partir de informações passadas não só por vítimas, mas por
informantes dentro das Forças Armadas e dos serviços de repressão, os
relatórios americanos detalhavam informações sobre censura, tortura e assassinatos
cometidos pelo regime militar do Brasil.
Até aquele momento, a maior parte dos documentos era
considerada secreta pelo governo dos Estados Unidos, que apoiou e colaborou com
a ditadura durante boa parte do período em que os militares estiveram no poder.
Biden sabia bem do que se tratava. E sabia também que
produziria impacto real ao passar a mídia para as mãos da então presidente
brasileira Dilma Rousseff, ela mesma uma das oposicionistas torturadas nos porões
da ditadura.
É certo que o governo americano poderia ter enviado o
material por internet, pela embaixada nos Estados Unidos.
Mas a gestão Obama-Biden queria gravar seu nome no ato de
abertura dos documentos, como um manifesto pela transparência e pelos direitos
humanos.
Mais do que isso, queria melhorar relações diplomáticas com
base na troca de informações altamente relevantes para a história de países
como Brasil, Argentina e Chile.
No caso do Brasil, isso era ainda mais estratégico já que a
revelação, meses antes, de que a Agência Nacional de Segurança americana (NSA,
na sigla em inglês) havia espionado conversas da mandatária brasileira abalou o
alicerce das relações entre os dois países.
"Estou feliz de anunciar que os Estados Unidos
iniciaram um projeto especial para desclassificar e compartilhar com a Comissão
Nacional da Verdade documentos que podem lançar luz sobre essa ditadura de 21
anos, o que é, obviamente, de grande interesse da presidente", afirmou
Biden, sorridente, ao lado de Dilma.
Sem ditadura
A própria definição dada por Biden do regime militar é hoje
refutada por Bolsonaro, que nega ter havido ditadura no país.
"Espero que olhando documentos do nosso passado
possamos focar na imensa promessa do futuro", concluiu Biden.
Cinco anos após esse encontro entre Dilma e Biden, o
presidente brasileiro Jair Bolsonaro desqualificou por completo as revelações
feitas pela CNV, das quais os documentos trazidos por Biden são peça
fundamental.
"A questão de 64 não existem documentos se matou ou não
matou, isso aí é balela, está certo?", disse Bolsonaro.
O presidente respondia à imprensa, que questionava uma
declaração sua dada no dia anterior para atingir o presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Bolsonaro disse pra Santa Cruz
que poderia esclarecer a ele como seu pai havia desaparecido.
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, Fernando
Augusto Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB, foi visto pela última
vez em fevereiro de 1974, quando foi preso no Rio de Janeiro por agentes do
DOI-Codi. Oliveira jamais voltou a ser visto. Ele morreu nas mãos dos agentes.
"Comissão da Verdade? Você acredita em Comissão da
Verdade? Você quer documento para isso, meu Deus do céu? Documento é quando
você casa, quando você se divorcia. Eles têm documento dizendo o contrário? Acrescentou
Bolsonaro.
Mas, afinal, o que há nos documentos trazidos por Biden?
Documento enviado pelo consulado americano do Rio de Janeiro
descreve padrão de tortura
"O suspeito é deixado nu, sentado e sozinho em uma cela
completamente escura ou refrigerada por várias horas. Na cela há alto-falantes,
que emitem gritos, sirenes e apitos em altos decibéis. Então, o detido é
interrogado por um ou mais agentes, que o informam qual crime acreditam que a
pessoa tenha cometido e que medidas serão tomadas caso não coopere. Nesse
ponto, se o indivíduo não confessa, e se os agentes consideram que ele possui
informações valiosas, ele é submetido a um crescente sofrimento físico e mental
até confessar."
"Ele é colocado nu, em uma pequena sala escura com um
chão metálico, que conduz correntes elétricas. Os choques elétricos, embora
alegadamente de baixa intensidade, são constantes e eventualmente se tornam
insuportáveis. O suspeito é mantido nessa sala por muitas horas. O resultado é
extrema exaustão mental e física, especialmente se a pessoa é mantida nesse
tratamento por dois ou três dias. Em todo esse período, ele não recebe comida
nem água."
O texto acima é um trecho de um documento de sete páginas
enviado pelo consulado americano do Rio de Janeiro ao Departamento de Estado,
em 1973, e trazido por Biden em sua visita.
A comunicação diplomática informa que 126 pessoas teriam
passado por tratamento parecido ao relatado, além de outras formas de sevícias,
como o "pau de arara". O informe é feito não só com base em
depoimentos de vítimas, mas de informantes militares, cuja identidade aparece
protegida por trechos apagados no documento.
Detalhes
"Esse é um dos relatórios mais detalhados sobre
técnicas de tortura já desclassificados pelo governo dos Estados Unidos",
afirmou à BBC News Brasil Peter Kornbluh, diretor do Projeto de Documentação
Brasileiro do Arquivo de Segurança Nacional Americano, em Washington D.C.
Ainda de acordo com Kornbluh, "os documentos americanos
ajudam a lançar luz sobre várias atrocidades e técnicas (de tortura do regime).
Eles são evidências contemporâneas dos abusos dos direitos humanos cometidos
pelos militares brasileiros. Quase todo o mundo acredita neles. As pessoas que
preferem não reconhecer a verdade sobre o que foi feito são os Bolsonaros e
aqueles que realmente cometeram esses crimes".
Mas nem sempre Bolsonaro nega que a ditadura tenha cometido
violações aos direitos humanos. Em julho de 2016, em uma entrevista à rádio
Joven Pan, ele afirmou: "O erro da ditadura foi torturar e não
matar".
E dois anos mais tarde, em meados de 2018, quando já estava
em pré-campanha presidencial, confrontado com a informação de um relatório da
CIA, aberto em 2015 no escopo do mesmo projeto de desclassificação de Biden,
que o presidente Ernesto Geisel teria aprovado a execução sumária de
adversários do regime, o atual presidente disse à rádio Super Notícia:
"Errar, até na sua casa, todo mundo erra. Quem nunca deu um tapa no bumbum
do filho e depois se arrependeu? Acontece."
Tortura e morte
Um dos outros documentos trazidos por Biden evidencia que a
máquina repressiva da ditadura brasileira não só torturou como matou. Nele, o
cônsul-geral americano em São Paulo, Frederic Chapin, afirma que ouviu o relato
de "um informante e interrogador profissional trabalhando para o Centro de
Inteligência Militar de Osasco", em São Paulo.
Telegrama de 1973 descreve a tortura de um policial e de uma
amiga dele que, inicialmente, se recusou a colaborar
Em um telegrama de maio de 1973, Chapin escreve o seguinte:
"Ele (o informante) explicou como havia quebrado uma célula 'comunista'
envolvendo um agente da polícia civil. O policial foi forçado a falar depois de
ter tomado choques elétricos nos ouvidos e mencionou sua conexão com uma amiga,
que foi imediatamente detida. Ela não foi cooperativa, no entanto, então foi
deixada no pau-de-arara por 43 horas, sem alimentos ou água."
"Isso a quebrou, nossa fonte contou. Tortura, de uma
forma ou de outra, é prática comum em interrogatórios em Osasco. Ele também nos
deu um relato em primeira mão do assassinato de um subversivo suspeito, o que
chamou de 'costurar' o suspeito, ou seja, dar tiros nele da cabeça aos pés com
uma arma automática."
O termo "costurar" seria referência a um método
para desfigurar o cadáver e evitar sua futura identificação.
Assassinatos cometidos pela repressão
O cônsul Chapin relata ainda que "vários agentes de
segurança nos informaram que suspeitos de terrorismo são mortos como prática
padrão. Estimamos que ao menos doze tenham sido mortos na região de São Paulo
no ano passado (1972)".
Ao registrar as mortes em São Paulo, Chapin aponta para a
atuação do coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, o chefe do
DOI-Codi paulista, um dos principais órgãos de repressão do país, entre 1970 e
1974. Ustra foi o primeiro militar brasileiro a ser condenado civilmente pela
Justiça pelos crimes de tortura. Ele é também considerado um herói e uma
referência por Bolsonaro, que já afirmou ter como livro de cabeceira a obra de
Ustra, A verdade sufocada.
"Sou capitão do Exército, conhecia e era amigo do
coronel, sou amigo da viúva. (...) o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra
recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói
brasileiro", afirmou Bolsonaro em 2016.
Enquanto era deputado, no dia da votação da abertura de
processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, naquele mesmo ano,
Bolsonaro citou o militar em seu voto: "Perderam em 1964, perderam em
2016. (...) Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, pelo
Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e
por Deus acima de todos, o meu voto é sim".
"Só terroristas"
Outro documento da leva de Biden desafia um argumento
central de Bolsonaro sobre o período: o de que o regime militar só prendeu,
torturou e matou "terroristas".
Em dezembro de 2008, quando o Ato Institucional número 5,
instrumento da ditadura que cassou liberdades individuais, completava 40 anos,
o então deputado federal Bolsonaro ocupou o plenário da Câmara para dizer:
"Eu louvo os militares que, em 1968, impuseram o AI-5 para conter o terror
em nosso País, (...) Mas eu louvo o AI-5 porque, pela segunda vez, colocou um
freio naqueles da esquerda que pegavam em armas, sequestravam, torturavam,
assassinavam e praticavam atos de terror em nosso País".
Serviço diplomático americano no Brasil mandou uma
comunicação ao Departamento de Estado registrando os relatos de um cidadão
americano, Robert Horth, que havia sido confundido com um extremista e preso no
DEOPS
Mas em outubro de 1970, o serviço diplomático americano no
Brasil mandou uma comunicação ao Departamento de Estado registrando os relatos
de um cidadão americano, Robert Horth, que havia sido confundido com um
extremista e preso no DEOPS, a unidade de polícia política paulista.
Horth não era um comunista subversivo e afirmou aos
diplomatas americanos que "cinco dos seis prisioneiros em suas celas eram
absolutamente inocentes da acusação de subversão política".
Outro documento, de dezembro de 1969, dá força ao
questionamento sobre os crimes reais dos alvos escolhidos pela repressão ao
informar que freiras dominicanas foram presas, humilhadas e torturadas em
Ribeirão Preto.
"Mais do que trazer novos fatos, os documentos
americanos foram cruciais porque comprovaram muitos fatos a partir de uma fonte
insuspeita. Estamos, afinal, falando de relatórios da diplomacia dos Estados
Unidos, que não tinham qualquer simpatia pelos oposicionistas de esquerda e que
apoiavam os militares", afirmou à BBC News Brasil Pedro Dallari, relator
da CNV.
Prova de que o governo americano era, naquele período,
abertamente a favor do regime está em uma comunicação do embaixador americano
William Rountree de julho de 1972. Na carta, ele alerta ao Departamento de Estado
que qualquer tentativa de fazer críticas públicas contra o que qualifica como
"excessos" cometidos contra os direitos humanos poderia
"prejudicar nossas relações gerais".
CNV
Os documentos americanos tornaram-se especialmente
importantes para a CNV diante da negativa das Forças Armadas Brasileiras de
oferecer evidências que corroborassem os depoimentos de vítimas de tortura em
dependências militares.
"Ao mesmo tempo em que chegavam os documentos
americanos, recebíamos retorno dos militares dizendo que suas sindicâncias não
localizaram nada", afirma Dallari.
Kornbluh concorda que, enquanto muito da documentação
brasileira do período pode já ter se perdido, os arquivos americanos são fonte
importante para acessar a história brasileira.
"Parte dos militares brasileiros esconderam com sucesso
a maioria de seus próprios documentos e mantiveram isso fora do escrutínio
público. E conseguiram escapar de qualquer tipo de responsabilidade legal por
seus crimes contra os direitos humanos. E então os documentos americanos
fornecem um histórico fidedigno de pelo menos alguns casos. E se as coisas
mudarem no Brasil, essas são evidências de crimes que ainda podem ser
litigados", afirma o especialista, que menciona a lei da Anistia, de 1979,
que impediu a responsabilização criminal de agentes e oposicionistas por crimes
cometidos durante a ditadura.
Em 2014, durante os trabalhos da CNV, o Exército brasileiro
afirmou que não opinaria sobre o reconhecimento do Estado Brasileiro em relação
às torturas, enquanto a Força Aérea e a Marinha disseram não ter provas para
reconhecer, tampouco refutar as acusações de violações de direitos humanos nas
décadas de 60 e 70.
Embaixador escreveu sobre não condenar excessos publicamente
O que o histórico diz sobre relação Brasil-EUA em possível
governo Biden?
Para Dallari, apesar de o golpe de 1964 ter recebido o apoio
do governo americano, então sob a batuta do democrata Lyndon Johnson, nas
últimas décadas, os democratas deixaram claro ter interesse em colaborar com
processos de investigação sobre atrocidades cometidas pelos governos na região
e o papel dos Estados Unidos nelas.
"Eu não tenho porque duvidar que Obama e Biden tivessem
real interesse em abrir essas informações. E o primeiro presidente americano a
se opor a violações dos direitos humanos na região foi outro democrata, o
presidente Jimmy Carter", diz ele, em referência ao presidente americano
entre 1977 e 1981.
Na verdade, desde a administração Clinton, nos anos 1990,
documentos secretos sobre ditaduras latino-americanas têm se tornado públicos.
Mas foi na gestão Obama que essa abertura dos arquivos ganhou tons de política
de relações exteriores, em algo que Kornbluh batizou de "diplomacia da
abertura".
Além do Brasil, Argentina e Chile também receberam acesso a
documentos, em um esforço americano para melhorar sua imagem e seu
relacionamento na região.
E com Biden e Dilma, o especialista afirma que esse tipo de
diplomacia alcançou um de seus pontos mais altos, já que as relações foram
reconectadas depois da visita de Biden em 2014.
"Tenho certeza de que ele foi informado sobre o teor
dos documentos. E é uma tarefa importante a de carregar esses documentos que
descrevem violações graves dos direitos humanos durante a era militar.
Certamente foi uma experiência de aprendizado para o vice-presidente Biden e um
lembrete pungente para ele dos horrores cometidos", diz Kornbluh.
Em conversas com a BBC News Brasil, conselheiros da campanha
de Biden têm dito que o tema dos direitos humanos é central para o candidato,
especialmente na América Latina.
Mas embora ainda exista um grande arquivo intocado sobre a
história da ditadura do Brasil, especialmente de informações dos órgãos de
inteligência como FBI e CIA, é improvável que Biden faça qualquer nova abertura
se vencer as eleições.
Isso porque documentos secretos americanos sobre outros
países só podem se tornar públicos se os governos dessas nações requisitarem
acesso aos americanos. E hoje não há interesse no governo brasileiro por esse
tipo de informação.
"Naquele momento, a abertura foi importante e ajudou os
dois países a se reaproximarem. Agora, em um possível governo Biden, com
Bolsonaro no Brasil, é um contexto completamente diferente. Mas se Bolsonaro
cometer violações de direitos humanos, a administração Biden agiria de modo
muito mais rápido e negativo do que Trump e pressionaria Bolsonaro a
parar", diz Kornbluh.
Militante torturada no DOI-Codi de São Paulo, Amelinha Teles
conta como mulheres sofriam violência sexual por agentes da repressão e afirma
que estupro era política de Estado no regime militar brasileiro
“Eu passei por várias situações. Eu nem gosto muito de
falar, porque...eu não sei porque. Eu não gosto muito de falar”. Presa pelo
regime militar em 1972, com 28 anos, Amelinha relata em entrevista exclusiva
como sofreu violência sexual nas celas do DOI-Codi de São Paulo e garante que
estupros eram mais uma das armas utilizadas pela ditadura para torturar as
mulheres consideradas inimigas do Estado.
“Eu estava sentada em uma cadeira do dragão, nua, amarrada,
levando choque no corpo inteiro, ânus, vagina. Enquanto isso, o Gaeta, que era
um torturador, estava se masturbando e jogando esperma em cima de mim”, relata
Amelinha. “A hora que eu caio no chão, ele me põe em uma cama de lona que tinha
ali do lado e começa a esfregar meus seios, apertar minha bunda. Isso é uma
violência. E assim foram várias vezes, com vários outros torturadores. Mas
existem os casos de ter penetração vaginal que as mulheres contam. E são muitos
casos, não um ou dois”, completa a militante. Assista ao VÍDEO.